Acidente vascular encefálico, um problema de saúde pública: uma revisão de literatura Accidente cerebro vascular, un problema de salud pública: una revisión de la literatura Encephalic vascular accident, the problem of public health. A revision |
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*Enfermeira/o. Pós Graduando em Urgência e Emergência, Trauma e Terapia Intensiva **Enfermeira. Pós Graduanda em Urgência e Emergência, Trauma e Terapia Intensiva Residente em Saúde da Família pela UNIMONTES ***Enfermeiro. Mestre em Ciências da Saúde pela UNIMONTES. Professor das Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE), da Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI), Universidade Estadual de Montes Claros- MG (UNIMONTES) |
Luís Gustavo Cardoso Lima* Pâmela Scarlatt Durães Oliveira** Vanessa Costa Silva* Henrique Andrade Barbosa*** (Brasil) |
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Resumo As doenças que acometem o Sistema Nervoso Central (SNC) figuram entre as de maior mortalidade, prevalência e morbidade, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, e dentre todas se destaca o acidente vascular encefálico. As doenças cerebrovasculares estão no segundo lugar no topo de doenças que mais acometem vítimas com óbitos no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares, sendo que pesquisas indicam que esta posição tende a se manter até o ano de 2030. O principal objetivo deste estudo é conhecer um pouco sobre o acidente vascular encefálico, conhecer seus impactos para o indivíduo e conhecer algumas medidas de prevenção. Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura. Mesmo sendo um problema que afeta milhares de pessoas em todo mundo, e com fatores de risco, diagnósticos e tratamento bem definidos, ainda figura como um agravo a saúde de difícil combate, devido à falta de práticas alimentares saudáveis adotadas pela população, ao sedentarismo, ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, e principalmente a falta de preparo da atenção primária à saúde em atuar na prevenção das doenças cerebrovasculares, como o Acidente Vascular Encefálico. È necessário que as equipes da atenção primária sejam capacitadas para se conscientizarem da importância da prevenção, sendo que as doenças cerebrovasculares causam enorme impacto econômico para um país e que uma vez instalada gera vários problemas na qualidade de vida da população. Unitermos: Acidente Vascular Encefálico. Saúde pública. Fatores de risco.
Abstract The diseases that affect the Central Nervous System (CNS) are among the highest mortality, prevalence and morbidity in both developed and developing countries, and stands out among all cerebrovascular accident. Cerebrovascular diseases are the second place on top of diseases that most affect victims with deaths in the world, second only to cardiovascular diseases, and research indicates that this position tends to remain until the year 2030. The main objective of this study is to know a little about the stroke, know their impacts for the individual and meet some preventive measures. This is a study of integrative literature review. Even though it is a problem that affects thousands of people worldwide, and risk factors, diagnosis and treatment as well defined, still ranks as a grievance the health of hard fighting, due to lack of healthy eating practices by the population, sedentary lifestyle, the increase in chronic diseases such as hypertension and diabetes, and especially the lack of preparation of primary health care to act in the prevention of cerebrovascular diseases such as stroke. It is necessary that the primary care teams are trained to become aware of the importance of prevention, and cerebrovascular diseases cause huge economic impact on a country and that once installed generates several problems in quality of life. Keywords: Encephalic Vascular Accident. Public health. Risk Factors.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O aumento da expectativa de vida brasileira proporciona aumento de doenças crônicas, em especial aquelas do sistema cardiovascular, que adquirem relevância nos dados de morbimortalidade do país. Entre as doenças cardiovasculares, o acidente vascular encefálico é patologia com profundas repercussões para a saúde pública, pois, atualmente, é a segunda causa de mortalidade no Brasil e a primeira incapacitante em adultos (CAVALCANTE et al. 2010; OTERO et al. 2009).
As doenças cerebrovasculares estão no segundo lugar no topo de doenças que mais acometem vítimas com óbitos no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares, sendo que pesquisas indicam que esta posição tende a se manter até o ano de 2030 (BRASIL, 2012).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Acidente Vascular Encefálico (AVE) corresponde ao desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbios focais da função cerebral, com sintomas que perduram por um período superior a 24 horas ou conduzem à morte, sem outra causa aparente que não a de origem vascular (OMS, 2003).
O interesse pela pesquisa acerca deste tema surgiu no decorrer da disciplina Emergências Clínicas, onde este tema chamou a atenção por ser uma ocorrência frequente na sociedade e que leva há vários problemas sociais e econômicos decorrentes das conseqüências deste evento, sendo assim o principal objetivo deste estudo é conhecer os impactos do acidente vascular encefálico para o indivíduo portador e algumas medidas de prevenção.
Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura. A pesquisa do material bibliográfico realizou-se em quatro etapas (Figura 1). Na primeira etapa, foi definida a base de dados SCiELO (Scientific Eletronic Library Online) para identificar e selecionar os artigos. A segunda etapa consistiu-se na definição dos descritores inseridos na busca e dos critérios de inclusão. Os termos utilizados na seleção foram delimitados a partir das palavras-chave presentes em artigos adequados ao tema, lidos previamente de forma não sistemática e por meio de consulta às coleções de termos cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Os descritores utilizados foram: Acidente Vascular Encefálico, Saúde Pública e Fatores de Risco. A busca se restringiu a artigos publicados em português no período compreendido entre 2009 e Janeiro de 2014, sendo que não foram encontrados artigos publicados no ano de 2014. A consulta à base de dados foi realizada em Janeiro de 2014. Na terceira etapa, realizou-se uma leitura dos artigos selecionados a fim de identificar os trabalhos que se identificavam com o tema proposto e ainda respeitavam os seguintes critérios de inclusão: 1) abordasse o Acidente Vascular Cerebral como problema de Saúde Pública; 2) identificasse os principais fatores de risco associados ao Acidente Vascular Encefálico; 3) apontassem os impactos físicos e sociais gerados a um paciente pós Acidente Vascular Encefálico e 4) descrevessem as maneiras de prevenção aos eventos cerebrovasculares.
Como critério de exclusão utilizou-se para artigos incompletos, teses, dissertações, resumos e artigos em inglês e espanhol. Na quarta etapa se referiu à análise dos artigos selecionados que culminaram no estabelecimento de categorias analíticas e subcategorias, baseadas nos objetivos dos artigos pesquisados, para facilitar a compreensão do tema proposto neste estudo, a saber: Categoria 1 – Acidente Vascular Encefálico, um problema de saúde pública; Subcategorias: fatores de risco associado ao AVE; impactos sociais relacionados ao AVE; a Educação em Saúde como estratégia para diminuição de eventos cardiovasculares; prevenção das doenças cerebrovasculares.
Figura 1. Fluxograma do processo de revisão de literatura adaptado de Vasconcelos et al. (2011)
Resultados e discussão
Segue uma lista dos artigos incluídos na revisão com seus respectivos títulos, autores e periódicos.
Tabela 1. Apresentação dos artigos incluídos na revisão integrativa
Figura 2. Esquema de divisão das categorias temáticas baseadas no objetivo do estudo
Segue abaixo uma representação dos resultados obtidos na pesquisa, divididos em categoria e subcategorias, para melhor exemplificá-los.
Fatores de Risco Associado ao AVECategoria 1.
As doenças cardiovasculares são as principais causas de mortalidade no Brasil e no mundo, e os seus fatores de risco são considerados pouco importantes pela população e pelos sistemas de saúde, que investem pouco em medidas preventivas para sua detecção e tratamento precoce (CORREIA; CAVALCANTE; DOS SANTOS, 2010).
Na sociedade consumista em que vivemos cuja alimentação deve ser rápida e prática, e a evolução da tecnologia minimiza o esforço físico das atividades diárias, e comum encontrar fatores de riscos cardiovasculares, como o sedentarismo e o sobrepeso, na sua estreita relação com os elevados índices de hipertensão arterial (MOREIRA; GOMES; DOS SANTOS, 2010).
Existe também uma importância clínica e epidemiológica das alterações do metabolismo da glicose como fator de risco para as Doenças Cardiovasculares, o que reforça a necessidade de que indivíduos de maior risco sejam constante e adequadamente orientados pelos profissionais de saúde a adotarem hábitos de vida saudáveis (SOUZA et al. 2012).
Categoria 2. Impactos Sociais relacionados ao AVE
Após um acidente vascular encefálico (AVC), os pacientes podem apresentar uma limitação significativa do desempenho funcional, com repercussões nas relações pessoais, sociais e, sobretudo uma grande repercussão na sua qualidade de vida (SOUZA; SOUZA JÚNIOR, SOARES, 2010).
Após um AVE o indivíduo encontra-se incapacitado, não só fisicamente. A família que esteve ao seu lado durante boa parte de sua vida, agora parece distante devido ás barreiras impostas pela alteração comportamental decorrente do evento isquêmico (RODRIGUES; ALENCAR; ROCHA, 2009).
Um evento que ocorre com muitos pacientes e a depressão pós Acidente Vascular Cerebral, que precisa ser mais estudado, pois é muito presente, mas pouco diagnosticado, é necessário que logo apos um episódio de AVE o paciente consiga definir novos projetos em sua vida (TERRONI et al. 2009).
Outro evento importante, que acomete a vida social do paciente e a disfagia pós AVE. Viver permanentemente ou por longos períodos com disfagia pode levar a alterações no processo de deglutição e a necessidade de lidar com uma linguagem corporal ou estilo de vida alterado (PAIXÃO; SILVA, 2010).
Vale ressaltar que esses pacientes terão um grau de dependência em suas atividades de vida diária (AVD) e existe uma relação negativa e bastante significativa, apontando que quanto mais grave o nível de severidade clínica dos pacientes, pior sua independência funcional (COSTA; SILVA; ROCHA, 2011).
Categoria 3. A Educação em Saúde como estratégia para diminuição de eventos cerebrovasculares
O AVC já é um problema de saúde pública, que poderá se agravar se não houver uma continuidade na melhoria das condições socioeconômicas, educativas, qualidade do atendimento hospitalar, controle primário e secundário dos fatores de risco (GARRITANO et al. 2012).
È importante a conscientização da população sobre o que é o AVC e de que se trata de uma emergência médica, trabalhar de forma a orientar a população a reconhecer seus principais sinais e sintomas e fatores de risco, bem como na maneira de proceder perante um caso de instalação aguda característica de AVC, e de extrema relevância também a capacitação da equipe da ESF para tal reconhecimento e conduta. É neste contexto que se enquadra a Estratégia Saúde da Família que, levada com seriedade, poderá influenciar na diminuição do impacto do AVC e determinar uma melhor qualidade de vida para a população. (PEREIRA et al. 2009).
Categoria 4. Prevenção das Doenças Cerebrovasculares
O controle dos fatores de risco, a prevenção primária e secundária das doenças circulatórias e a melhoria das condições socioeconômicas da população podem levar a uma queda da mortalidade, no que se refere às doenças cerebrovasculares. (GARRITANO et al. 2012).
Existem varias intervenções protetoras de benefício comprovado, entre elas destacam-se adoção de hábitos alimentares adequados e saudáveis, cessação do tabagismo, prática de atividade regular controle de pressão arterial, manejo de dislipidemias, manejo de diabetes com controle da glicemia e uso profilático de alguns fármacos (BRASIL, 2006).
Considerações finais
Mesmo sendo um problema que afeta milhares de pessoas em todo mundo, e com fatores de risco, diagnósticos e tratamento bem definidos, ainda figura como um agravo a saúde de difícil combate, devido à falta de práticas alimentares saudáveis adotadas pela população, ao sedentarismo, ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, e principalmente a falta de preparo da atenção primária à saúde em atuar na prevenção das doenças cerebrovasculares, como o Acidente Vascular Encefálico.
È necessário que as equipes da atenção primária sejam capacitadas para se conscientizarem da importância da prevenção, sendo que as doenças cerebrovasculares causam enorme impacto econômico para um país e que uma vez instalada gera vários problemas na qualidade de vida da população. Novos estudos abordando formas de prevenção das doenças cerebrais devem ser realizados.
Referências
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