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Qualidade de vida de um indivíduo portador de dermatopolimiosite

Calidad de vida de una persona portadora de dermatopolimiositis

 

*Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade

de Passo Fundo, Bolsista PROBIC/FAPERGS

**Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

***Orientadora, Docente do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

Doutora em Gerontologia Biomédica pela PUC-RS

Vinícius Dal Molin*

Francis Alves**

Lia Mara Wibelinger***

vini.fisiobr@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A dermatopolimiosite é uma doença do grupo das miopatias inflamatórias idiopáticas, caracterizada por fraqueza muscular proximal. Protocolos de exercícios fisioterapêuticos podem ser eficazes na melhoria da qualidade de vida. Objetivo: avaliar os efeitos da fisioterapia na qualidade de vida de um indivíduo portador de dermatopolimiosite. Método: trata-se de um estudo de caso longitudinal e intervencionista. A avaliação da qualidade de vida foi realizada através do questionário SF-36 e a dor foi avaliada pela Escala Visual Analógica, ambas pré e pós intervenção. Resultados: o único domínio que não apresentou melhora foi a vitalidade, sendo que todos os outros mostraram evolução positiva. Conclusão: a fisioterapia mostrou-se eficaz no aumento da qualidade de vida e na redução da dor em um portador de dermatopolimiosite.

          Unitermos: Qualidade de vida. Fisioterapia. Dermatomiosite.

 

Abstract

          Introduction: The dermatopolymyositis is a disease of idiopathic inflammatory myopathies group, characterized by proximal muscle weakness. Protocols for physical therapeutic exercises can be effective in improving the quality of life. Objective: to evaluate the effects of physical therapy on the quality of life of an individual bearer of dermatopolymyositis. Method: it is a longitudinal and interventionist case study. The assessment of quality of life was performed through the SF-36 questionnaire and the pain was assessed by Visual Analogue Scale. Results: The single domain that did not increase was the vitality, being that all the others showed positive developments. Conclusion: the physical therapy proved to be effective in improving the quality of life and in the reduction of pain in an individual bearer of dermatopolymyositis.

          Keywords: Quality of life. Physical therapy. Dermatomyositis.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A dermatopolimiosite é uma doença do grupo das miopatias inflamatórias idiopáticas, caracterizada por fraqueza muscular proximal e simétrica das cinturas escapular e pélvica. A evolução da patologia tem uma tendência gradual e progressiva (KIMBALL et al. 2000; KOLER, MONTEMARANO, 2001; WORTMANN, 2005; SULTAN, 2004).

    Os critérios clássicos descritos por Bohan e Peter ainda são viáveis para a orientação diagnóstica de dermatopolimiosite (DM) e polimiosite (PM). Devem ser considerados os seguintes critérios: fraqueza muscular proximal das cinturas pélvica e escapular; evidência de miosite à biópsia muscular; elevação de qualquer enzima muscular sérica; eletromiografia compatível com miopatia; fibrilações; descargas de formato bizarro e repetitivas; lesões cutâneas características de DM − heliótropo; pápulas de Gottron; sinal de Gottron (WORTMANN, 2005; WORTMANN, 2004).

    A etiologia permanece desconhecida. Há relatos de associação com antígenos de histocompatibilidade, agentes ambientais e autoimunidade. A incidência anual de DM e PM é estimada em menos de 10 casos por milhão de indivíduos. As mulheres são mais afetadas do que os homens, numa proporção aproximada de 2:1 (FIRESTEIN, KELLEY; 2009).

    Qualidade de vida é definida como a percepção do indivíduo a partir de sua posição no contexto dos sistemas culturais e de valores em que se vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e conceitos. É um conceito que incorpora uma visão complexa da saúde física e psicológica, nível de independência, relacionamentos sociais e crenças pessoais. No mínimo, inclui as seguintes dimensões : física (percepção do indivíduo sobre seu próprio estado de saúde), psicológica (percepção do indivíduo sobre o estado cognitivo), afetivo e social (percepção do indivíduo sobre suas relações inter-pessoais e funções sociais em sua vida) (WHOQOL, 1995).

    Assim, o objetivo deste estudo foi analisar o caso de uma paciente portadora de dermatomiosite, verificando o efeito de um protocolo de fisioterapia na qualidade de vida deste indivíduo.

Método

    A pesquisa é um estudo de caso longitudinal e intervencionista. Participou da pesquisa uma voluntária atendida no serviço de fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, no município de Passo Fundo. Trata-se de paciente do sexo feminino, 52 anos, possui diagnóstico de dermatomiosite há 25 anos, nunca havia realizado fisioterapia até então, apenas fazia tratamento medicamentoso.

    Foram propostos dois atendimentos semanais, com duração de 50 minutos cada um. A primeira e a última sessão constaram de avaliação físico-funcional, bem como aplicação do questionário de qualidade de vida SF-36, da escala visual analógica (EVA) e aplicação de testes de inclinação anterior e lateral.

    Ao todo foram realizados 40 atendimentos, duas vezes por semana, de abril a setembro de 2013. Os atendimentos foram compostos pelos seguintes procedimentos: aferição da pressão arterial; terapia no turbilhão; exercícios de fortalecimento muscular dos membros inferiores e cintura escapular; exercícios para dissociação de cinturas escapular e pélvica; atividades para estimulação do equilíbrio e aprendizado proprioceptivo, finalizando novamente com aferição da pressão arterial. Ainda, procuramos entender as dificuldades e os maiores desejos da paciente, visando um atendimento individualizado e humanista, fatores pertinentes a uma conduta fisioterapêutica completa.

    Todos os exercícios realizados pelo paciente foram associados à respiração diafragmática e visaram à realização de movimentos funcionais, objetivando a facilitação das atividades de vida diária da paciente.

    Por fim, esta pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo sob número 348.381. Ficou assegurado, também, que o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi colhido da entrevistada e que a confiabilidade foi mantida.

Resultados

    Os resultados obtidos na qualidade de vida, analisados pelo SF-36, encontram-se na tabela 1. Sendo que os quatro primeiros domínios são referentes à saúde física e os quatro últimos à saúde mental. Os escores variam de zero a cem, onde zero = pior e cem = melhor para cada domínio.

Tabela 1. Resultados obtidos no questionário SF-36

Domínio

Pré – Intervenção

Pós - Intervenção

Capacidade Funcional

30

60

Limitação por Aspectos Físicos

25

75

Dor

30

51

Estado Geral de Saúde

20

57

Vitalidade

65

55

Aspectos Sociais

75

87,5

Limitação por Aspectos Emocionais

66,6

100

Saúde Mental

68

76

    No que se refere à EVA, os valores obtidos estão dispostos na tabela 2.

Tabela 2. Valores sinalizados pela paciente na avaliação inicial e final

Avaliação

Valor da dor

Local da dor

Tipo da dor

Pré intervenção

8

dorso dos pés

Queimação

Pós intervenção

5

planta dos pés

Agulhada

    A tabela 3 contempla os valores referentes aos testes de flexibilidade: inclinação anterior e inclinação lateral.

Tabela 3. Testes de inclinação lateral e inclinação anterior

 

Inclinação anterior

Inclinação lateral direita

Inclinação lateral esquerda

Pré intervenção

35 cm

53 cm

53 cm

Pós inervenção

24 cm

46 cm

52 cm

Discussão

    As doenças reumáticas acarretam um considerável impacto em termos físicos, psicológicos e sociais para os pacientes, sendo deste modo pertinente a utilização de medidas de avaliação multidimensionais no que diz respeito à qualidade de vida dos mesmos (STRÖMBECK et al. 2000; WALKER & LITTLEJOHN, 2007).

    Segundo Miotto et al. (2013) a característica principal da dermatopolimiosite é a fraqueza muscular, o que fortalece a importância da cinesioterapia na reabilitação destes indivíduos, pois esta pode melhorar a dor, a função muscular, o condicionamento físico e a qualidade de vida destes indivíduos.

    Além disso, os processos degenerativos do sistema musculoesquelético são causadores de incapacidade funcional, provocada pelos distúrbios na manutenção do equilíbrio postural (HASSAN, MOCKETT, DOHERTY, 2001). Apesar de não ter sido uma variável por nós avaliada, observou-se que pelo fato de a paciente apresentar dor em um dos membros, a mesma acabava fazendo compensações de marcha, o que também pode ter interferido quando avaliamos a flexibilidade da coluna vertebral, pois verificou-se que os resultados só foram satisfatórios quando analisada a flexibilidade anterior e lateral direita.

    Para Wibelinger (2009), o tratamento reabilitativo consiste na manutenção ou na restauração da mobilidade articular e da postura, evitando contraturas e facilitando as atividades funcionais. Uma vez que a cinesioterapia se utiliza de movimentos como forma de tratamento, a partir de movimentos voluntários que proporcionam a mobilidade, a flexibilidade, a coordenação muscular, o aumento da força muscular e a resistência à fadiga (FLORENTINO et al. 2012), o que vai ao encontro do estudo por nós realizado.

    Neste estudo, percebemos melhora em todos os domínios do SF-36, exceto no quesito vitalidade. De acordo com Timóteo et al. (2010), os resultados satisfatórios quanto aos aspectos da dor, capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, estado geral de saúde, aspectos emocionais e saúde mental, supostamente se dão por meio da prática regular de exercícios fisioterapêuticos, direcionados especificamente ao estado de qualidade de vida dos pacientes. É importante considerar que a melhora dos aspectos citados acima esteja relacionada também com a qualidade da atuação e atenção dada durante todo o tratamento ocasionando suposta humanização e satisfação nos atendimentos prestados.

    Estudo realizado por Alexanderson et al. (2000) analisou a segurança da realização de um programa de exercícios resistidos em casa, com duração de 12 semanas em voluntários com polimiosite ou dermatomiosite. O grupo melhorou a função, dor corporal e vitalidade. Em nosso estudo o único domínio que não apresentou melhora foi a vitalidade, o que talvez possa ser justificado pela dificuldade que a paciente estava apresentando em relação a dor nos pés.

    Outro estudo realizado por Wiesinger et al. (1998) tinha o objetivo de verificar a possível melhora na aptidão física e na força muscular. O grupo experimental realizou um treinamento de seis semanas e o grupo controle não realizou treinamento. O estudo concluiu que o programa de treinamento físico deve ser recomendado para pacientes com dermatomiosite e polimiosite juntamente com a terapia medicamentosa. O que concorda com nosso estudo uma vez que utilizamos um protocolo de exercícios juntamente com o uso de medicamentos.

    Nosso estudo utilizou a cinesioterapia como intervenção e obteve resultados importantes na qualidade de vida, na flexibilidade e na dor, concordando com estudo recente sobre o tratamento fisioterapêutico na dermatopolimiosite , o qual observou que a cinesioterapia é um método eficaz no tratamento dos sintomas e prevenção das limitações impostas pela doença, podendo influenciar a funcionalidade destes indivíduos (MIOTTO et al. 2013).

    Por fim, em outra visão, o vínculo mais humano paciente-terapeuta, pode influenciar de forma direta o estado de saúde dos pacientes (CAPRARA e RODRIGUES 2004; CAPRARA E FRANCO 1999). Esta afirmação se relaciona com a abordagem por nós utilizada, uma vez que os objetivos do tratamento foram baseados também nas principais queixas e desejos da paciente, o que pode ter influenciado na melhora da qualidade de vida da mesma.

Conclusão

    Após a análise dos resultados concuiu-se que um protocolo de fisioterapia, baseado na cinesioterapia e direcionado aos movimentos funcionais, foi eficaz na melhora da flexibilidade, da dor e da qualidade de vida de um indivíduo portador de dermatopolimiosite. Ainda, entendemos que o papel da reabilitação, além da questão físico-funcional, deve ser imbuída do fator humano, compreendendo as maiores dificuldades e anseios do individuo em questão. Desta forma, um acompanhamento mais humanizado e individual torna-se um artifício importante e que proporciona resultados positivos.

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