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Contribuições do esporte adaptado para a 

inserção social a das pessoas com deficiência

Aportes del deporte adaptado a la inclusión social de las personas con discapacidad

 

*Doutoranda em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Mestre em Educação Especial (UFSCar); Especialista em Educação Física Escolar

Licenciada e Bacharel em Educação Física

**Graduandas do Curso de Licenciatura em Educação Especial da UFSCar

(Brasil)

Eliane Mahl*

do_mahl@hotmail.com

Carolina Bonatto Bruniera**

carolinabonatto@yahoo.com.br

Larissa da Costa**

larii_tdp@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa tem por objetivo investigar as contribuições do esporte adaptado para a inserção das pessoas com deficiência à sociedade, a partir da voz das pessoas com deficiência que praticam algum esporte adaptado as suas especificidades. A fim de responder a este objetivo esta pesquisa caracterizou-se como qualitativa, contando com a participação de oito atletas das modalidades esportivas Goalball e Handebol em Cadeira de Rodas. Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado elaborado pelos pesquisadores e a análise dos dados se processou pelo modelo descritivo. Os resultados apontaram que o esporte adaptado, apesar dos benefícios dos aspectos de ordem física, psicológica ou social, não contribui para uma inserção social ampla por parte dos atletas. Segundo os participantes, a inserção social só acontece no mundo esportivo adaptado e, o principal benefício do esporte para a inserção social de pessoas com deficiência é a ampliação da rede social de amizades, todavia, esta só ocorre dentro das próprias modalidades esportivas, proporcionando uma inserção apenas neste meio. Neste sentido, seria necessário promover uma inserção que ultrapassasse os muros e limites dos locais onde se desenvolve o esporte adaptado. Conforme citado, embora haja uma promoção de socialização, a vida das pessoas com deficiência não se resume a tais ambientes.

          Unitermos: Esporte adaptado. Deficiência. Inserção social.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Para se entender a importância dos esportes adaptados para pessoas com deficiências de ordem física, sensorial ou intelectual faz-se necessário um retrocesso às origens dos mesmos, principalmente pelas finalidades a que foram utilizados em cada contexto histórico.

    Gorgatti e Gortatti (2008) enfatizam que as atividades físicas ou mesmo os esportes para pessoas com deficiência vêm desde a Grécia Antiga e iniciou-se como tentativa de colaborar com o processo terapêutico, tinha a finalidade primordialmente médica visando prevenir e tratar lesões ou doenças. Araújo (2009) acrescenta, ainda, que a prática de esportes por pessoas com deficiência tiveram grande evidência após a Segunda Guerra Mundial (1945) e propunha minimizar as sequelas nos soldados vitimados por traumatismos em decorrência da guerra e “o esporte era entendido como acelerador do processo de reabilitação” (ARAÚJO, 2009, p. 337).

    Todavia, o esporte para pessoas com deficiência, da forma como é conhecido atualmente, não tem objetivos relacionados apenas a reabilitação: “Mais do que terapia, o esporte para esta população caminha para o alto rendimento e o nível técnico dos atletas impressiona cada vez mais o público e os estudiosos da área da atividade física e dos esportes” (GORGATTI; GORGATTI, 2008, p. 532).

    Surge assim o esporte adaptado, entendido como a adequação ou adaptação de um esporte já conhecido pela sociedade para atender as especificidades de pessoas com deficiência.

    O esporte adaptado pode ser definido como o esporte modificado ou especialmente criado para ir ao encontro das necessidades únicas de indivíduos com algum tipo de deficiência. Ele pode ser realizado de forma intergrada, em que os indivíduos com e sem deficiência praticam e competem juntos, ou de forma segregada, em que as pessoas com deficiência praticam e competem separadamente daquelas sem deficiência (GORGATTI; GORGATTI, 2008, p. 544).

    Atualmente, acredita-se que o esporte adaptado contribui significativamente para a inserção das pessoas com deficiência à sociedade, bem como trazem benefícios relacionados à melhor aceitação da deficiência, melhor interação com as pessoas ao seu redor, melhora da aptidão física, ganho de independência e autoconfiança para a realização das atividades diárias, melhora do autoconceito e autoestima, dentre outros benefícios.

    Buscando refutar, respaldar ou encontrar outros benefícios e contribuições do esporte para as pessoas com deficiência, a presente pesquisa tem como objetivo: investigar as contribuições do esporte adaptado para a inserção das pessoas com deficiência à sociedade, a partir da voz das pessoas com deficiência que praticam algum esporte adaptado as suas especificidades.

Método

    Está pesquisa teve enfoque qualitativo, delineado pelo modelo descritivo. Contou com a participação de 8 atletas, 5 com deficiência física e 3 com deficiência visual, do gênero masculino e de diferentes idades, que participam de projetos voltados ao esporte adaptado em um município de médio porte do interior paulista. Ressalta-se que, que estes atletas participam de projetos voltados ao Handebol em Cadeira de Rodas e ao Goalball.

    A escolha dos participantes da pesquisa seguiu os seguintes critérios: aceitar participar voluntariamente da pesquisa; ser maior de idade; apresentar deficiência; participar de equipes voltadas ao esporte adaptado.

    Para a coleta de dados utilizou-se de um roteiro de entrevista semiestrutura elaborado pelos pesquisadores, o qual foi testado a fim de verificar se o roteiro da entrevista respondia ao objetivo proposto na pesquisa e, para o registro dos dados coletados durante as entrevistas utilizou-se de um gravador.

    Para manter a identidade e integridade dos oito participantes da pesquisa, estes foram identificados como P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7 e P8.

Apresentação, discussão e análise de dados

    As informações pertinentes ao perfil e informações da deficiência dos participantes da pesquisa serão apresentados no quadro 1. Em seguida, serão abordas as contribuições do esporte adaptado para a inserção das pessoas com deficiência à sociedade, a partir das falas dos participantes desta pesquisa.

Quadro 1. Perfil dos participantes - (*) DV: Deficiência Visual, (**) DF: Deficiência Física.

    Observando o quadro 1, percebe-se que todos os participantes da pesquisa são do gênero masculino, evidenciando a pouca participação do público do gênero feminino nos esportes adaptados. Segundo Mourão (2000), isso acontece devido à falta de incentivo cultural voltado a prática esportiva por parte das mulheres, ainda persistindo o entendimento de que as mulheres deveriam ficar em casa cuidando dos afazeres domésticos e da educação dos filhos. Mourão (2000) acrescenta, ainda, que historicamente se as mulheres viessem a praticar algum esporte seria, aquelas pertencente à elite, ou seja, aquelas mulheres que pertencessem a uma classe social economicamente mais favorecida.

    Em relação à idade, como critério de inclusão nesta pesquisa estabeleceu-se que todos os participantes fossem maiores de idade, ou seja, tivessem mais de 18 anos de idade. Deste modo, observando o quadro percebe-se que a média de idade ficou de 35 anos sendo que o mais novo possuiu 20 e o mais velho 53.

    Dos oito participantes da pesquisa P1, P2, P3, P4, P5 apresentam Deficiência Visual, P2, P3, P4 e P5 com cegueira e P1 com baixa visão, e P6, P7 e P8 com Deficiência Física. 3 dos 8 participantes possuem deficiência física, sendo que P6 e P8 adquiriram a deficiência por meio da Poliomielite e P7 por sua vez adquiriu a deficiência por meio de amputação, devido um câncer aos onze anos de idade.

    Os outros 5 participantes possuem deficiência visual, dois deles (P3 e P4) de forma adquirida. Os outros 3 de forma congênita, sendo que todos foram acometidos por doenças que afetam de alguma forma o globo ocular, tais como: Catarata, diabetes, glaucoma/má formação de córnea, exceto P2 que não teve sua deficiência diagnosticada, porém segundo relatos do participante, sua deficiência possivelmente deve-se ao fato de que seus pais sejam parentes de primeiro grau.

    Quando aos esportes praticados, P1, P2, P3, P4 e P5 são atletas que participam de competições relacionadas ao Goaball e P6, P7 e P8 são atletas do Handebol em Cadeira de Rodas. Para investigar as possíveis formas de inserção que o esporte adaptado possibilitou aos participantes, questionou-se, primeiramente, se os mesmos acreditavam que o esporte poderia ser um facilitador ou um dificultador para a socialização e inserção/inclusão na sociedade. Foi unânime a resposta que o esporte adaptado é um facilitador.

    Destaca-se que P1, P2, P4, P5 e P8 informaram que a facilitação ocorre pelo conhecimento de novas pessoas, novas amizades. P2, P3, P5 e P8 entendem que a visão da sociedade também é alterada quando tratam de pessoas que praticam esporte adaptado e as não praticantes, ou seja, as pessoas sem deficiência ao observarem que as com deficiência podem e conseguem praticar esportes ficam surpreendidas, curiosas e abordam os atletas em busca de maiores informações, como foi reforçado por P3 e P8.

    Às vezes a gente está praticando esporte e o interessante é que no meio da sociedade as pessoas também vêm conversar com a gente, perguntar como é isso como é aquilo. A gente acaba esclarecendo dúvidas e eles veem que a gente também é capaz. Então de uma maneira ou de outra a gente acaba se interagindo mais com a sociedade e acaba até ajudando a tirar o preconceito que eles têm (P3).

    As amizades né? A gente vive um monte de preconceito, as pessoas nem conversam com a gente, depois eles vê o que a gente faz aqui, eles param, conversam com a gente, tiram dúvidas e podem depois sair falando coisas não tão cheias de preconceito (P8).

    Outro aspecto relacionado por P4 e P5 foi a possibilidade de adquirirem novos conhecimentos e P1, ainda, afirma que é um meio de se desenvolver de um modo geral para se adaptar e ficar mais a vontade frente as situações de convivência que a vida exige. P7 não soube responder a estes questionamentos.

    Notou-se que, a inserção e socialização das pessoas com deficiência física e visual por meio do esporte adaptado se dá com o estabelecimento de redes de amizades. Rocha e Miranda (2009) ressaltam que por meio do contato com outras pessoas é possível que se conheça mais sobre as deficiências, possibilitando uma inserção social, minimizando a exclusão e, para isso deve-se ter o conhecimento sobre as deficiências e assim, adaptar o contexto para minimizar as dificuldades geradas pela deficiência, focando nas possibilidades da pessoa antes de suas limitações.

    Posteriormente, indagou-se aos participantes da pesquisa se o esporte adaptado teria os ajudado na inserção social. Ressaltam-se aqui as respostas de P4, P5 e P6, os quais acreditam que a inserção ocorreu apenas no mundo esportivo, melhorando a inclusão no esporte, pois já se sentiam incluídos perante a sociedade, como se pode verificar em suas falas:

    É difícil responder essa pergunta pra você, ajudou ou não ajudou? Eu sempre me senti incluso mesmo antes do esporte (P5).

    [...] se a gente fizesse assim a título de competição e sair a gente poderia conhecer outras pessoas incluídas neste meio. Como a gente só fica por aqui então basicamente é o pessoal aqui que a gente conhece. Não tenho muito conhecimento com outras pessoas fora da minha cidade (P4).

    Sim, é, entre aspas, no mundo de handebol sim, no mundo esportivo de handebol. Porque eu já, eu sempre fui de viajar, vendedor, então eu sempre tive um bom relacionamento com a sociedade [...] sempre fui casca grossa nesse sentido (P6).

    P4 reforça, ainda, que não se sente inteiramente participante desta inserção social, contudo o pouco que se sente foi o esporte adaptado que proporcionou.

    De certa forma sim. Eu não sou assim tão participante da inclusão ainda né, mas eu acho que o pouco que eu sou incluído foi através do esporte que a gente vem fazer aqui. (P4).

    Outras contribuições citadas foram à possibilidade de fazer novas amizades por meio do esporte (P1, e P8), bem como uma maior visibilidade das pessoas com deficiência por meio das práticas esportivas (P2), além a possibilidade de viajar e conhecer lugares (P7, P8).

    Apesar da visão médica da deficiência ainda estar presente na sociedade, na qual a deficiência ainda é vista em primeiro plano, colocando o indivíduo a sombra de sua deficiência e segregando-os por tipos de limitações, percebe-se que a sociedade quando toma consciência das potencialidades das pessoas com deficiência já diminui os estigmas colocados, podendo proporcionar uma maior inserção dos mesmos.

    Para maiores aprofundamentos sobre os benefícios advindos do esporte para a vida dos atletas participantes da pesquisa, perguntou-se aos mesmos quais eram estes benefícios, especificamente aqueles relacionados aos aspectos físicos, psicológicos e sociais.

    Na questão do aspecto físico foi apontado por P1 e P5 melhorias na saúde, por P3, P7 e P8 no condicionamento físico, quando este cita que é adepto da musculação. Para P7 e P8 a condição física melhorou em função da redução das dores no corpo devido ao uso de prótese e a deficiência em si.

    [...] eu não conseguia andar com a prótese, agora depois do esporte eu tô conseguindo mais. (P7)

    [...] eu tinha muita dor no corpo, que nem eu fiz 13 cirurgias na coluna, então doía muito, depois que comecei a praticar essa dor minha sumiu da coluna, dor na perna. (P8).

    Em se tratando dos aspectos sociais, os participantes citaram que houve maiores oportunidades de sair mais de suas residências, redução da timidez de freqüentar outros ambientes da sociedade (espaços de lazer, comércio, etc.), melhora na convivência com outras pessoas, além de observarem que existe uma mudança na maneira com que a sociedade “olha” os atletas com deficiência, como menciona o P3 e o P8:

    Na questão da socialização, faz com que as pessoas te olhem com outros olhos, veem que você não é limitado e tem capacidade pra fazer um monte de outras coisas (P3).

    Hoje vou de peito aberto pra qualquer lugar que me chamar, eu to indo e não tenho mais vergonha, porque antigamente eu tinha vergonha. Eu cheguei a ficar um ano dentro de casa com vergonha de sair. Os amigos me convidavam eu me trocava chegava ao portão e falava “não vou” e voltava pra dentro (P8).

    Sobre os aspectos psicológicos os atletas acreditam que o esporte proporciona uma mudança de pensamento, fazendo com que eles adquiram pensamentos pautados na autoestima, na paciência, no respeito as regras e as próprias limitações e potencialidades, além da redução do stress e esquecimento dos problemas/dificuldades da vida cotidiana.

    No caso do psicológico você não fica parado dentro de casa amontoando um monte de besteira na mente (P3).

    Você aprende a respeitar mais as regras da vida. Respeita até mesmo o que sua deficiência te impõe e o que ela te possibilita. Você não se faz mais de coitadinho (P4)

    [...] porque às vezes você sai estressado do trabalho, ai você vem aqui joga, relaxa. Seu corpo e metabolismo melhoram e o seu corpo também e chega em casa relaxado (P5).

    Fica evidente que os participantes acreditam que existem muitos aspectos positivos na prática do esporte adaptado, sendo que os mesmos mencionam que adquirem benefícios na esfera psicológica, física e social, além disso, “é a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias da sua deficiência e promover a integração social e a reabilitação da pessoa com deficiência” (CARDOSO, 2011, p. 533).

    Gorgatti e Gorgatti (2008) enfatizam que embora o objetivo maior do esporte adaptado não seja a reabilitação das pessoas com deficiência e sim a competição, são inegáveis os benefícios que a sua prática pode proporcionar, principalmente nos aspectos psicossociais. Percebe-se assim que a prática de atividades relacionadas ao esporte adaptado atinge a pessoa com deficiência em várias perspectivas. A prática de atividades esportivas acaba contribuindo para o reingresso social, além de proporcionar melhorias em questões relacionadas a saúde, reabilitação e qualidade de vida. Deste modo, convém ressaltar a importância que o esporte adaptado trouxe a respeito da superação de limites e descobrimento de potencialidades por parte dos participantes da pesquisa, os quais são atletas de Handebol em Cadeira de Rodas e Goalball.

    Obviamente que, nas respostas de muitas das questões indagadas os participantes mencionaram que o fato de fazer novas amizades dentro do esporte tem grande importância na socialização e inserção social. Entretanto, P4 chama a atenção ao mencionar que:

    Se a gente viajasse mais a título de competição poderia conhecer outras pessoas incluídas neste meio. Como a gente fica muito por aqui (menciona a cidade em que reside) basicamente é o pessoal daqui que a gente conhece e assim não tenho muito conhecimento com outras pessoas de fora (P4).

    Desta forma, complementa afirmando que a prática do esporte aumentou a possibilidade de se relacionar com pessoas apenas dentro da modalidade esportiva, como citado na pesquisa de Oliveira et al. (2013, p. 169) quando o autor enfatiza que “o esporte adaptado indica agir positivamente nos aspectos sociais no que tange no relacionamento com amigos, passando de uma predominância baixa de relacionamentos (antes) para alto (após) a inserção na modalidade [...] entretanto, essas relações mostraram-se mais favoráveis quanto ao aumento das relações sócias com atletas e técnicos”

    P3 enfatiza que a convivência com a sociedade tem melhorado, pois as pessoas começam a olhar a deficiência de uma nova perspectiva, não a vendo como primeiro plano, olhando desta forma para as potencialidades do indivíduo e não mais para as limitações decorrentes das deficiências. Acredita-se, assim, que a principal contribuição proporcionada pela prática de esportes adaptados é o aumento da rede de relacionamentos que, se amplia principalmente no âmbito das próprias modalidades.

Considerações finais

    A presente pesquisa teve como propósito investigar as contribuições do esporte adaptado para a inserção das pessoas com deficiência à sociedade, a partir da voz das pessoas com deficiência que praticam algum esporte adaptado as suas especificidades. Levando em consideração as respostas obtidas nas entrevistas realizadas percebeu-se que a prática do esporte adaptado traz benefícios aos seus praticantes, sejam ele nos aspectos de ordem física, psicológica ou social.

    Nos aspectos físicos, os participantes relataram melhoria da saúde, reabilitação e qualidade de vida, maior mobilidade ou hábitos saudáveis. Quanto aos aspectos psicológicos nota-se a redução de stress, melhoria na autoestima, melhor relação no autoconceito e pensamentos positivos em relação à vida e, no aspecto social foi possível perceber aumento da rede de relacionamentos de amizade no âmbito das modalidades esportivas adaptadas e modificações nos entendimentos que as pessoas não acometidas por deficiências tem em relação as possibilidades das pessoas com deficiência.

    Constatou-se que, ao contrário das expectativas das pesquisadoras e conforme “a voz das pessoas com deficiência” que o esporte adaptado, nos moldes da cidade onde foi aplicada a pesquisa, apesar dos benefícios nos aspectos de ordem física, psicológica ou social, não contribui para uma inserção social ampla por parte dos atletas que participam de projetos voltados ao esporte adaptado. Segundo os participantes desta pesquisa, a inserção social só acontece no mundo esportivo adaptado. Os relatos dos 8 participantes da pesquisa apontam que o principal benefício do esporte para a inserção social de pessoas com deficiência é a ampliação da rede de amizades, todavia, esta só ocorre no âmbito das próprias modalidades esportivas adaptadas, proporcionando uma inserção social apenas neste meio.

    Neste sentido, seria necessário promover uma inserção que ultrapassasse os muros e limites dos locais onde se desenvolve o esporte adaptado. Conforme citado, embora haja um aumento significativo das redes de amizades e acesso a diferentes ambientes sociais (espaços de lazer, comércio, etc.), a vida das pessoas com deficiência não se resume apenas a tais ambientes. Deste modo, ainda há muito a ser feito para a inserção das pessoas com deficiência em todos os ambientes e contextos da sociedade se faça de forma concreta.

    Ressalta-se, também, que a lenta evolução e conhecimento a respeito do esporte adaptado se dão pela falta de investimentos no esporte adaptado, ausência de interesse do poder público, insuficiência de apoio de patrocinadores, carência de políticas públicas, escassez de investimentos na infraestrutura e nos recursos específicos para a prática de modalidades esportivas adaptadas, as quais desaceleram os entendimentos sobre os benefícios e contribuições do esporte adaptado para as pessoas com deficiência.

    Constata-se, portanto, que apesar da evolução ao longo dos anos do esporte adaptado, há a necessidade de maior aderência, maior participação da população, bem como a ampliação de políticas públicas para o esporte e lazer da população com deficiência.

Referências

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