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Necessidades de familiares de pacientes internados

em unidade de terapia intensiva neonatal

Las necesidades de los familiares de los pacientes internados en unidad de terapia intensiva neonatal

 

*Graduanda em Enfermagem – Funorte. Aluna de iniciação cientifica

Monitora da disciplina de patologia do curso de graduação em Enfermagem

**Mestrando em Ciências da Saúde - PPGCS/Unimontes

Especialista em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica - PUC/MG. Enfermeiro - Unimontes

***Bacharel em enfermagem. Especialista em educação profissional na área de saúde

Professor Fasi/Funorte/Unimontes-Enfermagem, Nutrição, Medicina, Analista Universitário de Saúde

Enfermeiro - Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica. Graduando em Direito

Karinne Aparecida de Souza Silva*

Henrique Andrade Barbosa**

Tadeu Nunes Ferreira***

henriqueabarbosa@ig.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem como objetivo conhecer as necessidades de familiares de pacientes internados em UTI neonatal, através da revisão bibliográfica de estudos científicos em bases eletrônicas de dados, foram utilizados para o estudo artigos publicados nos últimos oito anos, de 2005 a 2013 que contemplasse o tema proposto. A família e de vital importância nas questões referentes ao processo de saúde e doença do seu familiar. E importante ressaltar que o envolvimento da família na assistência humanizada do paciente facilita a visão holística no processo de cuidar do neonato. Conhecer as necessidades familiares permite implantar ações que favoreça o atendimento humanizado.

          Unitermos: Necessidades. Família. UTI Neonatal.

 

Abstract

          The present study aims to meet the needs of family members of ICU patients, through literature review of scientific studies in electronic databases were used to study the articles published in the last eight years, from 2005 to 2013, covering the topic. Family and vital issues relating to the conduct of health and disease in your family. It is important to note that family involvement in patient humanized facilitates the holistic care of the newborn. Meet the needs of their family allows implement actions that promote the humane care.

          Keywords: Needs. Family. UIC Neonatal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Necessidade é compreendida como manifestação de carência (sentida ou não) de uma condição interna desencadeando processos psicológicos e fisiológicos que se traduzem em comportamentos particulares. As necessidades não atendidas ou atendidas parcialmente trazem desconforto, que quando se prolonga, poderá ser causa de adoecimento para os envolvidos no processo de cuidado. (Ribeiro, 2012)

    Segundo Horta (1979) As necessidades se caracterizam por um estado de tensão conscientes ou inconscientes que levam o individuo a buscar satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. São classificadas como precisão: fisiológica, de segurança, de amor, estima e realização pessoal, e quando qualquer dessas indispensabilidades não é suprida o individuo fica predisposto a desenvolver um processo de doença.

    A hospitalização em unidade de terapia intensiva neonatal traz inúmeras implicações como medo, insegurança, culpa pena, impotência e esperança para os envolvidos no processo de hospitalização nesta unidade, recém-nascido, familiares e equipe multiprofissional. Ao adentrar em unidade de terapia intensiva a família traz consigo sensações novas, provando o risco de sequelas e da morte, e isso implica em temor que gera insegurança de realizar os cuidado domiciliar. O impacto da internação e permanência do neonato em terapia intensiva justifica a diversidades de sentimentos aflorados em familiares. (Oliveira e Lopes, 2006)

    A unidade de terapia intensiva neonatal é destinada aos recém-nascidos em estado grave. Apesar da divulgação dos procedimentos e serviços de alta tecnologia relacionados à saúde as UTI’s ainda suscitam sentimentos de negativos em familiares devido à sensação de eminência de morte. A família vive uma tensão entre a aproximação e o distanciamento do bebê, devido à internação, normas e rotinas da unidade de terapia intensiva, conflitos familiares e a possibilidade de morte do recém-nascido. Durante a visita os pais são surpreendidos por um estado inicial de choque provocado, a principio por nascimento inesperado de uma criança em condições adversas, e depois pelo desconforto com uma realidade diferente de idealizada. (Schmidt, Soares, 2012 e 2013)

    A internação prolongada do bebê e a privação do ambiente aumenta o stress dos pais e da família, podendo prejudicar o estabelecimento do vínculo e apego. Diante da importância da família no processo de saúde e doença surge a seguinte questão norteadora: quais as necessidades de familiares de pacientes internados em unidade de terapia intensiva neonatal? Embora haja estudos relacionados com as necessidades de familiares de crianças em unidade de terapia intensiva, são poucos os que tratam especificamente das necessidades dos familiares envolvidos no processo de internação. A família e de vital importância nas questões referentes ao processo de saúde e doença do seu familiar.É importante ressaltar que o envolvimento da família na assistência humanizada do paciente facilita a visão holística no processo de cuidar do neonato. O presente estudo teve como objetivo investigar as necessidades dos familiares de pacientes internados em unidade de terapia intensiva neonatal por intermédio de uma revisão de literatura e assim conhecer as particularidades desse grupo.

Metodologia

    Para o desenvolvimento deste estudo sobre as necessidades de familiares de pacientes internados em unidade de terapia intensiva neonatal, foram reali­zadas buscas de literatura científica nas seguintes bases de dados on-line/portais de pesquisa: Scielo, Lilacs e Bdenf. Os descritores e expressões utilizados durante as buscas nas bases de dados foram: necessidades, relações familiares e terapia intensiva. Foram utilizados os artigos publicados nos últimos oito anos, os quais correspondem aos anos de 2005 ao ano de 2013, escritos em português, que apresentassem relevância relativa ao tema pesquisado. Foram achados 50 artigos, sendo sido excluídos os artigos publicados antes do ano 2005 e/ou que não contemplassem o texto completo. Os artigos foram estudados em sua plenitude e compi­lados a partir do eixo central da pesquisa.

Resultados

    Dos resultados encontrados a maioria se referia especificamente a necessidades de Informação, Conhecimento, Vínculo e Afetividade e assim foram divididos para determinar as categorias de analise do assunto.

Categoria 1. Necessidade de informação e conhecimento

Autor ⁄ Ano

Metodologia

Necessidades familiares

Lunardi, 2005

Relato de experiência, realizado inicialmente através da observação, e posteriormente interpretação dos significados e valores expressos pela família durante a interação

A orientação das famílias sobre as rotinas da UTIN proporciona o acolhimento o respeito e o cuidado.

 

 

 

Perlin, 2013

Estudo descritivo e transversal com abordagem qualitativa.

E fundamental que os familiares em especial a mãe sejam apoiados pela equipe de saúde atuante na unidade, tendo suas dúvidas esclarecidas e angustias diminuídas satisfazendo suas necessidades físicas e emocionais tornando o momento da visita mais prazeroso.

Molina, 2009

Estudo descritivo e transversal, com abordagem quantitativa.

Comunicação com a família durante o horário de visitas, ameniza as sensações de medo e angustia.

 

Soares, 2010

 

Estudo descritivo com abordagem qualitativa, com entrevista semi- estruturada.

Os familiares de pacientes em unidade de terapia intensiva necessitam de informações que lhes proporciona segurança, uma vez que a falta de informação conduz os familiares a incertezas que normalmente lhes causam apreensão e ansiedade, dificultando ainda mais o enfretamento dessa situação.

Marques, 2009

Estudo exploratório, descritivo, de abordagem quantitativa.

Clareza de informações relacionadas ao ambiente da unidade de terapia intensiva, identificação da equipe de enfermagem como possível referência para lhe dar esse suporte, devido a sua maior proximidade e permanência junto à criança diminui a tensão da família

Ribeiro, 2012

Estudo exploratório transversal com abordagem quantitativa.

Os familiares necessitam de receber informações precisas e claras, anseiam por conversas sobre a condição e prognostico do seu familiar doente e desejam receber informações da enfermagem acerca dos cuidados prestados, da rotina da unidade,dos equipamentos e de tudo que possa ser utilizados para restabelecimento da saúde do família.

 

Categoria 2. Necessidades de vínculo e afetividade

Autor/Ano

Metodologia

Necessidades familiares

Moretto et al., 2007

Pesquisa qualitativa, descritiva exploratória abordagem quantitativa.

Sensibilizar os profissionais quanto à importância da família na vida da criança principalmente no momento como a hospitalização é um passo importante para que haja mudança de comportamento e uma melhor aceitação da família dentro dessas unidades.

 

Schmidt, 2012

Estudo descritivo com abordagem qualitativa.

Valorização dos sentimentos expressos pela família visando minimizar sequelas emocionais e psicológicas que usualmente a caracteriza.

Frizon et al., 2011

Pesquisa qualitativa exploratória e descritiva.

Os sentimentos de tristeza, angustia, medo e impotência, seriam minimizados se o espaço de sala de espera fosse ocupados por multiprofissionais da saúde, que oferecessem o acolhimento a esses familiares, preparando-os para a visita do seu familiar e esclarecendo duvidas.

Oliveira, 2006

 

 

Pesquisa qualitativa descritiva transversal

Acolhimento a família no ambiente da terapia intensiva, incluindo-a na perspectiva de cuidado minimiza angustia.

Discussão

    Alguns autores como Perlin, Soares (2013 e 2010) defendem a Informação e o Conhecimento como necessidade familiar principal. Os familiares necessitam obter informações claras e precisas sobre a condição do seu familiar doente, é uma estratégia de proporcionar segurança empregando a certeza de que tudo irá acabar bem.

    Segundo Tamez e Silva (2002), Na primeira visita dos pais o profissional deve explicar todo o equipamento envolvido no cuidado do recém- nascido informando sobre o que esta ocorrendo, o curso da doença e o plano de tratamento. Essa informação traz segurança e ajuda a diminuir estresse, possibilitando aos pais fazer parte do tratamento. Os pais devem ser encorajados e verbalizar suas preocupações e sentimentos, falar sobre o assunto alivia o estresse, e ajuda reduzir o medo do desconhecido, uma vez que o medo do desconhecido favorece a formação distorcida da realidade.

    É fundamental que os pais sejam apoiados pela equipe atuante na unidade terapia intensiva tendo suas dúvidas esclarecidas e angustias diminuídas satisfazendo, suas necessidades emocionais. Durante a primeira visita devem ser acompanhados pelo profissional para que sejam passadas informações necessárias a sua compreensão da situação vivida pela criança. É importante planejar uma assistência humanizada ao considerar as necessidades de familiares, fornecendo informações claras e objetivas, que acabem por levar à família a certeza de que o melhor tratamento esta sendo oferecido ao seu parente internado. (Soares, 2010; Perlin, 2013)

    A informação a situação vivenciada pela criança deve esta inserida no planejamento e na organização do serviço por meio de praticas co- construtivas em atos solidários e sensíveis as necessidades singulares dos familiares para que a família seja vista como unidade de cuidado. (Ribeiro, 2012)

    A família necessita de mais clareza de informações, relacionadas ao ambiente da unidade de terapia intensiva, identificando na equipe de enfermagem uma possível referência para lhe dar suporte, justamente por reconhecerem sua maior proximidade e permanência junto ao paciente. (Marques, 2009)

    A família pode contribuir muito para a recuperação do paciente, mas para que isso possa acontecer, a família precisa ser orientada sobre a rotina da UTIN e sobre o que esta acontecendo com seu familiar, necessitando sentir-se acolhida, respeitada, e, também cuidada.É preciso priorizar o cuidado humanizado aos pacientes críticos e seus familiares enquanto e para facilitar o atendimento é imprescindível a comunicação e o relacionamento terapêutico como essência desse tipo de cuidado. (Lunardi, 2005).

    Segundo Tamez, Silva (2002) A mudança de ambiente e, a ausência da família diminui consideravelmente o vinculo afetivo, que constitui principal necessidade familiar, a família pode contribuir muito para a recuperação do recém-nascido.O incentivo dos pais a tocarem o filho de forma correta sem aumentar o estresse do recém-nascido faz parte do mecanismo de apego e deve ser incentivado de acordo com as condições do paciente. Incentivar a visitas dos pais, promovendo horário flexíveis ajudam a promover a afeição dos pais para com o filho. Promover o envolvimento e o aprendizado dos pais, auxilia os pais se sentirem capazes de proporcionar cuidados minimizando a angustia e a ansiedade.

    Mesmo a família encontrando-se em um estado de fragilidade emocional ou de crise, continua ocupando um papel de destaque para o paciente, contribuindo para que se sinta protegido, mais seguro, amado e significativo para o seu grupo familiar, tais sentimentos na maioria das vezes estimulam a luta pela vida. (Oliveira, 2007).

    O vinculo com a família e de vital importância nas questões que se referem ao processo de saúde/doença do seu familiar, que por diferentes motivos, necessita hospitalizar- se, numa unidade de terapia intensiva neonatal, favorecendo a ruptura da rede familiar. Neste ambiente crítico, a separação do doente de sua família e praticamente imposta pelas circunstâncias da internação e por rotinas de visitas muitas vezes rígidas, que fazem com que os familiares mantenham- se muito distantes. (Frizon, 2011)

    Deve-se considerar que no ambiente de unidade de terapia intensiva, a criança não pode ser vista isoladamente, mas sim, como binômios mãe e filho. Assim, neste contexto não é apenas a criança que precisa de cuidados, mas também sua família precisa ser acolhida, apoiada isto, é, cuidada. (Moretto, 2007)

    Considerar as opiniões, questionamentos e sentimentos, pode construir interações afetivas de compartilhar os cuidados e de elevando a satisfação dos familiares com relação à assistência prestada, minimizando a tensão gerada no processo de internação e tornando o momento entre os pais e filhos mais agradável.(Schmidt, 2012).

    Junto a família, a criança sente- se segura cuidada, animada, acomodada, descansada, alegre, amada e protegida, tornando-se mais forte para enfrentar a doença e a internação. A ausência da mãe provoca uma serie de dificuldades durante a hospitalização por esta razão salientam o acompanhamento junto ao paciente durante todo o processo de recuperação da doença (Molina, 2009).

Consideracões finais

    Ao analisar as necessidades de familiares de pacientes internados em unidade de terapia intensiva neonatal, pode- se perceber que a Informação/Conhecimento e Vinculo/Afetividade foram as necessidades mais abordadas, uma vez que a partir das informações passadas com clareza e o conhecimentos sobre a rotina da UTI e possível um atendimento humanizado.

    O vinculo e a afetividade depende diretamente da comunicação entre os profissionais e os familiares, dessa forma seriam minimizados os sentimentos de medo, tensão, tristeza e impotência diante da situação. A informação prepara os familiares para a visita tornando esse momento mais prazeroso, e incentivando o vinculo afetivo entre pais e filhos.

Referências

  • FRIZON, G. NASCIMENTO, E.R. BERTONCELLO, K.C.G. MARTINS, J.J. Familiares na Sala de Espera de uma Unidade de Terapia Intensiva. Mar Porto Alegre. Rev Gaúcha de Enfermagem; 2011, 72 p.

  • HORTA, W.D.E.A. Processo de Enfermagem. São Paulo; EPU, 1979.

  • LUNARDI, V.L. SILVEIRA, R.S. FILHO, W.D.L. OLIVEIRA, A.M.N. Uma tentativa de humanizar a relação da equipe de enfermagem com a família de pacientes internadas na UTI. Nov. Rev Enfermagem Florianópolis; 2005, 125-30p.

  • MARQUES, R.C. SILVA, M.J.P. MAIA, F.O.M. Comunicação entre profissionais de saúde e familiares de pacientes em terapia intensiva. Jan Mar. Rev de Enfermagem; 2009 91-5p.

  • MOLINA, R.C. FONSECA, E.L. WAIDMAN, M.A.P. MARCON, S.S. A percepção da família sobre sua presença em uma unidade de terapia intensiva pediátrica e neonatal. Set. Rev Enfermagem USP; 2009, 630-8p.

  • MORETTO, R.C.M. BERCINI, L.O. VARELLA, P.L.R. MARCON, S.S. CASTILHO, A.S. Presença da família nas unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal visão da equipe multidisciplinar. Set. Rev Enfermagem; 2007, 437-44p.

  • OLIVEIRA, B.R.G. LOPES, T.A. VIERA, C.S. COLLET, N. O processo de trabalho de equipe de enfermagem na UTI neonatal e o cuidar humanizado. Nov. Rev Enfermagem Florianópolis; 2006, 105-30p.

  • PERLIN, D.A. OLIVEIRA, S.M. GOMES, G.C. A criança na unidade de terapia intensiva impacto da primeira visita da mãe. Mai. Rev Gaucha de enfermagem; 2013, 159-63p.

  • RIBEIRO, F.S.P. SANTOS, M.H. SOUZA, F.G.M. SANTANA, E.E.C. et al. Descrevendo as Necessidades de Familiares de Crianças Internadas em unidade de terapia intensiva neonatal. Abr. Rev Enfermagem em foco; 2012, 186-9p.

  • SCHMIDT, K.T. SASSA, A.H. VERONEZ, M. HIGARASHI, L.H. MARCON, S.S. A primeira visita ao filho internado na unidade de terapia intensiva neonatal percepção dos pais. Mar. Rev Enfermagem em foco; 2012, 73-81p.

  • SOARES, L.O. SANTOS, R.F. et al. Necessidades de familiares de pacientes internados em unidade de terapia intensiva neonatal. Out-Dez. Rev Enfermagem Florianópolis; 2010, 644-45 p.

  • TAMEZ, R.N. SILVA, M.J.P. Enfermagem na UTI Neonatal Assistência ao Recém- Nascido de Alto Risco. Segunda Edição, 2002. 171-4 p.

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