A resiliência: atributo das adolescentes da Casa Santa Luiza de Marillac, Ponta Grossa, PR La resiliencia: un atributo de las adolescentes de la Casa Santa Luiza de Marillac, Ponta Grossa, PR Resiliency: attribute of teenagers from Casa Santa Luiza de Marillac, Ponta Grossa, PR |
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*Acadêmica do 4º ano do curso de Serviço Social, da Universidade Estadual de Ponta Grossa **Bacharel em Serviço Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela mesma instituição. Professora do curso de Serviço Social, UEPG ***Bacharel em Serviço Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Assistente Social da Casa Santa Luiza de Marillac. Supervisora de Campo de estágio, Ponta Grossa ****Doutora em Serviço Social. Professora adjunta de Ciências Sociais Aplicadas (Brasil) |
Diana Galone Somer* Isabela Martins Nadal** Adriana Bomfati*** Solange de Moraes Barros**** |
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Resumo O presente artigo tem por objetivo divulgar a experiência do projeto “Reflexão sobre a resiliência das adolescentes frente às adversidades - estimular a superação, autoconfiança e sua autonomia” das adolescentes que são acolhidas na Casa Santa Luiza de Marillac- Instituição de assistência social em Ponta Grossa, PR. Nesse artigo além do relato da experiência abordam-se os conceitos teóricos que embasaram a intervenção: a origem da resiliência e sua definição nas ciências humanas, e o conceito de violência. A partir das falas das adolescentes e respostas ao questionário, que ofereceram os principais resultados para a avaliação do projeto. Notou-se que o projeto conseguiu despertar nas adolescentes a importância da superação das dificuldades. Com isso fica evidente que com a metodologia utilizada é possível que a resiliência seja treinada e incentivada em adolescentes. Unitermos: Adolescente. Acolhimento. Resiliência. Adversidades.
Abstract The aim of this paper is disseminate the project experience "Reflection on the resilience of adolescents face of adversity - to encourage resilience, self-confidence and autonomy" of teenagers who are upheld in Casa Santa Luiza de Marillac - Social welfare institution in Ponta Grossa, PR. In this article besides the account of the experience approach are the theoretical concepts that supported the intervention: the origin of resilience and its definition in the human sciences, and the concept of violence. From the speech of adolescents and responses to the questionnaire, this provided the main results for the evaluation of the project. It was noted that the project succeeded in arousing the teens the importance of overcoming difficulties. Thus it is evident that with the methodology used the resilience can be trained and encouraged in adolescents. Keywords: Teenager. Hosting. Resilience. Adversity.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os estudos sobre resiliência no Brasil tiveram inicio na década de 1960 e 1970, com mais constância pela psicologia e psiquiatria, denominando a capacidade de resistência frente às desventuras. Segundo Yunes & Szymanski (2001, apud Assis et al. 2008, p.9) o conhecimento da “resiliência foi inaugurada pelas ciências exatas, a física e a engenharia, que a definiram como a energia de deformação máxima que um material é capaz de armazenar sem sofrer alterações permanentes.” Essa definição originou incertezas depois de ser adaptada para as ciências humanas e da saúde. Compreende-se que a resiliência deve ser vista em um conjunto vasto, pois está relacionada com os fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo, portanto, as características de uma pessoa, devem ser entendidas. Para Assis et al. (2006, p.11, grifo nosso) a resiliência está ancorada em dois grandes polos: “[...] o da adversidade, representado pelos eventos de vida desfavoráveis; e o da proteção, que aponta para a compreensão das formas de apoio- internas e externas ao indivíduo – que os conduzem a uma reconstrução singular diante do sofrimento [...]”
As pessoas que são mais resilientes têm a destreza de lidar, adaptar, superar e construir caminhos positivos diante dos problemas que são acometidos. Enquanto, as pessoas que tem menor resiliência segundo Assis et al. (2006, p.11) “apresentam esse potencial menos desenvolvido e se deixam vencer mais facilmente frente aos obstáculos”.
Assim, a Casa Santa Luiza de Marillac é um acolhimento que oferece proteção, é uma alternativa de moradia temporária dentro de um ambiente residencial, com atendimento individualizado para as adolescentes do sexo feminino que tenham idade entre 12 e 18 anos e que estejam em situação de vulnerabilidade, risco pessoal e social. Portanto, o acolhimento que é realizado acontece algumas vezes por decorrência da violência física, violência psicológica, negligência e violência sexual.
A violência é um fenômeno que apresenta diferentes conceitos, segundo Chauí (1999 apud SAGAZ, 2008), que define violência como toda força que atua contra a natureza de alguma pessoa, contra a sua vontade, liberdade e espontaneidade, torturando, coagindo, constrangendo todo ato de violação contra alguém ou alguma sociedade que estabelece como direito e justo.
De acordo com Sagaz (2008) o conceito de resiliência é utilizado na psicologia para entender como acontece à superação das crianças e adolescentes frente às várias situações contrárias ao seu desenvolvimento psíquico, e conseguem sobreviver criativamente. Para Infante (2005, p.34 apud SAGAZ, 2008, p. 12) “resiliência é uma contribuição para a mudança de paradigma epistemológico, já que considera o indivíduo agente da sua própria ecologia e adaptação social. [...]” é capaz de procurar seus próprios recursos e sair fortalecido da adversidade. A partir da literatura pesquisada percebe-se que a resiliência não é uma atribuição exclusiva do indivíduo, mas de toda a ecologia que o rodeia é uma responsabilidade social e política.
É certo afirmar, segundo Assis et al. (2005), que algumas pessoas têm a capacidade de superar traumas, violências e várias contrariedades enquanto outras, não a possui. Sendo assim, este trabalho apresentará os resultados e discussões vivenciadas pelas adolescentes participantes do projeto e a importância que o projeto teve na convivência familiar, no acolhimento e no espaço escolar.
Metodologia
A metodologia empregada para a realização do projeto ocorreu com encontros; nos quais se utilizou de dinâmicas, filmes e músicas, proporcionando autoconfiança e autonomia às adolescentes participantes. O projeto foi avaliado através de gravações e aplicação de questionário.
O projeto de intervenção surgiu para atender a necessidade da disciplina de Estágio I e, também a demanda do campo. Teve como objetivo geral; estimular o potencial de superação das adversidades e conflitos das adolescentes acolhidas na Casa Santa Luiza de Marillac para aumentar a autoconfiança e autonomia.
Faz-se necessário relatar que quando iniciou o projeto havia nove adolescentes na Casa Santa Luiza de Marillac, no decorrer do projeto devido à realidade ser dinâmica na instituição, foram reintegradas duas adolescentes “Copo de leite” e “Dama da noite”, e as adolescentes “Rosa” e “Chuva de Prata” evadiram-se da instituição. Faz-se necessário explanar que cada adolescente escolheu uma flor como nome fictício para preservar sua identidade. É importante destacar que a instituição é um acolhimento, sendo assim, algumas vezes as adolescentes fogem da entidade, evadem-se. Para a melhor compreensão das falas e dos resultados alcançados através das gravações, foi realizada uma análise das fichas de atendimento das adolescentes trançando o perfil individual com: a idade, tempo de entidade, vínculo familiar e violência sofrida, os quais são apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Perfil das adolescentes que participaram do projeto
FONTE: Ficha de atendimento- Casa Santa Luiza de Marillac
Nota: Dados trabalhados pela autora.
Vale ressaltar que as adolescentes e os responsáveis pela Instituição, incluídas no projeto autorizaram o uso de seus relatos para fins acadêmicos, e assinaram um termo de consentimento, no qual ficou assegurado o anonimato das participantes. Cada uma escolheu o nome de uma flor para ser utilizado nesse trabalho.
Esse projeto foi organizado em oito encontros, toda sexta-feira com duração de duas horas e meia, os quais ocorreram em dois grupos, um pela manhã e outro pela tarde, devido os horários de aulas das adolescentes. Dessa forma o projeto foi desenvolvido em cinco etapas principais: planejamento das ações, apresentação do projeto para a assistente social, psicóloga e coordenadora, busca de parceiros, desenvolvimento e avaliação.
Na primeira etapa, o planejamento, pensou-se nos encontros, que seriam desenvolvidos a partir da seguinte metodologia: música, pois se percebeu que as acolhidas gostavam de escutar quando estão na instituição, dinâmica e filmes que trazem como foco a superação, vídeos e cartazes para trabalhar a visão e os textos retirados da internet e as histórias de bichos do autor Rubens Alves para estimular as adolescentes a perceberem a superação dos personagens, e por fim roda de conversas sobre o tema do encontro.
Na segunda etapa, ocorreu a apresentação e aprovação do projeto para a assistente social, psicóloga e a coordenadora.
Na terceira etapa, buscaram-se parceiros, por meio de um oficio, tendo como resultado o patrocínio de uma empresa que proporcionou a aquisição de materiais de consumo e gênero alimentício que contribuíram nas atividades desenvolvidas. Cada adolescente teve sua pasta na qual escreveram seu nome e todas as atividades realizadas nos encontros foram registradas pelas adolescentes em papel Sulfite. Foi trabalhado com bexigas, cartolina, cola e pincéis, etc. Também com o patrocínio pode-se comprar doces, para proporcionar as adolescentes o bem-estar nos momentos em que assistiam aos filmes.
A quarta etapa foi o desenvolvimento do projeto. Buscou-se dar ênfase às realidades vividas pelas adolescentes na escola, instituição e na família e também a importância de reavivar o vínculo familiar. Em alguns encontros as adolescentes não quiseram discutir o tema, havendo silêncio e reflexão, esses momentos foram respeitados. Por isso há encontros tanto pela manhã ou à tarde que não houve falas das adolescentes.
É importante destacar que durante o desenvolvimento do projeto teve o acompanhamento da assistente social e da psicóloga da Casa Santa Luiza de Marillac.
Encontros
O projeto foi dividido em oito encontros, com o intuito de atingir os objetivos já citados no decorrer no seu desenvolvimento. Na tabela 2, serão detalhados os filmes, músicas, cartazes, dinâmicas, estórias/ textos e vídeos utilizados em cada encontro.
Tabela 2. Atividades e materiais utilizados nos encontros
Fonte: Autora.
Nota: Dados trabalhados pela autora.
*Filme que foi passado no dia
**Filme deixado para adolescentes assistirem
***Gravação das falas das adolescentes
Na quinta etapa sucedeu a avaliação do projeto e sua exequibilidade através da gravação de qual foi percebida à importância que o projeto teve para cada uma, e de um questionário com perguntas abertas e fechadas para as adolescentes, que preencheram no último encontro. Este foi utilizado para identificar se os objetivos de estimular o potencial das adolescentes para superar as adversidades foram alcançados e se a autoconfiança e autonomia das adolescentes aumentaram. Tanto a gravação como o questionário serão detalhados nos resultados e discussões.
Resultados e discussões
Observamos vários resultados no desenvolvimento do projeto, mas destacaremos alguns pontos considerados importantes. Durante o projeto buscou-se fazer uma ligação dos filmes com as músicas, com o cartaz e as histórias e textos desenvolvidos. Deste modo, se apresentará as falas que mais se destacaram no primeiro e no sétimo encontro, neste dia foram realizadas as gravações.
No primeiro encontro as adolescentes que participaram pela manhã da reflexão através da música: e apresentaram as seguintes falas: “nós não escutamos mais a dor as mágoas ou más palavras dirigidas a nós”. Ainda em relação à música Lírio: “não tenho medo de nada.” Margarida: “tenho medo de ficar sozinha no escuro”,
Os sentimentos vividos na situação de violência podem ser excessivos e agressivos, ultrapassando o limiar de tolerância e assimilação de uma pessoa. Para alguém, por exemplo, sentir muito medo ou ódio nascendo dentro de si, pode ser extremamente assustador, de modo que a pessoa reage com forte estresse frente aos próprios sentimentos, que a agridem de dentro. Isto além da própria agressão que vem de fora (SCARPATO, 2004, p.14).
Tulipa: “fico triste em pensar que não estou com minha família e tenho medo de ficar sozinha, sem eles.” A adolescente mesmo estando acolhida, fica inquieta quando se lembra da família e teme em ficar sozinha, mesmo sendo a família o agente violador dos seus direitos.
Quanto ao filme “Desafiando Gigante” a adolescente Chuva de prata: “o que mais me chamou a atenção foi à superação de cada um deles, que eu percebi que uns tinham dificuldade em matemática e conseguiram alcançar a nota. E também à persistência do treinador, ele nunca desistiu, ele acreditou, ele manteve a fé em Deus, e com isso ele foi crescendo mais e mais”.
No encontro pela tarde todas as adolescentes gostaram da música. Algumas adolescentes não quiseram comentar. Mas a adolescente Copo de Leite: disse “tenho medo de perder a minha mãe”. Mazorra (2001, p. 1 apud LOUZETTE; GATTI, 2007, p.77), define que “[...] o luto é o processo de reconstrução, de reorganização, diante da morte, desafio emocional e cognitivo com o qual o sujeito tem de lidar, ou seja, processos mentais que ocorrem após essa experiência com que o sujeito tem que lidar.”
Cravo: “tenho medo de perder as pessoas que amo”. Refletiu-se que é normal ter medo de perder as pessoas que amamos, mas que é algo que pode acontecer, na vida do ser humano. De acordo com Louzette e Gatti (2007, p.77) “a morte como perda evoca sentimentos fortes, pode ser então chamada de ‘morte sentimento’ e é vivida por todos nós”.
Tanto de manhã como a tarde assistiu-se ao filme “Desafiando Gigantes”, porém devido ao tempo, não houve a reflexão. O encontrou buscou contribuir para o desenvolvimento das adolescentes quanto à superação e/ou elaborar os lutos e violência sofrida.
O penúltimo encontro foi passado o vídeo da escolha da águia em viver ou morrer quando precisa trocar as penas, o bico e as unhas no meio da sua idade, em seguida realizou-se a gravação em que as adolescentes relataram sobre o impacto que o projeto teve para elas. Enquanto são realizados os relatos individualmente, foi exibido o filme “Depois da Terra”.
Pela manhã a adolescente Rosa: “a águia escolheu o caminho mais difícil” Cravo: “ela escolhe se renovar”. Refletiu-se que algumas vezes precisamos fazer escolhas difíceis, mas que são necessárias, na instituição, na escola e na família.
Pela tarde a adolescente Margarida: “a águia fez a escolha mais difícil”, Chuva de prata: finalizou dizendo “não é fácil escolher sofrer para depois viver”.
As gravações das falas das adolescentes pela manhã e pela tarde sobre a importância do projeto para elas, o que mais marcou o que representou e o que apreenderam são descritas a seguir:
A adolescente “Tulipa”
Ajudou na minha vida trouxe conhecimentos novos, o que marcou foram os filmes tudo é a superação a superação deles, tipo na superação deles eu posso me ver a minha superação o projeto representou na minha vida superação das dificuldades que eu vou conseguir, apreendi a superar as minhas dificuldades.
A adolescente “Girassol”
Legal, muito legal, tipo, foi muito legal o projeto pra mim, eu acho que eu me dediquei mais nas coisas que eu fiz, sei lá foi legal o que mais marcou foi a historia da águia porque ela passou por todo aquele processo, ela sofreu bastante depois ela se renovou, foi muito bom. Na minha vida eu na instituição, tipo eu fiquei melhor eu converso melhor com as meninas, converso melhor na minha família tudo melhor já bem melhor, já não é como era antes, eu aprendi bastante coisa com o projeto, eu apreendi a me superar.
Adolescente “Lírio”
Ensinou mais coisas pra gente, o que mais marcou foi a historia do bambu das setes lições, ajudou a se arrumar mais, achei legal, a respeitar mais.
Adolescente “Rosa”
Achei legal, achei divertido, eu adorei. Por causa que eu queria que você ficasse conosco até o final, porque eu adorei sabia a historia da águia porque a hora que o “carinha” pulou do penhasco ele virou águia. Vou mudar daqui pra frente eu não vou mais fugir daqui, antes eu fugi daqui eu fugi duas vezes eu e a “Girassol”, o projeto representou amor, paz e carinho eu aprendi pra não ficar com raiva das pessoas, eu to com raiva de uma pessoa aqui eu não sei, se eu vou agüentar a ficar aqui.
Assim sendo, a resiliência não é apenas sobreviver, visto que na maioria das vezes os sobreviventes não têm uma “boa resiliência”, pois alguns assumem uma postura de vítima (WOLIN & WOLIN, 1993 apud MARTINS, 2011). As pessoas resilientes ao contrário refazem-se das feridas dolorosas, assumem as rédeas da vida indo em frente. Esse é um atributo da resiliência: não alimentar os sofrimentos, mas superá-los.
A adolescente “Margarida”
A representou bastante coisa porque, é tipo assim, é quis dizer assim que agente é capaz de tipo assim mesmo que as pessoas falem que agente não pode, que agente não consegue, agente ainda é capaz, agente pode, todo mundo tem capacidade de chegar onde quer.
A adolescente “Dama da noite”
Ai o projeto me ajudou bastante sabe ele foi digamos, é um conselheiro sabe tipo os conselhos que o meu pai e a minha não me deram, esse projeto trouxe, me ajudou bastante que nem nas coisas de superação, eu me identifiquei bastante com as coisas de superação, por mais que eu não tivesse nenhuma deficiência, ou nenhuma dificuldade tão grande assim com outras coisas, mas pequenas coisas assim, que me fazem me faziam mal e hoje sobe superá-las e ser mais que elas.
A adolescente “Cravo”
Achei bom porque, ele me ajuda a entender que eu posso conseguir as coisas, desafiando gigantes no filme mostra que ele não desiste ele corre atrás do que ele quer e ele consegue até o final. Apreendi a conviver mais com as meninas aqui dentro da casa.
È importante ressaltar que a adolescente “Dama da noite” foi reintegrada no sexto encontro do projeto, mas retornou a instituição, pois o ambiente que havia retornado voltou a ser um espaço de risco e vulnerabilidade. Deste modo, a adolescente conversou com as outras adolescentes e, pediu para gravar o que o projeto representou para ela.
Quanto ao questionário, trabalhado no oitavo encontro, foi estruturado da seguinte forma: nome da adolescente, idade e na seqüência cinco questões fechadas para marcar (sim) ou (não).
Quanto às questões fechadas foram: 1) Você gostou do projeto? 2) O projeto te ajudou? 3) No dia a dia você conseguiu colocar em prática as mensagens dos filmes e das músicas? 4) Nos filmes que foram deixados para assistirem durante a semana você conseguiu entender a mensagem dos personagens? 5) A forma com que foi trabalhado o projeto (com músicas e filmes, histórias e reflexão) ajudou a compreensão? Todas as adolescentes assinalaram (sim) para todas as perguntas fechadas.
Segundo Assis et al. (2006) a vida das pessoas passam por uma modelagem diante das dificuldades, essa muda seu rumos e abrem novos caminhos. Ainda, para Martins (2011) a resiliência é a capacidade de renascer mais fortalecidos, ela não é um atributo fixo e estável no decorrer da vida.
A partir do questionário ficou claro que o projeto estimulou o potencial de superação das adversidades e conflitos das adolescentes acolhidas na Casa Santa Luiza de Marillac e aumentou a autoconfiança e autonomia.
Vale a pena atentar que todos os encontros proporcionaram a reflexão sobre a resiliência a qual foi proposta inicialmente neste projeto seguindo as consideração de Assis et al (2006, p.11) que considera a superação de problemas como um sinônimo de resiliência, porque “entendemos ambos os conceitos sob a ótica da organização individual, de grupos ou instituições em que persistentemente predomina a busca de resolução dos problemas, visando o pleno crescimento e desenvolvimento.” Este projeto durante todo o seus desenvolvimento seguiu como base o sinônimo de resiliência utilizado por Assis et al (2006) que é a superação.
Após o questionário preenchido foi passado às imagens das flores escolhidas pelas adolescentes com seu nome. Para finalizar fomos ao refeitório onde houve uma confraternização com os funcionários e as adolescentes onde lembraram os melhores momentos do projeto.
Trazemos um breve relato da assistente social, em relação às atividades realizadas na instituição, e como o projeto de intervenção contribuiu em seu desenvolvimento.
O projeto desenvolvido aqui na instituição pela acadêmica Diana do Serviço Social foi importantíssimo para a formação das adolescentes que estão acolhidas, vitimas de tantos tipos de violência, vimos uma participação ativa delas nos encontros, no desenvolvimento na aplicação dos filmes. Muito válido, porque vimos os resultados agora, depois da aplicação deste projeto, nas entrevistas, nos atendimentos, na participação das outras atividades que são desenvolvidas na instituição é um projeto que eu sugiro que continue outro ano, que ela de continuidade neste projeto porque outras adolescentes viram e precisaram deste apoio, deste suporte para estar superando muitos traumas, muitos problemas que já passaram pelas suas vidas (ASSISTENTE SOCIAL, 2013).
Queremos frisar que o projeto teve continuidade, visto que no primeiro encontro uma adolescente pediu para levar para assistir com seus familiares nos finais de semana. Para tal fim, os filmes foram deixados na instituição em uma caixinha e foi feita uma ficha onde as adolescentes escrevem o seu nome e o do filme que iram levar para assistir com seus familiares, quando retornam a instituição assinam novamente devolvendo o filme na caixinha novamente.
Conclusões
No presente artigo trouxemos conceitos sobre a resiliência e também reflexão mediante resultados alcançados a partir do desenvolvimento do projeto de intervenção na Casa Santa Luiza de Marillac.
Foi constatado que as adolescentes acolhidas na instituição fortaleceram o seu potencial de resiliência, elevaram sua auto-estima e perceberam que podem enfrentar suas dificuldades e obstáculos e também que fazem coisas boas no seu dia a dia.
É importante ressaltar que os resultados alcançados são decorrentes do planejamento das ações, ou seja, da aplicação da metodologia adequada ao público trabalhado.
O questionário revelou que as adolescentes entenderam que podem superar suas dificuldades independentes do espaço que estejam. Além disso o projeto alcançou seus objetivos e foi além, deu continuidade através dos filmes que as adolescentes estão levando para assistirem com seus familiares. Ainda propiciou um melhor convívio familiar resgatando o vínculo que estava adormecido. Também foi possível notar pelos relatos das adolescentes e da profissional da entidade que o respeito com as diferenças e a convivência entre as acolhidas também melhorou, à medida que puderam se conhecer melhor e compreender as dificuldades que cada uma traz da historia de sua vida.
Apesar das adversidades vivenciadas pelas adolescentes os resultados comprovaram que a resiliência/superação pode ser treinada, elevando a autoconfiança e autonomia, logo aumentando o potencial das adolescentes em enfrentarem as dificuldades. Confirmado o que é relatado na literatura.
Referências
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MARTINS, Rosimeire de Carvalho. Abuso Sexual e Resiliência: Enfrentamento as adversidades. Revista Mal-estar E Subjetividade, Fortaleza, v. XI, n.2, p. 727-750, Junio. 2011.
MENDES, Ana Paula Maciel Soukef. Narrativas de vida: Reflexões sobre Juventude, Violência e Gênero a partir de Historias de Jovens inseridas no Programa PEMSE. 2012. 142 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas) – Programa de Pós- Graduação, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2012.
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SIVLA, Cláudio Jerônimo da; SERRA, Ana Maria. Terapia Cognitiva e Cognitivo-Comportamental em dependência química. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 26, May. 2004.
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