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Motivação nas aulas de Educação Física: 

um olhar a partir de professoras e estudantes

La motivación en las clases de Educación Física: una mirada a partir de los profesores y estudiantes

 

*Professor de Educação Física da Rede municipal de ensino de Araranguá-SC

**Professora de Educação Física. Especialista em de Educação Física Escolar com ênfase

em Jogos Cooperativos e Psicomotricidade. Mestranda em Educação - Universidade do Extremo Sul

Catarinense (UNESC). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Docente

e o Mundo do Trabalho em Educação Física (GPOM / UNESC)

***Professora de Educação Física pela (UNESC). Acadêmica do curso de Bacharel em Educação Física (UNESC)

Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Docente e o Mundo do Trabalho

em Educação Física (GPOM / UNESC). Mestranda em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

****Professor do Curso de Educação Física (UNESC). Doutor em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Docente

e o Mundo do Trabalho em Educação Física (GPOM / UNESC)

Katyele Espíndula*

Viviani Dias Cardoso**

Jéssica Serafim Frasson***

Victor Julierme Santos da Conceição****

victorjulierme@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho tem como objetivo geral: Identificar os fatores de motivação para a participação dos estudantes do ensino fundamental nas aulas de Educação Física. Fizeram parte da investigação duas professoras de Educação Física e doze estudantes do ensino fundamental. Percebemos que a falta de estrutura na escola, faz com que a qualidade das aulas de Educação Física seja comprometida, deixando com que o processo ensino aprendizagem seja totalmente comprometido também haja vista a situação.

          Unitermos: Motivação. Educação Física. Prática pedagógica.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este artigo é decorrente de inquietações que surgem durante a prática educativa experienciada no ensino fundamental e está debruçado na temática “Motivação dos estudantes nas aulas de Educação Física no ensino fundamental”. Ao falarmos em motivação nos debruçamos em autores como Bergamini (1993) e Magill (1984). Bergamini (1993) diz que a motivação é um impulso que vem de dentro de cada pessoa e por isso consagram mais tempo e dedicação sobre as atividades que as atingem com mais significado de experiência. Magill (1984) coloca que a palavra “motivo” veio do latim “motivum” e significa “uma causa que põe em movimento”, podendo ser definida como um impulso que faz com que se haja de certa forma.

    A motivação é fundamental no processo ensino-aprendizagem, pois, pode influenciar no comportamento humano (GOUVEIA, 2007). O autor observa que a motivação influi com muita propriedade em todos os comportamentos, permitindo uma maior participação em atividades que se relacionem com aprendizagem, desempenho e atenção. A motivação é a base para o conhecimento, integridade psicológica e coesão social, além de ser uma busca de novos desafios na obtenção e exercício das capacidades, referente ao envolvimento em uma atividade, considerando-a interessante e satisfatória (GUIMARÃES; BUROCHOVITCH, 2004).

    Assim, compreendemos que a motivação deve estar presente nas aulas de Educação Física, pois de acordo com os próprios estudantes esta assume papel primordial no seu processo formativo. “Estudos recentes sobre a motivação na adolescência têm apontado que um dos mais importantes preditores da motivação para desempenho de certos comportamentos é a meta que o indivíduo tem por finalidade atingir” (SANTOS, 2014, p. 01).

    Freire (1996) observa que o educador não pode negar o dever de, na sua prática educativa, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Para o autor a tarefa do docente não é apenas a de ensinar os conteúdos e sim de ensinar o educando a “pensar certo”.

    Para Freire (1996) o aluno deve ir contra o poder apassivador do bancarismo. O aluno precisa fazer parte da construção de seu próprio conhecimento enquanto o educador torna-se um mediador dos conhecimentos. “Nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo” (FREIRE, 1996, p.14).

    Então, a aprendizagem vai acontecer quando os educandos vão, aos poucos, aprendendo e fazendo parte o processo e é assim, nesse momento que podemos dizer que o objetivo foi ensinado, quando o aluno faz parte da aprendizagem, da construção de seu conhecimento e aí, o objeto ensinado é aprendido pelo aluno. É necessário pesquisa para ensinar, respeitar os saberes dos educandos (FREIRE, 1996).

    Dentro deste contexto o aluno estará interagindo de forma que de fato internalizará o conhecimento, pois passa a fazer parte de sua construção. Fazendo com que a realidade concreta seja trabalhada, de modo a discutir política com os estudantes e ideologias pelas áreas mais pobres que existem na cidade e o que poderia ser feito para diminuir isso por meio da política já que eles são agentes transformadores da sociedade, com poder para tal.

    Percebemos então que a uma hierarquização de poderes, onde a elementos que vão além das organizações escolares, ou seja, o sistema educacional é organizado de forma sistematizada e compactada, e é imposto as redes estaduais e municipais, fazendo com que esses por sua vez percam a autonomia sobre determinados assuntos. E sem mudanças no modelo de educação caímos no debate de que os desfavorecidos não precisa pensar nem criar, só repetir e reproduzir o que é “transmitido” nas salas de aula, onde os alunos são os recipientes (FREIRE, 1997) enchidos pelos professores.

    Dado exposto nos encaminhou para a construção do seguinte Objetivo Geral: Identificar os fatores de motivação dos alunos do ensino fundamental nas aulas de Educação Física, bem como o porquê esses elementos levam a motivação dos estudantes.

Metodologia

    Realizamos uma pesquisa descritiva de cunho qualitativa de estratégia semiestruturada em uma a Escola do município de Araranguá, SC. Para Kocle (1997, p.107), “tal pesquisa observa, registra, analisa e ordenam dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência. Analisam as causas, relações com outros fatos.” Assim, para coletar tais dados, utilizamos os seguintes instrumentos específicos: a entrevista semiestruturada, o questionário, e observação.

    Assim, fizeram parte como colaboradores do estudo duas professoras de Educação Física e 12 estudantes do sexto, sétimo e oitavo ano das séries finais do ensino fundamental do período matutino e vespertino. As professoras receberam nomes fictícios (Maria e Joana) e os estudantes foram identificados por números arábicos, para que pudéssemos preservar a integridade ética da pesquisa e dos participantes.

Quadro 1. Professoras participantes da pesquisa

Professoras

Ano de formação

Tempo de atuação

Vinculo empregatício

Maria

2006

08 anos

ACT – Admitida em Caráter Temporário

Joana

1989

20 anos

Concursada

    O critério utilizado para a escolha da escola está relacionado a sua representatividade em relação as demais instituições de ensino. Escolhemos um nome fictício, que facilitasse a identificação da escola, preservando a sua identidade. A Escola é localizada na área central município. Devido sua localização recebe diversos alunos de vários pontos da cidade, tanto urbanas quanto rurais.

    Após a aplicação das entrevistas, realizamos a transcrição das mesmas utilizando como instrumento de análise no presente estudo. Com a transcrição das entrevistas, respostas dos questionários e observações de campo, passamos a organizar as unidades de significado que deram origem as categorias de análise. As categorias versaram sobre dois grandes temas: a prática pedagógica conservadora; e, elementos sobre a estrutura da escola que influenciam na motivação dos estudantes.

A prática pedagógica conservadora na Educação Física escolar: o fazer das professoras

    Iniciamos o debate desta categoria afirmando que ser professor não é simplesmente transmitir conteúdos mas sim mediar o conhecimento, ele que necessita de uma motivação para exercer a sua prática educativa e mais ainda, motivar os seus estudantes para que eles participem de suas aulas. Esse professor se preocupa para que seus estudantes sintam-se atraídos por ser uma aula agradável e que o conhecimento tratado esteja em consonância com a realidade educacional.

    Entendemos que para ocorrer a ação pedagógica reflexiva e crítica, o professor tenha em sua subjetividade os elementos necessários para compreender a importância de sua prática educativa. Assim, apresentamos a fala das professoras sobre a importância da Educação Física:

    [...] mostrar para os estudantes a importância de praticar algum tipo de esporte ou atividade física [...] Professor tem que estar dentro da sala de aula observando se existe algum aluno que se destaca em alguma modalidade esportiva e encaminhar esse aluno para algum treinamento específico, acho que fora da aula da Educação Física. Mas serve também principalmente para as crianças estarem mais descontraída pra sair um pouco da rotina de sala de aula (Profª. Maria).

    “[...] trabalhando o nosso corpo saudável a nossa mente também vai ficar saudável, isso envolve também várias outras coisas, não só questão da saúde física. A saúde física depende de muitas coisas né, desde uma alimentação saudável, atividade física corretamente com acompanhamento, independente se é academia ou personal, enfim um acompanhamento bem feito gera a saúde do corpo e da mente” (Profª. Joana).

    A Professora Joana estabelece uma relação profunda com os temas referentes à saúde e aproxima com elementos que na sua perspectiva pedagógica avançam sobre o conhecimento destacado no ensino não formal (academia de musculação e ginástica).

    Por outro lado, aparentemente a professora Maria, onde se deixa levar pela perspectiva utilitarista da escola. Esta forma de pensar a Educação Física na escola está amparada em concepções ortodoxas que balizam historicamente esta disciplina. Além disso, entendemos que a escolha do conhecimento que deve ser tratado é aquele que se torna importante para o professor, portanto distante da realidade cultural da escola. A professora Maria demonstra em sua fala um modelo tradicional, diretivo, comportamentalista, em relação ao objetivo da escola e da Educação Física. Essa perspectiva aparece distante do projeto pedagógico da escola ao apontar que: [...] nosso educando é orientado a ver o outro como irmão, com respeito mútuo, que seja um ser social e contribua na formação de uma sociedade justa, fraterna e feliz (Projeto Pedagógico da escola, p. 13).

    Assim, partindo das nossas observações, percebemos que há um distanciamento, entre o Projeto Pedagógico da Escola, e a prática educativa das professoras, onde nos apresentaram elementos que não condizem com o observado.

    Questionamos as professoras sobre as estratégias para motivar os estudantes nas suas aulas: Tento me aproximar o máximo dos meus estudantes. Tento criar um laço estreito de amizade [...] eles veem na professora como amiga, eu nunca percebi falta de respeito por eu estar dando essa liberdade para eles, eu acho que isso motiva bastante (Profª. Maria).

    A professora Maria utiliza como recurso a aproximação (amizade) com os estudantes. Contudo esta aproximação não demonstra a ideia de reconhecimento da realidade do estudante. Ou seja, não aparece a tentativa de entender quem são e o que fazem na vida para além da escola. Ao mesmo tempo a resposta não demonstra iniciativa em utilizar estratégias metodológicas formais para motivar os estudantes. Os conteúdos não foram citados em nenhum momento, deixando transparecer que a amizade é estabelecida no processo de trocas e favores entre aquele que propõe e aquele que recebe o conhecimento. O “carinho” e a aproximação entre estudantes e professores contribuem para estreitar os laços de amizade, o resultado disso é a motivação de ambos para a participação na aula.

    A professora Joana coloca a culpa de não conseguir motivar os estudantes no espaço físico da escola, fala que o espaço não é apropriado para as práticas, que não é suficiente, como se não fosse capaz de motivar o aluno com outras atividades. Isso já é questão de espaço, de material, e muitas coisas agente não tem na nossa escola (Profª. Joana).

    A motivação é energia para a aprendizagem, o convívio social, os afetos, exercício das capacidades gerais do cérebro, da superação, da participação, da conquista, da defesa, entre outros, ou seja, a motivação deve receber especial atenção e ser mais considerada pelas pessoas que mantêm contato com crianças e adolescentes, realçando a importância desta esfera em seu desenvolvimento (FRANCHIN; BARRETO, 2014)

    Percebemos nas observações que os estudantes demonstram interesses em outros conteúdos, mas acreditamos que falta por parte do professor interesse em apontar outros conteúdos, e até mesmo proporcionar momentos em que os estudantes possam falar, e quem sabe construir juntos os conteúdos a serem ministrados.

    Quanto a este processo de organização das escolhas do que ensinar Arivan (2014) comenta que o planejamento em Educação Física, tem sido visto como fator essencial quanto à problemática nas aulas. A inexistência de um planejamento objetivo e com ligação direta com o projeto pedagógico da escola, amparado em uma perspectiva teórica bem avançada, promove a prática de aulas sem objetivos definidos, o que proporciona prática docente destituída de valor e, consequentemente, sem o interesse de por meio da intervenção pedagógica.

    A professora Maria, na sua alicerçada base tradicional para o processo de escolhas dos conteúdos e organização didática de suas aulas, mostra a constante relação de conteúdos conservadores e descontextualizados com o questionamento: o que ensinar nas aulas de Educação Física? [...] no planejamento, são os esportes, voleibol, basquete, handebol, nós trabalhamos uma base de tudo. Eu tenho turma que eu venho trabalhando desde a pré-escola. E hoje eu trabalho com turmas dos 6, 7, 8, anos, estudantes que não eram meus mais eu vou dando continuidade do que outros professores já trabalharam [...]. Nós também os incentivamos a participarem dessas competições que tem fora da escola, isso serve para eles terem um conhecimento maior, conhecer uma arbitragem de fora, é outra visão né (Profª. Maria).

    Percebemos que os estudantes não tem vontade de frequentar as aulas, então as aulas de educação física se tornaram uma moeda de troca, ou seja, “eu vou pra aula porque tem Educação Física”. Todavia não há um efetivo processo de ensino aprendizagem, pois dessa forma não há como elaborar aula com projetos nos quais engajem todos os estudantes dentro da Educação Física como um todo, e não somente como os esportes com bola.

    A professora não ensina todos os conteúdos relacionados ao esporte, e incentiva os estudantes a participarem de jogos escolares por que acha importante. Então, os estudantes que a Profª. Maria comenta acompanhar desde o pré-escolar, trabalham os mesmos conhecimentos e estão relacionados aos esportes ditos hegemônicos na Educação Física escolar.

    Percebemos, que a Educação Física nos casos das duas professoras da escola estudada, não é uma disciplina ministrada com motivação, o que acaba desmotivando os docentes em questão. Um professor chega a deixar a fazer o que os estudantes querem. É uma disciplina com um vasto campo de conteúdos, em qualquer condição de tempo, no entanto é vista como se fosse um tempo livre para os estudantes, onde eles se distraem da maneira como acham melhor, pois para eles tudo é melhor do que estar em sala de aula. Assim, apontamos na próxima análise, os elementos que causam a motivação dos alunos para as aulas de Educação Física.

Elementos que fazem com que os estudantes se sintam motivados para as aulas de Educação Física

    Esta categoria busca compreender os elementos que são colocados em pauta pelos estudantes no que se refere ao processo de motivação para participar da disciplina de Educação Física. Para dar materialidade a este debate, e compreender a motivação nas aulas de Educação Física, buscamos apresentar as respostas que os estudantes deram ao questionário sobre a importância desta disciplina e o processo de motivação do processo organizacional da escola.

    Quando indagados sobre o gosto pela disciplina de Educação Física, algumas respostas chamaram atenção.

    Sim, acho uma forma de reduzir o stress das outras disciplinas (Estudante 3).

    Sim, porque te liberta de todas as outras aulas em que você fica sentada (Estudante 4).

    Observamos que os estudantes ao responderem sobre o gostar da disciplina mostram respostas que tangem a forma de pensar essa disciplina e encaram a Educação Física como um momento de lazer, um momento para usufruírem à distância da sala de aula. As respostas dos estudantes 3 e 4, materializam e representam os demais estudantes que participaram da pesquisa. O que pensam os alunos pode ser reflexo do que transpassam as professoras, havendo nesse sentido uma disciplina sem objetivo especifico o que pode levar a desmotivação para a participação nas aulas.

    Quanto a isso, a representação de uma disciplina com objetivos definidos e com conteúdos atrativos e significativos passa a distância da Educação Física. Para dar sustentabilidade a este debate, recorremos a Bracht (1999, p.33), onde entende esta disciplina como uma prática pedagógica com objetivos bem definidos: “O objeto da Educação Física enquanto prática pedagógica é retirado do mundo da cultura corporal/movimento, ou seja, é selecionado a partir de critérios variáveis, ou seja, dependentes de uma teoria pedagógica, desse universo”.

    Quanto ao processo de construção do entendimento sobre a motivação na prática da Educação Física, percebemos, que os estudantes se aproximam desta disciplina a partir do que é proporcionado no seu aspecto prático. O ensino vem, historicamente, buscando organizar meios e formas metodológicas que sejam colocadas em prática para o atendimento das exigências que permeiam o mesmo.

    Dos conteúdos trabalhados pelos professores, somente dois estudantes (1 e 2) citaram que as professoras utilizam a dança além de esportes e jogos e brincadeiras, o que mostra que os professores não tratam a diversidade de conteúdos para os estudantes. Sendo assim os mesmos tem acesso somente àquelas atividades voltadas aos esportes hegemônicos. Apesar de as professoras (Maria e Joana) terem citado que trabalham os jogos de tabuleiro “em dias de chuva” nenhum dos estudantes citou isso como atividade tratada como conteúdos.

    Sendo assim, os estudantes (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7) gostariam de conhecer outras atividades como dança, jogos de tabuleiro e luta, essas afirmações assumiram uma representação sobre o fator motivacional para participação nas aulas de Educação Física. Desta forma, o professor mediador contribui, sobretudo, para o desenvolvimento da autonomia perante o conhecimento, o que significa, contribuir para a formação de cidadãos críticos e capazes de fazer uma leitura consciente das situações que os cercam.

    Já no que se referem aos espaços físicos destinados a Educação Física, os estudantes (8 e 12) destacam questionamentos que tratam dos motivos de haver espaços divididos entre os professores. Percebemos que a escola possui um número significativo de estudantes, e a divisão dos espaços para a prática dos conteúdos específicos para a Educação Física é necessário para que todos sejam contemplados. No caso específico, o ginásio de esportes, que passa por um revezamento de dias para ver quem pode utilizá-lo. Mais uma vez as condições materiais e de infraestrutura da escola aparecem como fator que interfere na motivação para a participação das aulas de Educação Física. Agora, os estudantes também se referem ao processo de organização do espaço físico destinado as aulas de Educação Física.

    É um espaço grande, mas tem que dividir o ginásio (Estudante 10).

    É um espaço grande, mas tem o ginásio que é dividido com outras turmas (Estudante 4).

    Compreendemos que o debate sobre o processo de organização dos espaços e os materiais destinados a disciplina, delimitam o fazer docente e influenciam na motivação para a participação na disciplina. Ainda assim, é necessário que o professor compreenda que a aula de Educação Física é muito mais do que um espaço onde os estudantes saem da sala de aula, ou de fazer esportes. Betti (1992, p.286) observa que,

    É preciso levar o aluno a descobrir os motivos para praticar uma atividade física, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com a atividade física, levar à aprendizagem de comportamentos adequados na prática de uma atividade física, levar ao conhecimento, compreensão e análise de seu intelecto todas as informações relacionadas às conquistas materiais e espirituais da cultura física, dirigir sua vontade e sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento.

    Avançamos no debate promovido por Betti (1992) apontando que a Educação Física tem a capacidade de proporcionar a autonomia e estimular a criticidade do aluno que é cidadão que pode amanhã ser o transformador da sociedade.

    Os estudantes são movidos pelo gosto ao se relacionarem com às aulas de Educação Física. O significado da Educação Física para estes estudantes está relacionado ao modo ou imagem individualista do prazer em participar de um momento livre. Esta forma de pensar a disciplina emperra na compreensão da sua importância, pois os estudantes (1, 9, 11, e 12) destacam a importância da Educação Física para a sua vida fora da escola. Contudo a afirmação não vem acompanhada de justificativas, ou seja, a Educação Física é importante, mas não sabem o motivo desta importância, e essa falta de entendimento deriva da falta de motivação dos alunos em ser mais proativos, e também pelo falta de entendimento das professoras ao ministrarem os conteúdos, debates e reflexões.

Conclusão

    No processo de construção das considerações finais deste estudo, resgatamos o objetivo geral: Identificar os fatores de motivação para a participação dos estudantes do ensino fundamental nas aulas de Educação Física. Neste sentido, percebemos que os estudantes compreendem a Educação Física como um espaço para saírem do marasmo de dentro das salas de aula. Encontramos nas respostas dos estudantes que a organização do processo de ensino aprendizagem sofre interferência do sistema organizacional da escola, por conta disso, interfere na motivação para participar das atividades da disciplina de Educação Física. A falta de estrutura na escola, faz com que a qualidade das aulas de Educação Física seja comprometida, deixando com que o processo ensino aprendizagem seja totalmente comprometido também haja vista a situação. Além disso, encontramos contradições entre o parecer das professoras e dos estudantes, onde as professora afirma que os alunos escolhem os conteúdos, e os alunos afirmam que as professoras oferecem apenas os esportes como conteúdo para as aulas.

    Neste sentido, as professoras não se apropriam de conteúdos diversificados para dar conta do processo motivacional, apenas com acordos internos para fazer com que os estudantes participem. No entanto, para os estudantes esses estratégias (acordo, amizades) não são suficientes para ampliar a motivação na participação nas aulas. Os conteúdos diversificados podem ser uma das mudanças a serem propostas, acompanhado, da estrutura física e dos materiais pedagógicos.

Referências

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