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Nado sincronizado: uma prática para idosos

El nado sincronizado: una práctica para personas mayores

 

*Doutoranda em Educação UFPE. Professora

do Curso Licenciatura em Educação Física UFRPE

**Doutora em Educação UFBA professora do Curso Licenciatura em UFRPE

***Professora do Curso Licenciatura em UFRPE

****Acadêmica do curso de Educação Física UFRPE

(Brasil)

Rosângela Cely Branco Lindoso*

Erika Suruagy Assis de Figueiredo**

Ana Flávia Araújo Pinho Mestre em Educação***

Priscilla Bello Santana****

Caroline Moraes Pimentel Fontão****

roxente@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O artigo em questão objetiva, a partir de pesquisa realizada no Mestrado em Educação, qualificar a prática do profissional em Educação Física por meio da construção do conhecimento, tendo em vista os desafios sociais apresentados à mesma. A intervenção foi realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco, através do projeto de extensão com idosas, parcela da população mais longeva, utilizando o esporte nado sincronizado. A Teoria das Representações Sociais foi utilizada como ferramenta teórica e os resultados apontam que o aumento da expectativa de vida da população e as necessidades criadas pela mesma, vem trazendo modificações nas representações de corpo biologicamente limitado e esporte como espetáculo de auto-rendimento. Para uma representação de corpo como integralidade humana e esporte como forma de expressão e qualificação da convivência humana.

          Unitermos: Corpo. Idosas. Nado sincronizado. Representações sociais.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este estudo parte da articulação: ensino, pesquisa e extensão, onde o conhecimento auxilia na qualificação da prática, no sentido de refletir sobre os objetos nela envolvidos. Tomarei aqui objetos da prática pedagógica - corpo e esportes -, e a idéia de Geertz (2011), em que define a natureza do homem construída através de modelos, reflexos, aproximações ou distorções da realidade.

    Ao longo da história observamos mudanças na forma de Representação Social do corpo. Esse modelo começa a se transformar com a longevidade. Quero destacar, em primeiro lugar, da superação de um modelo de corpo, jovem e produtivo e de um modelo de esporte onde a performance é indicativo de sucesso. Esses modelos vão sendo reconstruídos, trazendo desafios para a prática dos professores de Educação Física.

    A ação inovadora do homem pode estar presente em tudo o que faz, mesmo quando rotineiramente faz o velho. O novo vem da superação do velho, quando esse modelo já não responde as necessidades humanas. Da necessidade de qualificar a vida o ser humano reconstrói sua representação de corpo e esporte.

O envelhecimento

    A demografia do envelhecimento da população brasileira, aponta mudanças na estrutura etária desta sociedade, produzindo um aumento de pessoas acima de determinada idade identificada como idoso. No caso desse projeto, em consonância ao determinado na sociedade brasileira, fica entendido: pessoa a partir de 60 anos, esse processo varia de uma sociedade para outra e depende de fatores biológicos, econômicos, ambientais e culturais.

    No Brasil nos anos 30 e 40, houve um declínio da mortandade, para Carvalho e Garcia (2003 p.725),

    Contrariamente ao indicado pelo senso comum, o processo de envelhecimento populacional, tal como observado até hoje, é resultado do declínio da fecundidade, e não da mortalidade. O envelhecimento populacional iniciou-se no final do século XIX em alguns países da Europa Ocidental, espalhou-se pelo resto do Primeiro Mundo, no século passado, e se estendeu, nas últimas décadas, por vários países do Terceiro Mundo, inclusive o Brasil. No caso brasileiro, observou-se, a partir do final dos anos 60, rapidíssima e generalizada queda da fecundidade, e haverá, conseqüentemente, um célere processo de envelhecimento da população.

    Segundo o censo demográfico de 2010, resultados dos micro dados de 27 de abril de 2012 apontam que: “O Brasil está saindo de uma estrutura etária jovem para uma estrutura adulta e caminha para uma estrutura etária envelhecida”. A antiga razão da dependência era alta entre os jovens e baixa entre os idosos, porém vai se invertendo com o passar do tempo. O Censo aponta que no final da década de 2030 o número de habitantes de 65 anos ou mais, será maior do que o de habitantes de 0 a 14 anos. A rápida mudança na estrutura etária da população brasileira coloca desafios para a produção do conhecimento. Nesse sentido Salgado (1989, p.23) define a Gerontologia como:

    o estudo do processo de envelhecimento, com base nos conhecimentos oriundos das ciências biológicas, psicocomportamentais e sociais [...] vêm se fortalecendo dois ramos igualmente importantes: a Geriatria, que trata das doenças no envelhecimento; e a Gerontologia Social, voltada aos processos psicossociais manifestados na velhice. Embora não se encontrem definitivamente explorados esses dois setores das pesquisas gerontológicas já apresentaram [...] contribuições para a elucidação da natureza do processo de envelhecimento, e provaram estar em condições de levantar questões sobre os problemas dele decorrentes.

    O envelhecimento, para Santos (2003), é um processo dinâmico durante o curso de vida do ser humano, iniciando pelo nascimento e terminando na morte. Vale salientar que é um processo natural e não uma doença. É importante aqui as diferenças, semelhanças e inter-relações entre os conceitos de idoso, envelhecimento e velhice.

    O processo de envelhecimento provoca no organismo modificações biológicas, psicológicas e sociais, porém é na velhice que esse processo se apresenta de forma mais evidente. As modificações biológicas são as morfológicas, reveladas por aparecimento de rugas, cabelos brancos; as modificações de cunho fisiológico relacionam-se às alterações das funções orgânicas; as bioquímicas estão diretamente ligadas às transformações das reações químicas que se processam no organismo; as modificações de cunho psicológico ocorrem quando, ao envelhecer, o ser humano precisa adaptar-se a cada situação nova do seu cotidiano; já as modificações sociais são verificadas quando as relações sociais sofrem alterações em função da diminuição da produtividade e principalmente, de competência física e da situação econômica.

    Segundo Organização das Nações Unidas - ONU (1982) -, em 1982, através da Resolução 39/125, durante a Primeira Assembléia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento da População, o conceito de idoso difere para países desenvolvidos e para países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, são considerados idosos os seres humanos com 65 anos ou mais. No Brasil, é considerado idoso quem tem 60 anos ou mais, considerando-se para algumas ações governamentais, as diferenças regionais verificadas no país, está relacionado com a expectativa de vida ao nascer e com a qualidade de vida que as nações propiciam a seus cidadãos.

    O conceito de velhice de acordo com Santos (2003) não é o processo como o envelhecimento, antes, é um estado que caracteriza a condição do ser humano idoso. O registro corporal é aquele que fornece as características do idoso: cabelos brancos, rugas, calvície, diminuição dos reflexos, compressão da coluna vertebral, enrijecimento e tantos outros.

    O Envelhecimento poderá ser bem sucedido ou mal sucedido variando de acordo com a capacidade funcional e a autonomia mantida pelo idoso. Assim, hábitos saudáveis como alimentação equilibrada e atividade física bem dosada, entre outros, são relevantes na qualidade de vida do idoso.

    Dentre as doenças mais comuns que acometem o idoso presente nos dados de 1997, divulgados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), estão as doenças do aparelho circulatório aparecem como responsáveis por 39,4% de óbitos em homens idosos e 36,3% em mulheres idosas. As doenças neurodegenerativas (mal de Alzheimer e mal de Parkinson), apesar de não ocasionarem morte do paciente, afetam sua autonomia. Outras doenças são o câncer de mama ou de próstata, diabetes, hipertensão arterial, osteoporose, artrite, entre outras.

    O acompanhamento epidemiológico do envelhecimento da população aponta para um crescente aumento das despesas ocasionado pela mudança de padrão de enfermidades, uma vez que as doenças dos idosos apresentam-se como crônicas e múltiplas.

    A dimensão epidemiológica que acompanha o envelhecimento populacional persistindo por vários anos e exigem um acompanhamento médico.

    “Conforme aumenta a proporção de pessoas de idade avançada, aumenta o percentual da população que padece de enfermidades crônicas e incapacidades, gerando uma maior necessidade de recursos sanitários para estes pacientes, enquanto que os custos da atenção de casos agudos ou curáveis permanecem bastante constantes.” (OPAS, 2000:61)

    Muitas das doenças provenientes do desgaste orgânico encontram indicação terapêutica na atividade física, que é uma das medidas preventivas mais importante que se pode realizar com pessoas idosas. As orientações internacionais indicam a atividade física sistematizada de intensidade moderada promove benefícios substanciais à saúde de indivíduos sedentários, entretanto as mesmas são insuficientes para o controle do peso, portanto devem estar aliada a uma alimentação balanceada (Comissão Européia, 2008).

    Saúde, qualidade de vida e atividade física estão intimamente relacionados. Um estilo de vida ativo, onde esteja incluída a atividade física, traz benefícios sociais e psicológicos que refletirão na qualidade de vida. Tratar o corpo e o esporte no envelhecimento é trabalhar contra os estigmas que a sociedade e o próprio idoso insistem em assumir em relação à velhice.

    Ao estudar as representações de corpo Jodelet (2005) aponta que as representações de corpo são culturais por isso se alteram, são construídas na vida cotidiana, estão presentes nos discursos orais, escrito e práticas sociais, mostrando como o corpo está submetido em cada sociedade e como cada membro está definido no interior do grupo.

    Para Moscovici (1978) as representações sociais são uma espécie de saber prático acerca do real que se estrutura nas relações humanas construindo a realidade. Trazendo a dinamicidade da teoria, com base em Jodelet (1968), uma representação se constrói ao redor de objetos exatos, como por exemplo, o corpo e o esporte. Esse processo veiculando pensamento e linguagem, não se dá no vazio e sim no contexto histórico social geográfico e cultural utilizados como filtros com os quais os sujeitos interpretam os objetos, atribuindo aos mesmos, sentido e significado, o que guiará conduta, e orientará a pratica social.

Relação corpo e esporte

    Observando o contexto das práticas aquáticas associamos necessidades e possibilidades oriundas da relação homem/água. Embora a natação se apresentar como expressão social das possibilidades aquáticas, reinvenções criam outras práticas como o polo aquático, os saltos ornamentais, e o nado sincronizado.

    Todas essas modalidades aquáticas foram criadas a partir de necessidades humanas e suas subjetividades. A natação por ter um caráter objetivo, o polo aquático pelas interações, já no nado sincronizado esta relação é com elementos estéticos, acrobáticos e rítmicos.

    Buscaremos pontuar uma construção histórica das Representações sociais de corpo e esporte, onde o desenvolvimento da ciência substitui as causalidades religiosas pela causalidade física. Nessa perspectiva, conforme Silva (2001), o corpo restringe-se às ciências naturais, em especial, à medicina. Assim, constitui-se em objeto cada vez mais especializado, tal como define a divisão disciplinar do conhecimento moderno. Perdendo com isso aderência em relação à sociedade, progressivamente abandonada. O corpo mantido no domínio da natureza liga-se a uma natureza transformada, regulada por leis internas decifráveis como engrenagens de uma máquina, sujeitas a investigação e manipulação de suas partes, constituindo-se num objeto aculturado. Corpo, sociedade e política passam a ocupar espaços distintos, apesar da inter-relação não desaparecer por completo. A cultura fundamenta todos os fenômenos do corpo para, ao se criar vida diferente, criar-se também funcionamento orgânico diferente. Através do corpo o homem se relaciona com a natureza.

    A Medicina do Esporte apresenta a questão de dominação da natureza, desconhece o corpo humano como um fenômeno cultural - inclusive em sua fisiologia -, altera e interfere através da ciência, através do treinamento de resistência, de força, hipertrofia muscular, numa relação de opressão da natureza, alterando seu modo de ser.

    Sobre a origem do esporte as festividades independentes do calendário instituíram exercícios e prêmios oficializando os resultados e consagrando desempenhos e progressos. Nesse sentido a existência de uma tabela das velocidades no Anuário da República Francesa ano IX, relativo a “corridas a pé”, acompanhado de um relatório público ajudou a definir e comemorar resultados e desempenhos (VIGARELLO, 2008). Pela primeira vez desempenhos corporais figuram em tabelas escalonadas, onde números eram fixados, podendo ser atingidos ou ultrapassados. As competições representaram a criação de um programa, transpondo os jogos tradicionais e se aproximavam neste período mais das festas do que do treinamento.

    A modificação deste movimento impondo regras à nova prática corporal, regulando a violência, técnicas de ginástica, cálculo dos espaços e tempos, a cobrança das medidas constituem evidências do surgimento de outro universo do gesto e do desempenho. Influenciado pelo trabalho, o exercício se torna um trabalho corporal, ou seja, atividade corporal precisamente codificada cujos movimentos são geometrizados e os resultados calculados, parcialmente o esporte é desenhado.

    Os jogos tradicionais não desaparecem. Permanecem como práticas corporais do século XIX e são referências de práticas corporais baseadas em destreza e força bruta, tônica dessa época. O gesto em forma e intensidade é repensado deslocando códigos e exigências. O investimento sanitário possibilita o aparecimento de práticas diferentes, a natação, renova as práticas físicas e urbanas no começo do século XIX, desenvolvendo exercícios, que consistiam mais em lutar contra o meio líquido e o frio do que técnica. Esta prática contribui para uma melhor divisão entre o lazer e o trabalho (VIGARELLO, 2008). Toda essa produção ambiciona a transformação do corpo, aperfeiçoando o músculo antes da perfeição do gesto, objetivo focalizado no orgânico.

    Na metade do século XIX, a elite se torna defensora do esporte, exaltando um corpo atlético, buscando assim o equilíbrio anatômico e o eu interior expresso no adágio, Mens sana in corpore sano, deixando de ser apenas exercício para o prazer, corresponde a fins mais sociais e ideológicos (HOLT, 2008). A saúde passa a incluir tanto a eficácia física quanto mental.

    O esporte vai tomando outros significados, marcados por nacionalidade, etnia e império, encarnando virtudes masculinas do período industrial, cultuando esforço e mérito, e o valor em si da competição e preconceitos, todos estes significados atravessam o corpo do esportista do século XIX de forma mais ou menos forte.

    O esporte a partir dos anos 1980, com a redemocratização, são alvo de questionamentos e críticas (KUNZ, 2006). Com o processo de redemocratização, foram se desenvolvendo teorias da educação que tentavam superar uma prática tradicional, entendida como descomprometida com as transformações sociais (BRACHT, 1997). O autor faz uma análise crítica e dura ao esporte, comparando-o ao que há de pior na sociedade capitalista, atribuindo-lhe a condição de instrumento ideológico do capitalismo, com críticas a sua escolarização e forma de lazer. O modelo esportivo é muito criticado no meio academico, muito embora seja o modelo hegemonico na sociedade (DARIDO, 2003). Surge a necessidade de um modelo de esporte onde todos possam usufruir, inclusive as pessoas mais longevas.

Metodologia

    Este estudo é de natureza qualitativa, trabalha com as Representações Sociais de corpo e esporte construídas ao longo do tempo e como as mesmas se materializam na articulação: pesquisa, extensão e ensino.

    Partindo da pesquisa histórica realizada sobre corpo e esporte, bem como dados que apontam uma população que está vivendo mais e precisa qualificar esta vida. Foi organizado um projeto de extensão onde idosas na faixa etária entre 60 a 83 anos praticam o esporte nado sincronizado.

    A prática docente é guiada pelas mudanças nas representações de corpo e esporte. Nesse caso o desafio de organizar os conteúdos, possibilitando as mesmas vivenciarem um esporte antes praticado somente por jovens ou ex atletas.

    Na elaboração desse estudo utilizaremos a Teoria da Representações Sociais, empregando a Abordagem Estrutural - também conhecida como teoria do núcleo central, é um desdobramento da grande teoria idealizada por Moscovici em 1961, proposta por Jean Claude Abric em 1976. Esta abordagem vem sendo complementada por Flament, Moliner entre outros colaboradores em todo mundo. O grupo pioneiro de pesquisadores é conhecido como “Grupo de Midi”.

    Conforme a abordagem estrutural, uma representação social apresenta características específicas, pois se organiza em torno de um núcleo central, constituído de um ou mais elementos, que conferem significado à representação. Uma representação social, como definida pelo Grupo de Midi, é, pois, um conjunto organizado e estruturado de informações, crenças, opiniões e atitudes, composta de dois subsistemas - o central e o periférico -, que funcionam exatamente como uma entidade onde cada parte tem um papel especifico e complementar.

    A centralidade da representação de corpo e esporte está entendida historicamente como “saúde”. Por ser estruturante, é determinado pela natureza do objeto representado e pelo tipo de relações que o grupo mantém com o objeto, assumindo duas funções fundamentais: uma geradora, através do núcleo central se cria ou transforma o significado de outros elementos que constituem a representação e função organizadora, núcleo central determina a natureza dos elos, unindo entre si os elementos da representação, assim o núcleo é o elemento unificador e estabilizador da representação.

    Se na antiguidade a saúde tinha um modelo corporal mais volumoso, as pesquisas apontam, ao cruzar curvas de obesidade com mortandade (VIGARELLO, 2008), para um corpo magro.

    O sistema periférico constitui-se como complemento indispensável do núcleo central, ao demonstrarem que é ele quem protege o núcleo central, atualiza e contextualiza constantemente suas determinações normativas e permite uma diferenciação em função das experiências cotidianas nas quais os indivíduos estão imersos. Em poucas palavras, os elementos do sistema periférico provêm a interface entre a realidade concreta e o sistema central. Para Abric (2000), “eles constituem o essencial do conteúdo da representação: seus componentes mais acessíveis, mais vivos e mais concretos”.

    O sistema periférico responde a três funções primordiais: concretização, regulação e defesa. A função de concretização permite a formulação da representação em termos concretos, prontamente compreensíveis e assimiláveis; a função de regulação garante a estabilidade do núcleo central e a função de defesa, o sistema periférico tem a finalidade de defender o sistema central, que pode sofrer abalos devido a mudanças de ordem social, cultural. Flament (2001), avança em seus estudos sobre o papel deste sistema periférico, avalia que na realidade os elementos periféricos, são esquemas estabelecidos pelo núcleo central. Destes esquemas resultam três características: prescrição de comportamento, modulação personalizada das representações e condutas associadas e proteção do núcleo central.

    Para gerar representação o objeto deve ser relevante, circular socialmente, e dispor para um determinado grupo social, de um conjunto de imagens, opiniões e informações. O acesso ao objeto se produz através da análise da construção histórica. Segundo Jodelet (1984) o corpo constitui-se como objeto das representações sociais por duas razões devido as tendências das pesquisas atualmente nas ciências humanas e pelo seu caráter especial, ou seja, o corpo é simultaneamente objeto público e privado.

    A construção da experiência se deu em alguns momentos: partindo das necessidades de uma população que está vivendo mais e do conhecimento construído na pesquisa sobre idosos. Observei que a água é espaço ideal para a prática de atividades, uma vez que tem a diferença de pressão hidrostática, o peso do corpo é reduzido a 10% do valor real, o impacto é reduzido, com isso minimizando possíveis fraturas. Além disso o idoso está numa fase de perdas musculares, a produção de radicais livres, que é uma das teorias do envelhecimento a atividade física é fator que minimiza todas essas perdas, melhorando a qualidade de vida dessa pessoas.

    Outro fator importante foi a construção histórica das Representações Sociais de corpo e esporte, que a partir da crise de paradigmas da Educação Física, sofrendo implicações diretas das teorias psicológicas, evidenciando a contradição na relação corpo biológico, tão perfeito quanto as engrenagens de uma máquina, construído no período inicial da industrialização, e corpo com integralidade do ser humano, construído a partir das teorias psicológicas, para além do modelo de corpo jovem, performance e todos os estereótipos que a sociedade lhe confere.

    Ao entender o corpo como totalidade humana, e o esporte como construção humana, cultura e expressão, a partir do significado social a ele atribuído. Entendimento para além do modelo de espetáculo do auto-rendimento. Aos poucos a periferia das Representações de corpo e esporte vai adquirindo outros elementos. O ser atlético se constitui num novo modelo, com implicações mercadológicas, na venda de produtos e serviços mas também nos aponta outras possibilidades de relação corpo/esporte.

Conclusão

    O conceito de corpo biológico e o modelo de idoso como a vovó de chapeuzinho vermelho na cadeira de balanço vão sendo deixados para trás, desde a revolução do corpo na década de 60, com a psicanálise a forma de ser do corpo vem modificando práticas. A longevidade traz a essa parcela da população a necessidade de envelhecer bem, com qualidade de vida.

    O preconceito nos aprisiona em concepções de corpo e esporte onde só pode viver o esporte aqueles mais jovens, pois o idoso está incapacitado pelas perdas corporais da idade. A construção da autoestima e da dignidade passam pela autonomia que podem reconstruir essa imagem corporal.

    Na dinâmica social, as contradições com as quais se depara o professor, o obriga a repensar antigos conceitos e Representações. Esse grupo de idosas vem se apresentando em piscinas e fazendo as pessoas pensarem em representações objetivada de corpo e de esporte, essa observação faz com que elementos que estão objetivados sejam colocados em cheque.

    Os processos de preparação dos docentes para atuação no ensino superior são regulados pela LDB 9394/1996. Parte-se da premissa que a universidade e o ensino superior precisam de reestruturação para formar indivíduos capazes de intervir na sociedade, a partir de uma formação global que desenvolva conhecimentos para a autonomia e crítica e que forme o cidadão ético e solidário. Tal tarefa pode ser mais facilmente alcançada quando se busca trabalhar a partir da tríade ensino-pesquisa e extensão.

Referências

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