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A dança no ensino fundamental de 1º ao 5º ano

Dancing in the elementary school of 1st to 5th grade

El baile en la escuela primaria de 1º a 5º grado

 

*Especialista em Metodologia do Ensino de Artes, FATEC/FACINTER

** Especialista em Fisiologia do Exercício, FACIMAB

(Brasil)

Neiva Santana Ribeiro Branches*

Luiz Carlos Rabelo Vieira**

luizcrvieira@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo é uma revisão da literatura, cujo tema é a dança no ensino fundamental. Com base nas informações obtidas, discorreu-se sobre vários aspectos relacionados ao tema, como história, Arte e educação escolar, dança na educação escolar, dança nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte e de Educação Física. Assim, considera-se a dança uma forma de expressão de significados, simbolização da existência humana e que, no contexto escolar, deve ser pensada e possibilitada aos educandos em um tempo e espaço privilegiado, com a vivência de estímulos afetivos, cognitivos e corporais.

          Unitermos: Educação. Arte. Escola.

 

Abstract

          This article is a review of the literature, the theme of which is the dance in elementary school. Based on the information obtained, spoke on various aspects related to the subject, such as history, art and education, dance in education, dance in the National Curricular Parameters of Art and Physical Education. Thus, it is considered a form of dance expression of meaning, symbolization of human existence and that, in the school context, must be thought and made ​​possible for learners in a privileged time and space, with the experience of affective, cognitive and physical stimuli.

          Keywords: Education. Arts. School.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 estabelece a Arte como conteúdo curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica.

    Por outro lado, a Resolução do Conselho Nacional de Educação - Câmara de Educação Básica (CNE – CEB) nº 7, de 14 de dezembro de 2010, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos, reporta que o currículo da base nacional comum deste Ensino deve abranger, obrigatoriamente, a Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso, além do estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do Brasil.

    Na Resolução supracitada são apresentadas as áreas de conhecimento de Linguagens que devem ser trabalhadas no Ensino Fundamental, a saber: Língua Portuguesa; Língua Materna, para populações indígenas; Língua Estrangeira moderna; Educação Física e Arte. Esta, em especial, tem a Dança com um dos conteúdos principais ao lado das Artes Visuais, da Música e do Teatro.

    Com base no exposto, é premente a discussão a respeito da Dança, tendo em vista que, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Arte, implica na expressão e na comunicação humana, por ser uma manifestação coletiva, um produto cultural e apreciação estética (BRASIL, 1997).

    Assim sendo, este artigo tem como objetivo promover uma revisão da literatura a respeito do ensino da dança na educação básica, mais especificamente no ensino fundamental.

Aspectos históricos da dança

    Conforme Medina et al. (2008), entre os povos primitivos, o movimento corporal era a principal forma de comunicação e comunhão. A prática da dança servia como a ligação entre o homem e os seus deuses, assim como celebração para a colheita, a fertilização, a diversão, para agradecimento, comunicação e entendimento entre os mesmos.

    Ao longo da existência humana, onde no princípio não existia preocupação com a performance/rendimento do corpo para atingir elevados níveis de qualidade técnica, a dança foi marcada pelos movimentos repetitivos, gestos incansáveis, com o corpo levado ao êxtase (MEDINA et al., 2008).

    Os acontecimentos importantes na sociedade antiga ocorriam com uma constante participação corporal. A dança, nesse sentido, tinha características lúdicas e ritualísticas, caracterizadas por manifestações de alegria pela caça e pesca ou dramatizações pelos nascimentos e funerais (NANNI, 2008).

    De acordo com Nanni (2008), as danças para todos os povos, em todas as épocas da história e/ou espaço geográfico, é a forma utilizada para serem representadas suas manifestações, de seus “estados de espírito”, de emoções, de expressão e comunicação do ser e de suas características culturais.

    Conforme Diniz e Darido (2012, p. 176), “a dança é entendida como uma das formas mais antigas de manifestação da expressão corporal humana, traduzindo a manifestação de um povo, sua emoção e comunicação”.

    A nosso ver, a dança se insere no universo cultural, expressando significados, simbolizando a existência humana; trata-se de uma diversidade interessante para essas manifestações.

    Partindo-se da compreensão da dança ser objeto de vivência e representação, encontra-se o seu sentido como símbolo de uma totalidade indivisível que aparece perante nós e de uma outra forma de se apresentar no mundo (SARAIVA, 2005).

    Em considerações atuais, a dança é considerada uma área de conhecimento autônoma com cursos específicos de formação acadêmico-científica e profissional. Ela também é entendida como um fenômeno polissêmico, onde pode haver, além da manifestação antropológica e artística, múltiplas configurações sociais - espetáculo, comunicação, ritualização, terapia etc. (MORANDI, 2006; STRAZZACAPPA, 2006).

Arte e educação escolar

    A arte, desde os primórdios da humanidade, sempre esteve presente em praticamente todas as formações culturais. Em cada ambiente cultural, respeitando-se as normas e valores particulares, o ensino e a aprendizagem da arte fazem parte do conhecimento que envolve a produção artística em todos os tempos. Na educação escolar, porém, considera-se no século XX o momento em que a área de artes teve o percurso com base nas transformações educacionais (BRASIL, 1997).

    As transformações educacionais foram necessárias em vista dos achados, em vários campos das ciências humanas, sobre o desenvolvimento da criança. Assim, de uma educação tradicional, centrada na transmissão de conteúdos, passou-se a dar margem para uma educação centrada no aluno e suas possibilidades educacionais e culturais, fruto de uma manifestação espontânea e auto-expressiva (BRASIL, 1997).

    Diferentemente do que era esperado (facilitar o desenvolvimento criador da criança), o ensino de Arte na escola passou a perder o sentido-significado desencadeado em função da aplicação indiscriminada de idéias vagas e imprecisas sobre a função da educação artística. Logo, o professor passou a apresentar um papel cada vez mais irrelevante e passivo. Porém, a partir de influências, entre elas as norte americanas, a experiência em arte na escola passou a ser melhor orientada pelo professor (BRASIL, 1997).

    Ressalta-se, no entanto, que a formação inicial e permanente do professor de arte ainda é um desafio, conforme inúmeros fatores. Sardelich (2001), em estudo conduzido com professores de Educação Artística que atuam na educação básica do município de Feira de Santana, na Bahia, evidenciou a falta de formação específica dos profissionais, as precárias condições de carreira e trabalho bem como ambiguidades apresentadas nas concepções de arte analisadas. A autora reporta a formação permanente desse professor como ação cultural a fim de se democratizar o acesso à arte.

    Para Fusari e Ferraz (1992), o professor precisa saber Arte ao mesmo tempo em que necessita saber ser professor. Um processo transformador de sucesso no ensino da Arte depende de um professor cuja prática teórica do saber (estético e artístico) e do fazer artístico deve estar conectada a uma concepção de Arte e propostas pedagógicas consistentes.

    O sucesso no ensino da Arte na educação escolar estaria relacionado aos benefícios de um trabalho artístico sensibilizador, no ensino fundamental, que tem importantes efeitos no desenvolvimento da personalidade do indivíduo (LIMA; TRAJANO, 2008).

    Conforme os PCNs, que servem de referência ao trabalho do professor, respeitando-se a concepção pedagógica própria e a pluralidade cultural brasileira, a Arte tem função importante no “desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas” (BRASIL, 1997, p. 15).

    Ainda, na proposta dos PCNs, a Arte “tem uma função tão importante quanto a dos outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem. A área de Arte está relacionada com as demais áreas e tem suas especificidades” (BRASIL, 1997, p. 19).

    Os conteúdos próprios a serem tratados nessa disciplina escolar são: Artes Visuais, Música, Dança e Teatro. No que tange ao trato do conteúdo de Dança, Strazzacappa (2006) cita que este, apesar de fazer parte da Arte e conteúdo da Educação Física (disciplinas obrigatórias), não faz parte do currículo escolar, sendo ofertada apenas com projetos em contra-turnos e não tendo os objetivos da dança-educação.

    Strazzacappa (2006) reporta que, a partir de investigações etnográficas realizadas no Brasil, a dança é pouco introduzida nas aulas. Quando é possibilitada, tem função somente de ocupar o tempo ocioso das crianças.

Dança na educação escolar: função da Arte ou da Educação Física?

    Para Strazzacappa (2006), o corpo sempre foi esquecido na escola e quem basicamente trabalha com ele enquanto objeto de estudo é a Educação Física. Segundo a autora, infelizmente alguns professores dessa área do conhecimento trabalham com conteúdos das artes, equivocando-se com as áreas de conhecimento, ou seja, trabalhando a dança com a compreensão de Arte e não da Educação Física.

    Nesse sentido, é notória a seguinte problemática: Que lugar a dança deve ocupar na escola? Na Arte ou na Educação Física?

    Conforme Oliveira (2010), vem se instalando um mal-estar entre os profissionais das duas áreas supracitadas. Entendendo ser a Educação Física uma disciplina que abarca os temas da cultural corporal e a dança como parte da expressão da linguagem corporal, considera-se que a dança faz parte da área de conhecimento da Educação Física, apesar de ser uma das quatro linguagens da Arte (teatro, artes visuais, música e dança), como articulam os PCNs em Arte, e está contida nos PCNs da Educação Física. Sugere-se necessária a continuação de estudos e pesquisas a este respeito para maiores esclarecimentos.

    Nos PCNs s de Arte, o ensino da dança tem presença oficial (curricular) nas escolas, na maioria dos estados, como parte dos conteúdos de Educação Física (prioritariamente) e/ou de Educação Artística (quase sempre sob o título de Artes Cênicas, juntamente com Teatro). Logo, há a necessidade de formação dos profissionais que ensinam dança nas escolas.

    Brognoli (2010) reporta que é necessário que haja mais possibilidade de que os alunos se apropriarem da linguagem da Dança enquanto manifestação artística e cultural, ministrada por um profissional com formação específica na sua área de conhecimento. Brasileiro (2010), por outro lado, ao discorrer sobre a mesma problemática, frisa que ter a Dança como conhecimento a ser estudado na escola ainda é um “luxo” quase inexistente. Ter dois cursos tratando-a na formação, ter duas possibilidades de ser vivenciada por currículos distintos, com perspectivas distintas, não é uma realidade.

    No 58º Boletim Arte na Escola (2010) é discutida a problemática do lugar da dança na escola, se na Arte ou na Educação Física. De modo a fomentar a necessidade de ampliação do debate sobre o tema, é apresentada uma entrevista com Isabel Marques, autora de livros sobre o ensino de dança escolar e uma das colaboradoras na elaboração dos PCNs. Marques cita que nos PCNs de Artes, quanto ao conhecimento da dança na escola, ela deve ser tratada como uma linguagem artística. Por outro lado, nos PCNs da Educação Física o conhecimento da dança deve considerar as manifestações populares. Nota-se, assim, o ponto de vista da especialista no sentido de considerar a dança, no contexto escolar, possível de ser trabalhada em ambas as áreas do conhecimento, com focos diferenciados, porém não divergentes.

    Apesar do enfoque dado à dança em duas disciplinas escolares, com base nos PCNs, no Boletim Arte na Escola (2010) são discutidos os motivos, dentre outros, de sua não aplicação na escola, dentre os quais podem ser citados os preconceito em relação ao gênero, a falta de infra-estrutura; a falta de conhecimento por parte do professor; a formação profissional; os gestores que entendem que as atividades de ordem corporal desorganizam a escola.

    Pode-se compreender a dança como um modo de vida, de existir, isto porque além de ser atividade física, é "educação", sendo indispensável para que o indivíduo entenda o quê e porquê fazer o movimento, visto que o movimento expressivo antes de tudo deve ser consciente (GARIBA, 2005).

    Gariba e Franzoni (2007) ressaltam que a dança escolar deve ser possibilitada pela Educação Física, onde, apesar das barreiras a serem ultrapassadas, a busca seria por uma prática pedagógica voltada para a formação de cidadãos críticos, autônomos e conscientes de seus atos.

    Ainda quanto à dança no contexto da Educação Física, Sborquia e Gallardo (2006) reportam que este conteúdo é importante para a formação humana, isto porque possibilita experiências dos(as) alunos(as), bem como proporciona novos olhares para o mundo, a partir do envolvimento da sensibilização e conscientização de valores, atitudes e ações cotidianas na sociedade.

    Uma proposta de dança escolar deve buscar uma forma de dança livre do academicismo, mostrando que não se restringe apenas ao aprendizado de técnicas e estilos. Ela vai além de uma simples classificação (SBORQUIA; GALLARDO, 2006).

    Soares e Madureira (2005) pensam numa composição entre Educação Física, linguagem e Arte, onde a incorporação desta última nas reflexões concernentes à Educação Física poderia auxiliar na configuração de uma outra lógica para pensar o corpo e todos os fenômenos a ele ligados, até no que diz respeito a sua expressão gestual.

    A nosso ver, a dança, no contexto escolar, deve ser pensada e possibilitada aos educandos em um tempo e espaço privilegiado, com a vivência de estímulos afetivos, cognitivos e corporais, de modo que conheçam formas expressivas de pensar, perceber e compreender, tanto suas particularidades (limites e possibilidades) como sua realidade social.

A dança NOS PCNs De Arte e de Educação Física

    Introdutoriamente, nos PCNs de Arte (BRASIL, 1996) são enfatizados o ensino e a aprendizagem de conteúdos relevantes à formação cidadã, dentre os quais, concernentes à essa área do conhecimento, estariam os conteúdos de Artes Visuais, Música, Teatro e Dança, de modo que se promova a formação artística e estética do aprendiz e a sua participação na sociedade.

    Dentre os objetivos educacionais da dança expressos nos PCNs de Arte destaca-se a compreensão da estrutura e do funcionamento corporal e a investigação do movimento humano. “Esses conhecimentos devem ser articulados com a percepção do espaço, peso e tempo. A dança é uma forma de integração e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade” (BRASIL, 1997, p. 49).

    É ressaltado “que a dança seja desenvolvida na escola com espírito de investigação, para que a criança tome consciência da função dinâmica do corpo, do gesto e do movimento como uma manifestação pessoal e cultural” (BRASIL, 1996, p. 50). A partir da observação dessa manifestação, é possibilitada, ao aluno, a compreenção e incorporação da diversidade de expressões, de reconhecer individualidades e qualidades estéticas.

    Não é necessário, ainda quanto aos PCNs de Arte, que as aulas de dança sejam acompanhadas por estímulos sonoros, haja vista que no silêncio existem ritmos (internos e externos) que podem e devem ser explorados.

    No entanto, concordamos com o reportado no Boletim Arte na Escola (2010), onde são apresentados os motivos da não aplicação da dança na escola, sendo um deles a falta de infra-estrutura. Se por um lado, nos PCNs de Arte, é dado o cárater não obrigatório do uso da música nas aulas de dança, a nosso ver a sua utilização potencializa o momento de ensino e aprendizagem referente a esse conteúdo. A relação da dança com a música é ancestral. Na verdade, a dança apresetna uma vocação interdisciplinar, pois possibilita contatos com o ritmo, a dinâmica e a matemática, geometria, geografia e mesmo a arquitetura.

    Araújo (s/n) reforça que o desenvolvimento de movimentos ritmados, acompanhado por música, ajuda a despertar a consciência corporal infantil. Penna (2008) admite a música como um espaço potencial na educação básica, como parte do campo amplo e múltiplo da arte.

    Para vários estilos musicais (folclóricos, populares ou clássicos) há uma dança associada, isto porque a música tem elementos mapeáveis a alguma forma de movimento da dança (TRINDADE; VALLE, 2007).

    Quanto às possibilidades educativas da dança no contexto escolar, nos PCNs de Arte ela é esmiuçada dentro da perspectiva da expressão e na comunicação humana, como manifestação coletiva, produto cultural e apreciação estética.

    No que tange aos PCNs de Educação Física (BRASIL, 1997), os conteúdos estão inseridos em blocos, a saber: a) conhecimentos sobre o corpo; b) esportes, jogos, lutas e ginásticas e c) atividades rítmicas e expressivas.

    Para o planejamento e seleção de conteúdos, os PCNs de Educação Física elencam uma lista de sugestão de danças e outras atividades rítmicas e/ou expressivas que podem ser abordadas, são elas: danças brasileiras (samba, baião, valsa etc.); danças urbanas (rap, funk, break, pagode, danças de salão); danças eruditas (clássicas, modernas, contemporâneas, jazz); danças e coreografias associadas a manifestações musicais (olodum, timbalada etc.); lengalengas; brincadeiras de roda, cirandas; escravos-de-jó.

    Importante ressaltar que as danças e atividades rítmicas e/ou expressivas podem ser abordadas desde que sejam levados em consideração a relevância de abordagem, o contexto escolar, a organização social das atividades, atenção à diversidade, diferenças entre meninos e meninas, uso adequado do espaço, a apreciação e crítica.

Benefícios da prática da dança no contexto escolar

    Fornel e Fernandes (2006) reportam que, a partir do ensino de atividades rítmicas no ambiente escolar, são ampliadas a comunicação e apreensão do mundo por parte do aluno. A partir dos estímulos sensório-motores é fomentada a percepção espaço-temporal e a imagem corporal discente.

    Introduzir a dança na escola equivale a um tipo de alfabetização, onde a consciência corporal e postural é foco primordial (ARAÚJO, s/n).

    Mattos e Neira (2003) apontam outros benefícios dessas atividades aos educandos, tais como a melhora da coordenação motora, do desenvolvimento corporal, a descoberta e ampliação dos conhecimentos sobre o próprio corpo, novos movimentos, limites e possibilidades quanto aos mesmos.

    A partir de vivências rítmicas motrícias prazerosas é estimulado o desenvolvimento da capacidade de expressão, o que abre caminho para a expansão das conexões nervosas entre o cérebro e o corpo (TIBEAU, 2006), além da construção da auto-imagem e do autoconceito (NANNI, 2005).

    Atividades rítmicas favorecem, conforme Rondon et al. (2010), o desenvolvimento motor, no que se refere ao equilíbrio, esquema corporal etc.

    A nosso ver, ao aluno a dança propicia referências cognitivas, culturais, sensoriais e estéticas que contribuem na formação cidadã.

O ensino da dança no contexto escolar

    Guimarães (2003) e Marques (2011) comentam sobre o processo de escolarização da dança. Em referências nacionais, é comum a distinção de ciclos escolares, cada um com características peculiares onde repercutem na escolha do conteúdo e a forma como deve ser tratado.

    Para Barreto (2004) e Nanni (2008), a escola deverá relacionar conteúdos significativos e que tenham relação com a vida dos educandos, de modo a permitir a compreensão das coisas que a cercam e suas relações.

    Assim, para se fazerem escolhas significativas, seria interessante levarmos em consideração o contexto dos alunos, respeitando suas próprias escolhas, opiniões, criações e possibilidades (MARQUES, 2010).

    Importante ressaltar que a cultura popular no Brasil tem a presença marcante da dança e da música como suas formas de expressão (LOPES; MORENO, 2004).

    Nanni (2008) reporta o ensino da dança na escola com base no suporte teórico da Psicomotricidade, teoria a qual privilegia o estímulo ao desenvolvimento psicomotor e, especialmente, a estruturação do esquema corporal e as aptidões motoras.

    O ensino da dança na escola tem como possibilidade o trato da disciplina de Arte, onde relação com os temas transversais (pluralidade cultural, ética, orientação sexual, saúde, meio ambiente) são possíveis (MARQUES, 2010).

Considerações finais

    Foi possível discorrer sobre vários aspectos relacionados ao tema, como os históricos, a Arte e educação escolar, a dança na educação escolar, a dança nos PCNS de Arte e de Educação Física, benefícios da prática da dança no contexto escolar e o ensino desse conteúdo no contexto escolar.

    Compreendeu-se melhor sobre a dança no sentido social e cultural, onde possibilita a expressão de significados, simbolização da existência humana. Além disso, a dança, no contexto escolar, deve ser pensada e possibilitada aos educandos em um tempo e espaço privilegiado, com a vivência de estímulos afetivos, cognitivos e corporais, de modo que conheçam formas expressivas de pensar, perceber e compreender.

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