Fatores e mecanismos que afetam direta e indiretamente a freqüência cardíaca durante o exercício aeróbico, em indivíduos ativos não atletas Factores y mecanismos que afectan directa e indirectamente la frecuencia cardíaca durante el ejercicio aeróbico, en personas activas no deportistas |
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Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará (Brasil) |
Abraham Lincoln de Paula Rodrigues |
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Resumo Ao iniciarmos a realização de um exercício físico, os vários sistemas que formam o organismo humano geram uma série de respostas adaptativas visando superar o stress ao qual o corpo será submetido. Com relação ao sistema cardiorrespiratório uma das respostas fisiológicas ao estímulo gerado pelo exercício físico é a alteração na freqüência de batimentos cardíacos. O objetivo do trabalho foi discutir os fatores e mecanismos que atuam afetando diretamente e indiretamente na freqüência cardíaca no exercício aeróbio em sujeitos não atletas. Foram buscados artigos científicos das bases de dados eletrônicas Google Acadêmico e Scielo. A freqüência cardíaca (FC) é uma das principais variáveis fisiológicas relacionadas à prescrição e ao controle do exercício físico. Seu comportamento no exercício é alvo de investigação por parte dos cientistas. O conhecimento do comportamento da FC nas diversas situações de exercício é fundamental para a prescrição e controle do treinamento físico aeróbio. O estado de hidratação do indivíduo também pode influenciar na resposta da FC durante o exercício. Em condições de desidratação, uma seqüência de eventos fisiológicos ocorre no organismo visando manter a circulação adequada. O estado de desidratação provoca uma diminuição da volemia, comprometendo dessa forma o retorno venoso. Ocorre então um aumento da FC para compensar a diminuição do volume de ejeção. Outro fator que repercute na resposta da FC ao exercício físico é a ambiente. Em condições de um clima quente ocorrem ajustes compensatórios na FC, levando a uma aumenta da mesma, visando contrabalancear a redução no volume sistólico na tentativa de diminuir a queda no débito cardíaco durante a realização de exercícios aeróbios submáximos, o que acaba limitando a realização de exercícios, especialmente em indivíduos não aclimatados. Portanto, a utilização e o controle da FC durante o exercício pode servir como uma ferramenta importante para a prescrição e controle da intensidade do exercício aeróbio. Unitermos : Freqüência cardíaca. Exercício físico. Débito cardíaco.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Ao iniciarmos a realização de um exercício físico, os vários sistemas que formam o organismo humano geram uma série de respostas adaptativas visando superar o stress ao qual o corpo será submetido. Com relação ao sistema cardiorrespiratório uma das respostas fisiológicas ao estímulo gerado pelo exercício físico é a alteração na freqüência de batimentos cardíacos. O objetivo do trabalho foi discutir os fatores e mecanismos que atuam afetando diretamente e indiretamente na freqüência cardíaca no exercício aeróbio em sujeitos não atletas. Foram revisados periódicos das bases de dados eletrônicas Google Acadêmico e Scielo. Para a realização da busca, utilizaram-se os descritores “freqüência cardíaca”, “exercício físico”, “estresse ambiental” e “hidratação”. Foram encontrados 12 artigos que foram utilizados como base para a realização desse estudo de revisão.
2. Metodologia
Foram buscados artigos científicos de periódicos das bases de dados eletrônicas Google Acadêmico e Scielo. Para a realização da busca, utilizaram-se os termos descritores “freqüência cardíaca”, “exercício físico”, “estresse ambiental” e “hidratação”. Ao final da busca, foram encontrados 12 artigos que foram utilizados como base para a realização desse estudo de revisão de literatura.
3. Referencial teórico
Segundo Raxwal et al. (2001) a freqüência cardíaca (FC) é uma das principais variáveis fisiológicas relacionadas à prescrição e ao controle do exercício físico. Dessa forma, seu comportamento no exercício é alvo de investigação por parte dos cientistas. O conhecimento do comportamento da FC nas diversas situações de exercício torna-se assim fundamental para a prescrição e controle do treinamento físico aeróbio. Atualmente, sabe-se que mesmo antes iniciar um exercício físico, o corpo produz uma resposta antecipatória de acordo com a tarefa que será realizada, o que resulta em um aumento na freqüência cardíaca por meio de um aumento no fluxo anterógrado simpático e inibição recíproca da atividade parassimpática (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2011).
Ao iniciarmos um exercício físico a demanda de sangue para os tecidos musculares é aumentada, pois, principalmente a musculatura agonista envolvida no movimento precisa de mais nutrientes e uma maior oxigenação, dessa forma, faz-se necessário um aumento do aporte sanguíneo (ALMEIDA E ARAÚJO, 2003). Uma das primeiras respostas do sistema cardiorrespiratório é aumentar a FC. Esse aumento é provocado pela inibição vagal, sendo mediado por dois mecanismos distintos, o comando central e outro periférico. Esse mecanismo funciona da seguinte forma: os centros motores enviam impulsos para a área cardiovascular do cérebro, retransmitidos ao nodo sinusal via sistema nervoso autônomo. O comando periférico direciona os impulsos à área cardiovascular a partir dos mecanoceptores e dos metabolorreceptores. Os mecanoceptores localizam-se nas articulações e são acionados ao detectar movimento articular. Já os metabolorreceptores localizam-se nos músculos e respondem ao aumento da atividade metabólica.
Clausen (1977) afirma que existe uma estreita relação entre a intensidade do exercício e a FC. No exercício aeróbio contínuo, levando em consideração que a intensidade mantém-se constante, a demanda energética é constante, e por isso a oferta de oxigênio aos músculos estará em equilíbrio, esta condição é conhecida como steady state (estado estável). Ao atingir e durante essa fase não devemos esperar alterações da FC. Todavia, vale ressaltar que uma possível variabilidade da FC ao longo do exercício pode ocorrer em decorrência da contínua influência dos ramos autonômicos do sistema nervoso autônomo.
De acordo com Coyle e González-Alonso (2001) o estado de hidratação do indivíduo também pode influenciar na resposta da FC durante o exercício. Em condições de desidratação, uma seqüência de eventos fisiológicos ocorre no organismo visando manter a circulação adequada. O estado de desidratação provoca uma diminuição da volemia, comprometendo dessa forma o retorno venoso. A lei de Frank-Starling, diz que quanto maior a pré-carga (retorno venoso), maior o volume sistólico ou volume de ejeção. Com a redução do retorno venoso, ocorre uma diminuição do volume sistólico. Diante dessa situação, a FC tende a aumentar para compensar a diminuição do volume de ejeção. Controlar a FC através de um freqüencímetro pode ser uma boa estratégia, pois, valores distintos encontrados em determinados dias de treinamento, podem ser um indicativo de que o atleta encontra-se desidratado.
O estresse ambiental expressado através das condições climáticas também é um fator que afeta a resposta da FC ao exercício físico (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2011). Em condições de um clima quente ocorrem ajustes compensatórios na FC, levando a uma aumenta da mesma, visando contrabalancear a redução no volume sistólico na tentativa de diminuir a queda no débito cardíaco durante a realização de exercícios aeróbios submáximos, o que acaba limitando a realização de exercícios, especialmente em indivíduos não aclimatados.
4. Considerações finais
Portanto, considerando o conteúdo supracitado a respeito dos fatores e mecanismos que influenciam a FC durante o exercício aeróbio devemos levar em conta que a utilização e o controle da FC durante o exercício pode servir como uma ferramenta importante para a prescrição e controle da intensidade do exercício aeróbio, além de ser uma variável que hoje em dia, pode-se controlar e interpretar de maneira mais acessível. Dessa forma, sua utilização deve ser estimulada entre os educadores físicos, desde que seja feita uma interpretação dos dados obtidos de forma correta e baseando-se em critérios e recomendações científicas.
Referências
Almeida, M.B, Araújo, C. G. S. Efeitos do treinamento aeróbico sobre a freqüência cardíaca. Rev Bras Med Esporte 2003; 9:104-12.
Clausen, J. P. Effect of physical training on cardiovascular adjustments to exercise in man. Physiol Rev, 1977; 57: 779-815.
Coyle, E. F, González-Alonso, J. Cardiovascular drift during prolonged exercise: new perspectives. Exerc Sports Sci Rev, 2001; 29(2): 88-92.
McArdle, W. D; Katch, F. I; Katch, V.L. Fisiologia do exercício: nutrição, energia e desempenho humano. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
Raxwal, V; Shetler, K; Morise, A; Do, D; Myers, J; Atwood, J. E. Simple Treadmill Score To Diagnose Coronary Disease. Chest 2001; 11(6):1933-40.
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