Fatores hidrodinâmicos de interferência no rendimento da nataçãoFactores hidrodinámicos que afectan el rendimiento en natación |
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Professor Doutor da Disciplina de Natação I e II da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo Professor Titular da Universidade Guarulhos e Professor Titular e Pesquisador do CEPESq - UniÍtalo |
Dr. Antonio Carlos Mansoldo (Brasil) |
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Resumo O ambiente aquático é o meio onde o nadador deve procurar dominar ao máximo para encontrar as condições ideais para se deslocar com eficiência, para tanto quanto mais conhecermos os princípios físicos que nos envolvem, mais poderemos entender e aproveitar as condições que tal meio apresenta. Diante desta necessidade o artigo em questão tenta apresentar um apanhado geral da interpretação destes princípios e a sua utilização na Natação, caracterizando o próprio ambiente aquático, densidade dos líquidos, flutuabilidade, arrastos, propulsão e técnicas de execução adequadas dos movimentos natatórios. Unitermos: Natação. Hidrodinâmica. Hidrostática.
Abstract The aquatic environment is the environment in which the swimmer must seek to dominate best to find the ideal conditions to move efficiently, therefore the more we know the physical principles that surround us, the more we understand and take advantage of the conditions means that such features. Given this need the article in question attempts to present an overview of the interpretation of these principles and their use in swimming, featuring himself aquatic environment, density of liquids, buoyancy, drags, propulsion and execution techniques of swimming movements. Keywords: Swimming. Hydrodynamic. Hydrostatic.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Este estudo é uma revisão de literatura referente aos assuntos relacionados ao comportamento dos corpos humanos envoltos no meio líquido (ambiente aquático) e o envolvimento desta condição em relação aos 4 dos nados competitivos. Abordamos assuntos técnicos hidrostáticos e hidrodinâmicos que influenciam a Natação tais como: flutuabilidade, arrasto, sustentação e propulsão. O assunto pesquisado envolveu os primeiros estudos sobre o tema em questão até os dias de hoje. Tal referencial teórico foi levantado com o objetivo de oferecer subsídios para alunos, professores e pesquisadores que militam na área da Natação.
Ambiente aquático
Um átomo de oxigênio ligado com dois átomos de hidrogênio formam uma molécula de água um líquido poderoso de onde provavelmente toda a vida se originou, sobrevier neste meio é e sempre foi um desafio para nós humanos que temos de nos adaptar a este ambiente para podermos dominá-lo. E para dominar um ambiente nada melhor que conhecê-lo em seus detalhes.
Densidade
A densidade da água é definida como massa por unidade de volume, e é designada pela letra grega p (rô). A relação entre p, massa e volume é caracterizada pela fórmula:
Na qual o m é a massa da substância cujo volume é o V. A densidade é avaliada pelo sistema internacional em quilogramas por metro cúbico (Kg/m3) ou gramas por centímetro cúbico se for o caso (g/cm3). A temperatura como variável tem ação determinante na constatação da densidade criando uma ordem de importância onde atua muito mais para os gases do que para os sólidos e líquidos.
Além da densidade, as substâncias são definidas pelo seu Peso Específico. A água doce pura tem seu peso específico por definição igual ao valor “1” quando sua temperatura for igual a 4ºC. Como este número é uma proporção ele não possui unidade. Já a água do mar contendo sal e outro elementos chega a ter um peso específico médio de “1,026”,temos que levar em conta que a salinidade que é o principal elemento na variação do peso específico da água dos mares, e variará conforme a concentração do cloreto de sódio nos diferentes oceanos e mares, assim como nas águas salobras de diferentes regiões. No caso do corpo humano embora seja predominantemente constituído de água, sua densidade é ligeiramente menor do que a da água, tendo um peso específico em média de “0,974” tendo que levar em conta que existirá diferença entre o homem e a mulher onde o sexo feminino terá um peso específico menor cerca de 10% em razão da maior quantidade de tecido adiposo (gordura que é menos densa) comparativamente com o homem que possui mais tecido muscular (mais denso que a gordura). A massa corporal magra, que é constituída pelos ossos, músculos, tecido conjuntivo e órgãos, em uma densidade na ordem de “1,1”, enquanto a massa de tecido adiposo (massa gorda), que inclui toda a gordura corporal essencial mais a gordura que excede as necessidades essenciais, tem uma densidade de “0,904”. Diante destes dados já podemos ter uma ideia que o corpo humano desloca um volume de água que pesa mais do que o corpo, forçando o corpo para cima por uma força igual ao volume de água deslocado, confirmando o Princípio de Arquimedes , que abordaremos mais adiante. Diante destes dados podemos iniciar a análise do comportamento do corpo humano no meio líquido no caso a água, porem não podemos deixar de mencionar a capacidade pulmonar como outro fator determinante da condição humana, que pode afetar de maneira definitiva a condição do corpo humano permanecer na superfície ou não em um ambiente aquático.
Flutuabilidade
Descoberta pelo inventor, matemático e engenheiro grego Arquimedes (282-212 AC) durante seu banho de imersão, a compreensão da flutuabilidade é um fator de suma importância para aqueles de alguma maneira se envolvem no meio líquido para atuarem como amadores ou profissionais, pois como já foi dito no inicio deste capítulo, dominarmos o meio líquido, é uma façanha que desafia o homem desde sua origem e quanto mais soubermos sobre a condição dos corpos humanos quando envolvidos em água mais poderemos controlar tais situações. Quando Arquimedes saiu correndo, segundo historiadores, gritando “Eureka”, estava ele se referindo a compreensão da condição de seu corpo ficar na superfície da água de sua banheira ao tomar banho e analisando esta condição criou o seguinte principio que leva seu nome: “Todo corpo mergulhado num fluido (líquido ou gás) sofre, por parte do fluido, uma força vertical de baixo para cima, equivalente ao peso do volume do fluido deslocado pelo corpo”.
Uma vez que a flutuabilidade é uma condição na qual nossa participação ativa não existe a não ser pelo fator respiratório que iremos abordas a seguir, temos então na compreensão da flutuabilidade segundo Arquimedes, três condições que poderemos encontrar quando um corpo estiver totalmente imerso em um líquido:
E = Empuxo - P = Peso específico ou força peso
Se o corpo permanecer totalmente parado no ponto onde ele foi colocado, significará que a intensidade da força de empuxo é igual à intensidade da força peso deste corpo (E = P).Condição I.
Condição II. Se este mesmo corpo afundar, significará que a intensidade da força de empuxo é menor do que a intensidade da força peso (E < P).
Condição III. Se este corpo for levado e permanecer na superfície, significará que a força de empuxo é maior do que a intensidade da força peso (E > P).
Levando-se em consideração as condições acima descritas, temos que pensar nas variáveis que estarão atuando quando o corpo humano for o alvo desta análise. Partindo desta premissa antes de analisarmos as variáveis humanas vamos observar as variáveis do meio líquido aonde nós humanos poderíamos nos encontrar.
Piscinas na sua grande maioria de água doce, este tipo de água tem sua densidade em torno de 1,00 g/cm³, por sua vez a água do mar em média, pois temos diferentes níveis de salinidade nos diferentes mares e oceanos, 1,04 g/cm³. Já o corpo humano tem dois diferenciações básicas, ou seja homem x mulher, levando em conta os tecidos básicos que nos compõem, no caso massa muscular em torno de 1,1 g/cm³ e o tecido adiposo com cerca de 0,9 g/cm³. Todos estes dados seriam fáceis de serem analisados e poderíamos teorizar facilmente sobre as condições de flutuabilidade de qualquer individuo que o desejasse. Porem um fator, podemos dizer, é preponderante diante de todos os dados fornecidos até agora, estamos falando da capacidade pulmonar ou capacidade vital, que em sua analise estabelece a condição de ser decisiva na possibilidade do sujeito flutuar ou não.
Qual seria então a grande importância dada à capacidade pulmonar quando se analisa a flutuabilidade? Esta pergunta poderá ser respondida a partir da compreensão de como o ar dentro dos pulmões se comporta, seu volume e sua distribuição. Diante mão podemos dizer que o ar que cabe em nossos pulmões ocupa espaços vazios aumentado a área corporal e portanto aumentado a força E (empuxo) sobre o nosso corpo.
Os volumes e as capacidades pulmonares representam a movimentação do ar em nossos pulmões, em cada movimento respiratório normal, movimenta-se um volume de ar que se denomina volume corrente (VC), isto quer dizer que há uma movimentação de entrada e saída de ar constante no volume aproximado de 500 ml em um sujeito jovem ou adulto normal. Além deste valor em transito, digamos assim, ficam nos pulmões cerca de 2.300 ml de ar em média, denominados de Volume Residual Funcional (VRF). Temos também o Volume de Reserva Expiratório (VRE), que a quantidade de ar que ainda pode ser expirada, pela expiração forçada, após o término da expiração corrente normal, com valor aproximado de 1.100ml. Além deste ar solto de forma forçada, nosso pulmões nunca ficam vazios, pois existe o volume residual (VR), que é o volume que permanece nos pulmões para que os mesmos não se colabem, este volume gira em torno de 1.200 ml. Há também o Volume de Reserva Inspiratório (VRI), que é o volume que pode ser inspirado alem do volume corrente normal, em média de 3.000ml. Então a Capacidade Inspiratória seria o volume máximo de ar inspirado a partir da distensão máxima dos tecidos pulmonares somando-se o volume corrente, que levando em conta os valores apresentados até agora somariam 3.500ml de ar. Outro volume que para nós seria importante computar é o volume da Capacidade Vital que seria o volume de ar possível de ser expirado e inspirado em seguida em uma condição máxima, que corresponderia aproximadamente em 4.500 ml de ar, que por definição seria o maior volume de ar que poderia ser movimentado em uma única ação respiratória compreendendo o Volume Corrente o Volume de Reserva Inspiratório e o Volume de Reserva Expiratório.
Temos então a Capacidade Pulmonar Total, que é o volume máximo que os pulmões podem ser distendidos através de um maior esforço respiratório possível somando cerca de 5.700ml de ar, na verdade este valor é a soma da Capacidade Vital mais o Volume residual dos pulmões.
Capacidade Vital (CV) = VC + VRI + VRE >............... 4.600 ml
Capacidade Inspiratória (CI) = VC + VRI >................... 3.500 ml
Capacidade Residual Funcional (CRF) = VRE + VR >.. 2.300 ml
Capacidade Pulmonar Total (CPT) = CV + VR ............. 5.700 ml
Devemos considerar que todos os volumes e capacidades pulmonares são cerca de 20 a 25% inferiores na mulher em relação ao homem, e obviamente apresentarão variações maiores em sujeitos atléticos do que em indivíduos de complexão menor.
Após a analise das Capacidade Pulmonares voltemos ao estudo da flutuabilidade que como dissemos anteriormente teriam entre si uma grande relação, relação esta que nos leva a considerar que qualquer corpo humano em apnéia expiratória, ou seja, ao soltarmos o ar de uma maneira natural e bloquearmos a respiração, possivelmente expulsaríamos cerca de 3.500 ml de ar ou mais, podendo chegar até a 4.600 ml, dependendo a intensidade da expiração. Este ar expulsado dos pulmões corresponderia à perda de empuxo proporcional a 1.000 gramas para cada 1.000 ml de ar, o mesmo ocorrendo no sentido inverso ou seja quanto mais ar conseguirmos inspirar proporcionalmente maior será a força de empuxo a nos sustentar na superfície do meio líquido.
Arrasto
Bastante conhecido como resistência, o arrasto é um importante elemento na análise do comportamento e deslocamento do corpo humano na água, e este arrasto envolveria a forma, o volume o contacto a velocidade de deslocamento e o vácuo deixado pela passagem do corpo pelo meio líquido. Cada uma destas situações envolve uma condição e analise especifica de seu efeito em nosso corpo, efeitos estes que longo dos anos tem-se tentado anular ou minimizar.
Arrasto de forma
Também chamado de arrasto frontal ou resistência frontal. O arrasto de forma tem uma condição muito especial quando falamos do corpo em contacto com a água, sua atuação envolve particularmente cada corpo de nadador, cada nado e a técnica empregada nestes nados. Incidindo diretamente na cabeça, ombros, região lombar joelhos e pés, dependendo do nado, mais partes do corpo serão afetadas como membros superiores e inferiores, este arrasto pode ser minimizado pelo rolamento do tronco fazendo com que um ombro de cada vez toque a água, esta estratégia seria empregada nos nados Crawl e Costas, nas saídas e viradas dos 4 nados a posição hidrodinâmica torna-se indispensável, não nos esquecendo da fixação da cabeça entre os braços, o encaixe do quadril pode diminuir bastante a pressão para baixo que o contacto frontal com o fluxo laminar pode causar. Os joelhos também poderão causar um aumento do arrasto de forma desnecessário se forem flexionados alem dos 120º nos batimentos de pernas dos nados Crawl, Costas e Borboleta. Já no nado de Peito teremos a flexão da coxa sobre o tronco, que deverá ser apenas o suficiente para que os pés fiquem submersos, uma vez que as pernas estarão flexionadas ao máximo, neste caso o arrasto de forma da coxa é bastante elevado e seu excesso poderá inclusive elevar o quadril. Os pés estarão diretamente relacionados a capacidade de flexão plantar, também identificada por extensão dos pés, onde quanto mais fletidos estiverem menos água tocará seu dorso frontalmente este conceito seria aplicado aos nados Crawl, Costas e Borboleta, mais uma vez o nado de Peito é diferenciado, a flexão plantar dos pés só terá influencia na diminuição do arrasto, quando a pernas estiverem unidas e estendidas após a pernada, na curta fase do deslize. Não podemos nos esquecer que o arrasto de forma está intimamente ligado á morfologia do corpo que está em contacto com a água independentemente da técnica de deslocamento. O volume e a forma deste corpo podem ocasionar alterações significativas no arrasto. A forma praticamente é imutável, podendo ter pequenas alterações relacionadas à massa muscular (massa magra) e a massa de tecido adiposo (massa gorda), porém a estrutura esquelética que dá a forma principal ao corpo, esta é inalterável. Agora o volume ou o perímetro dos segmentos corpóreos, membros superiores e inferiores inclusive o tronco, estes sim podem sofrer alterações principalmente pela compressão dos tecidos que os revestem, fato este que só foi alcançado pela introdução dos Trajes de Natação que são tão justos e apertados que acabam diminuindo o perímetro dos segmentos pela compressão dos tecidos mais moles que os compõem. Ainda dentro do assunto resistências, temos aquela que ocorre pelo contacto do corpo com a superfície que o envolve, chamada de Arrasto de Contacto ou Arrasto de Fricção: diz respeito ao arrasto criado através do contacto da pele do nadador com o fluxo laminar de água que o envolve, este contacto na verdade é um atrito que faz com que toda a superfície corpórea exerça uma ação penetrante através do meio líquido onde cada elemento presente nesta superfície gere uma força resistiva ao deslocamento do nadador. Esta fricção ocorre no tecido de revestimento corporal e suas estrias, nos pelos, nos cabelos, unhas, bigodes e até mesmo verrugas e saliências teciduais. Até bem pouco tempo nos nadadores utilizavam um meio bastante eficaz de redução desta resistência que era a tricotomia total ou seja raspagem de todos os pelos, cabelos e bigode, para assim eliminar dentro do possível este atrito friccional. Então mais uma vez a solução tecnologia chegou com força total minimizando este problema de fricção sem a necessidade destas raspagens em razão do traje de natação ter seu ponto alto tecnológico na estrutura de sua trama que foi criada a partir da observação dos tecidos de revestimento (pele) dos tubarões, os quais possuem sulcos milimétricos por onde o fluxo de água passa com maior velocidade, não só diminuindo o arrasto de fricção com também criando pequenas diferenças de pressão as quais oferecem uma condição ótima de deslocamento propulsivo. Esta descoberta, chamada de FAST SKIN (pele rápida) foi tão sensacional para a Natação mundial que em menos de 10 anos praticamente todos os nadadores do mundo já possuíam um modelo, todas as principais marcas de produtos esportivos já pesquisavam e produziam seu traje rápido de Natação e foram surgindo novos modelos com novas tramas , novas costuras, novos desenhos, novas ranhuras novas fibras, até chegarmos aos modelos polêmicos testados pela NASA chamados LZR RACER, que segundo relatórios técnicos influenciam até no aumento da flutuabilidade do nadador.
Velocidade de Deslocamento
Entendida na Natação como “Lei Teórica do Quadrado”, esta lei quando analisada impressiona e ao mesmo tempo justifica enorme força que qualquer objeto despende ao ter que atravessar o meio líquido em altas velocidades. Antes de entrarmos na análise específica desta lei e sua aplicabilidade na Natação, vamos comparar velocidades de deslocamentos de dois dos mais usados transportes que conhecemos que são: o navio e o avião. Como exemplo, tomaremos o percurso de um avião internacional (Jumbo 747) viajando do Brasil para qualquer país da Europa; este avião teria sua velocidade de cruzeiro em torno de 850 a 950 Km por hora. Já um navio de cruzeiro internacional teria sua velocidade de cruzeiro em torno de 50 a 70 nós (os transatlânticos mais modernos do mundo) isto significa uma velocidade entre 70 a 90 Km por hora. Considerando o peso e a potência destes dois gigantes porque tal diferença; se considerarmos o peso e a potencia de ambos não haveria uma certa relatividade?, mas porque tanta diferença, praticamente 16 vezes entre um e outro. Em primeiro lugar temos que analisar os ambientes em que estes se deslocam. A água é cerca de 800 vezes mais densa que o ar, daí então tamanha discrepância entre o meio em que um navio e um avião se deslocam, outro elemento a ser considerado, é que para o avião se sustentar no ar sua velocidade tem que criar a sustentação criada pela pressão do ar sob as asas. Como exemplo, para que um Jumbo 474 decole, sua velocidade mínima deverá ser em torno de 250 Km/h. Já um navio em razão do empuxo não precisa de força de sustentação para permanecer na superfície, porem o mesmo tem que vencer o arrasto (resistência) que o envolve, e quanto maior for a velocidade maior será o arrasto na proporção de “o dobro de velocidade contra o quádruplo de arrasto”. Considerando o assunto desenvolvido até agora, chega-se ao ponto já comentado do arrasto de fricção minimizado pelos Trajes de Natação, os quais serão banidos a partir de 2010, levando-se em conta que na verdade tal traje, cada vez mais aperfeiçoado, e com inúmeros recursos surgindo a cada dia, estava se tornando um equipamento e não uma vestimenta.
Sucção da extremidade
É o fenômeno causado pela passagem de um corpo através do meio líquido, deixando para trás uma área de baixa pressão (espaço com aparentemente menor quantidade de água que a região no entorno), criando-se assim uma força contrária ao deslocamento. É formada então a esteira, que na verdade é o rastro deixado pela passagem de uma pessoa, embarcação ou até mesmo animal aquático, que deslocando-se para frente na água, deixa um espaço teoricamente menos denso para trás, criando uma força contrária ao deslocamento, há ao mesmo tempo criando uma condição ideal na superfície para a mistura do ar com a água.
Turbilhão ou turbilhonamento
É o fenômeno das bolhas ou melhor da espuma que circunda qualquer objeto que se desloque sobre a água em determinada velocidade, este fenômeno ocorre em razão da mistura repentina do ar com a água, provocado pelo movimentação do líquido e também pela esteira deixada ao longo do percurso. Este turbilhão é podemos dizer, um elemento que causa perda de potencia ou de deslocamento em função da força motriz geradora do deslocamento não conseguir, em determinadas situações, aplicar a força propulsora em um ambiente totalmente denso e consistente. O ambiente turbilhonado é de certa forma preenchido por bolhas de ar, cuja densidade é 800 vezes menos densa que a água, tornando assim o meio em que a propulsão está se desenvolvendo inadequado para uma resultante propulsiva esperada. Para contornar este problema devemos procurar zonas de águas não agitadas, ou seja águas profundas, isto quer dizer que a medida que o força propulsiva for aplicada em um ambiente sem a presença bolhas de ar maior será o rendimento, desde que esta profundidade não implique numa diminuição de ação propulsiva. Como exemplo uma braçada muito funda poderia ocasionar uma diminuição do seu tamanho, o que não seria recomendável, porem alcançar uma profundidade mínima de braçada evitando o turbilhão e a água agitada, muito provavelmente irá contribuir para uma melhor eficiência propulsiva. Um outro exemplo muito interessante é o comportamento dos submarinos, quando o vemos na superfície, sempre ao seu redor existem as espumas brancas que são os turbilhoes e principalmente a sua calda em função da força motriz propulsora, há sempre uma esteira toada branca. Quando este submarino resolve aumentar sua velocidade para potencias máximas, ele submerge, para então conseguir propulsão integral sem o risco do turbilhão, pois a determinada profundidade jamais o ar irá se misturar com a água, isto só ocorre na superfície.
Cavitação
É o nome que se dá ao fenômeno de vaporização de um líquido pela redução da pressão, durante seu movimento. Poderiamos explicar este fenomeno de uma maneira mais simples analisando um liquidificador; as pás giram muito rápido um volume de líquido relativamente pequeno, não considere o formato dos helices, pois eles interfeririam no reciocinio. Voltando, quando um hélice gira muito em pouco líquido o líquido se agita porem o liquidificador não sai do lugar, se houvesse muito liquido e condições ideais ( hélices propulsivas e menos peso no liquidificador) este se deslocaria num volume maior de liquido. O Cavitar seria então, aproveitando o conceito para Natação, uma movimentação muito rápida na água porem em um volume de água não suficiente para gerar deslocamento ou propulsão.
Streamline position (posição hidrodinâmica)
Depois de analisarmos todas estas variáveis que envolvem o corpo humano quando ele está em contacto com a água, preferencialmente nadando, temos que considerar quais seriam as principais orientações hidrodinâmicas a serem recomendadas para quem quer ter maior eficiência em seu nado. A posição hidrodinâmica, seria a primeira seguida da movimentação dos membros inferiores e membros superiores, movimento axial (rolamento), respiração técnica e coordenação geral dos movimentos. Na posição hidrodinâmica temos que considerar principalmente o arrasto de forma, também chamado de atrito frontal, refere-se ao formato de um corpo diretamente envolvido no meio líquido e seus pontos de contacto os quais poderiam diminuir o deslocamento pela resistência causada. Na posição hidrodinâmica entram em ação o alongamento integral do corpo do nadador levando em conta: a posição das mãos as quais devem ficar com os dedos unidos, superpostas e o polegar superior deve firmar o bordo da mão inferior firmando-a. Os membros superiores devem ficar o mais estendidos possível, inclusive os ombros devem ser projetados à frente e a cabeça fixa entre os braços, possivelmente com os deltóides tocando as orelhas. O tronco permanece estendido enquanto o quadril tenta se encaixar diminuindo ao máximo a curvatura lombar que poderia criar uma pressão para baixo no nadador. Os membros inferiores ficam estendidos e unidos, com os pés também em extensão se possível em inversão sobrepondo-se um pé sobre o outro. Durante o deslocamento subaquático na posição hidrodinâmica, que ocorre durante a saída e as viradas na Natação, a posição das mãos, cabeça e membros superiores determinarão a horizontalidade do deslocamento ou sua alteração.
Movimentação dos membros inferiores
Responsáveis principalmente pela manutenção da posição horizontal, sustentação e propulsão os membros inferiores tem sua atuação secundária na ação propulsiva dos nadadores, uma vez que o raio de ação das pernas durante a movimentação dos nados é muito pequena, com exceção do nado de Peito, onde a movimentação é bastante ampla. Ao analisarmos a movimentação dos membros inferiores, precisamos considerar técnica e ritmo e velocidade. Nos nados Crawl e Costas o batimento de pernas deve ser feito com a inversão dos pés, ficando os mesmos voltados para dentro, para que a resultante do batimento seja helicoidal, criando um efeito hélice de propulsão. Outro aspecto relevante é mantermos a distância entre os pés o suficiente para não sofrermos o efeito da cavitação, distância esta entre 30 a 40 cm, devemos chamar esta distância de amplitude de movimentação, não esquecendo que os pés não podem sair da água (são até os calcanhares) pois no ar não conseguimos propulsão, só na água. O ritmo deve ser constante para não cairmos na inércia a qual causaria maior gasto energético e menor rendimento, quanto a velocidade ela deve ser graduada em função da distância a ser nadada em razão de consumir grande quantidade de energia e render em termos propulsivos, muito pouco, cerca de 9 a 10% nos nados citados. Considerando que a movimentação é alternada para baixo e para cima, o movimento para baixo é bem mais propulsivo, pois vai de encontro as massas de água não agitadas, sem turbilhão, e em maior volume. Para a golfinhada que é a movimentação da pernada do nado Borboleta, vale todos os quesitos citados acima, considerando que a velocidade e o ritmo são menores pois os movimentos são feitos com as pernas unidas, para baixo e para cima havendo um grande contacto com a água, porem um tanto quanto mais propulsivo, fato este notado na saída e nas virados dos nados Crawl Costas e Borboleta, onde os nadadores se utilizam desta movimentação para ter um maior rendimento, realizando a golfinhada subaquática. No nado de Peito os membros inferiores tem bastante relevância chegando a ter 50% do total propulsivo, onde a técnica e o ritmo tem mais importância do que a velocidade, em razão da movimentação ocorrer praticamente no plano horizontal e não vertical como nos demais nados e envolver uma movimentação bastante ampla a qual provoca um arrasto de forma bastante acentuado, o qual pode ser minimizado através de um ritmo de execução onde se respeite a fase de explosão que é a extensão dos membros inferiores para trás, para o lado e para baixo, a união dos mesmos e o aproveitamento da propulsão criada, ficando o nadador na posição hidrodinâmica por algumas frações de segundo, até reiniciar a próxima movimentação.
Movimentação dos membros superiores
A ação dos membros superiores (braços) é a principal ação propulsiva que o nadador tem a sua disposição, contrariamente ao que ocorre em terra, onde as pernas são motoras e os braços equilibradores, na água a coisa toda muda, e os braços passam a ter função primordial no deslocamento do nadador. Quando analisamos os tipos de braçadas dos 4 nados podemos classificá-las em duas categorias, ou seja as braçadas alternadas e as braçadas paralelas, estas ultimas pertencentes aos nados Borboleta e Peito e as alternadas pertencentes aos nados Costas e Crawl. Em relação à ação dos braços temos as fases de ação propulsiva e de recuperação que seria o retorno à posição inicial da braçada, sendo que nos nados Crawl Costas e Borboleta a ação propulsiva ocorre dentro da água e a recuperação é aérea, só havendo exceção no caso do nado de peito onde ambas as ações são subaquáticas. Para todos os tipos de braçada temos que considerar certos tipos de princípios que irão, uma vez respeitados, propiciar um maior aproveitamento da energia aplicada ao movimento. Começando pela terceira lei de Newton (Ação e Reação), muito abordada no ultimo livro de (Maglischo, 2007), onde o mesmo retifica sua analise, voltando ao antigo conceito de fazer força puxando a água para trás para ir para frente, sempre respeitando o traçado da braçada ou seja a varredura e as profundidades deste traçado, principalmente no início da braçada procurando alcançar uma profundidade de trabalho abaixo do turbilhão, não esquecendo que água funda é água rápida. Esta profundidade de trabalho não excede 30 cm caso contrário a mesma estaria interferindo no comprimento da braçada o que não é desejável.
Rolamento (movimento axial)
Quando se pratica os nados Crawl e Costas o arrasto de forma que ocorre nos ombros é bastante significativo, razão pela qual atualmente damos uma grande ênfase ao rolamento do tronco a cada braçada realizada nestes dois nados, com o intuito de minimizarmos o efeito de arrasto em ambos os ombros, fato este limitado apenas aos nados alternados, onde os nados Borboleta e Peito não se enquadram. O rolamento ocorre de maneira integral envolvendo todo o corpo do nadador, exigindo do mesmo o cuidado de manter o corpo alongado para este movimento ser efetivo; outro fator positivo do rolamento dos ombros (corpo todo) é a facilitação da recuperação do braço já trabalhado, ao ser realizado o rolamento o braço da recuperação praticamente fica livre da água e também consegue elevar o cotovelo bem para o alto que seria o ideal pra se criar um ângulo de penetração de 45◦. Este rolamento deve ser efetuado com o devido cuidado pois o mesmo é regulamentado pela FINA em no máximo 90◦, pois se aumentarmos este ângulo passaríamos à posição ventral. Outro aspecto bastante relevante é que durante rolamento o membro superior que esta tracionando consegue envolver na braçada um numero maior de músculos responsáveis pelo movimento.
Respiração técnica
Com exceção do nado de Costas todos os demais nados necessitam de movimentações diferentes para dar condições do nadador respirar durante o nado, a respiração na Natação deve obedecer as características de cada nado e interferir o mínimo possível no comportamento do corpo na água, quanto menos alterações, no posicionamento horizontal, ocorrerem durante o nado mais velocidade o nadador poderá alcançar. Definimos na Natação duas movimentações básica de respiração ou seja a frontal e a lateral (bilateral), esta primeira típica dos nados Borboleta e Peito e a segunda comum ao nado Crawl. Quando falamos em respiração não podemos nos esquecer do fator flutuabilidade em razão do volume de ar nos pulmões, sabemos que quanto mais ar nos pulmões mais o corpo flutua e menos arrasto com a água ele acaba tendo, então é aconselhável em todos os nados ficar sempre com os pulmões cheios de ar. Para tanto é necessário condicionar o nadador a ficar com o ar retido nos pulmões até a hora que desejar respirar, a partir daí deverá expirar o ar rapidamente pela boca e pelo nariz e em seguida inspira-lo novamente fazendo com que seus pulmões permaneçam o menor tempo possível com pouco ar, agindo assim a posição do corpo do nadador praticamente não sofrerá alterações durante a respiração técnica em razão do empuxo praticamente não sofrer alterações, caso contrário o corpo do nadador irá oscilar prejudicando seu desempenho.
Coordenação geral dos movimentos
A Natação é considerada um dos esportes mais completos em razão de sua execução consistir em movimentos de membros inferiores, membros superiores, rolamento do tronco e respiração técnica, tudo isto acontecendo de maneira harmoniosa e logicamente coordenada, onde cada ação depende da outra, exigindo do praticante movimentação de praticamente todo o seu corpo durante o nado. A coordenação dos movimentos natatórios é mais exigida quando nos referimos da relação membros superiores com a respiração, pois nos três nados ventrais, a respiração só ocorre de maneira satisfatória se coordenada com a braçada, e para cada tipo de braçada existe uma movimentação diferente para a respiração ser realizada, porem em todos estes casos a inspiração deverá ocorrer quando os M.S. não interferirem na movimentação da cabeça dentro do padrão técnico da respectiva respiração. Na coordenação braço perna, temos nos nados Crawl e Costas um ritmo de 6 batimentos alternados de pernas para um ciclo de braçada, isto quer dizer uma braçada direita e outra esquerda, já nado Borboleta temos dois batimentos de pernas (golfinhadas) para cada braçada e no nado de Peito temos uma pernada para cada braçada. Um fator que afeta profundamente a coordenação dos movimentos na Natação é o ritmo de execução dos batimentos de pernas, pois assim como nos braços existem os batimentos alternados e os simultâneos. No caso dos batimentos Crawl e Costas, durante as braçadas estes batimentos ocorrem de maneira contínua e intermitente, ou seja ritmo constante, no nado Borboleta cuja pernada é simultânea o ritmo é ditado pela braçada, isto quer dizer quando a braçada está na fase submersa ocorre uma golfinhada e quando a braçada vai penetrar a água ocorre a segunda golfinhada. No nado de Peito a pernada se alterna com a braçada ocorrendo em momentos distintos e com períodos de deslize, podemos dizer que a coordenação perna braço do nado de Peito é a mais complexa em razão de todos os movimentos ocorrerem submersos, exigindo do praticante sensibilidade para executar os movimentos de maneira seqüencial e dentro do momento adequado golpeando a água com as pernas de maneira explosiva na fase propulsiva, deslizando milésimos de segundo, recuperando de maneira mais lenta até deixar as pernas armadas para a próxima pernada, os membros superiores por sua vez também tem seus movimentos de vigor e deslize se contrapondo à pernada, especificamente executando-se da braçada de maneira potente e lançamento dos braços com menor velocidade e deslize de milésimos de segundo juntamente com as pernas.
Concluímos que são vários os fatores que influenciam a permanecia, deslocamento, flutuabilidade e propulsão do corpo humano durante a realização dos nados, como: Lei da Ação e Reação, Principio de Arquimedes, etc.
Referências bibliográficas
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 194 | Buenos Aires,
Julio de 2014 |