Escolas particulares com lutas na
grade Las escuelas privadas con luchas en las clases escolares o como actividad complementaria |
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*Acadêmico do curso de Educação Física da Faculdade Unigran Capital - Campo Grande - Mato Grosso do Sul **Doutorando em Saúde; Professor do curso de Educação Física da Faculdade Unigran Capital - Campo Grande - Mato Grosso do Sul (Brasil) |
Edineia Prado Camargo* Yuri Alves da Silva Fagundes* Brunno Elias Ferreira** |
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Resumo Esse artigo tem como objetivo constatar as escolas particulares de campo grande, que contam com lutas na grade escolar ou atividade complementar. Para isso foi utilizado uma pesquisa do tipo quantitativa onde 13 professores responderam um questionário contendo 10 questões. Os resultados indicam que 62% dos professores responderam que a escola utiliza atividade de lutas como atividade complementar, 15% relataram que está presente na grade escolar e 23% afirmaram que não utilizam esse conteúdo na escola. Concluímos então que o ideal seria a atividade de luta ser inclusa na grade escolar possibilitando aos alunos uma diversidade cultural corporal. Unitermos: Educação Física. Lutas. Conteúdo.
Abstract The present study aimed to verify schools of Campo Grande-MS that use fight disciplines with the school's grade of contents or complementary activity. Was applied a questionnaire based on 10 questions responded by 13 teachers. 62% of the teachers answered that fight disciplines was a complementary activity, and 15% related that the discipline was in school's grade of contents. 23% affirmed that do not apply fight disciplines in classes. The conclusion appointed that the ideal would be fight disciplines as a component of the school's grade of contents, offering to students a greater cultural diversity in sports. Keywords: Physical Education. Fights. Content.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O termo lutas pode ser usado em qualquer combate entre dois ou mais indivíduos, sendo treinados ou não. A definição proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Educação Física indica que:
“As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilidade ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa.
Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados exemplos de luta: as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro, até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do karatê” (BRASIL, 1998, p. 70).
A atividade de lutas nas aulas de Educação física está inclusa no bloco de conteúdos da disciplina de acordo com os PCN’s.
“Os conteúdos estão organizados em três blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental. A distribuição e o desenvolvimento dos conteúdos estão relacionados com o projeto pedagógico de cada escola e a especificidade de cada grupo. A característica do trabalho deve contemplar os vários níveis de competência desenvolvidos, para que todos os alunos sejam incluídos e as diferenças individuais resultem em oportunidades para troca e enriquecimento do próprio trabalho. Dentro dessa perspectiva, o grau de aprofundamento dos conteúdos estará submetido às dinâmicas dos próprios grupos, evoluindo do mais simples e geral para o mais complexo e específico ao longo dos ciclos.
Essa organização tem a função de evidenciar quais são os objetos de ensino e aprendizagem que estão sendo privilegiados, servindo como subsídio ao trabalho do professor, que deverá distribuir os conteúdos a serem trabalhados de maneira diversificada e adequada às possibilidades e necessidades de cada contexto. Assim, não se trata de uma estrutura estática ou inflexível, mas sim de uma forma de organizar o conjunto de conhecimentos abordados, segundo enfoques que podem ser dados: esportes, jogos, lutas e ginástica; atividades corporais e conhecimentos sobre o corpo” (BRASIL, 1988, p. 67).
A prática de lutas proporciona muitos benefícios no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo social. No desenvolvimento motor pode-se observar a melhora do equilíbrio, da coordenação global, noções de espaço e tempo. No desenvolvimento cognitivo aumenta a percepção, raciocínio e atenção. Já no desenvolvimento afetivo social melhora a socialização, a perseverança, a determinação e o respeito (FERREIRA, 2006).
Sendo assim, as lutas podem ser mais um instrumento pedagógico para o Professor de Educação Física, e também ser um auxílio no desenvolvimento dos alunos em outras disciplinas dentro da sala de aula. Contudo tem como objetivo variar atividades corporais e promover diversidade cultural corporal, aumentando o interesse e motivação dos alunos nas aulas, e também utilizar uma metodologia se preocupando com a formação de um cidadão usando a filosofia e regras das lutas contribuindo no seu comportamento e atitudes (CORRÊA; QUEIROZ; PEREIRA, 2010).
De acordo com os PCN’s os objetivos da prática das lutas na escola, são:
“A compreensão do ato de lutar: por que lutar, com quem lutar, contra quem ou contra o que lutar; compreensão e vivência de lutas dentro do contexto escolar (lutas x violência); vivência de momentos para apreciação e reflexão sobre as lutas e a mídia; análise sobre os dados da realidade das relações positivas e negativas com relação à prática das lutas e a violência na adolescência (luta como defesa pessoal e não “arrumar briga” ?)” (BRASIL,1988, p. 97).
O Professor de Educação Física por muitas vezes não desenvolve as atividades de lutas na escola por não saber o gesto técnico da mesma, pensando somente na prática (CORRÊA; QUEROZ; PERREIRA, 2010). Para ministrar aulas não é necessário que o professor seja um atleta, basta ter vivenciado uma arte marcial ou ter o conhecimento teórico da mesma. A luta não está presente apenas como atividade desportiva, pois pode ser executada de forma lúdica. Segundo os PCN's (BRASIL, 1998) É necessária vivência de atividades que envolvam as lutas, dentro do contexto escolar, de forma recreativa e competitiva.
De acordo com Ferreira (2006), entendem-se como lutas, não somente modalidades tidas como tradicionais, mas também a prática da luta informal. Sendo assim, aulas de lutas não precisam ser necessariamente técnicas sistematizadas como as artes marciais. Podem-se desenvolver atividades lúdicas e recreativas com esse tema.
É importante ressaltar que o professor deve utilizar a didática de ensino planejando suas aulas de acordo o desenvolvimento psicomotor de seus alunos (RCNEI, 1998), Para Ferreira (2006) na educação infantil as lutas podem ser usadas como atividades lúdicas como as lutas de animais, como luta do sapo, luta do jacaré ou luta do saci têm ajudado na liberação de agressividade das crianças, além ser estimulado todos os fatores psicomotores, a lateralidade, coordenação motora fina, coordenação motora global, estruturação espacial, orientação temporal e estruturação corporal.
No ensino fundamental podem-se usar atividades mais complexas de puxar e empurrar como exemplo, o “Uga-Uga”, que consiste em tirar o colega de dentro do círculo central. Já no ensino médio pode-se aprimorar o conhecimento das modalidades, fazendo um resgate histórico da mesma e relacionando com a ética e valores, e dar início ao conhecimento da filosofia das artes marciais e de respeito ao próximo, de atividades que exijam concentração e estimular os alunos a aprender as regras. O professor pode usar o recurso de vídeos, filmes ou a observação de treinos em academias ou competições.
“É inquestionável o poder de fascinação que as lutas provocam nos alunos. Nos dias atuais, constata – se que o tema está em moda, seja em desenhos animados em filmes ou em academias. Não é difícil encontrar crianças brincando de luta nos intervalos das aulas ou colecionando figurinhas dos heróis que lutam em seus desenhos animados”. (FERREIRA, 2006, p. 40)
De acordo com os PCN’s, as lutas são inclusas nos conteúdos da Educação Física Escolar, sendo assim, traz inúmeros benefícios no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social. Assim a prática de lutas pode servir como instrumento de auxílio pedagógico aos Professores de Educação Física (FERREIRA, 2006). Porém, ainda existem várias restrições nas aulas, existe um preconceito na sociedade devido à mídia como forma de promover a violência entre os alunos e achar que aulas são severas e militaristas (CORRÊA; QUEROZ; PERREIRA, 2010).
Desta forma, o objetivo foi identificar a quantidade de escolas particulares de Campo Grande-MS que contam com lutas na grade escolar ou como atividade complementar.
Metodologia
A pesquisa foi realizada no mês de maio de 2014 em escolas particulares, sendo uma escola de cada região de Campo Grande- MS, nas regiões Anhanduizinho, Bandeira, Centro, Ibirussu, Lagoa, Prosa e Segredo. A pesquisa foi do tipo quantitativa de corte transversal através de coleta de dados por questionário.
Primeiramente foi entregue a carta de autorização a escola, em seguida um questionário que foi elaborado com base no anexo Ferreira (2006), consta no mesmo perguntas direcionadas aos professores de Educação Física das escolas pesquisadas, o questionário é composto por sete questões de múltipla escolha, sendo três questões abertas.
Na região do Ibirussu, não foi autorizada a realização da pesquisa de campo na escola selecionada. Foi aplicado o questionário em seis escolas, com o total de treze professores de Educação Física.
Resultados e discussão
A média de idade dos professores participantes foi de 35 anos, sendo que a maioria era do sexo masculino (figura 1).
Figura 1. Gráfico de colunas apresentando o gênero dos professores avaliados
O ano de formação dos professores tem a variação de 1990 a 2010, sendo que apenas um irá concluir a graduação em 2015, com média de tempo de atuação na área de 9,2 anos, com a amplitude de 20 a 49 anos.
Quando questionamos se os professores utilizavam as lutas em suas aulas de Educação Física, 62% afirmaram que utilizam essas atividades (figura 2).
Figura 2. Gráfico de colunas apresentando os professores que utilizam as lutas em suas aulas
Dos professores que tiveram resposta positiva, 60% relatam que utilzam o conteúdo de lutas através de práticas recreativas e lúdicas, e 30% afirmam que com aulas teóricas e práticas como iniciação esportiva, e 10% através de vídeos. De acordo com os resultados podemos afirmar que os professores estão ultilizando um dos conteúdos propostos nos PCN´s, que são as lutas. Sendo assim deixando a pedagogia antiga que as aulas de Educação física só podem ser realizadas com bolas, e desenvolvendo uma didática com métodos de forma lúdica e criativa que deixe a aula interessante e que tenha como objetivo o desenvolvimento do aluno.
De acordo com Ferreira (2009), brincar de luta desenvolve os fatores físicos e ao mesmo tempo exige um grande esforço cognitivo (formulação de estratégias).
Os professores que tiveram resposta negativa afirmam não ter instrução para realizar atividades de lutas, sendo assim podemos observar a insegurança dos mesmos ao tentar algo novo, pois as aulas podem ser realizadas através de vídeos, ou aulas de campo (visitas a academias). Desse modo os professores também podem procurar cursos de capacitação ou troca de experiêcias com outros profissionais da área.
Dos 13 professores questionados, 62% considera que qualquer atividade em que dois oponentes se enfrentam, tentando superar o outro, é um tipo de luta, tendo como exemplo de atividades Cabo de Guerra e Braço de Ferro, sendo que 38% afirma que somente as técnicas pré-existentes como Karatê, Boxe e Capoeira, podem ser considerados como lutas.
Sendo assim podemos observar que a maioria dos professores reconhece a definição de lutas de acordo com os Parâmetros curriculares Nacionais (PCN's).
Quando foi questionado qual tipo de luta é ideal para ser trabalhada na escola, alguns professores citaram mais de uma modalidade, sendo o Judô em 42% das respostas (figura 3).
Figura 3. Gráfico de pizza apresentando os tipos de lutas para serem abordadas nas escolas
O Judô é uma Arte Marcial Olímpica, e muito praticada em Campo Grande principalmente em projetos escolares, sendo assim pode ser o motivo da preferência dos professores. De acordo com o professor 4: “O Judô, porque trabalha disciplina e apesar da luta ser individual, para treinar é preciso do grupo”. A capoeira, uma luta brasileira, é a segunda escolha dos professores, pois para ministrar aulas de capoeira a escola não necessita ter equipamentos como o tatame, podendo ser realizadas na quadra. O professor 7 relata “Capoeira, por conta do espaço físico da escola”, já o professor 9 relata “Capoeira, por não ter muito contato e estar mais ligado a música e dança”.
Podemos trabalhar nas escolas qualquer modalidade de luta, utilizando uma didática de acordo com faixa etária respeitando o desenvolvimento psicomotor dos alunos.
Ao questionarmos se é possível trabalhar com lutas na Educação Infantil, 85% afirmou que é possível, 15% indicou que não é.
As lutas podem ser trabalhas na Educação infantil de forma lúdica e recreativa, sendo assim podendo promover o desenvolvimento integral dos alunos. Os professores que tiveram resposta negativa talvez não tenham o conhecimento de como trabalhar lutas na educação infantil, entretanto falta uma melhor qualificação do professor em sua formação e falta cursos para a capacitação de como trabalhar essas atividades no âmbito escolar.
As questões sobre se a prática de luta gera violência, se ao praticarem se tornariam mais agressivos e se os professores têm alguma formação ou vivência em Artes marciais, estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Apresentação em porcentagem das questões 5 a 8
Com os resultados podemos observar que os professores têm o conhecimento que as lutas não geram violência, sendo trabalhada de forma correta. E que o professor não precisa ser formado em Artes Marciais e sim ter uma vivência sobre o tema, seja na faculdade ou em academias. Assim como nas outras modalidades com: Vôlei, Basquete e Futebol, os professores não têm uma formação específica da modalidade, porém conseguem ministrar aulas na escola com a vivência que adquiriram na faculdade, assim o professor também deve ter segurança em ministrar aulas de lutas.
Conforme as repostas dos professores das seis escolas pesquisadas, 62% afirmou que a atividade de lutas está inclusa como atividade complementar na escola (figura 4).
Figura 4. Gráfico de colunas apresentando se a atividades de lutas está inclusa no âmbito escolar
De acordo com os relatos dos professores as atividades complementares, os alunos têm a opção de escolher qual modalidade querem ter a vivência, na qual são oferecidas pela escola. Já como grade escolar é conteúdo ministrado nas aulas de Educação física oferecida para todos os alunos. Os professores que tiveram resposta negativa relataram que a luta não faz parte da filosofia da escola, sendo assim podemos observar que há um preconceito ou receio ao oferecer o conteúdo ao corpo discente, mesmo o conteúdo de lutas estando incluso no PCN's e tem como objetivo o desenvolvimento dos alunos.
Oferecemos aos entrevistados na última questão a opção de deixarem algo registrado sobre o tema, segue o relato de alguns professores:
Professor 7: “É muito importante a vivência de lutas na faculdade e também é importante conhecer várias modalidades de lutas.”
Professor 6: “Que podemos mudar a consciência e a visão dos nossos alunos com todos os tipos de esporte, depende de como falamos com eles, eles querem aprender e nós devemos ensiná-los.”
Professor 4: “As lutas na escola vêm crescendo cada vez mais, pois proporciona disciplina e melhora a socialização das crianças e coordenação motora.
Considerações finais
Através dos resultados podemos concluir que os professores têm o conhecimento do que consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) e que possuem conhecimento da importância de se trabalhar lutas no âmbito escolar.
Como atividade complementar o aluno ou pais terão a opção de escolher em qual modalidade ele terá a vivência. Sendo assim nem todos os alunos terão a oportunidade em conhecer essa atividade, por isso o ideal seria que as lutas fossem inclusas na grade escolar, onde seria acessível para todos os alunos, aumentando assim, o leque de vivências motoras e históricas.
Referências bibliográficas
Corrêa, Queiroz, Pereira. Lutas como conteúdo na Educação Física Escolar, Caraguatatuba-SP, 2010.
Ferreira, H.S. A utilização das lutas como conteúdo das aulas de Educação Física. Fortaleza - CE, 2009.
Ferreira, H.S. As lutas na Educação Física Escolar-CE, 2006.
PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais). Educação Física, Brasil, 1988.
PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais). Educação Física, Brasil, 1998.
RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil), volume 3, Brasília-1998.
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