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Avaliação da Educação Física escolar na rede 

pública municipal de ensino de Turvo, SC

La evaluación de la Educación Física escolar en la red pública municipal de enseñanza de Turvo, SC

 

*Acadêmico formando do Curso de Licenciatura em Educação Física

da Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc

**Professora do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade

do Extremo Sul Catarinense - Unesc. Mestre em Educação

(Brasil)

Denis Dal Pont*

denisdalpont@hotmail.com

Robinalva Borges Ferreira**

rfe@unesc.net

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi compreender a avaliação nas aulas de Educação Física na rede estadual de ensino na cidade de Turvo-SC. A avaliação vem sendo objeto de constantes pesquisas e discussões na área da Educação Física Escolar. Mesmo assim ainda pairam muitas dúvidas acerca da temática, tendo em vista ser um dos pilares do processo ensino-aprendizagem, juntamente com os objetivos, conteúdos, metodologias e bibliografias, desenvolvidas conjuntamente por professores, estudantes, gestores, pais e comunidade. Realizamos uma pesquisa de campo, por meio de questionários com 7 discentes, 4 docentes e 2 diretores de 2 escolas. Os principais resultados apontam que: dois dos setes educandos questionados não sabem como será avaliados; em relação aos métodos utilizados para avaliar o educando nas aulas de Educação Física: comportamento, uniforme, participação, avaliações práticas e escritas são as mais utilizadas nas escolas; quanto à identificação da função da avaliação na Educação Física escolar, fica evidenciado que os estudantes possuem um pensamento de Educação Física esportivisada, pois se referem somente ao esporte como conteúdo da Educação Física e a avaliação para verificar o aprendizado deste e três dos quatro professores possuem um pensamento de serventia da avaliação para obter resultados satisfatórios indicando uma tendência de foco somente no estudante, não no processo; sobre a verificação dos documentos orientadores da rede estadual de ensino e das escolas no que se referem à avaliação, todos os professores que responderam o questionário de pesquisa disseram que o sistema avaliativo está de acordo com o PPP e as diretrizes do estado. Percebemos a necessidade da continuidade dos estudos.

          Unitermos: Avaliação. Aprendizagem. Educação Física Escolar. Ensino.

 

Abstract

          The aim of this study was to understand the assessment in physical education classes in state schools in the city of Dim-SC. The evaluation has been the subject of constant research and discussion in the area of ​​Physical Education. Yet still there are many doubts about the theme in order to be one of the pillars of the teaching-learning process, along with the objectives, contents, methodologies and bibliographies, jointly developed by teachers, students, administrators, parents and community. We conducted a field survey, using a questionnaire with 7 students, 4 teachers and 2 principals 2 schools. The main results show that: two of the seven asked students do not know how it will be assessed; regarding the methods used to assess the student in physical education classes: behavior, uniform, participation, written and practical assessments are the most used in schools; as the identification of the role of evaluation in Physical Education, it is evident that students have a thought of Physical Education with all sport because they relate only to the sport as content of physical education and the learning assessment to verify this and three of the four teachers have a thought of usefulness of the evaluation to obtain satisfactory results indicating a tendency to focus only on the student, not the process; on the verification of documents guiding the state schools and schools with regard to assessment, all teachers who responded to the survey questionnaire said the evaluation system complies with the PPP and state guidelines. We realized the need for continuing studies.

          Keywords: Evaluation. Learning. School Physical Education. Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Considerações iniciais

    A Educação Física teve sua história influenciada por interesses do militarismo. A Educação Física militarista estabelecia como objetivo a eliminação dos fracos através da promoção do cidadão, premiando os fortes. A sociedade civil queria incorporar a Educação Física militar, impondo disciplina ao cidadão brasileiro, para que assim obedecessem regras, mantivessem ordem e espírito hierárquico (GHIRALDELLI, Jr.,1994). Com o fim da ditadura militar é que a Educação Física começa a buscar sua própria identidade, começando discutir métodos pedagógicos e didáticos com um sentido de regularizar a Educação Física como componente curricular. Porém, a avaliação não é tão discutida como outros temas, apesar de sua relevância.

    A avaliação na Educação Física escolar parece ser um pouco complexa, mas indispensável como componente do processo de ensino aprendizagem. Nós professores precisamos compreender os conceitos e possibilidades avaliativas, bem como o educando deverá saber como será avaliado nas aulas, pois avaliação é de suma importância para o processo de ensino/aprendizagem.

    Diante desta complexidade, apresentamos o tema deste estudo: a avaliação da Educação Física escolar na rede pública estadual de ensino de Turvo-SC.

    Buscamos com o presente estudo responder o seguinte problema: Quais as práticas e as contribuições pedagógicas das avaliações na Educação Física escolar da rede pública estadual de ensino da cidade Turvo-SC?

    Tendo com objetivo geral: compreender a avaliação nas aulas de Educação Física na rede estadual de ensino na cidade de Turvo-Sc; E como objetivos específicos: verificar a contribuição da avaliação para com a formação dos educandos; identificar os métodos utilizados para avaliar o educando nas aulas; identificar a função da avaliação na Educação Física escolar; verificar o os documentos orientadores da rede estadual de ensino e das escolas no que se refere à avaliação.

    A justificativa deste trabalho vem ao encontro da avaliação nas aulas de Educação Física, devido a uma questão que me deparei no dia a dia. Um aluno que estudou em uma escola da rede municipal de Turvo e sua nota na disciplina de Educação Física foi 9,5. No mesmo período ele trocou de escola, também da rede municipal de Turvo e sua nota caiu para 5,5. A partir desta disparidade entre as notas em pouco espaço de tempo, decidi pesquisar as práticas pedagógicas e os desafios e perspectivas da avaliação nas aulas de Educação Física.

    Diante de tanta diferença de nota atribuída pelos professores, para o mesmo educando, podemos pensar se este aprendeu pouco, não participou, ou então se os critérios utilizados para a avaliação foram muito diferentes. Esta situação aumentou a inquietação e despertou interesse em pesquisar sobre métodos avaliativos da Educação Física escolar. Parece que por muitas vezes o educando recebe uma nota sem saber sua origem e de que forma está sendo avaliado.

    E ainda, são poucas pesquisas desenvolvidas acerca da temática avaliação na disciplina de Educação Física escolar.

Metodologia

    O estudo se caracterizara como uma pesquisa de campo, que busca apresentar os desafios, métodos pedagógicos e as perspectivas da avaliação nas aulas de Educação Física das escolas da rede estadual de ensino da cidade de Turvo-Sc.

    Segundo Ludke (1986) quando queremos estudar algo de interesse próprio devemos escolher a pesquisa de campo, pois suas características e seus princípios freqüentemente associados à pesquisa se superpõem as características gerais da pesquisa qualitativa.

    O instrumento da coleta de dados foi um questionário aplicado aos estudantes e docentes de Educação Física e diretores (as) das escolas da rede estadual de ensino da cidade de Turvo-Sc.

    Cervo e Bervian (2002 apud Mattos 2004) afirmam que questionário é a forma mais utilizada para coletar dados, possibilitando a coleta dos dados que se deseja.

    O questionário foi composto por perguntas abertas e fechadas, pois de acordo com Mattos (2004) o questionário pode ser misto, utilizando-se dos dois tipos de perguntas.

    Fizeram parte da pesquisa quatro docentes de Educação Física das escolas da rede estadual sendo que no município de Turvo - SC a rede de ensino que é composta por duas escolas.

    Os educandos que participaram da pesquisa foram os líderes do 6º ao 9º ano de duas escolas e das três séries do ensino médio de uma escola, pois somente uma escola possui ensino médio.

    Para analisarmos os dados da pesquisa, referentes às respostas dos questionários dos educandos, professores e gestores, para poder compreender a avaliação realizada pelos professores de Educação Física das escolas da rede estadual de Turvo/SC nos anos finais do Ensino Fundamental e ensino médio, utilizamos análise de conteúdo, que de acordo com Bardin (2006, p. 37) é:

    Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

    A inferência é considerada uma característica fundamental da análise do conteúdo, e trata das deduções lógicas, ou seja, das conexões que poderemos realizar com o material coletado.

    A análise do conteúdo é um método empírico, mas nada pronto e acabado. Apesar das regras básicas a serem seguidas, cada analista ou arqueólogo, como diz a autora, baseado nos objetivos da pesquisa, organiza e reinventa as dimensões ou unidades de análise.

Resultados e discussão

    Apresentamos os resultados referentes às respostas dos questionários aplicados para as duas diretoras das escolas.

    As duas diretoras tem acima de vinte nove anos, são efetivas na rede estadual, trabalham há mais de cinco anos quarenta horas semanais. Uma trabalha a dezessete anos e outra dezesseis, sendo que a primeira esta na direção a seis anos e a segunda a quatro meses. A primeira possui especialização e a segunda não e ambas participam de atividades de formação continuada.

    Quando perguntado para que serve a avaliação nas aulas de Educação Física, a diretora da escola A disse que como em qualquer disciplina a avaliação é fundamental para analisar o conhecimento e as práticas utilizadas pelo professor ao transmiti-lo. Na educação física, especialmente percebe-se questões como: relacionamento, saúde física e mental, perspectiva de vida, organização, sentimentos, etc. Já diretora da escola B falou que avaliação serve para que o professor verifique as condições dos alunos no conhecimento de regras e aplicação das mesmas, de forma que cobre a disciplina.

    Soares, (1992), coloca que a prática avaliativa em Educação Física tem servido para selecionar os mais capazes fisicamente, o que traz a conseqüência pedagógica da insistência na busca de talentos esportivos e a redução da disciplina aos aspectos biológicos. Esta não é nossa prática muito menos nossa compreensão do processo avaliativo escolar.

    Parece que a concepção de avaliação da diretora da escola A esta mais elaborada em relação ao ensino aprendizagem e a preocupação de vida social e qualidade de vida. Enquanto a diretora da escola B mostra que sua concepção de avaliação esta ligada a resultados satisfatórios, dando a entender uma cobrança ao aluno.

    A segunda pergunta se referia a os documentos que norteiam o sistema avaliativo da escola. Segundo a diretora da escola A, cita a proposta curricular de Santa Catarina, resolução 158 e projeto político pedagógico. Já a diretora da escola B, diz que os documentos que norteiam o sistema avaliativo são os, diários do professor, fichas individuais dos alunos e fichas de cada turma.

    Quando questionada a diretora das escolas se podíamos ter acesso aos documentos relados, nenhuma nos deu condições de analisarmos se as respostas estavam coerentes com os documentos, a nossa falta de acessibilidade aos documentos deixam nossas duvidas em relação às respostas.

    Quando questionadas quais são os pressupostos básicos da avaliação: tipos de avaliação, quantidade por bimestre, média, prova final entre outras. A diretora da escola A fala que são o cognitivo (conteúdo e ortografia). O Social (assiduidade, responsabilidade, participação, tarefas, disciplina, criatividade) e no mínimo duas provas por bimestre. Sendo média sete e Exame final. Já para a diretora escola B os pressupostos fica a critérios de cada professor, sendo no mínimo três formas diferentes.

    A diretora da escola A descreve que há uma preocupação maior enquanto os pressupostos básicos da avaliação, preocupação está com o cognitivo e o social dos alunos relatando que terá que ser aplicada duas provas no mínimo por bimestre, mais como não tivemos acesso aos documentos norteadores não podemos afirmar esta resposta. A diretora da escola B da uma resposta pouco produtiva ressaltando apenas a importância de três formas diferentes de avaliar, sem critérios de para que sejam feitas essas avaliações.

    O quarto questionamento feito às diretoras foi sobre o sistema avaliativo utilizado na disciplina de Educação Física está de acordo com o PPP da escola e as diretrizes do estado. A diretora da escola A, diz que nem sempre está de acordo o sistema avaliativo como o PPP e as diretrizes, porem num dos questionamentos anteriores a diretora diz que existem documentos que norteiam a avaliação na escola, difícil de entender porque não é sempre utilizado de acordo com estes documentos, se existem documentos que norteiam a avaliação e para ser cumprindo. O diretor da escola B, já diz que o sistema avaliativo está de acordo com o PPP e as diretrizes, mas como não tivemos o acesso dos documentos não podemos relatar se esta de acordo ou não.

    A avaliação na Educação Física deve ser variada, fazendo com que o aluno vivencie atividades propostas pelo PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e pelo Projeto Político Pedagógico da escola oportunizando o acompanhamento do desenvolvimento de suas habilidades e capacidades motoras, de sua prática corporal e de sua compreensão de homem e de mundo, que contribuam para a construção de um mundo melhor para todos.

    Já quando questionemos se a escola utiliza autoavaliação do gestor, professor e estudante e por quê. A diretora da escola A, relata que até o momento não, mas existe a proposta para o ano letivo vigente. Enquanto a diretor da escola B, fala que a cada bimestre é feito o conselho participativo das turmas com o regente, orientador, professores e diretora.

    Aos relatos das diretoras podemos ver que na escola A, a autoavaliação não é realizada existindo a proposta para o ano letivo vigente, o essencial é que a autoavaliação fosse inicia desde inicio do ano, fazendo assim parte de uma avaliação contínua para propagar um ensino aprendizagem com pouco mais de qualidade, tanto para gestores, professores e estudantes.

    Quando perguntadas as diretos, qual a contribuição da avaliação para a formação dos estudantes. A diretora da escola A, disse que compromisso em adquirir o conhecimento, torna-os mais responsáveis com as atividades propostas. Percebe suas dificuldades buscando somá-las. Já a diretora da escola B, fala que a contribuição da avaliação é uma forma que eles pensem sobre as atividades propostas, revejam os seus conhecimentos.

    As diretoras deram a entender que a contribuição da avaliação para formação dos estudantes, servem apenas medir resultados imediatos referentes às atividades propostas aos estudantes. Segundo Hadji (2001), a medida é uma operação de descrição quantitativa da realidade, e não de um processo de aprendizagem.

    No questionamento como a escola trabalha com os resultados da avaliação: com os estudantes, conselho de classe, reunião com pais. A diretora da escola A, falou que aplica se a recuperação contínua e a de notas a cada duas avaliações, eliminando a mais baixa. No conselho de classe, que é realizado bimestralmente há a análise entre as disciplinas. Os pais são chamados para o plantão pedagógico, onde reúne todos os professores para conversar sobre o desempenho de seu filho. Para a diretora da escola B, a escola oferece a atividade de recuperação de conteúdos usando nova forma de avaliação e buscar estudar as turmas a partir dos resultados.

    Ambas as diretoras relataram que é oferecida ao estudante a recuperação de notas, porem a diretora da escola B disse que oferecido uma nova forma de avaliar, mas se é oferecido uma recuperação o método avaliativo não teria a necessidade de mudar, pois com a mudança de avaliação pode se facilitar ou até mesmo dificultar a recuperação do estudante.

    De acordo com Hoffmann (2005 apud BARBOSA, 2011 p. 122), “os educadores, em geral, discutem muito ‘como fazer avaliação’ e sugerem metodologias diversas, antes, entretanto, de compreender verdadeiramente o sentido da avaliação na escola”.

    Apresentamos os resultados referentes às respostas dos questionários aplicados para aos quatros professores das escolas.

    Dos quatros professores questionados são três do sexo masculino e uma do sexo feminino. Todos os professores possuem suas respectivas idades superiores há vinte e nove anos, sendo que somente um desses professores não é efetivo, dois professores trabalham de dois a cinco anos e os outros dois trabalham há mais de dez anos. Todos os quatros professores trabalham quarenta horas semanais. Um único professor trabalha com o ensino infantil, fundamental e médio os demais trabalham apenas com o ensino fundamental e médio. Três professores tiveram o curso de Educação Física concluído no período de 2004 a 2008 e o outro professor concluiu o curso em 1994. Todos os professores tem sua formação na Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Os quatros professores possuem especialização e participam de formação continuada.

    A primeira pergunta feita aos professores foi, escreva o conceito de avaliação. Para o professor A avaliação é: um dos meios pelos quais conseguimos observar o desenvolvimento o conhecimento adquirido pelos alunos. O professor B disse que, avaliar significa emitir um julgamento de valor ou mérito, examinando resultados educacionais, para saber se preenchem um conjunto particular de objetivo educacionais. Já o professor C falou que, avaliação é um processo contínuo que forma parte do processo de ensino e aprendizagem. O professor D descreveu que avaliar é verificar o nível de aprendizado adquirido.

    Percebemos que na maioria das vezes o professor leva em consideração apenas o aspecto aprendizagem, ou seja, se refere somente ao estudante no processo avaliativo, desconsiderando sua inclusão no processo, sendo que é responsável pelo ensino, e ensino só tem sentido se ocorrer aprendizagem.

    Outro destaque identificado, é que a avaliação ainda é considerada o mesmo que medir. Cabe a reflexão, como medir, como testar conhecimentos? Não é esta compreensão que temos de avaliação e sim de acompanhamento do processo de ensinar e aprender, que identifica avanços e dificuldades e então busca superá-los de alguma forma.

    Dos professores pesquisados somente o C comentou em seu conceito o processo de ensino e de aprendizagem, o que parece uma compreensão mais próxima dos autores citados.

    Quando perguntado para que serve a avaliação nas aulas de Educação Física, os professores disseram que: professor A: serve para observar o desenvolvimento do aluno nas aulas e seu conhecimento adquirido, o professor B diz que é para verificar o nível de conhecimento e evolução por parte dos alunos em relação ao que foi aplicado, o professor C falou que uma das funções da avaliação é informar e orientar para melhoria do processo de ensino aprendizagem, já o professor D disse que é para verificar o aprendizado do aluno.

    Fica evidente que o professor C tem uma concepção mais elaborada sobre a serventia da avaliação na Educação Física em relação ao ensino e a aprendizagem e sua melhoria, tendo sua resposta muito aproximada em relação à resposta da diretora A. Os demais professores possuem um pensamento de serventia da avaliação como de obter resultados satisfatórios indicando uma tendência de foco somente no estudante, não no processo.

    Quando questionados sobre a quantidade de avaliações que os professores realizam durante o bimestre ou trimestre os professores A, B e C disseram que fazem três avaliações e o professor C disse que faz duas avaliações. As respostas dos professores ficam coerentes em relação às respostas das diretoras.

    Como não tivemos acesso ao PPP das escolas, não temos como analisar se a quantidade e a forma de avaliar citadas pelos professores estão de acordo com o documento norteador da escola.

    Quando perguntado aos professores de que forma é feito o registro do desenvolvimento do estudante nas aulas de Educação Física, todos os professores disseram que utilizam o diário de classe como forma de registro nas aulas de Educação Física.

    Como previsto no Art. 11º da resolução Nº 158 do Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina, § 4º O professor deverá registrar no Diário de Classe, além das atividades regulares, as atividades de recuperação de estudos, e seus resultados, bem como, a freqüência dos alunos. Pareceu adequada a reposta, estando em consonância com o previsto no decreto citado acima.

    Questionamos os professores sobre quais os tipos de avaliação (instrumentos, técnicas, estratégias) são utilizados para a realização da avaliação. O professor A disse que utiliza o comportamento, uniforme e participação, trabalhos individuais ou em grupo, avaliação escrita e avaliações práticas. O professor B utiliza o comportamento, uniforme e participação, trabalhos individuais ou em grupo, avaliação escrita e avaliações práticas. Já o professor C utiliza o comportamento, uniforme e participação, trabalhos individuais ou em grupo e autoavaliação. O professor D utiliza somente o comportamento, uniforme e participação e a avaliações práticas.

    Os tipos de avaliações utilizadas pelos professores parecem coerentes com o que disseram os alunos em relação como são avaliados, no entanto o professor C disse que um dos tipos de avaliação utilizada por ele é a autoavaliação e nenhum aluno disse que fez a autoavaliação, exceto um aluno que diz já ter feito. Analisando os dados da pesquisa percebemos que o professor que diz utilizar a autoavaliação é professor da escola B e o aluno que diz já ter feito é da escola A, ficando ai uma contradição entre professor/aluno em relação os tipos de avaliação.

    Talvez o estudante não tenha muita clareza do que significa autoavaliação, ou até fez em outra escola. Fica a dúvida.

    Acreditamos que é uma perda no processo a não utilização da autoavaliação no processo avaliativo tendo em vista possibilitar a reflexão sobre seu conhecimento, habilidades e atitudes, ou seja, uma análise sobre o desenvolvimento de sua personalidade e a possibilidade de mudanças.

    Perguntamos também aos professores se sistema avaliativo utilizado na disciplina de Educação Física está de acordo com o PPP da escola e as diretrizes do estado. Todos os professores que responderam o questionário de pesquisa disseram que está de acordo o sistema avaliativo com o PPP e as diretrizes do estado.

    Em relação aos PPPs não podemos ter afirmação, pois não obtivemos acesso e condições de analisar o documento. Em relação a diretrizes do estado buscamos na internet, mais precisamente no site Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina na resolução Nº 158 que diz no Art. 5º § 2o O Projeto Político-Pedagógico atenderá às diretrizes emanadas desta Resolução, no tocante a critérios de avaliação e percentual mínimo para aprovação ou obtenção do conceito de competência desenvolvida. A avaliação escolar deve ser realizada de acordo com o Projeto Político Pedagógico da unidade escolar, pois é nele que o processo de ensino-aprendizagem do educando está definido.

    Quando perguntamos aos professore se eles fazem sua autoavaliação e propicia o mesmo aos seus estudantes e por quê. Os professores A e D disseram que fazem suas autoavaliações, mas não costumam utilizar com os alunos. O professor B disse que sim, e que pela autoavaliação, se encontra novos meios e solução para ver onde erramos, onde não deu certo, pontos positivos, negativos, sempre buscando o prazer a prática da disciplina. O professor C falou que sim e acha que é uma maneira de observar aonde podemos melhorar, verificar o que está dando certo e o que pode ser mudado.

    Considerando que os professores B e C disseram que fazem a autoavaliação, porém não deixam claro se proporcionam o mesmo para seus alunos. Segundo as respostas dos alunos em relação a autoavaliação esta não é proporcionada a eles. Já os professores A e D disseram que apenas fazem as suas autoavaliações não proporcionando a seus alunos. Considerando a autoavaliação é um instrumento de avaliação, que se realiza em “processo”, assim como a avaliação. O processo de autoavaliação só tem significado enquanto reflexão do educando, tomada de consciência individual sobre suas aprendizagens e condutas cotidianas, de forma natural e espontânea como aspecto intrínseco ao seu desenvolvimento, e para ampliar o âmbito de suas possibilidades iniciais, favorecendo a sua superação em termos intelectuais, eis ai a questão da importância da realização da autoavaliação do aluno e do professor.

    Destacamos a importância de realizar a autoavaliação, não somente na disciplina de educação física, mas em todas as disciplinas.

    Hadji (2001), considera que a autoavaliação é tradicionalmente definida como “um processo por meio do qual o sujeito é levado a ter um julgamento sobre a qualidade da execução do seu trabalho e das suas aquisições, o que exige que se tenha, de forma mais ou menos explicita, critérios de qualidade” (p. 51).

    Questionemos os professores sobre a contribuição da avaliação para a formação dos estudantes. Professor A disse que a avaliação contribui para observar o conhecimento adquirido durante as aulas. Para o professor B a avaliação é para que os mesmo fiquem cientes de que serão avaliados em toda a sua existência. O professor C falou que a avaliação orienta na melhoria do processo de ensino e aprendizagem e o professor D diz que é para verificar como o conteúdo está sendo absorvido por eles ou se não está.

    Tratando da contribuição da avaliação para a formação dos estudantes, o professor C parece que tem a concepção melhor elaborada, uma concepção que trata o ensino e a aprendizagem, os outros três professores deram a entender que a avaliação contribuirá apenas com o resultado imediato. A avaliação é um instrumento para auxiliar a melhoria dos resultados. E acerca da avaliação assumir outra proposta que não seja a favor do aluno, do processo de ensino-aprendizagem e da democratização do ensino, Luckesi (2002, p. 150).

    Entendemos que a avaliação pode contribuir com a formação do estudante mais crítico, autônomo, participativo, desde que este participe do processo de construção do planejamento da disciplina e do processo ensino/aprendizagem, incluindo a avaliação.

    Se os estudantes sabem o que aprenderão, os conteúdos, quais objetivos a serem atingidos, e como serão avaliados e como se autoavaliarem poderão sugerir, contribuir com o processo e conseqüentemente terão uma melhor formação.

    Quanto questionados se discutem com os estudantes os critérios e como eles serão avaliados. O professor A disse que sim, pois os alunos precisam e devem saber como serão avaliados.O professor B também disse sim, que no início do ano letivo, é colocado critérios de como os mesmos serão avaliados e ficarem cientes da forma que serão avaliados. O professor C disse que sim, e acha importante eles saberem de que forma será feita a avaliação do bimestre e o professor D também disse que sim, pois eles têm o direito de saber como serão avaliados para poder entender melhor sua nota.

    Segundo Armstrong (2004), não deveria nunca ter testes surpresa. Deve-se sempre comunicar a eles as datas dos testes, listando os objetivos curriculares que irão ser avaliados, conversar sobre como e quantas questões serão realizadas. Então assim eles saberão o que é esperado deles.

    Podemos dizer que os professores estão coerentes com o pensamento do autor acima, pois todos comunicam os estudantes das avaliações realizadas.

    Apresentamos os resultados referentes às respostas dos questionários aplicados para aos sete alunos das escolas.

    Os alunos são do 6º ao 9º ano do ensino fundamental II e da 1º a 3º série do ensino médio. Quatro alunos são do período matutino e os outros três do período vespertino. Dos sete alunos cinco são do sexo feminino e dois do masculino. Dois alunos apresentam idade inferior há doze anos, outros quatros de doze a quinze anos enquanto somente um aluno tem idade superior a quinze anos. Parece que não temos alunos com descompasso entre idade e série.

    A primeira pergunta feita para os alunos foi, para que serve a avaliação nas aulas de Educação Física. O aluno do 9º Ano disse que serve para o conhecimento do aluno, para ele aprender mais sobre o esporte. O aluno do 1º ano, já disse que é para saber se o aluno está por dentro das regras dos esportes. O do 2º ano disse que é para ver o que aprendemos, o do 3º ano, que é para medir o conhecimento dos alunos sobre o que foi aprendido e estudo. O aluno do 6º ano, falou que era para testar os conhecimentos dos alunos, enquanto o do 7º ano falou que é para testar os alunos nos conhecimentos de Educação Física e o aluno do 8º ano relatou que é para testar o nosso conhecimento sobre as atividades propostas.

    Fica evidentemente que os estudantes possuem um pensamento de Educação Física esportivisada, pois se referem somente ao esporte como conteúdo da educação física. A maioria dos alunos relata que a avaliação nas aulas de Educação Física serve apenas para ver o que eles entendem de esportes, deixando o processo de ensino/aprendizagem de lado. Parece evidente que os alunos não compreendem muito bem o que é avaliação, pois alguns estudantes falaram que avaliação é para ver o conhecimento que eles tiveram com o que foi ensinado. Sendo que uma avaliação que se consagre a aprendizagem é capaz de orientar os alunos para que ele possa situar suas dificuldades para que os mesmos consigam progredir. Parece que eles não tem a visão de avaliação como acompanhadora do ensino e da aprendizagem e sim somente na aprendizagem, focando no resultado e não no processo.

    Quando questionado os alunos de como eles são avaliados na disciplina de Educação Física responderam da seguinte forma. O aluno 9º ano disse que é por meio de presença e aulas práticas; o aluno do 1º ano, falou que é pela disciplina e participação; o do 2º ano já falou que é como eles participam das aulas, fazendo trabalho e avaliação; o do 3º ano, disse que é se fizemos aulas, se jogamos. E se ficamos sentados nas aulas o professor já desconta. O aluno do 6º ano já disse que é por provas, participação nas aulas e trabalhos, enquanto o do 7º ano falou que são avaliados, pelo o que falamos, pelo o que fazemos por nosso desempenho acho que em tudo e para o do 8º ano disse que é por trabalho, prova e a nossa prática nas aulas.

    Podemos analisar em relação aos relatos da pesquisa com os professores que uns dos critérios de avaliação nas aulas de Educação Física é a participação nas aulas, fica assim coerente as respostas dos alunos com os tipos de avaliação citadas pelos professores, sendo que nenhum aluno falou que o professor utiliza a autoavaliação, enquanto um dos professores disse que um dos tipos de avaliação que ele utiliza é a autoavaliação, ficando uma contradição de forma de avaliar.

    Quanto perguntado aos alunos se eles sabem quando serão avaliados e os critérios eles responderam desse modo. Aluno do 9º ano disse que não;o do 1º ano quando eu tiver participando; o do 2º ano quando ele olha fixamente cada aluno; o do 3º ano disse não sei; o aluno do 6º ano disse, nas provas ele avisa e fala o que é para estudar, na participação ele fica olhando. Já o do 7º ano disse que o professor avalia o comportamento e participação e o aluno do 8º ano disse que sim.

    Alguns alunos disseram não saber quando serão avaliados, outros disseram que sim porque o professor avisa e outros falaram que é quando estão participando. Mas segundo os professores que participaram da pesquisa todos disseram que seus alunos sabem os critérios e quando serão avaliados, mais não é exatamente isso que aparece na pesquisa nas respostas de todos os alunos. Percebemos outra contradição.

    O quarto questionamento aos alunos é se eles já fizeram autoavaliação nas aulas de educação física. Apenas o aluno do 1º ano disse que já fez autoavaliação, os demais alunos disseram que nunca fizeram. Mas por não citar como critério de avaliação do professor acredito, que a resposta de sim do aluno pode ser devido uma autoavaliação que eu mesmo realizei com a turma dele quando da realização do estágio supervisionado IV, dias antes de aplicar esta pesquisa.

    Quando perguntado aos alunos qual a contribuição da avaliação para a formação dos estudantes os mesmos disseram: aluno do 9º ano ensinar o estudante a ter respeito com adversários, educação e conhecimento, aluno do 1º ano para saber se o estudante sabe a matéria na forma escrita, aluno do 2º ano para ver se os alunos aprenderam aquilo que foi ensinado durante o bimestre, para o aluno do 3º ano dar mais conhecimentos, pois Educação Física não é apenas jogar e sim ganhar conhecimento de tudo, o aluno 6º ano. Mais conhecimento na vida, o do 7º ano para participação e o conhecimento geral nas atividades de Educação Física e o aluno do 8º ano para os alunos memorizarem as regras e os critérios das atividades.

    Segundo Vygotski (1988) o aluno é o responsável, em última instância, por sua própria aprendizagem, é o construtor de seu conhecimento e nada ou ninguém pode substituí-lo nessa empreitada

    Como podemos observar na primeira pergunta feita a os alunos o pensamento do esporte reflete até na contribuição da avaliação alguns alunos citaram adversários e regras. Alguns alunos entendem que a contribuição da avaliação e para ver até onde eles sabem sobre o conteúdo, não se importando com a contribuição na vida social. Ao analisarmos as respostas dos alunos referentes com a dos professores, ficou claro professores e alunos tratam a avaliação ainda hoje não como uma forma de contribuição para o ensino aprendizagem e sim como uma forma de medir resultados imediatos. Salvo o professor C, que possui sua visão mais aproximada da realidade de concepção de avaliação.

    De acordo com Bausas Junior (2010), a concepção mais atual de avaliação em educação abrange o processo de ensino-aprendizagem e não somente os resultados finais.

    Segundo Hadji (2001) há necessidade de se transformar “a face perversa da avaliação” que exclui, seleciona, discrimina, fere a autonomia e convoca os educadores a colocar a avaliação a serviço do sucesso dos alunos, da construção de aprendizagens significativas, reconstruindo suas práticas pedagógicas nessa direção. Passar de uma visão única da avaliação para uma visão ampla e colaborativa. A interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem e o diálogo crítico, valorizando-se os seus saberes de experiência feitos e os conteúdos curriculares, serão os eixos básicos para a construção de uma nova cultura da avaliação escolar.

    Segundo Freire (2000), o sistema de avaliação pedagógica de alunos e de professores vêm se assumi cada vez mais como discursos verticais, de cima para baixo. A questão que se coloca a nós, enquanto professores e alunos críticos, não é, naturalmente, ficar contra a avaliação, mas resistir aos métodos silenciadores com que ela vem sendo às vezes realizada. A questão que se coloca a nós é lutar em favor da compreensão e da prática da educação enquanto instrumento de apreciação do que fazer sobre sujeitos críticos a serviço, por isso mesmo da libertação, e não da domesticação da avaliação. Esse autor está chamando a atenção, mais uma vez, para a necessidade constante da autoavaliação como exercício educativo dialético que possibilita aos alunos e compreenderem o seu próprio processo de aprendizagem situados no mundo, podendo analisar criticamente a avaliação que os outros fazem de si, de suas aprendizagens, com a interpretação autônoma do seu processo de conhecimento.

Considerações finais

    Avaliar não significa testar, medir ou mensurar, por isso a análise do processo avaliativo na disciplina de Educação Física traz a reflexão sobre a responsabilidade de conduzir de forma coerente este processo.

    Quanto à compreensão sobre a contribuição da avaliação para com a formação dos educandos, objetivo deste estudo, entendemos que foi atingido e concluímos que os pensamentos dos pesquisados, ainda estão um pouco distantes de ter uma contribuição referente ao processo de ensino-aprendizagem e a formação para vida social dos educandos.

    Os principais resultados que chegamos no final do presente estudo são os seguintes:

    Por fim, concluímos com presente estudo, que a falta de acessibilidade nas escolas referente aos documentos orientadores da avaliação dificultaram nossa análise em relação às repostas obtidas com os pesquisados. Pensamos que estes documentos poderiam estar a disposição da comunidade escolar.

    Identificamos também a necessidade de continuidade de estudos acerca da temática avaliação.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 195 | Buenos Aires, Agosto de 2014  
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