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A percepção dos usuários sobre a atenção à saúde do homem 

em uma Unidade Básica de Saúde de Montes Claros, MG

La percepción de los usuarios sobre la atención a la salud del hombre en una Unidad Básica de Salud de Montes Claros, MG

The perception of users about the health care of the man in a Basic Health Unit of Montes Claros, MG

 

Funorte – Faculdades Unidas do Norte de Minas

Montes Claros, MG

(Brasil)

Aline Aparecida Pereira dos Santos

Andra Aparecida Dionízio Barbosa

alinesantosmoc@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo analisar a percepção dos usuários homens acerca do atendimento prestado no âmbito da atenção básica á saúde. Buscou-se principalmente, identificar possíveis elementos capazes de subsidiar a construção de indicadores qualitativos de satisfação de usuários masculinos. O método deste estudo baseou-se em uma análise qualitativa do material empírico advindo dos depoimentos, envolvendo entrevistas individuais semi-estruturadas com quinze usuários de uma unidade básica de saúde de Montes Claros-MG. A análise baseou-se no método de interpretação de sentidos, ancorando-se em princípios de Análise de Conteúdo. Em geral os usuários apontam critérios para avaliar positivamente os serviços, trabalhar nessas questões pode possibilitar a transformação das práticas que tornam os homens invisíveis nos programas de atenção primária. Como conclusão constatou-se que a saúde do homem tem sido pouca considerada pelas políticas públicas de saúde o que acaba por redundar numa atenção precária dos serviços.

          Unitermos: Saúde do homem. Unidade Básica de Saúde. Atenção à saúde.

 

Abstract

          The present study aimed to analyze the users' perception of men about the care provided within primary care to health. Sought primarily to identify possible evidence to support the construction of qualitative indicators of satisfaction among men. The method of this study was based on a qualitative analysis of empirical data arising from interviews, involving semi-structured interviews with fifteen users a basic health unit of Montes Claros, MG. The analysis was based on the method of interpretation of meanings, anchoring on the principles of Content Analysis. In general users point criteria to evaluate positively the services, work on these issues can enable the transformation of the practices that make the invisible men in primary care programs. In conclusion it was found that human health has been little considered by public health policies which ultimately result in a poor attention services.

          Keyword: Men's health. Basic Health Unit. Health care.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A necessidade de formulação de políticas públicas voltadas para a população masculina se tornou mais visível nos últimos anos, ainda assim não tão evidente quanto para as mulheres e para outras categorias.

    A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem menciona a carência de qualificar a atenção desta parcela da população para que seja resguardada a integridade da atenção pelo reconhecimento do acesso ao sistema de saúde por meio de atenção especializada, onde se esquece que a saúde não se limita à recuperação, mas também a sua promoção e prevenção de possíveis agravos evitáveis. Com o reconhecimento da necessidade de investimento na melhoria do acesso ao serviço de saúde, o Ministério da Saúde estabeleceu algumas metas no intuito de expandir o Sistema Único de Saúde (SUS), com um trabalho de qualidade e implantação de ações e estratégias direcionadas para a Atenção à Saúde do Homem (BRASIL, 2008).

    Alguns estudos qualitativos apontam barreiras para a presença dos homens nos serviços de atendimento a saúde, em relação à busca por assistência à saúde e às representações masculinas de saúde-adoecimento e cuidado. Essas dificuldades dos homens têm a ver com a estrutura de identidade de gênero, seja a noção de invulnerabilidade ou a busca de risco como um valor, a qual dificultaria a exposição oral de suas necessidades de saúde no contexto da assistência (GOMES e NASCIMENTO, 2006).

    A não procura dos homens pelos serviços de saúde esta ligada também a sua posição como provedor, sendo que os horários de funcionamento dos serviços de saúde não coincidem com a do seu trabalho, dificultando o seu acesso aos serviços assistenciais que por sua vez causa a perda de um dia de trabalho, sem que necessariamente tenham suas demandas resolvidas em uma única consulta (KALCKMANN et al, 2005).

    O presente artigo procura refletir acerca da saúde do homem e da frequência em que os mesmos procuram as unidades básicas de saúde da zona norte da cidade de Montes Claros – MG, objetivando, assim, investigar a percepção dos usuários sobre a assistência a eles prestada. O interesse pelo tema surgiu a partir do conhecimento da iniciativa do Ministério da Saúde em promover ações da atenção integral a Saúde do homem, tendo por objetivo facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde.

Materiais e métodos

    O estudo trata-se de pesquisa de campo de caráter descritivo e qualitativo. Esta pesquisa estudou as relações entre masculinidade e saúde, que conforme Figueiredo (2008) ajudará a compreender como são articuladas a noção de cuidado de saúde com a identidade masculina (ser homem).

    Os sujeitos do estudo foram homens, com idade entre 25 a 55 anos, usuários das Equipes de Saúde da Família Tancredo Neves e Vila Tiradentes da cidade de Montes Claros – MG que desejaram participar da pesquisa.

    Foram excluídos os usuários que não compareceram no momento combinado para a entrevista ou não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Foram entrevistados 15 usuários. Este número foi definido de acordo com a saturação dos dados, estabelecendo assim a conclusão do estudo considerando que as informações fornecidas pelos demais usuários da unidade básica não seriam mais necessárias para o fechamento da coleta dos dados (FONTANELLA et al., 2008).

    O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada. Segundo Minayo (2007), a entrevista consiste na técnica mais usada no processo de trabalho de campo, obtendo-se dados de natureza objetiva e subjetiva.

    As entrevistas foram realizadas com os usuários em separado para não influenciar nas respostas dos mesmos. Na abordagem foram informados do sigilo dos nomes na participação do estudo, onde após consentimento dos participantes, foi agendado o horário adequado para que a entrevista fosse realizada. Como a unidade de saúde não ofereceu condições para a realização de todas as entrevistas por motivo de reforma, 12 entrevistas foram realizadas nos domicílios dos participantes.

    Os dados obtidos na pesquisa foram analisados qualitativamente conforme os preceitos da Análise de Conteúdo, que de acordo com Severino (2007) é uma metodologia de tratamento e análise de informações, que tem como objetivo compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto das comunicações, buscando com isso, captar o significado as mensagens. Os mesmos dados foram categorialmente analisados, considerando o conjunto de elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si. Para Minayo (2007) trabalhar com categorias significa agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso.

    O trabalho foi desenvolvido de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. O projeto foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos das Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE e aprovado segundo o Parecer Nº 01844/11.

Resultados e discussões

Apresentando as categorias temáticas e caracterização dos participantes

    Os conteúdos das falas dos participantes estão agrupados em quatro categorias temáticas: Frequência da utilização dos serviços de atendimento da unidade básica de saúde; Ações preventivas para a saúde do homem na unidade básica de saúde; Sala de espera para o atendimento; e Prioridade na procura de assistência à saúde.

    Dentre os entrevistados, verificou-se que todos possuíam idade entre 25 a 55 anos, declararam como profissão aposentados, motorista, soldador, pastor, porteiro, pintor, funcionário público e serviços gerais. Em se tratando do estado civil, a maioria são casados, sendo os demais solteiros ou mantêm um relacionamento ou união estável. Acerca do grau de escolaridade, verificou-se que estão entre o ensino fundamental e ensino médio, sendo a maior parte com ensino fundamental incompleto.

    Buscar e compreender quais os critérios que os usuários utilizam sobre sua saúde constitui ação fundamental para entender as bases de sua satisfação acerca dos serviços. Os depoimentos dos entrevistados revelaram alguns sentidos que servem de parâmetro para a construção de indicadores qualitativos de avaliação de atendimento que lhe e prestado segundo a ótica dos próprios.

Frequência da utilização dos serviços de atendimento da unidade básica de saúde

    Acerca da perspectiva da freqüência dos homens na unidade básica de saúde, avaliaram se as respostas dadas pelos entrevistados quando questionados quanto à freqüência em que foram à unidade de saúde nos últimos seis meses e os motivos desta procura pelo serviço.

    Verificou-se que cerca de um terço dos entrevistados não procuraram a unidade básica de saúde neste período e os que procuraram tinham alguma enfermidade ou necessitavam de medicamentos.

    Procurou-se analisar se os entrevistados já deixaram de procurar a unidade básica de saúde mesmo estando doente e o que os motivou a não procurar o atendimento. Em algumas situações foram relatados que a não procura pela unidade básica de saúde, mesmo estando doente, foi devido à jornada de trabalho, entraves na liberação do trabalhador pelos patrões ou pela demora no atendimento. A grande maioria dos entrevistados, no entanto, procura o atendimento quando estão doentes.

    A rede básica de saúde ainda não esta preparada para atender às necessidades do homem, devido às barreiras encontradas e impostas pelo próprio sistema de saúde. Ainda foram relacionadas algumas outras barreiras como culturais, mitos e idéias diversas, onde Figueiredo (2005, p. 106) exemplifica quando afirma que “é bastante disseminada a idéia de que as unidades básicas de saúde são serviços destinados quase que exclusivamente para mulheres, crianças e idosos”. A promoção da saúde, no entanto, visa provocar mudanças de comportamento capazes de beneficiar camadas mais amplas da sociedade.

    Desta forma, os motivos que os impedem de procurar a unidade básica de saúde são: “pegar a ficha” devido ao horário que se marca o atendimento, burocracia, demora para atender ou falta de um problema mais grave. Por outro lado, alguns entrevistados relataram que nada os impedem de procurar a unidade básica de saúde.

    Ao perguntar aos entrevistados se os mesmo procuram a unidade básica de saúde mesmo não estando doentes, verificamos que não procuram atendimento não estando doentes, algumas vezes para renovação da receita para pegar remédio.

    Ao levantar os fatores e aspectos que inibem o homem de cuidar da própria saúde, verificou-se que o estilo de vida que é imposto ao gênero masculino acaba por gerar estresse, sedentarismo, má alimentação e prática de comportamentos não saudáveis e de risco, como por exemplo, o hábito de fumar, o uso de bebidas, desenvolvimento de doenças, entre outros, e situações que aumentam a taxa de mortalidade por acidentes e violência, principalmente com ocorrência em homens jovens (TAYLOR, 2003; WHITE, CASH, 2004; COUTO, SCHRAIBER, 2005).

    Assim, as práticas sociais do gênero tenderiam a inibir o homem de cuidar de sua saúde, deixando ele de perceber ou de valorizar qualquer sinal de patologia e de freqüentar serviços de atenção primária á saúde, o que o faz recorrer, muitas vezes, a prontos socorros e hospitais quando sua doença já está em fases de complicações e de mais difícil reversão (RUTZ, 2004; GIFFIN, 2005; COUTO, SCHRAIBER, 2005). O comportamento de negação associado à exposição aos fatores de risco acaba por contribuir para a elevação das taxas de mortalidade masculina que conforme Laurenti et al. (2005), é um comportamento esperado e considerado “normal” pela sociedade.

    A influência de comportamentos específicos adotados por homens, seja histórica, cultural e social, é atualmente entendida como importante fator de risco para o adoecimento dos homens. Olhar a saúde sob a perspectiva do gênero e aprimorar esse olhar permitem compreender como o comportamento do gênero interfere na saúde de homens e mulheres e possibilita pensar e organizar os serviços de saúde com ações voltadas à saúde dos homens de forma integral (BANKS, 2004).

Ações preventivas para a saúde do homem na unidade básica de saúde

    A temática envolvendo a saúde masculina no contexto da atenção primária à saúde nas unidades básicas de saúde nos remete a investigar sobre a existência de ações preventivas em atendimento ao homem. Verificou-se que parte dos entrevistados não têm conhecimento se na unidade básica de saúde do bairro pesquisado há ações preventivas e os que relataram ter conhecimento não participam.

    Para saúde coletiva um dos desafios é aumentar a visibilidade das demandas da população masculina, a partir de ações mais efetivas, pois, as ações de prevenção e promoção da saúde dos homens estão vinculadas às especificidades de cada local e às características da equipe interdisciplinar envolvida (BRASIL, 2008).

    Ao contrário das políticas voltadas à atenção à saúde da mulher que foram implantadas há anos, a política de atenção à saúde do homem foi criada, somente, em 2009. Interessante apontar que, segundo o Ministério da Saúde, somente dois países nas Américas (Canadá e Brasil) têm política específica voltada ao homem (CARRARA et al., 2009).

    Para os entrevistados que relataram ter conhecimento das ações preventivas na unidade de saúde foi questionado se as mesmas estão contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida.

    As políticas públicas de atenção à saúde não eram direcionadas às necessidades do homem adulto. Apenas recentemente, em agosto de 2008, o Ministério da Saúde apresentou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, onde estabeleceu a faixa etária da população masculina de 25 a 59 anos. A presente política enfatiza a necessidade de mudanças de paradigmas no que concerne à percepção da população masculina em relação ao cuidado com a sua saúde e a saúde de sua família. Considera essencial que, além dos aspectos educacionais, entre outras ações, os serviços públicos de saúde sejam organizados de modo a acolher e fazer com que o homem sinta-se parte integrante deles (BRASIL, 2008).

    Reflexões acerca da especificidade da saúde da população masculina são sugeridas em estudos realizados por Schaiber et al., (2005); Gomes; Nascimento, (2006), e indicam linhas temáticas que estruturam o debate sobre este contexto. Na década de 70, a noção considerada comum era de que se caracterizou pela associação do modelo da masculinidade tradicional a déficits e/ou agravos à saúde.

    Para que as mudanças venham a ocorrer e sejam benéficas, as ações segundo Figueiredo (2005) devem prever uma ampliação da visibilidade no serviço, ou seja, tornar visível a todos a possibilidade do atendimento, tanto por parte dos equipamentos sociais, quanto por parte da população masculina, promovendo o reconhecimento do espaço institucional como fator necessário. Outro aspecto conforme Figueiredo (2005) que contribuiria para uma maior percepção de pertencer aos serviços coletivos seria um maior numero de profissionais do gênero masculino nesses serviços, principalmente na equipe de Enfermagem.

    Conforme o Ministério da Saúde, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem sugere o incentivo à saúde dirigida à realidade masculina, onde a intenção é tornar viáveis possibilidades para aumentar a expectativa de vida e conseqüentemente a redução dos índices de morbimortalidade por causas evitáveis e passíveis de prevenção (BRASIL, 2008).

Sala de espera para o atendimento

    No momento que antecede o atendimento, na sala de espera, para alguns entrevistados, é um momento que se sentem a vontade por estarem esperando com outros pacientes e para outros não.

    A sala de espera pode se tornar uma das ferramentas para efetivar a educação em saúde facilitando o desenvolvimento de ações sistemáticas de caráter educativo que visem a prevenção de doenças e a promoção da saúde do homem.

    Conforme Nora et al. (2009) faz-se necessário assumir o desenvolvimento de novas práticas, como acolhimento, vínculo, humanização, a fim de garantir a equidade, a acessibilidade e a integralidade da assistência.

Prioridade na procura de assistência à saúde

    Buscou-se verificar através das entrevistas qual o local que os entrevistados priorizam na busca por atendimento quando estão doentes. A unidade básica de saúde e hospitais são os locais mais procurados. Uma das respostas nos chamou atenção, pois, o entrevistado relatou não procurar a unidade básica de saúde, e sim, farmácia onde efetua a compra do remédio, nos levando a alertar sobre a prática da automedicação que pode acarretar problemas futuros.

    De acordo com Machin et al (2011), os profissionais reconhecem a dificuldade dos homens de buscarem os cuidados em saúde.

    Para Couto et al (2010) os homens se sentem imunes à doença e acham que nenhum problema pode lhe acontecer, priorizando outras necessidades mais valorizadas e mais importantes no seu cotidiano e no seu processo de identificação. Segundo Pinheiro e Couto (2008) em seu estudo, relatam que a procura por hospitais, pronto-socorros, farmácia e ambulatórios prevalecem entre os homens.

Considerações finais

    Através do estudo fica evidente que a percepção dos usuários sobre o atendimento prestado a saúde do homem tem melhorado, mas ainda há muito que se fazer em prol de um atendimento de qualidade.

    Em específico nas unidades básicas de saúde do Tancredo Neves e Vila Tiradentes percebe-se a necessidade de algumas estratégias para que os seus usuários tenham conhecimento da existência de ações preventivas em atendimento ao homem, seja através da abordagem direta ao usuário, ou através de informativos, cartazes, vídeos que orientem o homem a cuidar da sua saúde.

    É percebido nos relatos dos entrevistados, que só procuraram a unidade básica de saúde porque tiveram algum problema de saúde. Quando não estão doentes não procuram atendimento, desprezando assim, os serviços de prevenção, promoção da saúde e conseqüentemente melhoria da qualidade de vida. Alguns aspectos os impedem de procurar a unidade de saúde, seja por incompatibilidade de horários, dificuldade de “pegar a ficha”, burocracia, demora para atender, entre outros.

    Em geral a rede básica de saúde não está preparada e deve se adequar para o atendimento à saúde do homem.

    É igualmente importante e necessário qualificar a atenção integral à saúde da população masculina na perspectiva de linhas de cuidado que resguardem a integralidade da atenção, baseando-se na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, que está alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica (porta de entrada do Sistema Único de Saúde) com as estratégias de humanização, e em consonância com os princípios do SUS, fortalecendo ações e serviços em redes e cuidados da saúde.

    Outro ponto deve ser lembrado, constata-se a necessidade de realizar outros estudos voltados para a percepção de homens usuários da atenção básica sobre o atendimento a eles prestado, esses estudos são praticamente inexistentes, em termos de realidade nacional. Finalizando é necessário um repensar sobre todas as questões levantadas em relação à saúde do homem.

Referencias

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