Práticas fisioterapêuticas nas lesões neuromusculoesqueléticas em pacientes com hanseníase: uma revisão integrativa Prácticas fisioterapéuticas en lesiones músculo-esqueléticas en pacientes con lepra: revisión integradora Neuromusculoskeletal physiotherapy practices in injury in patients with leprosy: an integrative review |
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*Acadêmica do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA **Professora Orientadora do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA (Brasil) |
Francisca Flávia Fernandes Lima* Francisca Maria Aleudinelia Monte Cunha** |
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Resumo A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pelo mycrobacterium leprae que atingem a pele os nervos periféricos, é considerada uma das doenças mais antigas do mundo. A predileção do bacilo causador da Hanseníase por instalar-se em pele e seus anexos e nos nervos periféricos, é o que precipita todo o processo incapacitante, a patologia é contagiosa e curável, caso não tratada acarreta terríveis deformações levando a discriminação e exclusão do hanseniano no contexto social. Diante do exposto este estudo teve como objetivo analisar em publicações dos últimos 10 anos das práticas fisioterapêuticas nas lesões neuromúsculoesquelética nos hansenianos. Realizou-se uma revisão integrativa de literatura, em publicações científicas. Os dados foram coletados na base eletrônica na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), indexados na base de dados online Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) publicados na língua portuguesa tratando especificamente sobre o assunto de hanseníase enfatizando sua conceituação, sinais e sintomas e o tratamento fisioterapêutico. Unitermos: Hanseníase. Fisioterapia.
Abstract Leprosy is an infectious disease caused by Mycobacterium leprae that affect the skin peripheral nerves, is considered one of the oldest diseases in the world. The predilection of the bacillus of leprosy to install in skin and its annexes and peripheral nerves, is what precipitated all the disabling process, the condition is contagious and curable if untreated causes terrible deformities leading to discrimination and exclusion of leprosy social. Diante in the above context this study aimed to analyze publications in the last 10 years of practice in neuromusculoskeletal physiotherapy in leprosy lesions. We conducted an integrative literature review in scientific publications. Data were collected on electronic database in the Virtual Health Library (VHL), indexed in the online database Scientific Electronic Library Online (SciELO), Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS) published in the English language dealing specifically on the subject of leprosy emphasizing its conceptualization, signs and symptoms and physical therapy. Keywords: Leprosy. Physiotherapy.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pelo mycrobacterium leprae que atingem a pele os nervos periféricos, é considerada uma das doenças mais antigas do mundo (MELÃO et al. 2011). A predileção do bacilo causador da hanseníase por instalar-se em pele e seus anexos e nos nervos periféricos, é o que precipita todo o processo incapacitante (ALVES et al. 2010).
Segundo o Ministério da Saúde (2008), a resposta do tecido em presença do bacilo pode ser muito variada, desde uma mínima resposta sem alterações funcionais, até uma resposta intensa com infiltração granulomatosa de todo o parênquima neural, resultando em destruição importante dos nervos periféricos com nítidas alterações de sua função.
Para Alves et al. (2010), a incapacidade foi definida em 1973, por Gonçalves, como toda alteração anatômica ou fisiológica num indivíduo, que impede ou dificulta, total ou parcialmente, de modo permanente ou temporário, uma atividade e/ou convivência social normais, conforme a idade, padrão cultural, renda econômica e grau de instrução. Quando não diagnosticada e tratada precocemente, a hanseníase pode evoluir com diferentes.
“Os nervos mais comprometidos são ulnar e mediano nos membros superiores; fibular comum e tibial posterior nos membros inferiores; facial e grande auricular no segmento cefálico”. (JAMBEIRO et al., 2008).
Para Malagutti (2010) a avaliação deve ser realizada no inicio do tratamento da poliquimioterapia (PQT), de 3/3 meses (ou mensalmente, quando possível), com maior freqüência durante neurites e reações, ou quando houver suspeita dessas, durante e após alta por cura, do tratamento (PQT). Essa avaliação efetiva-se através da palpação de nervos, pesquisa de sensibilidade e avaliação da força muscular.
Conforme o pensamento de Silva e Paz (2010) a hanseníase constitui ainda um dos grandes desafios para as autoridades sanitárias embora seja um problema antigo de saúde pública no Brasil. Além dos agravos de origem socioeconômica e cultural inerente a patologia, destaca-se também a conseqüência psicológica referentes a incapacidades físicas e deformidades presentes no processo de adoecimento.
Diante do estudo exposto, o mesmo teve como objetivo analisar em publicações dos últimos 10 anos das práticas fisioterapêuticas nas lesões neuromúsculoesquelética nos hansenianos.
2. Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura cientifica que visa o esclarecimento de questões sobre o tema discutido. A pesquisa é fundamental na construção do aprendizado, possibilita a descoberta de um mundo diferente, um novo olhar e desenvolvimento de questionamentos. Segundo Severino (2010), a pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Foram selecionados artigos entre os anos de 2000 a 2014, os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos foram: texto na íntegra, tempo de busca (sem delimitação), disponíveis em idioma português. E como critérios de exclusão textos não encontrados na íntegra, artigos repetidos, escritos em língua estrangeira e aqueles que não abordavam a temática proposta.
3. Resultados e discussão
Após a análise dos artigos selecionados classificaram-se os dados foram organizados através de um quadro contendo os seguintes itens: tipo de publicação, ano, fonte, autores, titulo, tema, método e objetivos e uma categoria sobre práticas fisioterapêuticas nas lesões neuromusculoesqueléticas em pacientes com hanseníase.
Autores |
Ano |
Título |
Tipo de estudo |
Objetivo |
MELAO, Suelen et al |
2011 |
Perfil epidemiológico dos pacientes com hanseníase no extremo sul de Santa Catarina, no período de 2001 a 2007. |
Estudo transversal e retrospectivo. |
Analisar epidemiológica dos portadores de hanseníase atendidos no programa de hanseníase das onze cidades integrantes da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC) |
SILVA, M. C. D.; PAZ, E. P. A |
2010 |
A. Educação em saúde no programa de controle da hanseníase: a vivência da equipe multiprofissional. |
Estudo qualitativo |
Compreender o significado das atividades de hanseníase e discutir o conceito de educação em saúde. |
BRAGUINI G.H; PAULA G.S |
2004 |
A utilização dos monofilamentos de Semmes-Weinsten na avaliação da sensibilidade cutânea e palpação dos nervos periféricos em Membros superiores de pacientes hansenianos, por meio da atuação da Terapia ocupacional na prevenção das incapacidades físicas |
Estudo descritivo |
Demonstrar a importância do uso dos monofilamentos de Semmes-Weinstein em pacientes com hanseníase. |
LUNA, Izaildo Tavares et al. |
2010 |
Adesão ao tratamento da Hanseníase: dificuldades inerentes aos portadores |
Estudo de abordagem qualitativa. |
Busca identificar as dificuldades enfrentadas pelos hansenianos à adesão ao tratamento e que o enfrentamento da doença não coincidiu com as orientações gerais sobre o tratamento, fornecidas pelos profissionais de saúde da área. |
VIEIRA, Carmen Silvia de Campos Almeida. |
2008 |
Avaliação e controle de contatos faltosos de doentes com hanseníase. |
Estudo descritivo |
Resgatar e avaliar contatos faltosos de doentes de hanseníase. |
MARQUES, C.M; MOREIRA, D. ALMEIDA, P. N. |
2003 |
Atuação fisioterapêutica no tratamento de úlceras plantares em portadores de hanseníase: uma revisão bibliográfica |
Estudo de revisão bibliográfica |
Analisar os artigos científicos e capítulos de livros-texto que abordassem a hanseníase, a ulceração plantar hansênica e o tratamento fisioterapêutico em úlceras plantares hansênicas e de outras etiologias. |
ALVES, Cinthia Janine Meira et al |
2010 |
Avaliação do grau de incapacidade dos pacientes com diagnóstico de hanseníase em serviço de dermatologia do estado de São Paulo |
Estudo descritivo |
Investigar o grau de incapacidade no momento do diagnóstico. |
Segundo Alves et al. (2010), a grande maioria dos pacientes de hanseníase não apresenta incapacidades no início da doença, portanto, a percentagem de pacientes diagnosticados com algum grau de incapacidade pode ser considerada diagnóstico tardio, ou seja, pacientes que deixaram de ser detectados na fase inicial da doença. Portanto, o risco de apresentar deformidades no momento do diagnóstico cresce significativamente à medida que este é atrasado.
Em 2002, o Ministério da Saúde implantou a atual classificação dos graus de incapacidade, unindo os casos anteriormente classificados como grau III ao grau II de incapacidade com o objetivo de facilitar a avaliação nos centros de atenção básica. No período de 2001 a 2006, o Brasil registrou valor médio referente ao grau I de incapacidade de 18%, e ao grau II de 5,8%. Em termos dos padrões definidos pelo Programa Nacional de Controle da Hanseníase, os percentuais de incapacidades observados nesse período são considerados de média magnitude para o grau II. O grau de incapacidade está relacionado com o tempo de doença; assim, esse indicador permite uma avaliação indireta da efetividade das atividades de detecção precoce e tratamento adequado dos casos.
Segundo Jensen (2010, a hanseníase é um antigo problema de saúde pública no Brasil e representa ainda um dos mais importantes desafios para as autoridades sanitárias. Além de contar com agravantes inerentes às doenças de origem socioeconômica e cultural, também é marcada pela repercussão psicológica advindas das deformidades e incapacidades físicas freqüentes no processo do adoecimento. Como principais alterações na vida após o diagnóstico de hanseníase, manifestaram a melhora dos sintomas com o início do tratamento; alguns, ao contrário, relataram o aparecimento ou agravamento sinais e sintomas físicos desagradáveis, influenciando sua qualidade de vida e causando sentimentos de impotência.
De acordo com Marques (2003) as úlceras plantares hansênicas geralmente são crônicas e a maioria dos pacientes ignora o mecanismo de sua formação. A cronicidade e gravidade do problema exigem dos pacientes o cuidado diário dos pés, fato que leva muitas pessoas ao abandono do tratamento, deixando-se vencer pelo desânimo e descrença na cicatrização das mesmas devido à lentidão dos resultados.
Alguns autores discutem propostas de melhoria deste controle que podem ser explicitados nos relatos a seguir: “Na rede de serviços de saúde que desenvolvem as ações de controle da hanseníase, são apontadas deficiências que comprometem tanto a assistência aos doentes quanto aos comunicantes, alimentando os que os hansenólogos denominam de “iceberg epidemiológico” da endemia hansênica”; a melhor estratégia é incentivar o exame dos contatos pela educação dos pacientes, da família e da comunidade.
4. Considerações finais
O presente estudo demonstra que a Hanseníase é uma doença que causa incapacidades e deformidades, devido a seu agente causador preferir os nervos periféricos e outros locais do corpo humano.
A atuação fisioterapêutica no tratamento das conseqüências da hanseníase é de fundamental importância desde a prevenção até a reabilitação do paciente, visto que o fisioterapeuta tem os recursos que auxiliam no processo de reparo de úlceras, trabalha na prevenção de deformidades e amputações, prima pelo fortalecimento e é capaz de adaptar este paciente as novas condições físicas.
A fisioterapia é uma ferramenta importante para controlar a evolução dessas lesões permitindo a prevenção das incapacidades impostas pela hanseníase. A hanseníase afeta a parte motora do paciente. Com o tempo ele vai apresentar atrofias que não serão mais revertidas e ainda devido à falta de sensibilidade. O fisioterapeuta faz uma avaliação minuciosa que consiste da realização de testes, como: a quantificação do grau de perda sensitiva; teste de sensibilidade e força muscular das mãos e pés e palpação de nervos periféricos.
Há a necessidade de comprometimento dos órgãos competentes para que a informação chegue até a população sobre a doença, seus sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e cura, e que os pacientes e sua família sejam monitorados individualmente durante todo o tratamento.
Referências
ALVES, Cinthia Janine Meira et al. Avaliação do grau de incapacidade dos pacientes com diagnóstico de hanseníase em serviço de dermatologia do estado de São Paulo. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 43, n. 4, ago. 2010.
BRAGUINI G.H; PAULA G.S; A utilização dos monofilamentos de Semmes-Weinsten na avaliação da sensibilidade cutânea e palpação dos nervos periféricos em Membros superiores de pacientes hansenianos, por meio da atuação da Terapia ocupacional na prevenção das incapacidades físicas, 2004, Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Terapia Ocupacional)- Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins.
JAMBEIRO, Jorge Eduardo de Schoucair et al. Avaliação da neurólise ulnar na neuropatia hansênica. Acta ortop. bras., São Paulo, v. 16, n. 4, 2008.
LUNA, Izaildo Tavares et al. Adesão ao tratamento da Hanseníase: dificuldades inerentes aos portadores. Rev. bras. enferm. Brasília, v. 63, n. 6, Dec. 2010.
MALAGUTTI W; KAKIHARA TC (orgs.). Curativo, estomias e dermatologia: uma abordagem multiprofissional. São Paulo: Martinari, 2010.
SILVA, M. C. D.; PAZ, E. P. A. Educação em saúde no programa de controle da hanseníase: a vivência da equipe multiprofissional. Esc Anna Nery. v. 14, n. 2, p. 223-229, 2010.
VIEIRA, Carmen Silvia de Campos Almeida et al. Avaliação e controle de contatos faltosos de doentes com hanseníase. Rev. bras. enferm. Brasília, v. 61, n. spe, Nov. 2008.
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