efdeportes.com

Perfil da qualidade de vida e composição corporal dos participantes de um programa de reabilitação cardíaca da cidade de Natal, RN

Perfil de la calidad de vida y composición corporal de un programa de rehabilitación cardiaca en la ciudad de Natal, RN

 

*Discente do Curso de Educação Física

**Especialista em Exercício Físico Aplicado a Grupos Especiais

***Orientadora Doutora em Ciências da Saúde

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró

(Brasil)

Kesley Pablo Morais de Azevedo*

kesley_pablo@hotmail.com

Isis Kelly dos Santos*

isisk2@hotmail.com

Joana Dark Lopes de Almeida*

lopes_darkinha@hotmail.com

Thiago Renee Felipe**

thiago_renee197@hotmail.com

Maria Irany Knackfuss***

kmariairany@yahoo.com

 

 

 

 

Resumo

          No Brasil, dados provenientes ao aumento nos casos de doenças crônicas (DC), aumentam gradualmente, gerando uma preocupação com a saúde pública no que tange a prática preventiva. Entre todas as DC, as cardiovasculares se encontram no topo das causas de mortes em todo o mundo, chegando ao índice de 32% de óbitos no Brasil. Objetivou-se descrever o perfil da qualidade de vida e a composição corporal de 16 indivíduos idosos (64,0 ± 6,3 anos; 65,9 ± 15,6 kg; 162 ± 0,1 cm) de ambos os sexos, usuários de marca-passo e praticantes de atividade física regular, na cidade de Natal-RN. Para avaliar a qualidade de vida utilizou-se o questionário AQUAREL (Assesment of Quality of Life and Related Events), e balança e estadiômetro (Peso, Estatura) da marca SANNY, o índice de massa corporal (IMC) foi calculado pela fórmula (=peso/estatura²). Os dados foram cálculos através da média e desvio padrão. Os resultados nos mostram que os pacientes obteram uma média de 91,25±6,57 demonstrando uma ótima qualidade de vida. Para os três domínios avaliados, o grupo manteve uma constância, apresentando a maior média, na dispnéia ao exercício. No que se referem ao IMC, os pacientes apresentaram uma média 27 ± 4,4 (levemente acima do peso). Conclui-se que os pacientes portadores de marca-passo, demonstraram uma boa qualidade de vida em todos os domínios sendo obtidos os níveis mais altos no aspecto dispnéia em repouso pertencente ao domínio DE o que evidencia os benefícios da prática do exercício físico para a qualidade de vida deste grupo, quanto ao IMC à média foi de 27,0 (levemente acima do peso).

          Unitermos: Qualidade de vida. Idoso. Atividade física habitual.

 

Abstract

          In Brazil, data from the increase in chronic diseases (CD); increase gradually, creating a public health concern in regard to preventive practice. Among all CD, cardiovascular lie at the top causes of death around the world, reaching a level of 32% of deaths in Brazil. This study aimed to describe the profile of quality of life and body composition of 16 elderly (64.0 ± 6.3 years, 65.9 ± 15.6 kg, 162 ± 0.1 cm) of both sexes, pacemaker users and practicing regular physical activity, in Natal - RN. To assess the quality of life we used the AQUAREL (Assessment of Quality of Life and Related Events), a scale and stadiometer (weight, height) of the brand SANNY, the body mass index (BMI) was calculated by the formula (= weight/height ²). Data calculations were expressed as average and standard deviation. The results show that patients obtained an average of 91.25 ± 6.57 demonstrating a great quality of life. For the three areas assessed, the group remained constant, with the highest average in Dyspnea during exercise. In referring to BMI, patients experienced an average 27 ± 4.4 (slightly overweight). We conclude that patients with pacemakers, demonstrated a good quality of life in all areas and obtained the highest levels in the aspect Breathlessness at rest belonging to the domain ED which highlights the benefits of physical exercise for quality of life of this group, the mean BMI was 27.0 (slightly overweight).

          Keywords: Quality of life. Elderly. Regular physical activity.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Segundo Schmidt et al (2011), o Brasil vem apresentado um declínio na mortalidade por doenças infecciosas e um aumento por doenças crônicas (DC). Entre todas as DC, as cardiovasculares se encontram no topo das causas de mortes em todo o mundo, chegando ao índice de 32% de óbitos no Brasil. Geralmente impõe um tratamento que pode se estender pelo resto da vida. Com isso algumas doenças cardíacas podem apresentar a necessidade da utilização de estimulação cardíaca permanente por meio do implante de marca passo definitiva, no qual libera estímulos elétricos para o músculo cardíaco quando o mesmo apresenta algum problema de condução (GOMES et al, 2011).

    Cerca de 10 mil implantes são realizados no Brasil anualmente, com um crescimento do número de implantes anuais (PACHÒN et al, 2008). Faz-se necessário investigar as diversas variáveis que interferem no tratamento, partindo disso, por ser um indicador influente, a qualidade de vida passa a ser vista como um termo que possui em suas significância várias dimensões. A qualidade de vida relacionada à saúde tem por objetivo identificar o controle de sintomas, diminuição da mortalidade ou aumento da expectativa de vida, interligado a subjetividade da percepção do paciente quanto ao seu estado de saúde (BORGES et al, 2013).

    A inatividade física e o baixo nível de condicionamento físico têm sido considerados como fatores de risco importantes para uma mortalidade prematura. Por outro lado, existe evidências suficientes que é possível prevenir e até mesmo alterar o rumo da manifestação da maioria das doenças crônico-degenerativas, com intervenções direta ou indireta sobre os principais fatores de risco modificáveis, tais como a inatividade física, desde que haja aderência adequada ao tratamento (ARAÚJO; OLIVEIRA; RAMOS, 2011).

    A prática de atividades físicas produz efeitos benéficos ao praticante, desde que suas particularidades sejam respeitadas. Os resultados positivos circundam desde os aspectos fisiológicos até os psicológicos. O exercício, após superado o período inicial, é uma atividade usualmente agradável e que traz inúmeros benefícios ao praticante, que vão desde a melhora do perfil lipídico até a melhora da autoestima (SILVA et al, 2010).

    Poucas são as informações quanto à qualidade de vida e a composição corporal de pacientes acometidos a um programa de reabilitação cardíaca, faz-se necessário investigar tais suposições associadas à prática de atividade física. Por essa razão, o presente estudo tem como objetivo descrever o perfil da qualidade de vida e a composição corporal de pacientes usuários de marca-passo praticantes de atividade física regular.

Metodologia

    Participaram dos testes 16 indivíduos idosos (64,0 ± 6,3 anos; 65,9 ± 15,6 kg; 162 ± 0,1 cm) de ambos os gêneros praticantes de atividade física residentes na cidade de Natal/RN. Os pacientes foram entrevistados por um avaliador através do questionário AQUAREL (Assesment of Quality of Life and Related Events) (OLIVEIRA, 2006), que consiste em 20 perguntas, onde cada questão contem alternativas de ‘’A‘’ á ‘’E’’, com valores pré-determinados pelo próprio questionário, no qual, ‘’A’’ tem valor 1, ‘’B’’ tem valor 2 e assim de forma crescente até a alternativa ‘’E’’ com valor 5. Para calcular os resultados obtidos é utilizada a fórmula (Escore do AQUAREL = 100 – {[(∑N – nºN) / (nºN x 5) – nºN]} x 100). De acordo com o questionário AQUAREL quanto mais próximo do valor 100, maior será a Qualidade de vida, e quanto mais próxima do valor 01, menor será a Qualidade de vida do paciente. O Aquarel é apresentado com três domínios: Desconforto no peito (DP), contendo os aspectos dor no peito e dispnéia ao repouso; a Dispnéia ao exercício (DE) contendo os aspectos dispnéia ao exercício e fadiga; e o domínio da arritmia (AR). Esta pesquisa segue determinações da lei 466/12 do Conselho Nacional de Saúde através do Conselho e do Comitê de Ética em pesquisa da UERN.

Resultados e discussões

    Participaram deste estudo, 16 indivíduos usuários de marca-passo participantes de um programa de reabilitação cardíaca, na cidade de Natal-RN.

Tabela 01. Escores obtidos através do questionário aplicado em portadores

de MP, com características, soma de pontos das questões e resultado do AQUAREL

    Os resultados obtidos na tabela 01 nos mostram que para todos os pacientes usuários de MP, foram calculadas as somas dos pontos das questões e a classificação do AQUAREL, obtendo a média geral do grupo. A partir das análises feitas, detectamos que de acordo a média obtida de 91,25±6,57 no questionário AQUAREL, os pacientes apresentaram resultados significativos para uma ótima qualidade de vida quando relacionado à prática de atividade física. Provavelmente, o exercício físico, por englobar as funções de reabilitação cardíaca, melhore as funções fisiológicas, metabólicas, morfofuncionais.

Tabela 02. Valores de média e desvio padrão obtidos de cada domínio

    Os dados obtidos e apresentados na tabela 02 referem-se à média geral gerada a partir da divisão dos domínios que compõem o questionário AQUAREL. Os resultados encontrados identificaram que os pacientes usuários de MP apresentaram uma ótima qualidade de vida em todos os domínios. Vale ressaltar que o domínio Dispnéia ao exercício apresentou média de 1,39±0,76, sendo o escore mais alto quando comparado aos demais, no entanto, não houve diferença significativa.

    Diferentemente dos resultados desse estudo foram encontrados por Gomes et al (2011), que ao avaliar pacientes que fazem tratamento estes apresentaram melhores níveis de qualidade de vida nos três domínios do AQUAREL (p=0,025) enquanto que aqueles que se submeteram a mais de um implante (> 1MP) apresentaram maiores escores nos domínios Desconforto no Peito (M= 91,4) e Dispnéia (M= 78,7), com p≤0,05.

    Os resultados do estudo de Borges et al (2013), evidenciaram correlações negativas significantes entre qualidade de vida e classe funcional. Na análise do questionário AQUAREL observou-se correlação negativa entre qualidade de vida total e nos três domínios: desconforto no peito, dispnéia e arritmia com classe funcional.

Tabela 03. Dados relacionados à idade e ao IMC

    A tabela 03 apresenta os dados relacionados ao perfil antropométrico dos pacientes usuários de MP, onde é possível notar que os mesmos apresentaram resultados preocupantes quanto ao IMC, com uma média de 27,0 (levemente acima do peso) de acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), casos de sobrepeso e obesidade foram detectados, aspectos esses que se não forem tratados, poderão ocasionar sérias complicações cardíacas. Possivelmente, esse quadro pode ser observado em pessoas que participam de programas de reabilitação cardíaca, onde eles na maioria das vezes adquirem doenças cardiovasculares devido a comportamentos de risco durante as fases antecessoras.

    Em estudo feito por Santos et al (2012), 67 idosos (27,1%) se encontravam abaixo do peso, (42,1%) tinham peso considerado normal e 104 (30,8%) tinham sobrepeso. Comparado aos resultados encontrados neste estudo, verificamos que o grupo analisado apresentou alto IMC quando relacionado com pesquisas com o mesmo público alvo. A partir desses resultados sugere-se que medidas devem ser tomadas, visto que o acúmulo de tecido adiposo na circulação predispõe o paciente a novos problemas cardiovasculares.

Conclusões

    Conclui-se que os pacientes portadores de marca-passo, demonstraram uma boa qualidade de vida em todos os domínios sendo obtidos os níveis mais altos no aspecto Dispnéia em repouso pertencente ao domínio DE o que evidencia os benefícios da prática do exercício físico para a qualidade de vida deste grupo, quanto ao IMC a média foi de 27,0 (levemente acima do peso).

Referências

  • OLIVEIRA, Antonio Cesar Cabral; RAMOS, Plínio Santos; ARAÚJO, Claudio Gil Soares. Distância do domicílio ao local de exercício físico não influenciou a aderência de 796 participantes. 2011.

  • BORGES, Juliana Bassalobre Carvalho; BARROS, Rubens Tofano; CARVALHO, Sebastião Marcos Ribeiro de; SILVA, Marcos Augusto de Moraes. Correlação entre a qualidade de vida, classe funcional e idade em portadores de marca-passo cardíaco. Rev. Bras. Cir. Cardiovasc. V. 28, n.1, p. 47-53. 2013.

  • GOMES, Tais Barbosa; GOMES, Lorena Santana; FREITAS, Izelina Helena de Antônio; Barroso, Thatiara de Lima; CAVALCANTE, Agueda Maria Ruiz Zimmer; STIVAL, Marina Morato; LIMA, Luciano Ramos. Avaliação da qualidade de vida pós-implante de marca-passo cardíaco artificial. Rev. Eletr. Enfermagem. V. 13, n. 4, p. 735-42, out/dez. 2011.

  • OLIVEIRA, Antonio Cesar Cabral de; RAMOS, Plínio Santos; ARAÚJO, Claudio Gil Soares de. Distância do Domicílio ao Local de Exercício Físico não Influenciou a Aderência de 796 Participantes. Arq. Bras. Cardiologia. Nov./Dez. 2011.

  • PACHÓN M, José Carlos; MOSQUÉRA, Joubert Ariel Pereira; PACHÓN M. Juán Carlos; VARGAS, Remy Nelson Albornoz; CAMPOS NETO, Cantídio Moura; COSTA, Alvaro Roberto Barros. Aspectos Epidemiológicos da Estimulação Cardíaca no Brasil - 12º ano do RBM - Registro Brasileiro de Marcapassos, Desfibriladores e Ressincronizadores Cardíacos. Relampa. V. 21, n. 1, p. 5-12. 2008.

  • SILVA, Rodrigo Sinnott; SILVA, Ivelissa da; SILVA, Ricardo Azevedo da; SOUZA, Luciano; TOMASI, Elaine Tomasi. Atividade física e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva. V. 15, n. 1, p. 115-120.2010.

  • SANTOS, Álvaro da Silva; SILVEIRA, Rodrigo Eurípedes da; SOUSA, Mariana Campos de; MONTEIRO, Taciana; SILVANO, Carla Maria. Perfil de saúde de idosos residentes em um município do interior mineiro. Rev. de enfermagem e atenção à saúde. Out/nov. 2012.

  • SCHMIDT, Maria Inês; DUNCAN, Bruce Bartholow; SILVA, Gulnar Azevedo e; MENEZES, Ana Maria; MONTEIRO, Carlos Augusto; BARRETO, Sandhi Maria; CHOR, Dora; Menezes, Paulo Rossi. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. The Lancet. V. 6736, n. 11, p. 60135-9, Maio. 2011.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 194 | Buenos Aires, Julio de 2014  
© 1997-2014 Derechos reservados