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Educação Física escolar e o ensino da ginástica

La Educación Física escolar y la enseñanza de la gimnasia

School Physical Education and teaching gymnastics

 

*Graduanda em Educação Física, Licenciatura

pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), PR

**Graduando em Educação Física, Bacharel

pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), PR

(Brasil)

Jessica Martins Marques Luiz*

jessicammluiz@hotmail.com

Guilherme Demitto Arana**

guilhermedemitto@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No presente estudo realizou-se um levantamento de dados sobre a Educação Física escolar e a ginástica, para contribuir no enfrentamento das dificuldades encontradas pelos professores de educação física, pois a ginástica é um conteúdo que pode e deve ser abordado no ambiente escolar proporcionando aos alunos um desenvolvimento integral. O presente estudo tem por objetivo reconhecer a história da educação física e da ginástica e como tal é tratada no âmbito escolar. Apresentando aquilo que a bibliografia discute a respeito da ginástica enquanto conteúdo da Educação Física escolar e sua importância neste contexto. Os resultados revelam a importância da vivencia da ginástica e da educação física na vida escolar dos alunos, quando preciso o professor pode tratar o conteúdo com materiais adaptados, explorando assim, a criatividade dos alunos. Concluímos que a ginástica, assim como a educação física, passam por transformações que acompanham o desenvolvimento social e econômico e apontamos a necessidade de realizar novos estudos que venham contribuir com a educação física escolar e a ginástica enquanto conteúdo.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Ginástica.

 

Abstract

          In the present study we carried out a survey of data on physical education and fitness, to contribute in facing the difficulties encountered by physical education teachers because gymnastics is a content that can and should be addressed in the school environment by providing students with a integral development. The present study aims to recognize the history of physical education and gymnastics and as such is treated in schools. Presenting what the literature discusses about the gym while content of school physical education and its importance in this context. The results reveal the importance of experiences gymnastics and physical education in the school life of the students, the teacher may need when dealing with content tailored materials, thus exploring students' creativity. We conclude that the fitness as well as physical education, undergoes transformations that accompany the social and economic development and pointed out the need for further studies that may contribute to physical education and gymnastics while content.

          Keywords: School Physical Education. Gymnastics.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A educação física chegou ao Brasil aproximadamente no ano de 1860 por meio do método alemão e mais tarde com o método francês, ambos possuíam caráter militar que atendiam aos interesses do governo da época e eram fundamentados em pensamentos higienistas vindos da Europa. No que diz respeito à prática de atividades físicas produtivas a educação física era rechaçada, pois ainda existia nas pessoas a ética colonial de que os homens chefes de famílias não trabalhavam e que seus lucros eram obtidos por meio de rendas ou da exploração de outros.

    No século XIX a educação física torna-se obrigatória, quando Rui Barbosa inclui a ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, mas essa idéia não foi bem aceita pelo povo, pela igreja católica e principalmente pelas mulheres. Cada vez mais os indivíduos eram estimulados a prática de atividades físicas, pois a educação física se tornou um instrumento nas mãos da nobreza para controlar a classe trabalhadora.

    Dessa maneira, a educação física ministrada na escola começou a ser vista como importante instrumento de aprimoramento físico dos indivíduos que, “fortalecidos” pelo exercício físico, que em si gera saúde, estariam mais aptos para contribuir com a grandeza da indústria nascente, dos exercícios, assim como a prosperidade da pátria. (SOARES et al, 1992, p.52).

    Para Ramos (1982), a ginástica é vista como a prática de exercícios físicos que “vem da pré-história afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea.”; ou seja, a ginástica acompanha o homem desde os seus movimentos mais rudimentares dos homens das cavernas até os dias de hoje com movimentos finos e sistematizados.

    Atualmente a ginástica tornou-se um conteúdo estruturante das Diretrizes Curriculares da Educação Básica do estado do Paraná, onde:

    Entende-se que a ginástica deve dar condições ao aluno de reconhecer as possibilidades de seu corpo. O objeto de ensino desse conteúdo deve ser as diferentes formas de representação das ginásticas. (DIRETRIZES DO ESTADO DO PARANÁ, 2008 p. 67).

    Na escola a ginástica é visto como uma exercitação com ou sem aparelhos que proporciona experiências corporais preciosas para o desenvolvimento do aluno desde sua complexidade até o envolvimento de toda uma tradição histórica possível de ser confrontada com o presente e assim criar experiências próprias.

    A ginástica se legitima conforme propõem liberdade para que as crianças possam criar suas expressões corporais e ainda promove a socialização por meio de atividades em grupos que procuram instigar no aluno a análise do preconceito e do sexismo de forma a romper com o senso comum. E isso se reflete nos anos escolares, pois segundo o Coletivo de Autores (1992) os fundamentos da ginástica devem estar presentes em todos os níveis de aprendizagem.

    Até chegar aos dias de hoje a educação física escolar passou por várias transformações que resultaram em mudanças significativas nos métodos pedagógicos utilizados.

    A elaboração de um programa de ginástica para as diferentes séries exige pensar na evolução que deve ter em sua abordagem, desde as formas espontâneas de solução de problemas com técnicas rústicas nas primeiras séries do ensino fundamental, bem como do ensino médio, onde se atinge a forma esportiva, com e sem aparelhos formais. (SOARES et. al, 1992, p.78).

    O presente estudo tem por objetivo reconhecer a história da educação física e da ginástica e como tal é tratada no âmbito escolar. Apresentando aquilo que a bibliografia discute a respeito da ginástica enquanto conteúdo da Educação Física escolar e sua importância neste contexto.

Método

    O estudo se caracteriza como bibliográfico que segundo Köche (1997) levanta o conhecimento disponível na área, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar o problema objeto da investigação.

    Foram analisados sites de pesquisa, anais de congressos, teses, dissertações, monografias de conclusão de curso e periódicos que estão relacionados com o tema ginástica e educação física escolar. Ao todo foram consultados e analisados três sites de pesquisa, quatro anais de congressos, uma tese, uma dissertação, duas monografias e quatro periódicos que deram base ao estudo realizado.

Resultado e discussão

    A partir da análise das bibliografias levantadas evidenciou-se que professores e alunos desconhecem temas importantes como “ginástica e educação física escolar”. Problema encontrado pela não abordagem deste tema deve-se ao fato dos próprios professores não terem tido contato na sua formação profissional, ou até mesmo não valorizam esta prática de ensino.

    Como salienta Barbosa-Rinaldi e Martinelli (2003) para o não desenvolvimento do trabalho com a ginástica deve-se ao fato do profissional não se sentir capacitado para tal ação, mesmo tendo vivenciado disciplinas gímnicas durante a formação inicial. Uma das possíveis razões para este pensamento, que leva a não legitimidade da ginástica.

    Assim estes professores inseguros e pouco inovadores deixam de lado o ensino da ginástica e optam pelo ensino clássico e comum: os esportes. De forma alguma os desmerecendo, mas é comum professores ensinarem aquilo que lhes é de maior domínio ou que tiveram uma vivência e aprendizado maior durante a sua formação profissional.

    Ayoub (2003) afirma ser evidente colocar o esporte como prioridade na Educação Física escolar. Entretanto, defender a utilização da ginástica geral nas aulas de Educação Física, não se caracteriza como uma forma de desmerecer o esporte e sua importância na formação dos alunos, mas sim alertar para o fato de restringir a Educação Física escolar somente o uso de esportes.

    Deixando de oferecer aos seus alunos tudo aquilo que a ginástica pode contribuir tanto para o desenvolvimento físico-motor do indivíduo quanto para a formação social, fortificando assim as relações uns com os outros.

    Outro problema evidenciado que impede a utilização da ginástica no âmbito escolar ocorre devido as escolas apresentarem deficiência pedagógica, como por exemplo, em escolas tradicionais trabalharem somente com um avaliação formal que visa apenas o rendimento de notas dos alunos, essa realidade deveria passar por modificações onde o aluno venha ser tratado na sua complexidade como pode se observada em escolas onde a avaliação formal esta presente com o auxílio no processo de aprendizagem visando o real conhecimento adquirido pelos alunos.

    Sabemos que a ginástica está presente no cotidiano das pessoas desde a antiguidade e se fez conteúdo escolar, presente nas aulas de Educação Física, mas “ao refletir sobre a ginástica, como um saber da educação física escolar, percebemos que mesmo sendo um conhecimento clássico da área encontra-se praticamente ausente do espaço escolar” (PIZANI; BARBOSA-RINALDI, p. 115 2012.).

    Entendemos que seja necessário realizar uma investigação a fim de identificar porque disso, uma vez que os alunos têm o direito do acesso ao conhecimento elaborado pela humanidade. Para “o acesso ás ginásticas é direito de todo cidadão porque, em conjunto com outras áreas, poderá contribuir para que os alunos participem da construção de uma realidade favorável para si e para todos.” (BARBOSA-RINALDI; LARA; OLIVEIRA, p. 217, 2009.).

    Estudos evidenciam a presença de elementos gímnicos nas brincadeiras infantis, muitas vezes realizada sem a consciência de que se está praticando ginástica, onde movimentos corporais específicos são executados em meio a diversão e recebem nomes populares mesmo sendo semelhantes aqueles praticados por ginastas atletas. Sendo então a expressão corporal e a ginástica, componentes do universo infantil nada mais justo que as crianças conheçam por meio do professor escolar a história da ginástica, suas diferentes manifestações, os aparelhos, o surgimento e a forma correta de executar os movimentos para que haja menos riscos de quedas e lesões.

    A ginástica deve dar condições ao aluno de reconhecer as possibilidades de seu corpo. O objeto de ensino desse conteúdo deve ser as diferentes formas de representação das ginásticas. Não enfatizando apenas a prática, mas também desenvolver o senso crítico nos sujeitos ainda crianças para que tenha subsídios para questionar os padrões estéticos, a busca exacerbada pelo culto ao corpo e aos exercícios físicos, bem como os modismos que atualmente se fazem presentes nas diversas práticas corporais, inclusive na ginástica. Não se deixando levar pelo apelo midiático que induz as pessoas ao consumismo exacerbado acompanhado de modelos físicos taxados como exemplo de beleza a ser seguido desde criança.

    Aprender a ginástica na escola significa, portanto, estudar, vivenciar, conhecer, compreender, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar, apreender as inúmeras interpretações da ginástica para, com base nesse aprendizado, buscar novos significados e criar novas possibilidades de expressão gímnica. Sob essa ótica, podemos considerar que a ginástica, como um conhecimento indispensável, a ser estudado na educação física escolar. Com isso podemos afirmar que a ginástica traz consigo a possibilidade de realizarmos sua reconstrução na educação física escolar numa perspectiva de “confronto”, síntese e também, numa perspectiva lúdica, criativa e participativa (Ayoub 2003, p. 87).

    Os motivos pelos quais muitos professores de educação física deixam de ministrar em suas aulas os conteúdos de forma integral são diversos, um dele é que na maioria das vezes visam as atividades práticas ignorando parcialmente ou totalmente as aulas teóricas.

    Traçando idéias daquilo que vem acontecendo com a educação física e a ginástica escolar nos últimos anos; apresentando possíveis alternativas para que se tenham aulas onde o individuo é considerado em sua complexidade; refletindo o porquê a ginástica é pouco difundida no âmbito escolar e o quanto esta e os demais elementos da educação física são ignorados por muitos profissionais que atuam na área, vemos que ás vezes o aluno é privando do conhecimento, pois é direito dele, conhecer e vivenciar todas as possibilidades que a educação física oferece.

Considerações finais

    Ao realizar um breve levantamento histórico da Educação Física foi possível perceber o quanto ela era e ainda é influenciada pelos fatores socioeconômicos, atendendo aos interesses das classes sociais dominantes que se utilizam da educação física para controlar o povo.

    O termo educação física já foi um dia sinônimo de ginástica, esta também acompanhou a história sociocultural do homem, passando por varias transformações muitas delas de cunho político e econômico, pois é necessário que a mesma assim como toda a educação acompanhe a história do homem e se adéqüe aos novos modos de organização social que surgem. Com o passar dos anos, podemos observar significativas evoluções e descobertas no campo da educação escolar, mas ainda há muito que fazer, a ginástica escolar age diretamente no individuo, ela se relaciona com o conhecimento de si mesmo em relação aos que estão próximos de nós valorizando não apenas o corpo, mas também a mente.

    Os resultados apontam que existem inúmeras lacunas no trato pedagógico tanto da ginástica como da educação física e que as raízes destas falhas estão intimamente localizadas na formação dos profissionais da área que quando vão para o campo de atuação sentem enormes dificuldades em trabalhar com aquilo que é novo, seja por uma graduação deficiente ou pelo desinteresse em desenvolver o senso crítico das pessoas quando ainda crianças. Outro problema que se encontra é quanto a falta de materiais que possam ofertar a prática da ginástica nas aulas de Educação Física.

    Concluímos perante o estudo feito nas fontes levantadas que a problemática em questão apontou várias vertentes que devem ser repensados por profissionais que trabalham com a educação física e a ginástica escolar, de forma que estes aperfeiçoem seus conhecimentos e assim possam proporcionar aos seus alunos uma vivência de todos os campos possíveis da educação física. E que o professor não deve impor obstáculos para realizar suas aulas de ginástica e educação física pelo contrário ele deve buscar meios alternativos para que possa proporcionar a seus alunos a vivência, o conhecimento e a experiência de novas sensações, emoções e situações que lhe ajude a desenvolver suas habilidades motoras, o cognitivo, o afetivo e a socialização com os demais alunos.

Referências

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