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Benefícios da atividade física em grupos geriátricos.
Uma revisão literária

Los beneficios de la actividad física en grupos geriátricos. Una revisión de la literatura

 

*Graduada em Educação Física pela Fagammon, Lavras, MG

**Professor da Faculdade Presbiteriana Gammon – FAGAMMON

Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS

Universidade Vale do Rio Verde – UNINCOR, Minas Gerais, MG

Jéssica Boson de Castro Kersul*

Giuliano Roberto da Silva**

giumusc@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve por objetivo: verificar na literatura atual os benefícios da atividade física em grupos geriátricos, grupos estes caracterizados por pessoas que estão na faixa etária acima de 60 anos de idade. As atividades analisadas foram: dança, hidroginástica, exercícios de forma resistidos, caminhada, yoga e flexibilidade. Notamos que todas essas atividades são descritas na literatura como benéficas para promover aos seus praticantes inúmeros ganhos positivos tais como: melhora da socialização (situação essa bastante carente), melhora acentuada no equilíbrio corporal (evitando quedas e fraturas que são bastante frequentes na terceira idade), diminuição de dosagens medicamentosas (principalmente no controle de doenças como hipertensão arterial), melhora da força de resistência muscular localizada (propiciando uma melhor realização das Atividades da Vida Diária), ganho considerável na flexibilidade (agregando mais agilidade na movimentação corporal), melhora da saúde óssea (retardando o agravamento do processo de osteoporose), melhora da postura corporal (evitando sobrecargas e lombalgias), aumento da taxa de metabolismo basal (melhorando o controle da adiposidade corporal). Todavia percebemos que o envelhecimento populacional é uma realidade no nosso país, assim como em todo o mundo. Com o aumento do número de idosos, ocorre um aumento das doenças associadas ao envelhecimento. A atividade física regular pode contribuir muito para evitar as incapacidades associadas ao envelhecimento, porém, necessitamos estar atentos na qualidade de prestação de um trabalho físico desenvolvidos por profissionais da área de Educação Física, com ótima formação acadêmica e boa experiência profissional. Só assim teremos uma grande qualidade dos serviços prestados para esse grupo de pessoas que necessitam de um controle de qualidade em suas atividades físicas.

          Unitermos: Atividade Física. Geriátrico. Grupos.

 

Resumen

          Este estudio tuvo como objetivo: identificar en la literatura actual acerca de los beneficios de la actividad física en grupos geriátricos, caracterizados por personas que están en el grupo de edad de más de 60 años. Las actividades analizadas fueron baile gimnasia acuática, ejercicios resistidos, caminata, yoga y flexibilidad. Consideramos que todas estas actividades se describen en la literatura como beneficiosas para promover en sus practicantes numerosos beneficios como la mejora de la socialización (situación esta bastante necesitados), una marcada mejoría en el equilibrio del cuerpo (prevención de caídas y fracturas que son muy comunes en los ancianos), reducción de la dosis de los fármacos (especialmente en el control de enfermedades como la hipertensión), mejora de la fuerza de la resistencia muscular (que proporciona una mejor comprensión de las Actividades de la Vida Diaria), una considerable ganancia en la flexibilidad (añadiendo mayor agilidad en los movimientos del cuerpo), mejorar la salud ósea (frenando el proceso de la osteoporosis) mejorar la postura corporal (evitando las sobrecargas y el dolor de espalda baja), el aumento de la tasa metabólica basal (mejorar el control de la masa corporal). Sin embargo, nos damos cuenta que el envejecimiento de la población es una realidad en nuestro país y en todo el mundo. Con el creciente número de personas de edad avanzada, se produce un aumento de las enfermedades relacionadas con la edad. La actividad física regular puede hacer mucho para evitar las discapacidades asociadas con el envejecimiento, sin embargo, tienen que ser conscientes de la calidad de la prestación del trabajo físico desarrollado por profesionales en el área de Educación Física con una buena formación académica y experiencia profesional. Sólo entonces tendremos una gran calidad de los servicios para este grupo de personas que necesitan un control de calidad en sus actividades físicas.
          Palabras clave: Actividad física. Geriatría. Grupos.

 

Abstract

          This study aimed to: determine the current literature about the benefits of physical activity in geriatric groups, these groups are characterized by people who are aged above 60 years of age. The activities analyzed were: dancing, water aerobics, resistance workouts, hiking, yoga and flexibility. We note that all these activities are described in the literature as beneficial to promote its practitioners numerous positive gains such as improved socialization (a situation very poor), marked improvement in body balance (preventing falls and fractures that are quite frequent in the elderly), reduction of drug dosages (mainly in the control of diseases such as hypertension), improves the strength of muscular endurance (providing better performance of "Activities of Daily Living"), considerable gain in flexibility (adding more flexibility in body movement), improved bone health (slowing the deterioration of the process of osteoporosis), improved posture (avoiding overloads and low back pain), increased basal metabolic rate (improving the control of body fat). However we realize that population aging is a reality in our country and around the world. With the increasing number of elderly, there is an increase in diseases associated with aging. Regular physical activity can contribute greatly to prevent the disabilities associated with aging, however, need to be vigilant as to provide a physical work developed by professionals in the field of "Physical Education", with excellent academic background and good experience. Only then will we have a great quality of services for this group of people who need a quality control in physical activities.

          Keywords: Benefits. Physical activity. Geriatrical.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Terceira Idade é a definição usada para caracterizar o grupo de indivíduos que atingiram os 60 anos de idade, acumulando a experiência das décadas vividas. Em algumas regiões do mundo esse grupo dos idosos já é maior que o grupo de pessoas em idade infantil, um fato inédito na historia da sociedade humana (BARBOSA, 2001 & PERRACINI, RAMOS, 2002).

    Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2004), estima-se que em 2025 a população da terceira idade no planeta atingirá os impressionantes 2 bilhões de membros.

    A forma pela qual a pessoa envelhece não depende apenas da sua constituição genética, mas também da vida que leva. Algumas teorias propõem que o ritmo está associado à vitalidade que os indi­víduos trazem consigo ao nascer e a sua capacidade de mantê-la durante toda vida (HEIKKINEN, 1998).

    As mudanças no estilo de vida, incluin­do os níveis de atividade física e a dieta, podem contribuir para o processo de prevenção de doenças que se manifestam com a idade, principalmente os problemas funcionais que se evidenciam nas pessoas mais velhas (BOUCHARD et al, 1993).

    A qualidade de vida é definida como o nível de satisfação com a vida, a qual depende da inter-relação de múltiplos fatores, visto que há fortes influências dos hábitos de vida de cada pessoa, da ativi­dade física, da dieta, do comportamento preventivo, da percepção de bem-estar, das condições físicas e ambientais, da renda, da percepção subjetiva de saúde, do relacionamento familiar, das amiza­des e dos aspectos espirituais e religiosos (LAWTON, 1991; SILVA, 1999; NAHAS, 2001; NERI, 2001).

    Por outro lado, sabe-se que o processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de alterações fisiológicas ocorridas no organismo, bem como pelo surgimento de doenças crônico – degenerativas advindas de hábitos de vida inadequados (tabagismo, ingestão alimentar incorreta, tipo de atividades laboral, ausência de atividade física regular, etc.).

    Em virtude desses aspectos, acredita-se que a participação do idoso em programas de exercício físico regular poderá influenciar no processo de envelhecimento, com impacto sobre a qualidade e expectativa de vida, melhoria das funções orgânicas, garantia de maior independência pessoal e um efeito benéfico no controle, tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidades cardíacas, hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose, distúrbios mentais, artrite e dor crônica (PROVINCE et al, 1995).

    Para á Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (1994), a inatividade no idoso poderá propiciar o aparecimento e/ou agravamento de algumas doenças que são erroneamente atribuídas ao envelhecimento, como a osteoporose, artrite, doença arterial coronariana, diabetes, obesidade e hipertensão arterial, dentre outras. Além disso, as quedas e suas consequências são também episódios bastante comuns. Cerca de 70% das mortes ocasionadas por queda acontecem com indivíduos idosos, apesar de a proporção da fratura pós-queda ser bem menor nos idosos do que nos jovens. As quedas ocorrem em parte, devido aos déficits de equilíbrio, força, tempo de reação e de flexibilidade.

    Devido ao trauma psicológico que provocam, os indivíduos idosos temerosos de uma nova queda tendem à imobilidade e inatividade, podendo levar a complicações circulatórias, pulmonares, osteoarticulares, diminuição do condicionamento físico e maior declínio nas atividades cotidianas e sociais, portanto, o exercício é um importante coadjuvante na prevenção das quedas e tratamento de suas consequências (PROVINCE et al, 1995).

    A atividade física faz com que o idoso se sinta melhor tanto físico quanto emocionalmente, se abatendo menos, se sociabilizando mais e sentindo que a velhice pode chegar, mas a cabeça e o corpo podem continuar atuando por muito mais tempo e com muito mais capacidade.

    Vários estudos vêm confirmando que a prática regular de exercícios físicos como recurso importante para minimizar a degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao idoso, melhoria na qualidade de vida. Haja vista que, ela tem condição para estimular várias funções essenciais do organismo, mostrando-se não só como um coadjuvante importante no tratamento e controle de doenças crônico-degenerativas (diabetes, hipertensão, osteoporose), mas é também essencial na manutenção das funções do aparelho locomotor, principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo grau de dependência e autonomia do idoso (OKUMA, 2002).

    Descobrir-se capaz, está entre uma das coisas mais saudáveis que o idoso pode fazer a si mesmo. Melhorar a sua capacidade de força e resistência torna mais fáceis tarefas corriqueiras, como subir escadas e carregar objetos. Lembrando que cada idoso é um ser em particular e para fazerem exercícios físicos tem que ser avaliados e levar em consideração a modalidade, a capacidade, e a intensidade que é apropriado a cada um.

    Este trabalho teve como objetivo identificar os benefícios das atividades físicas geral sobre os grupos geriátricos; identificar as etapas do processo de envelhecimento; comentar sobre as atividades físicas mais praticadas nessa faixa etária e demonstrar quais seriam os benefícios de exercícios físicos para a terceira idade.

Revisão literária

    Sendo um fenômeno mundial, o envelhecimento populacional também está ocorrendo em nível nacional de acordo com a Tabela 1. Até o ano de 2030 a sexta população mundial em número absoluto de idosos estará no Brasil de acordo (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSCA, 2002).

Tabela 1. Número de pessoas idosas para cada 100 indivíduos jovens por ano em cada região

    Com a acentuação da longevidade que tem ocorrido nas últimas décadas, está evidenciando entre outras o surgimento de doenças ligadas ao envelhecimento, levando a um dramático aumento dos custos assistenciais de saúde, além de importante repercussão social com grande impacto na economia dos países. A maioria das evidências mostram que a melhor forma de otimizar e promover a saúde no idoso é prevenir seus problemas médicos mais frequentes. Por outro lado, o sedentarismo, a incapacidade e a dependência por ajuda são as maiores adversidades da saúde associadas ao envelhecimento (FILHO, 2006).

    Com o aumento considerável da população geriátrica fez necessário que esforços tanto de órgãos governamentais, quanto de pesquisadores se objetivassem para a mesma, com o intuito de compreender os mecanismos deste processo, assim como propor intervenções eficientes. Daí mediante esse contexto é que surge a atividade física como uma opção importante para a melhoria das capacidades funcionais do idoso (CALDAS, 2003).

    Segundo FERREIRA (2005), VERAS et al. 2004), MELLO et al. (2005), PEREIRA et al. (2006) apontam o papel que o exercício físico moderado poderá contribuir na a aquisição e manutenção da saúde, da aptidão física e do bem-estar, como indicadores de uma boa qualidade de vida em pessoas idosas.

    Para Okuma (2002), a atividade física aumenta ou mantém a aptidão física que é a capacidade de executar as tarefas diárias com vigor e vitalidade sem fadiga excessiva e com energia na população idosa. Essas atividades terão o potencial de melhorar o bem-estar funcional e, consequentemente, diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre essa população.

    Em estudo realizado nos Estados Unidos, foi investigada a associação entre a atividade física e a qualidade de vida em mulheres idosas, os resultados indicaram que, as mulheres que tinham níveis de atividade física significativamente mais altos quando comparadas com mulheres inativas fisicamente, perceberam que os níveis de atividade física das mulheres ativas estavam significativamente relacionados com uma melhor qualidade de vida e a saúde física plena (KOLTIN, 2001).

    Okuma (2002), diz que a perda da capacidade funcional levará a incapacidade para realizar as atividades da vida cotidiana, que se referem às tarefas como os aspectos de uma vida independente, fazer compras, cozinhar, limpar a casa, lavar roupa, utilizar meios de transporte e usar o telefone. São as perdas do domínio cognitivo e as difusões físicas que contribuem para a maior redução da independência do idoso, limitando suas possibilidades de viver confortável e satisfatoriamente, além de restringir sua atuação na sociedade.

    São relatados na literatura os trabalhos (Eyler, 2003; Blair. 2003 e Salles-Costa et al, 2003), inúmeros benefícios físicos e psicossociais que resultam da prática regular de atividade física. Entre eles, estão: o aumento da força muscular, a melhora do condicionamento cardiorrespiratório, a redução de gordura, o aumento da densidade óssea, a melhora do humor e da auto-estima e a redução da ansiedade e da depressão (PELUSO, 2005).

Benefícios dos exercícios físicos para o grupo geriátrico

    Os benefícios da prática de atividade física não se restringem ao campo fisico-funcional e mental dos idosos, mas repercutem também na dimensão social, melhorando o desempenho funcional, mantendo e promovendo a independência e a autonomia daqueles que envelhecem. Especialmente entre os idosos, é constatado que a prática de atividade física diminui o risco de institucionalização e o uso de serviços de saúde e de medicamentos (SANTOS et al, 2001).

    A prática do exercício físico promove inúmeros benefícios físicos, e um dos principais é a proteção da capacidade funcional em todas as idades, principalmente nos idosos. Capacidade funcional é o desempenho para a realização das atividades do cotidiano ou atividade da vida diária (ANDEOTTI, 1999).

    Os exercícios físicos além de beneficiar a capacidade funcional, ele também promove uma melhora na aptidão física. Os componentes de aptidão física no idoso sofrem um declínio que podem comprometer sua saúde. A aptidão física relacionada à saúde é a capacidade de realizar as atividades do dia-a-dia com vigor e energia e demonstrar um menor risco de desenvolver doenças ou condições crônicas degenerativas, associadas a baixos níveis de atividade física (NAHAS, 2001).

    De acordo com o Matsudo (2001), a atividade física vem também promovendo uma melhora da composição corporal, uma diminuição de dores articulares, um aumento da densidade mineral óssea, uma melhora na utilização da glicose, melhora da força e da flexibilidade, e uma diminuição da resistência vascular. Os benefícios psicossociais melhora o alivio da depressão, aumenta a auto-confiança e melhora a auto-estima (NERI, 2001).

    A qualidade de vida é influenciada pelo estilo de vida de cada um, e um estilo de vida saudável inclui a atividade física regular, considerada um componente im­portante. São incluídos ainda bons hábitos alimentares, sono adequado, controle de peso e baixo consumo de álcool e de ta­baco (SHARKEY, 2001). Essa constatação é reforçada por evidências científicas de que a atividade física regular pode trazer benefícios para a saúde física e mental (PATE et al, 1995).

    Dentre as atividades que compõem a atividade física habitual estão às desenvol­vidas ao longo do dia com deslocamentos a pé ou de bicicleta para o trabalho, o supermercado, a farmácia e para lazer; os trabalhos de arrumação da casa, jardina­gem; atividades físicas leves, como andar a pé, de bicicleta; esportes recreativos tradicionais, como futebol, voleibol, e os exercícios programados, como correr, pedalar, remar, nadar (NAHAS, 2001).

    O baixo nível de atividade física habitual e outras características do estilo de vida influenciam no risco de doenças crônicas e de morte prematura. Mudanças na maneira de viver e a adoção de um estilo de vida mais dinâmico promovem melhor saúde e longevidade (PAFFEMBARGER et al, 1996).

Atividades indicadas para o grupo geriátrico

    O exercício físico mais utilizado no passado para os idosos era o aeróbio pelos seus efeitos no sistema cardiovascular e controle dessas doenças além de melhorar o psicológico (BLUMENTAL et al, 1982). Estudos mostram que atualmente os exercícios mais importantes são aqueles que envolvem força e flexibilidade, pela melhora e manutenção da capacidade funcional e autonomia do idoso (MATSUDO, 2001; OKUMA, 2002).

    Segundo Oliveira (1985) como no envelhecimento ocorre uma diminuição do nível de atividade física, mostra que a atividade física mais prevalente no idoso é a caminhada e o alongamento e exercícios de força entram em declínio com o avanço da idade. Estudos de TOPP et al., (1993), Vuori (1995), apontam que o exercícios de força tem uma grande importância para a manutenção do equilíbrio, da agilidade e da capacidade funcional dos idosos. Para a manutenção da força muscular e do equilíbrio, é importante realizar exercícios com peso, pelo menos 2 a 4 vezes por semana, por que assim estimula a musculatura e auxilia na manutenção da postura e do equilíbrio (HALLL et al, 2005).

    Um programa de exercício bem direcionado e eficaz tem que ter como meta uma melhora da capacidade física do individuo, diminuindo a deterioração das variáveis de aptidão física como resistência cardiovascular, força, flexibilidade e equilíbrio, o aumento do contato social e a redução de problemas psicológicos como a ansiedade e depressão.

    O programa de incentivo á pratica de atividades físicas para os idosos ainda são escassos, pouco explorados em ambientes de promoção a saúde, necessitando assim, maior atenção dos gestores, dos atendimentos em saúde e da própria sociedade. Poucos programas de incentivo á pratica de atividades físicas tem sido desenvolvido no Brasil. No entanto, as poucas iniciativas tem trazido avanços nessa área. Um bom exemplo foi o Programa Agita São Paulo, que buscou mostrar a importância da atividade moderada, de 30 minutos por dia, de forma acumulada ou continua, na maioria dos dias da semana, para a promoção da saúde, tendo havido especial atenção com o publico de idosos (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1998).

Dança

    O ato de o idoso praticar dança mostra para ele uma imagem de como sua vida pode ser um movimento harmonioso, livre e alegre. A dança é uma linguagem sonora, visual e tátil. Ao dançar, entra-se em contato com essas matérias, pode-se dizer que esse tipo de atividade é também uma atividade de expressão. Sendo assim, pode dizer que se movimenta o corpo e expressa a alma (TODARO, 2001).

    Na Universidade Federal Fluminense, Dias (2001) descreve um programa de Educação Física Gerontológica com aulas baseadas em atividades corporais como: dança, alongamento, caminhadas, passeios e jogos. Os resultados obtidos depois de dois anos demonstram que, dos 60 sujeitos que frequentaram o programa, 100% melhoraram sua socialização; 100% melhoraram sua flexibilidade; 90% melhoraram o equilíbrio; 90% diminuíram as dosagens de medicamentos para hipertensão arterial e 100% melhoraram suas Atividades de Vida Diária. Conclui-se que houve uma sensível melhora na qualidade de vida desses idosos.

    De acordo com Todaro (2001), ao longo de quatro meses, o Programa de Dança para Idosos, foi capaz de promover mudanças quantitativas como: alterações na agilidade dos sujeitos, comprovadas pelos resultados de teste “sentar e levantar da cadeira”; melhora no equilíbrio, considerando que os idosos conseguiram ficar mais tempo na posição exigida no teste; aumento da flexibilidade, visto que os sujeitos diminuíram a distancia (em centímetros) da ponta dos dedos até o chão, quando se colocavam de pé com a coluna flexionada.

    Através de estudos citados acima, percebe-se que a dança proporciona benefícios físicos e/ou psicológicos e sociais para seus praticantes, sendo bastante indicada para a população idosa.

Hidroginástica

    Na água, o estresse ortopédico é reduzido consideravelmente, o que faz com que a hidroginástica seja especialmente favorável para os idosos. Na hidroginástica os exercícios executados, trabalham a coordenação motora, o sistema cardiorrespiratório, a flexibilidade, a força, a resistência muscular localizada e promove uma melhor socialização em grupos (CHU et al, 2002).

    A hidroginástica oferece diversas vantagens em comparação a exercícios terrestres, vão desde a possibilidade de aumento de sobrecarga com menor risco de lesões, passando pelo maior conforto devido á temperatura adequada da água, até a diminuição das comparações estéticas ocorridas nas aulas fora da água. Portanto, para a população idosa, os objetivos do trabalho devem estar relacionados á melhoria da qualidade de vida envolvendo aspectos biopsicossociais (CHU et al, 2002).

Exercícios Resistidos

    Para Claudino e Zanella (2005), a prática dos exercícios resistidos pode melhorar a auto-imagem, sendo um excelente instrumento no combate à depressão oriunda de fatores de discriminação e de auto isolamento, proporciona uma melhora da qualidade de vida dos indivíduos, fazendo que a realização das (Atividades de Vida Diária) torne-se possível e mais simples.

    Santarém (2003), destaca outros benefícios em função da prática dos exercícios resistidos: aumento da densidade óssea; diminuição do percentual de gordura corporal; aumento de mobilidade das articulações pouco ativas; desenvolvimento da coordenação motora específica; aumento Taxa de Metabolismo Basal; alterações da termogênese; melhora da capacidade de utilização da glicose; promove a integridade dos ossos, músculos, articulações e componentes das articulações (ligamentos, tendões, cartilagens).

    Portanto, a prática dos exercícios resistidos é muito importante no auxilio do tratamento da osteoporose, obesidade, diabetes, hipertensão arterial, todas as consequências da arteriosclerose tais como: infartos, AVE, insuficiência arterial, além de prevenir a incapacidade física para a execução das AVD’s, oriundas do envelhecimento ou do sedentarismo.

Caminhada

    A caminhada representa uma importante parcela do nível de atividade física geral (BERRIGAN et al., 2006; TIMPERIO et al., 2008; TUDOR-LOCKE et al., 2001). Na literatura há evidências sugerindo que pessoas idosas que utilizam a caminhada com certa frequência consegue reduzir o risco de incidência de mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (ANDERSEN et al., 2000), doenças cardiovasculares (HAMER & CHIDA, 2008), câncer de mama (HOU et al., 2004), diabetes (HU et al., 2003), acidente vascular cerebral isquêmico (HU et al. 2003) e redução de exposição a fatores de risco cardiovascular (SMITH E BORCHJOHNSEN, 2007). Além disso, pode reduzir os níveis de obesidade, triglicérides, pressão arterial e níveis de insulina se associado a uma alimentação mais saudável (GORDON-LARSEN et al., 2009).

Flexibilidade e Yoga

    No Canadá, recomendam-se exercícios diários para aprimorar a flexibilidade e o equilíbrio de duas a três vezes por semana; a flexibilidade é vista como normalizadora das taxas de colesterol; para osteoartrite (NELSON, 2007).

    O equilíbrio é conseguido por combinações de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da gravidade (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004).

    Neste sentido, aparece o yoga também como uma prática corporal que preenche totalmente as recomendações referentes à capacidade cardiorrespiratória, equilíbrio e flexibilidade prescritas para idosos. Como notado em adultos, ocorre a redução do risco de doença cardiovascular, hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, osteoporose, obesidade, ansiedade e depressão. Com particular importância para pessoas idosas, reduzindo o risco de quedas e lesões decorrentes de quedas, previne ou minimiza limitações funcionais.

Conclusão

    Sabemos que o envelhecimento populacional é uma realidade no nosso país, assim como em todo o mundo. Com o aumento do número de idosos, ocorre um aumento das doenças associadas ao envelhecimento. Talvez a dependência por ajuda, seja o problema que mais afeta a qualidade de vida dos idosos. A atividade física regular pode contribuir muito para evitar as incapacidades associadas ao envelhecimento. Percebe-se com esse estudo, que a prática de atividades físicas, como a dança, atividades aquáticas, exercícios resistidos, caminhada, flexibilidade e Yoga são muito importantes para a qualidade de vida do idoso, ajudando não só na sua auto-estima, mas também no seu lazer, nas atividades do dia-a-dia como: subir e descer escadas, lavar roupas entre muitas outras coisas. Também é muito importante no combate das doenças como: depressões, osteoporose, diabetes, infartos, insuficiência renal, diminui a probabilidade de quedas, com isso diminui o risco de lesões, proporcionando o aumento da flexibilidade, melhorando a coordenação motora, o processo cardiorrespiratório, a força e a resistência muscular localizada. Atividade física orientada faz bem em todas as idades, mas hoje em dia é uma questão de Saúde Pública lembrar que a atividade física melhora a qualidade e a expectativa de vida no grupo geriátrico.

Bibliográficas

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