Saúde no trabalho: perfil do estilo de  vida de trabalhadores da construção civil La salud en el trabajo: perfil del estilo de vida de los trabajadores de la construcción civil
	*Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Mossoró-RN **Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Saúde e Sociedade da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Mossoró-RN ***Mestre em Saúde e Sociedade pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN ****Universidade Potiguar, UnP, Natal-RN *****Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Brasil)	Thiago Renée Felipe*** **** Mabel Araujo de Sousa**** Victor Hugo de Oliveira** **** Victor de Oliveira Matos**** Ana Lúcia Fernandes da Silva de Oliveira**** Matheus Magalhães Bessa**** Gleidson Mendes Rebouças* *** Wilklef Rakspware Celestino da Silva**** Nailton José Brandão de Albuquerque Filho*** Edson Fonseca Pinto* **** ***** Humberto Jefferson de Medeiros* Maria Irany Knackfuss* thiagorenee@yahoo.com.br
	Resumo           Introdução: O sistema de produção vigente atualmente no trabalho submete os funcionários a poucos movimentos corporais, mas com bastante especificidade e muita repetição de movimentos. Objetivo: Analisar o perfil dos indicadores de estilo de vida de trabalhadores da Construção Civil. Metodologia: O estudo se caracteriza como tipo descritivo com delineamento transversal, os participantes do estudo foram compostos por um numero de 12 indivíduos, classificados como trabalhadores de uma empresa de Construção Civil, tendo como idade de 25 a 40 anos, sendo todos do sexo masculino. Análise Estatística: A análise estatística dos valores foi realizada de forma descritiva através das medidas de tendência central (média e desvio padrão). Resultados: No comportamento Nutrição o dado que nos chamou a atenção foi na pergunta 02, pois caracterizou 41,7% da amostra não evita o consumo de alimentos gordurosos, no comportamento atividade física os resultados forma bons do ponto de vista que 50% realiza atividade pelo menos duas vezes na semana e 41,7% prefere utilizar a caminhada e utilizar elevadores como forma de se locomover e de transporte, no comportamento preventivo os valores de 50% refletem que os funcionários tem um habito de todos os dias usarem alguma bebida alcoólica no seu dia a dia e 91,6% do grupo utiliza sinto de segurança e não bebe para dirigir, no comportamento relacionamento social 100% procura cultivar amigos e estão satisfeitos com as amizades, no comportamento controle do estresse 75% do grupo procura ter no seu dia a dia pelo menos cinco minutos para relaxar. Conclusão: Os indicadores de estilo de vida dos funcionários precisam melhorar isso implica em ação com profissionais da saúde e trabalho interdisciplinar na empresa.           Unitermos: Saúde no trabalho. Construção civil. Estilo de vida.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O sistema de produção vigente atualmente no trabalho submete os funcionários a poucos movimentos corporais, mas com bastante especificidade e muita repetição de movimentos (Grande, Loch et al. 2011; da Silva Marghraf, Lang et al. 2012).

    A exposição crônica ao risco em saúde do trabalhador pode resultar em doenças ocupacionais, tanto em trabalhos administrativos, como da linha de produção, principalmente, no trabalhador que possui função clara de ser uma extensão de uma máquina ou de um computador (Teixeira and Valle 2010; Lara 2011).

    Nós passamos a metade da vida trabalhando em condições que não nos permitem desenvolver psicológica e fisicamente. É lícito reconhecer os efeitos devastadores que advém dentro desse contexto, pois as análises epidemiológicas demonstraram que muitos indivíduos morreram simplesmente por sedentarismo, o que fez com que a atividade física fosse vista, em diversos países e sob diferentes óticas, como uma questão de saúde pública (Sydneia Abel Arcuri 2011; Dias, Silva et al. 2012).

    Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), anteriormente conhecidos como Lesões por Esforços Repetitivos (LER), são fenômenos mundiais, trazendo repercussões negativas para trabalhadores, empresas e a sociedade (DIAS, 2012).

    Através de uma análise de referencial dos principais pontos dolorosos e de tensão, podemos identificar os grupos musculares mais exigidos durante o trabalho e avaliar os possíveis músculos que podem desenvolver lesões (Duarte, de Souza et al. 2012; Ferreira 2012).

    Neste contexto, é evidenciado que o estilo de vida é influenciado por diversos fatores, como crenças, valores, atitudes que irão caracterizar os hábitos cotidianos do individuo, consequentemente, o seu comportamento. O produto de um estilo de vida positivo é favorecer a uma melhor qualidade de vida e um melhor declínio funcional na fase da velhice, o contrário é verdadeiro afirmar que um estilo de vida negativo irá culminar em menor qualidade de vida e maior declínio funcional na fase de velhice (Nahas, 2003). Porém, diante dos mais diferentes graus de desequilíbrios e contrastes socioeconômicos em que se vive nos dias de hoje, podemos admitir que ainda estamos longe de um estilo de vida ideal.

    A saúde positiva está relacionada aos componentes sociais, mentais, espirituais e físicos. Com isso, um dos principais objetivos da incorporação de um estilo de vida positivo é a diminuição dos comportamentos de risco à saúde e a prevenção de problemas futuros, como doenças crônicas degenerativas não transmissíveis, prolongando as características saudáveis e independentes (Howley 2000; Nahas 2001).

Metodologia

    O estudo se caracteriza como descritivo com delineamento transversal, o recrutamento dos possíveis participantes foi realizado por conveniência através do grupo de trabalhadores da construção civil de uma empresa da cidade de Natal-RN.

    Todos os sujeitos receberam individualmente esclarecimentos a respeito dos objetivos, procedimentos utilizados, possíveis benefícios e riscos atrelados à execução do presente estudo, e posteriormente condicionaram a sua participação de modo voluntário, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. O protocolo de pesquisa do presente estudo foi fundamentado em conformidade com as diretrizes propostas na resolução 466/2012 e 251/1997 do conselho nacional de saúde.

    A população foi composta por trabalhadores da construção civil de uma empresa da cidade do Natal-RN. Nossa amostra contou com 12 participantes voluntários, todos do sexo masculino.

Tabela 1. Característica dos funcionários avaliados

Procedimentos

    Primeiramente, fizemos uma visita ao local de coleta a fim de solicitar permissão e verificar o melhor horário para aplicação dos questionários. Mediante aprovação, fizemos a coleta de todos os participantes na semana vigente. Todos os sujeitos receberam, individualmente, esclarecimentos a respeito dos objetivos, procedimentos utilizados, possíveis benefícios e riscos atrelados à execução do presente estudo, e, posteriormente, condicionaram a sua participação de modo voluntário, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

    Os participantes foram submetidos a sessões de avaliação na própria empresa, marcadas em dias distintos, sendo realizadas com um intervalo mínimo de 48 horas e máximo de 96 horas entre si. Buscando evitar quaisquer variações circadianas intra-individuais, todas as avaliações foram realizadas em um mesmo horário (entre 07h00min e 12h00min).

    Os participantes foram instruídos a não ingerir alimentos contendo alto teor energético por um período anterior a três horas de seu início. Além disso, os avaliados também foram instruídos a comparecer às sessões experimentais trajando roupas confortáveis e que já estão acostumados a vestir no dia-a-dia.

    Após a explanação do projeto aos funcionários, foi aplicada uma série de avaliações relacionadas à saúde dos indivíduos participantes da pesquisa, variáveis como estatura e massa corporal, para que fosse calculado o índice de massa corporal. Em seguida, foi aplicada uma anamnese seguida do questionário do Pentáculo do Bem-estar.

Instrumentos de coleta

    A anamnese foi elaborada e aplicada com o objetivo de conhecer melhor o participante, contendo perguntas que englobam os aspectos pessoais do trabalhador.

    O Perfil do Estilo de Vida, derivado do Pentáculo do Bem-Estar, é um instrumento simples, autoadministrado, que inclui cinco aspectos fundamentais do estilo de vida das pessoas e que, sabidamente, afetam a saúde geral e estão associados ao bem-estar psicológico e a diversas doenças crônico-degenerativas, como o infarto do miocárdio, o derrame cerebral, o diabetes, a hipertensão, a obesidade e a osteoporose. Cinco componentes representam características do estilo de vida relacionadas ao bem-estar individual: Nutrição, relacionamento social, o controle do estresse, prática de atividades físicas e o comportamento preventivo em questões de saúde e segurança. Esses cinco componentes formam o Pentáculo do Bem-estar, cujo equilíbrio nos ajuda a levar uma vida mais saudável.

    A estatura foi definida operacionalmente como a medida correspondente a distância entre a região plantar e o vértex, sendo determinada através da utilização de um estadiômetro (marca Sanny, modelo Standard) fixado na parede, escalonado em 0,1 cm.

    O sujeito foi avaliado descalço e posicionado anatomicamente sobre a base do estadiômetro, a qual forma um angulo de 90º com a borda vertical do aparelho. Além disso, a massa corporal do avaliado foi distribuída igualmente em ambos os pés, e os braços permaneceram livremente soltos ao longo do tronco com as palmas das mãos voltadas para as coxas. A cabeça posicionada em conformidade com o plano de Frankfurt. O sujeito manteve os calcanhares unidos, tocando levemente a borda vertical do estadiômetro. O cursor do aparelho foi colocado no ponto mais alto da cabeça, com o avaliado em apneia inspiratória no momento da medida.

    Para a variável circunferência abdominal foi utilizada uma fita métrica não distensível com intervalos de 0,1 cm e extensão de 150 cm da marca Corrente®, sendo a mesma aferida no ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca ou cintura natural com o indivíduo na posição ortostática.

Tratamento estatístico

    Os dados são apresentados através das medidas de tendência central (média e desvio padrão).

Resultados

Tabela 2. Dados relacionados ao componente Nutrição dos funcionários avaliados

Tabela 3. Dados relacionados ao componente Atividade Física dos funcionários avaliados

Tabela 4. Dados relacionados ao componente Comportamento Preventivo dos funcionários avaliados

Tabela 5. Dados relacionados ao componente Relacionamento dos funcionários avaliados

Tabela 6. Dados relacionados ao componente Controle do Stress dos funcionários avaliados

Gráfico 1. Resultado geral no Pentáculo do bem estar dos funcionários avaliados

Discussão

    Nosso trabalho teve o olhar cuidadoso para buscar informações acerca do levantamento dos aspectos do estilo de vida, assim como atividade física, hábitos alimentares e comportamentos preventivos têm sido amplamente abordados na literatura, tanto em pesquisas de abrangência populacional (FREEDMAN et al., 2006; TEICHMANN et al., 2006; LANAS et al., 2007), bem como em subgrupos populacionais como o de trabalhadores (CONCEIÇÃO et al., 2006; DEVINE, et al., 2007).

    Tais estudos corroboram com os achados desta pesquisa, pois o grupo apresentou comportamentos negativos em relação ao componente nutrição, uma vez que não se caracterizava como um comportamento comum à inclusão de cinco porções ou mais de frutas e hortaliças na sua alimentação diária e não realizavam quatro a cinco refeições variadas durante o dia.

    Como se pode ver a busca do estilo de vida saudável é um gerenciamento de vários hábitos, assim como a atividade física regular, controle do stress, aspectos relacionados à nutrição e cuidados relacionados ao comportamento social (GUISELINI, 2006).

    Foi observado que existia uma elevada taxa de inatividade física em capitais do Brasil, existindo uma variação entre 26,1%, em Natal esse dado chegou a 35,1 % (Ministério da Saúde 2010).

    Foi evidenciado que o componente preventivo também tinha resultados negativos e isso é um fato a ser considerado nessa população, principalmente, porque a idade desses indivíduos já esta na fase da velhice, em que o corpo tem uma maior vulnerabilidade para doenças crônicas não transmissíveis (Moraes, Martelo et al. 2013).

    De modo similar no domínio comportamento preventivo, nosso estudo apresentou uma característica de risco que pode futuramente prejudicar a saúde dos funcionários, sabendo assim da importância de ações educativas dentro da empresa com o intuito de mobilizar os indivíduos para a manutenção da saúde através de hábitos saudáveis dentro do ambiente da construção civil.

    Com base no controle e melhora dos domínios controle do stress e relacionamento social, podemos perceber que dentro da perspectiva de autocontrole do stress e satisfação no relacionamento social, irão desencadear no funcionário uma estratégia bastante credível, pois em estudo realizado com funcionários de uma indústria têxtil, isso foi evidenciado como uma característica de manutenção e controle de stress, essas ações são predominantemente de um bom convívio social (Grande, Loch et al. 2011).

    Levando em consideração o ambiente da construção civil que exige do funcionário uma eficiência cada vez maior dentro de uma produtividade e competitividade dentro da empresa, a característica de controlar esse stress consequentemente irá levar o funcionário para um patamar de manutenção e melhora da qualidade de vida e prevenção de doenças (Coelho, Santos et al. 2009).

    Como se pode observar, a atenção de características de estilo de vida do grupo, nos leva a uma interpretação e reflexão sobre o estado de saúde que levamos no nosso dia a dia.

    Convém ressaltar que esse conhecimento gera uma estratégia de implantação e manutenção do estado de saúde desse funcionário, através de ações educativas e de estímulo para mudança do estilo de vida saudável dentro da própria empresa, melhorando assim a qualidade de vida e ampliando a expectativa de vida.

Considerações finais

    Com isso, podemos concluir que os indicadores de estilo de vida dos funcionários precisam melhorar, isso implica em ação com profissionais da saúde e trabalho interdisciplinar. O papel do professor de educação física é alertar as pessoas com risco à saúde a adotarem um estilo de vida melhor e, consequentemente, obter hábitos positivos e uma melhor qualidade de vida.

    Esperamos que nossa pesquisa traga benefícios aos trabalhadores da construção civil de uma forma a despertar nos grandes empresários o interesse em implementar em suas empresas atividades voltadas aos trabalhadores, beneficiando empresa e funcionário.

Referências

• Alves, E. F. (2011). "Programas e ações em qualidade de vida no trabalho." INTERFACEHS-Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade 6(1).

• Coelho, C. R., C. A. d. Santos, et al. (2009). "Perfil do estilo de vida de trabalhadores de uma indústria têxtil". EFDeportes, Revista Digital - Buenos Aires Año 14 - Nº 133. http://www.efdeportes.com/efd133/estilo-de-vida-de-trabalhadores-de-uma-industria-textil.htm

• Da Silva Marghraf, M. d. R., A. Lang, et al. (2012). "Estratégias para redução do absenteísmo: Experiência em Instituição Pública Municipal." evista: 41.

• Dias, E. C., T. Silva, et al. (2012). "Desafios para a construção cotidiana da vigilância em saúde ambiental e em saúde do trabalhador na atenção primária à saúde; Challenges for the daily construction of health environmental and workers health surveillance in primary health care." Cad. saúde colet. (Rio J.) 20(1).

• Duarte, A. F., A. P. C. de Souza, et al. (2012). "Fatores de riscos para distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho-DORT em profissionais de enfermagem." Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online: 53-56.

• Ferreira, M. C. (2012). "Ergonomia da Atividade Aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho: Saúde e Promoção do Bem-Estar dos Trabalhadores em Questão." Tempus Actas de Saúde Coletiva 6(2).

• Grande, A. J., M. R. Loch, et al. (2011). "Comportamentos relacionados à saúde entre participantes e não participantes da ginástica laboral." Rev Bras de Cineantropom Desempenho Hum 13(2): 131-137.

• Howley, E. T. F., B.D. (2000). "Manual do instrutor de condicionamento físico para a saúde." Porto Alegre: Artmed. 3ª ed.

• Lara, R. (2011). "Saúde do trabalhador: considerações a partir da crítica da economia política." Revista Katálysis 14(1): 78-85.

• Moraes, C. Z., M. R. Martelo, et al. (2013). "Qualidade de Vida no Trabalho: análise de um escritório de contabilidade."

• Nahas, M. V. M., E.C (2001). "Hábitos e motivos para a atividade física em universitários da UDESC." Congresso brasileiro de atividade física e saúde,Florianópolis: UFSC In: Anais do 3°: p. 68.

• Sydneia Abel Arcuri, A. (2011). "A política nacional de segurança e saúde do trabalhador." INTERFACEHS-Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade 2(4).

• Teixeira, P. and S. Valle (2010). "Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar; Biosafety: the multidisciplinary approach".

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