Análise dos óbitos por parto e puerpério de mulheres negras no período de 2000 a 2011 em Alagoas, Brasil Análisis de los óbitos por parto y puerperio de mujeres negras en el período de 2000 a 2011 en Alagoas, Brasil |
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*Bacharel em Administração, Pós Graduando em Saúde Pública **Professora Especialista em MBA em Governança em TI ***Doutor em Saúde Pública. Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Brasil) |
Laudemi José de Oliveira* Carla Priscila Alves Braga** Jorge Luís de Souza Riscado*** |
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Resumo O estudo acerca da mortalidade materna tem avançado no Brasil com o objetivo de conhecê-la para que seja possível a sua reversão. Inclusive é meta do milênio para redução com vistas a sua erradicação. Objetivamos analisar os dados obtidos a partir do DATASUS de óbitos por parto e puerpério de mulheres negras em municípios do estado de Alagoas, na série histórica de 2000 a 2011. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, transversal de abordagem quantitativa, utilizando dados secundários do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do DATASUS e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para o estado de Alagoas, no período de 2000 a 2011. Os resultados apontaram que há uma predominância dos óbitos entre mulheres negras em relação às mulheres brancas, na faixa de 30 a 49 anos, num movimento crescente de óbitos, com taxa de mortalidade 5,16 óbitos/1000 mulheres em idade fértil. Conclui-se que o avanço de óbitos em Maceió e Alagoas se configura similarmente ao Brasil. Unitermos: Mulheres negras. Obitos de mulheres. Mortalidade. Epidemiologia.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O estudo acerca da mortalidade materna tem avançado no Brasil com o objetivo de conhecê-la para que seja possível a sua reversão. Inclusive é meta do milênio para redução com vistas a sua erradicação.
Em 2005, morreram 1.620 mulheres e 34.382 recém-nascidos por complicações na gravidez, aborto, parto ou pós-parto. A meta do Pacto é a redução anual de 5% da mortalidade materna e neonatal para atingir os índices aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a médio e longo prazo (BRASIL, 2004).
Em janeiro de 2006, a redução da mortalidade materna, neonatal e infantil foi reafirmada como uma das prioridades operacionais do Pacto pela Vida, aprovado pela CIT e fortalecida pelos Pactos de Gestão e em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). Também em 2006 a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou a pactuação entre gestores e sociedade civil, com estratégias, responsabilidades e metas bem definidas, como modelo de mobilização e diálogo social para promoção dos objetivos do desenvolvimento do milênio (BRASIL, 2004).
Trabalhos como Martins & Tanaka (2000) e Martins (2006) apontam que muitas mortes de mulheres por parto e puerpério são mortes evitáveis. No entanto, quando falamos de mulheres negras quase não existem dados, uma vez que o quesito cor nem sempre aparece como variável oficial nos registros de entrada dos usuários nos serviços de saúde sejam nas unidades básicas que oferecem o pré-natal, sejam nas maternidades.
A ausência do quesito (cor) impossibilita o conhecimento do grau de dificuldades das mulheres negras o acesso aos serviços e de ter parâmetros em avaliar a qualidade dos atendimentos prestados para este segmento específico.
A discussão, de um modo geral, tem sido camuflada através do indicador de pobreza, tentando dessa forma homogeneizar situações que são especificas, ficando reduzida a dimensão socioeconômica. De fato as mulheres mais pobres são as que mais tem filhos, mais abortos clandestinos (sem suporte da saúde pública) e que tem menos assistência do Estado em geral e da saúde pública particular (VOLOCHKO, 2004).
No Brasil, o Ministério da Saúde referendou a data de 28 de maio como Dia Internacional de Luta contra a Morte Materna/Ação pela Saúde da Mulher, essa data é um marco conquistado em 1984, no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde. Um dos frutos desse movimento foi a criação do Comitê de Combate à Morte Materna, que tem como um dos objetivos o monitoramento e a implantação de políticas publicas para a prevenção da morte materna (MARTINS, 2000).
Em estudo sobre mortalidade de 1999, para o estado de São Paulo, Batista (2002) identificou que a mortalidade materna é a segunda causa de mortalidade entre as mulheres negras.
Ao analisar a totalidade dos óbitos (349) destas, constatou que a supera a das brancas em 5,6 vezes, com coeficiente 212,80/100 nascidos vivos. A razão da mortalidade materna para o Estado foi de 47,81/100 mil por nascidos vivos no ano analisado (MARTINS, 2000).
Riscado et al. (2007) verificaram que na macrorregional nordeste – Maranhão à Bahia – as mulheres negras morrem três vezes mais por parto e puerpério que as mulheres brancas, enquanto em Alagoas essa razão é de dez vezes mais.
O presente estudo almeja analisar os dados obtidos a partir do DATASUS de óbitos por parto e puerpério de mulheres negras em municípios do estado de Alagoas, no período de 2000 a 2011.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, transversal de abordagem quantitativa, utilizando dados secundários do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do DATASUS e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para o estado de Alagoas, no período de 2000 a 2011. As variáveis eleitas para este estudo foram:óbitos de mulheres em idade fértil, faixa etária (10 a 49 anos), cor/raça, região. As variáveis foram transformadas em gráficos.
Resultados e discussão
Os gráficos apresentados abaixo demostram os óbitos de mulheres brancas e pretas/pardas apenas.
Gráfico 1. Distribuição de Óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos segundo raça/cor, no período 2000 a 2011. Nordeste: 2013
Gráfico 2. Distribuição de Óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos segundo raça/cor no período 2000 a 2011. Alagoas: 2013
Gráfico 3. Distribuição de Óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos segundo raça/cor no período 2000 a 2011. Nordeste e Alagoas: 2013
Comparando os gráficos da Região Nordeste e de Alagoas, podemos verificar que é ainda mais agravante os óbitos nas mulheres de cor preta/parda em relação às mulheres de cor branca em Alagoas do que na Região Nordeste.
Gráfico 4. Distribuição de Óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos segundo faixa etária no período 2000 a 2011. Alagoas: 2013
No gráfico acima, podemos identificar que na faixa etária entre 10 a 49 anos, os óbitos de mulheres por parto e puerpério tiveram um crescimento no período de 2000 a 2011. A faixa que mais apresentou mortalidade foi a de 40 a 49 anos, seguida da faixa entre 30 e 39 anos.
Considerações finais
Com os dados obtidos e analisados, identificamos que a raça/cor preta/parda é a que mais tem óbitos por parto e puerpério, e que em Alagoas esses óbitos são ainda maiores. Outros estudiosos também apresentam em seus relatos de pesquisa que não é diferente dos dados obtidos no estado de Alagoas e na Região Nordeste. A Constituição Brasileira relata que “a saúde é um dever do Estado e um direito de todos”, mas que “todos” são esses em que os estudos apontam que as mulheres negras são as que mais sofrem com o descaso na saúde no Brasil.
Referências
BATISTA, L. E. Mulheres e homens negros: saúde, doença e morte [Tese de Doutorado]. Araraquara: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho; 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Pacto nacional pela redução da mortalidade materna e neonatal. Brasília: Ministério da Saúde. 2004. Distribuído em http://portal.saude.gov.br/portal/saude/odm_saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=35197. Acesso em 17 ago 2013.
MARTINS, A. L. Mortalidade materna de mulheres negras no Brasil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, 22(11):2473-2479, nov, 2006.
MARTINS, A.L.; TANAKA, A.C.d’A. Mulheres negras e mortalidade materna no Estado do Paraná, de 1993 a 1998. São Paulo. Rev. Bras. Cresc. Desenv. Hum., 10(1), 31-40, 2000.
RISCADO, J.L.S. et al. Mulheres em comunidades remanescentes de quilombos em Alagoas: resultados preliminares sobre as vulnerabilidades ao HIV/Aids. Anais do IV Foro Latinoamericano y Del Caribe en VIH/SIDA e ITS. 2007.
VOLOCHKO A. A mensuração da mortalidade materna no Brasil. In: BERQUÓ, E. Sexo & vida: panorama da saúde reprodutiva no Brasil. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2003. p. 229-56.
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