O uso do laser de baixa intensidade na regeneração tecidual: uma revisão integrativa El uso del láser de baja intensidad en la regeneración de tejidos: una revisión integradora Use of low-level laser regeneration in tissue: an integrative review |
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*Acadêmico do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA **Profª MS. Orientadora do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA (Brasil) |
Alejandro Oliveira Carneiro* Francisca Maria Aleudinelia Monte Cunha** |
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Resumo O presente trabalho constitui uma revisão integrativa de literatura, em publicações científicas de 2009 a 2014, que objetivou desenvolver uma análise sobre o uso da laserterapia na regeneração tecidual nos últimos cinco anos. Para o levantamento dos artigos na literatura, foi realizada uma busca na BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), durante o período de outubro de 2013 a fevereiro de 2014. Foram utilizados como descritores os termos “laserterapia, tratamento e fisioterapia”. Foram excluídos os artigos que não versavam sobre a temática abordada, artigos repetidos, incompletos e artigos que não estavam no período citado nos critérios de inclusão. A partir da análise dos textos selecionados, os resultados da pesquisa foram expostos em um quadro comparativo, considerando as seguintes divisões: autor, o ano de publicação, título, tipo e objetivo de estudo. Bem como foi exposta uma categoria conceituando a laserterapia no tratamento fisioterápico. Nos estudos revisados foram encontradas diferenças significativas quando se comparava o grupo tratado com laser e o grupo placebo, essa diferença não era encontrada quando se comparava grupos usando laser com diferentes comprimentos de onda ou diferentes potências. Unitermos: Uso do laser. Regeneração tecidual. Laserterapia.
Abstract The present study represents an integrative literature review in scientific publications from 2009 to 2014, aimed to develop an analysis of the use of laser therapy on tissue regeneration in the last five years. To survey articles in the literature, a search was performed in VHL (Virtual Health Library) during the period October 2013 to February 2014. The terms "laser therapy, and physiotherapy treatment" were used as descriptors. Articles that did not were about the selected theme, repeated, incomplete items and items that were not in the period mentioned in the inclusion criteria were excluded. From the analysis of the selected texts, search results were displayed in a comparative framework, considering the following divisions: author, year of publication, title, type and purpose of the study. And was exposed a category conceptualizing laser therapy in physical therapy. In the studies reviewed found significant differences when comparing the laser-treated group and the placebo group, this difference was not found when comparing groups using lasers with different wavelengths or different powers. Keywords: Use of laser. Tissue regeneration. Laserterapia.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
De acordo com Moreira et al. (2011), foi Albert Einstein que em 1917 idealizou os princípios físicos da emissão estimulada, possibilitando deste modo, a criação, em 1960, do primeiro feixe de luz laser com base em suas conjecturas. Mais recentemente surgiram aparelhos lasers como o Arseneto de Gálio (AsGa) e Arseneto de Gálio Alumínio (AsGaAl).
Neves et al. (2011), dizem que atualmente na literatura há pesquisas que usam recursos terapêuticos não farmacológicos que merecem destaque e um deles é o laser de baixa intensidade. Logo, Pinto et al. (2009), afirmam que a laserterapia está sendo bastante usada por ser uma proposta não invasiva, além de ser um tratamento com bons resultados, seguro e sem muitos gastos.
A interação da luz laser com os tecidos pode levar a diferentes resultados (estimulação ou inibição), dependendo de vários fatores, como comprimento de onda, dose, potência, tempo, número de irradiações, propriedades ópticas dos tecidos e tipo de célula irradiada, além das características fisiológicas das células no momento da irradiação (HENRIQUES et al., 2010).
Fukuda et al. (2011) relatam que alguns dos mecanismos de ação do laser são: aumento de ATP mitocondrial e oxigenação tecidual, aumento de neurotransmissores implicados na modulação da dor como a serotonina e efeitos anti-inflamatórios.
Portanto, a cicatrização é um processo complexo que se inicia com a reação inflamatória, o que melhor explica a ação do laser em relação à diminuição do tempo de cicatrização, pois quanto mais rápido cessar a fase inflamatória, mais rapidamente se inicia a fase reparadora e mais cedo à cicatrização se dá por completo (SILVA et al., 2013).
Henriques et al. (2010) afirmam que se o tecido é completamente funcional no momento da irradiação, não existe nada para a irradiação laser estimular e nenhum efeito terapêutico será observado. No entanto se o tecido está danificado, a irradiação laser irá agir tentando normalizar a função celular, restaurar a homeostase e estimular a cicatrização e reparo. De fato, a magnitude da resposta celular a irradiação depende do estado fisiológico da célula. A irradiação é condicionada pela quantidade de nutrientes disponíveis e pela idade da cultura celular, por exemplo. Geralmente, células em fase exponencial de crescimento são mais fotossensíveis que aquelas na fase estacionária de crescimento. Portanto, os mesmos autores afirmam que para a laserterapia ser utilizada como modalidade terapêutica confiável, é necessário utilizar adequadamente dose, comprimento de onda e densidade de energia de acordo os efeitos e objetivos propostos para cada caso a ser tratado.
Justificamos, portanto, nosso interesse pela temática abordada em virtude da necessidade de analisar os benefícios que o tratamento com o laser poderá trazer para nossos pacientes, entender quais parâmetros são mais eficazes nesse tipo de tratamento, além de aprofundar nossos conhecimentos, e fornecer subsídios para pesquisa à comunidade acadêmica.
Na fisioterapia o laser de baixa intensidade vem sendo utilizado com diversas finalidades, sendo uma delas apresentada nesta revisão: a regeneração de tecidos.
Este estudo pretende trazer uma grande contribuição para as pesquisas em fisioterapia, mostrando que a laserterapia pode melhorar consideravelmente a qualidade e o tempo de cicatrização de tecidos danificados, melhorando o aspecto da ferida e possibilitando ao paciente o retorno as suas atividades quotidianas de forma mais breve.
2. Metodologia
Este trabalho consiste em uma revisão integrativa realizada a partir da coleta de dados em diversos artigos nos quais autores expuseram seus estudos acerca do uso da laserterapia na regeneração tecidual.
A revisão integrativa é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões bibliográficas ou de literatura especializada, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado (SOUZA et al., 2010). Ainda segundo o mesmo autor, este tipo de revisão também combina dados da literatura teórica e empírica, além de abranger vários propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular.
Para o levantamento dos artigos, foi realizada uma busca na BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), durante o período de outubro de 2013 a fevereiro de 2014. Foram utilizados como descritores os termos “laserterapia, tratamento e fisioterapia”.
Foi realizada a leitura dos resumos, e foram utilizados como critérios de inclusão artigos na íntegra, publicados durante o período de 2009 a 2014, em português, os quais abordassem a temática referente à Laserterapia de baixa intensidade na regeneração de tecidos. Foram excluídos os artigos que não versavam sobre a temática elegida, artigos repetidos, incompletos e artigos que não estavam no período citado nos critérios de inclusão.
A partir da análise dos textos selecionados, os resultados da pesquisa foram expostos em um quadro comparativo, considerando as seguintes divisões: autor, o ano de publicação, título, tipo e objetivo de estudo. Bem como foi exposta uma categoria conceituando a laserterapia no tratamento fisioterápico.
3. Resultados e discussão
A partir da análise dos textos selecionados, foram encontrados quinze estudos, conforme está indicado no Quadro 1, dos quais dois artigos foram publicados em 2009, seis em 2010, cinco em 2011, um em 2012 e um em 2013. Com base nestes dados, pode-se perceber que nos anos de 2010 e 2011 houve um maior número de publicações a respeito da temática abordada. Quanto aos tipos de estudo, três são estudo caso-controle, dois são estudo comparativo, dois são estudo controlado, um estudo randomizado, um estudo clínico duplo cego e controlado, um estudo piloto, um estudo controle experimental, um estudo de revisão sistemática, um estudo prospectivo, um estudo de revisão de literatura e um estudo controle randomizado.
Quadro 1. Lista de características dos artigos utilizados na pesquisa
Autores |
Ano |
Título |
Tipo de estudo |
Objetivo |
Thiago Y. Fukuda, Julio F. Jesus, Marcio G. Santos, Claudio Cazarini Junior, Maury M. Tanji, Helio Plapler |
2010 |
Aferição dos equipamentos de laser de baixa intensidade |
Estudo Comparativo |
Analisar a potência média real (PmR) dos equipamentos de LBI na região da Grande São Paulo. |
Silveira PCL, Silva LA, Tuon T, Freitas TP, Streck EL, Pinho RA |
2009 |
Efeitos da laserterapia de baixa potência na resposta oxidativa epidérmica induzida pela cicatrização de feridas |
Estudo Randomizado |
Avaliar os efeitos da laserterapia de baixa potência nos parâmetros oxidativos na cicatrização de feridas em ratos. |
Flávia Fonseca Moreira, Eustáquio Luiz Paiva de Oliveira, Fabiano Sousa Barbosa, Julio Guilherme Silva |
2011 |
Laserterapia de baixa intensidade na expressão de colágeno após lesão muscular cirúrgica |
Estudo de Caso-Controle |
Investigar os efeitos dos lasers Arseneto de Gálio Alumínio (AsGaAl 830 nm) e Arseneto de Gálio (AsGa 904 nm) na expressão de colágeno após lesão muscular induzida cirurgicamente no músculo gastrocnêmico de camundongos. |
Elisângela Barboza da Silva; Cintia Lúcia Maniscalco; Greyson Victor Zanatta Ésper; Ricardo Romão Guerra; Ivo I. Kerppers |
2013 |
Análises macro e microscópicas de enxertos cutâneos por semeadura após laserterapia de baixa intensidade |
Estudo de Caso Controle |
Observar se a laserterapia de baixa intensidade acelera o processo inflamatório, a cicatrização e epitelização de enxertos cutâneos por semeadura. |
Vanessa Ovanessian Fukuda, Thiago Yukio Fukuda, Márcio Guimarães, Silvia Shiwa, Bianca Del Cor de Lima, Rodrigo Álvaro Brandão Lopes Martins, Raquel Aparecida Casarotto, Patrícia Pereira Alfredo, Jan Magnus Bjordal, Patrícia Maria Moraes Barros Fucs |
2011 |
Eficácia a curto prazo do laser de baixa intensidade em pacientes com osteoartrite do joelho: ensaio clínico aleatório, placebo-controlado e duplo-cego |
Estudo Clínico Duplo Cego e Controlado |
Avaliar a eficácia a curto prazo da laserterapia de baixa intensidade (LBI) na melhora da dor e função em pacientes portadores de osteoartrite (OA) do joelho. |
Nathali Cordeiro PINTO, Mara Helena Corso PEREIRA, Noedir Antônio Groppo Stolf, Maria Cristina Chavantes |
2009 |
Laser de baixa intensidade em deiscência aguda de safenectomia: proposta terapêutica |
Estudo Piloto |
Avaliar a resposta da laserterapia como possibilidade terapêutica em deiscência aguda de safenectomia pós-revascularização miocárdica. |
Thiago de Santana Santos, Marta Rabello Piva, Maria Helena Ribeiro, Antonio Azoubel Antunes, Auremir Rocha Melo, Emanuel Dias de Oliveira e Silva |
2010 |
Eficácia da laserterapia nas disfunções têmporo-mandibulares: estudo controle |
Estudo Controle Experimental |
Avaliar a eficácia da laserterapia no tratamento das disfunções têmporo-mandibulares. |
Maurício José Falcai, Vanessa Vilela Monte-Raso, Rodrigo Okubo, Ariane Zamarioli, Leonardo César Carvalho, Antônio Carlos Shimano |
2010 |
Análise biomecânica e histológica de músculos gastrocnêmios de ratas submetidas à lesão muscular e tratados com laserterapia de baixa intensidade |
Estudo Controle |
Avaliar, mecânica e histologicamente, a aplicação do laser terapêutico de baixa potência, no processo reparativo de lesões provocadas por impacto em músculos gastrocnêmios de ratas. |
Ernesto Cesar Pinto Leal Junior, Francis Régio Nassar, Shaiane da Silva Tomazoni, Jan Magnus Bjordal, Rodrigo Álvaro Brandão Lopes-Martins |
2010 |
A laserterapia de baixa potência melhora o desempenho muscular mensurado por dinamometria isocinética em humanos |
Estudo Comparativo |
Avaliar os efeitos da LBP (655 nm, 50 mW, 2,4 J por ponto e 12 J de energia total) sobre o desempenho e fadiga muscular do músculo tibial anterior, utilizando dinamometria isocinética (30 repetições de contração concêntrica) em 14 indivíduos saudáveis sedentários do sexo masculino. |
Thiago de Oliveira Assis, Matheus dos Santos Soares, Márcio Melo Victor |
2012 |
O uso do laser na reabilitação das desordens temporomandibulares |
Estudo de Revisão Sistemática |
Estudar a influência da laserterapia de baixa intensidade (diodo) no tratamento das desordens temporomandibulares. |
Marcelo de Pinho Teixeira Alves, Gabriel Costa Serrão de Araújo |
2011 |
Laserterapia de baixa intensidade no pós-operatório da síndrome do túnel do carpo |
Estudo Prospectivo |
Avaliar o tratamento pós-operatório da síndrome do túnel do carpo (STC), utilizando-se a laserterapia de baixa intensidade (LBI). |
Águida Cristina Gomes Henriques; Claudia Cazal; Jurema Freire Lisboa de Castro |
2010 |
Ação da laserterapia no processo de proliferação e diferenciação celular. Revisão da literatura |
Estudo de Revisão de Literatura |
Realizar uma revisão da literatura sobre os aspectos indutivos do laser no processo de proliferação celular principalmente no que se refere a estes mecanismos em células neoplásicas malignas. |
Alexandre Marcio Marcolino, Rafael Inácio Barbosa, Lais Mara Siqueira das Neves, Thomas Selvaggio Vinas, Danilo Teixeira de Barros Duarte, Nilton Mazzer, Marisa de Cássia Registro Fonseca |
2010 |
Laser de baixa intensidade (830 nm) na recuperação funcional do nervo isquiático de ratos |
Estudo Controle |
Avaliar o efeito do laser de baixa intensidade na melhora funcional da marcha de ratos após esmagamento do nervo ciático. |
Cíntia Helena Santuzzi, Hygor Franca Buss, Diego França Pedrosa, Martha Oliveira Vieira Moniz Freire, Breno Valentim Nogueira, Washington Luiz Silva Gonçalves |
2011 |
Uso combinado da laserterapia de baixa potência e da inibição da ciclooxigenase-2 na reepitelização de ferida incisional em pele de camundongos: um estudo pré-clínico |
Estudo de Caso Controle |
Avaliar os efeitos isolados e combinados da laserterapia de baixa potência e da ICOX2 na reepitelização de ferida incisional na pele de camundongos. |
Lais Mara Siqueira das Neves, Alexandre Marcio Marcolino, Rodrigo Paschoal Prado, José Antônio Thomazini |
2011 |
Laser 830nm na viabilidade do retalho cutâneo de ratos submetidos à nicotina |
Estudo Controle Randomizado |
Investigar os possíveis efeitos da laserterapia com laser diodo 830nm ao se contrapor a ação da nicotina na viabilidade do retalho cutâneo em ratos. |
Conceituando a laserterapia no tratamento fisioterápico
Silveira et al. (2009), fizeram um estudo com animais dividindo-os em três grupos, sendo um sem tratamento, outro com tratamento à 2J/cm² e o último com tratamento à 4J/cm². Foi aplicado, logo após a lesão, o laser de baixa intensidade durante cinco dias consecutivos. Para esse estudo foi usado o laser Arseneto de Gálio (AsGa), na forma pulsado, feixe não visível, comprimento de onda de 904 nm, potência de pico de 15 mW, freqüência de 2000 Hz, tempo de pulso de 180 ns e área de secção transversal do feixe de 0,07 cm² (Laserpulse - Ibramed). No grupo tratado à 2J/cm² o tempo foi de 40 segundos e no que foi tratado à 4J/cm² o tempo foi de 80 segundos. A aplicação foi de forma pontual. Os pesquisadores observaram que a atividade da cadeia respiratória mitocondrial e alguns marcadores de estresse oxidativo foram inibidos tanto com a densidade de energia de 2 J/cm² quanto com a de 4 J/cm².
Da mesma forma, Moreira et al. (2011) efetuaram um estudo com camundongos onde os animais foram divididos em três grupos, um sendo controle com tratamento placebo, outro tratado a 840nm e o último a 904nm de comprimento de onda. O laser de baixa potência foi aplicado uma única vez após 24 horas da lesão, sendo que o grupo controle foi tratado com o aparelho desligado. Para a realização desse experimento foram usados o laser AsGaAl, com comprimento de onda 830 nanômetros, infravermelho, potência de 30 mW, com emissão pulsada, potência média de 0,03 W, área do feixe de 0,1 cm² na freqüência de 20Hz, densidade de energia 5 J/cm², com irradiação de 16,6 segundos, modelo LASERPULSE (IBRAMED, Amparo, SP, Brasil) e o laser AsGa, com comprimento de onda de 904 nanômetros, infravermelho, com emissão pulsada, potência de 70Wpico, potência média de 0,04 W, área do feixe de 0,1 cm², duração dos pulsos de 60nseg, na freqüência de 9,5 KHz, densidade de energia 5 J/cm², com uma energia por ponto de 0,5 J, com irradiação de 15 segundos, modelo Laserpulse (Ibramed, Amparo, SP, Brasil).
Posteriormente à aplicação do laser observou-se que após sete dias do tratamento a lesão muscular mostrou extensa área de deposição de colágeno tanto no grupo AsGaAl 830 nm quanto no AsGa 904 nm. Já após quatorze dias, a expressão de colágeno reduziu em ambos os subgrupos. Os pesquisadores constataram que houve um aumento na deposição de colágeno no grupo irradiado em comparação ao grupo não irradiado, comprovando assim a eficácia do tratamento.
No estudo de Silva et al. (2013), os animais foram separados em dois grupos, um sendo controle e o outro tratado com o laser. Todos os animais foram submetidos à operação a fim de criar um defeito na pele. O grupo controle não recebeu irradiação e o outro grupo foi tratado com laser de baixa intensidade 6J/cm²/18s em cada ponto enxertado, aplicado no pós-operatório imediato, 72 horas depois e no sétimo dia.
Os pesquisadores apontados obsevaram durante a investigação que o Grupo Controle apresentou uma secreção amarelada com aspecto purulento sobre a ferida enxertada, fato este que não ocorreu no Grupo Laser, que pode ser explicado pela ausência de infecção no grupo tratado com laser de baixa intensidade. O Grupo Controle com quatro dias, ao contrário do Grupo Laser, apresentava ferida mais avermelhada indicando a presença de inflamação. Este tipo de resposta caracteriza a ação do laser como aceleradora do processo inflamatório e não como anti-inflamatória. Foi encontrada também uma boa qualidade do tecido cicatricial referente ao 14º dia do Grupo Laser, onde foram observadas papilas dérmicas, revelando um alto grau de organização tecidual e com isso uma boa qualidade do reparo, o que não se observou no Grupo Controle.
Os mesmos autores observaram que os enxertos foram incorporados e iniciaram a epitelização do leito receptor mais rapidamente no grupo irradiado com o laser. A cicatrização da ferida tratada com o laser foi mais rápida e teve melhor aspecto macro e microscópico no grupo tratado com o laser de baixa intensidade quando comparado ao grupo que não recebeu a laserterapia como tratamento, tanto que o Grupo Laser aos 14 dias já estava com a ferida cicatrizada, enquanto o Grupo Controle ainda se encontrava no início da epitelização.
4. Considerações finais
Podemos entender através desta revisão integrativa que o uso do laser de baixa intensidade é um método seguro, que vem mostrando resultados significativos no reparo tecidual da pele e tem seu uso respaldado pela literatura científica. Nos estudos revisados foram encontradas diferenças significativas quando se comparava grupo tratado com laser e grupo placebo. Essa diferença não era encontrada quando se comparava grupos usando laser com diferentes comprimentos de onda ou diferentes potências.
A insuficiência nesta área parece está relacionada à necessidade de uma quantidade maior de estudos controlados em humanos, precisando seus reais efeitos nos mais variados tipos de tecidos, as doses mais adequadas e a sua real efetividade. Novas pesquisas se fazem necessárias para melhor mostrar a eficácia desse tipo de tratamento possibilitando obter cada vez melhores resultados.
Referências
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ASSIS, Thiago de Oliveira; SOARES, Matheus dos Santos; VICTOR, Márcio Melo. O uso do laser na reabilitação das desordens temporomandibulares. Fisioter. mov., Curitiba, v. 25, n. 2, June 2012.
FALCAI, Maurício José et al. Análise biomecânica e histológica de músculos gastrocnêmios de ratas submetidas à lesão muscular e tratados com laserterapia de baixa intensidade. Rev. bras. ortop., São Paulo, v. 45, n. 4, 2010.
FUKUDA, Thiago Y. et al. Aferição dos equipamentos de laser de baixa intensidade. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 14, n. 4, Aug. 2010.
FUKUDA, Vanessa Ovanessian et al. Eficácia a curto prazo do laser de baixa intensidade em pacientes com osteoartrite do joelho: ensaio clínico aleatório, placebo-controlado e duplo-cego. Rev. bras. ortop., São Paulo, v. 46, n. 5, Oct. 2011.
HENRIQUES, Águida Cristina Gomes; CAZAL, Claudia; CASTRO, Jurema Freire Lisboa de. Ação da laserterapia no processo de proliferação e diferenciação celular: revisão da literatura. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro, v. 37, n. 4, Aug.2010.
JUNIOR, Ernesto Cesar Pinto Leal et al. A laserterapia de baixa potência melhora o desempenho muscular mensurado por dinamometria isocinética em humanos. Fisioter. Pesqui., São Paulo, v. 17, n. 4, Dec. 2010.
MARCOLINO, Alexandre Marcio et al. Laser de baixa intensidade (830 nm) na recuperação funcional do nervo isquiático de ratos. Acta ortop. bras., São Paulo, v. 18, n. 4, 2010.
MOREIRA, Flávia Fonseca et al. Laserterapia de baixa intensidade na expressão de colágeno após lesão muscular cirúrgica.Fisioter. Pesqui., São Paulo, v. 18, n. 1, Mar.2011.
NEVES, Lais Mara Siqueira das et al. Laser 830nm na viabilidade do retalho cutâneo de ratos submetidos à nicotina. Acta ortop. bras., São Paulo, v. 19, n. 6, 2011.
PINTO, Nathali Cordeiro et al. Laser de baixa intensidade em deiscência aguda de safenectomia: proposta terapêutica. Rev Bras Cir Cardiovasc, São José do Rio Preto, v. 24, n. 1, mar. 2009.
SANTOS, Thiago de Santana et al. Eficácia da laserterapia nas disfunções têmporo-mandibulares: estudo controle. Braz. j. otorhinolaryngol. (Impr.), São Paulo, v. 76, n. 3,jun. 2010.
SANTUZZI, Cíntia Helena et al. Uso combinado da laserterapia de baixa potência e da inibição da ciclooxigenase-2 na reepitelização de ferida incisional em pele de camundongos: um estudo pré-clínico. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 86, n. 2,Apr. 2011.
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SILVEIRA, PCL et al. Efeitos da laserterapia de baixa potência na reposta oxidativa epidérmica induzida pela cicatrização de feridas. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 13, n. 4, Aug. 2009.
SOUZA, Marcela Tavares de et al. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, 2010; 8(1 Pt 1): 102-6.
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