Ginástica Acrobática: possibilidades e contribuições na Educação Física escolar da descoberta à produção coreográfica La Gimnasia Acrobática: posibilidades y aportes a la Educación Física escolar en el descubrimiento y la producción coreográfica Acrobatic Gymnastics: opportunities and contributions in Physical Education from the discovery to the coreography |
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*Licenciada em Educação Física pela Unidade de Ensino Superior Ingá, Maringá Bacharel em Educação Física pela Unicesumar **Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá Especialista em Educação Pela Arte e Mestre em Educação Física pelo Programa Aluna de Doutorado do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá |
Vanessa Pereira da Silva* Paula Carolina Teixeira Marroni** (Brasil) |
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Resumo A ginástica acrobática apresenta grandes contribuições a seus praticantes, seja no desenvolvimento motor ou social. Envolve dança, ginástica artística e elementos acrobáticos. Nela trabalha-se força, resistência, coordenação, flexibilidade, equilíbrio, confiança, respeito, trabalho em grupo, valorizando sempre a interação entre os participantes. A ginástica acrobática passa uma imagem de alto nível, uma modalidade complexa que só pode ser praticada por super atletas. Mas isso não é verdade. Frente à relevância desse tema, este estudo tem por objetivo identificar as possibilidades e contribuições que esta modalidade da ginástica oferece no contexto escolar. O estudo teve como população 20 crianças na faixa etária entre 6 a 12 anos, da Escola Municipal Olga Aiub Ferreira, da rede pública de Maringá/ PR, que ao final das intervenções apresentaram uma coreografia montada por eles juntamente com as professoras. No estudo a pesquisa utilizada foi do tipo investigação-ação, que se desenvolveu de forma interativa abordando conteúdos da ginástica acrobática. Concluiu-se, com este estudo, que a ginástica acrobática, além de possível de ser trabalhada no ambiente escolar, proporciona a seus praticantes momentos de alegria e prazer que geram uma sensação de sucesso, e seus benefícios se estendem para a vida toda, formando cidadãos mais completos nos aspectos físico, social e emocional. Unitermos: Ginástica Acrobática. Educação Física. Escola.
Abstract The acrobatics shows large contributions to its practitioners, whether in social or motor development. It involves dance, gymnastics and acrobatic elements. It works up strength, endurance, coordination, flexibility, balance, trust, respect, teamwork, always emphasizing the interaction between participants. Acrobatic Gymnastics is a high-level picture, a complex type that can only be practiced by super athletes. But this is not true. Faced with the relevance of this subject, this study aims to identify the opportunities and contributions that offer this type of gymnastics in the school context. The study population was 20 children aged 6-12 years, the Municipal School Aiub Olga Ferreira, from public Maringá, PR, which at the end of the interventions had a choreography set up for them along with the teachers. In the study the research used was action research, which developed interactively approaching subjects of acrobatic gymnastics. It was concluded from this study, the acrobatics, and can be worked in the school environment, its practitioners provides the moments of joy and pleasure that generate a feeling of success, and extend its benefits for life, forming citizens in the most complete physical, social and emotional. Keywords: Acrobatic Gymnastics. Physical Education. School.
Trabalho apresentado no VI Fórum Internacional de Ginástica Geral realizado pela Unicamp e pelo SESC Campinas em 2012.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Esse estudo justifica-se baseado nos benefícios que a ginástica acrobática (G.A.) pode trazer para a vida daqueles que o praticam, principalmente no âmbito escolar. De acordo com Almeida (1994), os praticantes podem ser favorecidos pela aquisição de noções espaços-temporais, da esquematização corporal, do controle motor, da flexibilidade, da coordenação estática, da coordenação coletiva, equilíbrio, força e da resistência muscular localizada, da cooperação, da autonomia, do prazer e da autoconfiança.
Em um estudo piloto desenvolvido por Garcia, Silva e Marroni (2009), realizado com professores de Escolas Municipais para a disciplina de Fundamentos da Ginástica em Geral do curso de Educação Física para a Faculdade Ingá em 2009, concluiu-se que a ginástica acrobática é pouco abordada na escola, devido à falta de vivência que o professor teve deste conteúdo, pois a maioria dos professores se focam nas modalidades esportivas, principalmente as coletivas, deixando a ginástica sem muito espaço dentro do âmbito escolar.
O estudo foi escolhido justamente pela carência deste conteúdo na Educação Física Escolar, pois se acredita, ser esta uma forma de quebrar medos e limites, e ainda considerando a carência de trabalhos acerca desse assunto, acredita-se que com esse estudo, a área ganharia mais importância, auxiliando aos que se interessam a estudar a ginástica acrobática. E ainda, quem sabe, aumentar a expectativa de que a escola passe a trabalhar essa modalidade.
Desta forma a pesquisa tem como principal objetivo identificar as possibilidades e contribuições da Ginástica Acrobática na Educação Física escolar, para isso vai abordar o conceito de Ginástica Acrobática Competitiva e aproximá-la do ambiente escolar; traçar uma proposta de intervenção pedagógica para a Ginástica Acrobática; e ainda apontar a importância e necessidade de trabalhar a ginástica acrobática no âmbito escolar.
Objetivos
Esse estudo tem como objetivo geral identificar as possibilidades e contribuições da Ginástica Acrobática na Educação Física escolar. Utilizando objetivos específicos como abordar o conceito de Ginástica Acrobática Competitiva e aproximá-la do ambiente escolar; traçar uma proposta de intervenção pedagógica para a Ginástica Acrobática; identificar as possibilidades da ginástica acrobática na educação física escolar a partir do processo de intervenção e identificar as contribuições da ginástica acrobática na educação física escolar a partir do processo de intervenção
Metodologia
Utilizou-se uma pesquisa do tipo Investigação Ação (ELLIOT, 1984), que se desenvolve de uma forma interativa. Tem como principal objetivo a produção teórica de saberes, dando assim uma grande importância à reformulação das práticas, permite um equilíbrio instável entre investigação (teoria) e a ação (prática).
O estudo teve como população 20 crianças na faixa etária entre 6 a 12 anos, participantes do projeto Mais Educação, que busca levar conhecimento em diversas áreas, principalmente, educação física e arte educação, da Escola Municipal Olga Aiub Ferreira, da rede publica de Maringá/ PR. A intervenção era realizada toda segunda-feira, das 08:00 às 09:40, durante 3 meses, na quadra ou em uma sala comum.
Quatorze planos de aula foram elaborados com base nas referências utilizadas neste estudo. De inicio foi trabalhado temas como segurança e confiança, temas importantes à prática da ginástica acrobática. Depois foram introduzidos alguns conteúdos básicos de ginástica, como saltos, ondas, giros, entre outros. Com o passar do tempo e desenvolvimento dos alunos, foram abordados atividades mais complexas, com velas, pontes, paradas de mão entre outros; em seguida foram apresentados elementos próprios da ginástica acrobática, como as pegas e figuras acrobáticas. Os exercícios foram introduzidos em uma sequência formando uma coreografia, que passou a ser ensaiada em todas as aulas.
Por tratar-se de um trabalho qualitativo os dados foram analisados também desta forma, como um relato de experiência.
Considerações a respeito da ginástica acrobática no ambiente escolar
A palavra acrobacia origina-se da palavra grega “acrobates” que significa ascensão, vir à tona, ir adiante. A respeito da Ginástica Acrobática, Borella (2005) afirma que a origem da ginástica acrobática está ligada ao circo e foi criada por volta do século VII. Foi reconhecida pelos países Ocidentais depois que se tornou competitiva. Porém, de inicio, era usada para recreação, e principalmente, por aqueles que não tinham o biótipo para ginástica artística, estes, “podiam ‘equilibrar’ outro acrobata, e assim perceberam que era muito boa para ensinar crianças a trabalhar em equipe e a confiar nas outras pessoas.” (GALLARDO e AZEVEDO, 2007, p. 04).
No Brasil, entre 1940 e 1960, a ginástica acrobática ficou conhecida pela projeção e difusão dessa nova modalidade pelo professor, escritor, acrobata e pára-quedista Charles Astor, que realizou mini cursos. Segundo Charles Astor,
Acrobacia é um conjunto de exercícios físicos feitos com ou sem apetrechos e que põe em jogo a força e a destreza de quem os pratica, sendo como um complemento da ginástica de aparelhos, seus exercícios têm, geralmente caráter mais avançados e visam a fins mais espetaculares. (ASTOR, 1954, p.9)
Como modalidade esportiva a ginástica acrobática é relativamente jovem. As primeiras competições mundiais apontam datas de 1973. Os atletas que praticam esta modalidade estão divididos em 5 categorias: Pares femininos; Pares Masculinos; Pares Mistos; Grupos femininos (trio); Grupos masculinos (quarteto).
Todos os exercícios devem ser executados com música, num praticável de 12×12 metros, e devem apresentar uma duração de no máximo 2 minutos e 30 segundos. Cada conjunto deve apresentar três series, sendo uma de exercícios de equilíbrio, uma de exercícios dinâmicos, e uma com exercícios combinados. As séries são acompanhadas de musica, cada série deve conter exercícios acrobáticos, elementos coreográficos (elementos de dança, de qualquer estilo), e exercícios individuais (elementos de solo da ginástica artística). Os juízes avaliam a criatividade, sincronismo e variedade de movimentos.
O exercício acrobático é o ponto principal da ginástica acrobática, são divididos em exercícios de equilíbrio e dinâmicos. Nos exercícios de equilíbrio os parceiros devem manter uma figura por pelo menos três segundos. A bonificação da figura depende do grau de sua dificuldade. Esses movimentos apresentam ainda as transições, movimentos realizados pela base, volante ou por ambos, buscando formar uma figura diferente, sem que os parceiros mudem o apoio entre eles durante a transição, que às vezes atinge uma bonificação maior do que a da figura final. Nos exercícios dinâmicos a principal característica é a existência de uma fase de vôo executada pelo volante, que nesse momento apresenta movimentos como giros e mortais, sua bonificação varia de acordo com o lançamento, os movimentos que o volante executa durante o vôo, e como é recepcionado pela base.
Na ginástica acrobática, segundo Gallardo e Azevedo (2007), os integrantes diferem entre si em relação aos exercícios acrobáticos devido o tamanho, capacidade técnica e física. Por isso, esta modalidade, classifica seus integrantes conforme sua função: base, volante e intermediário. A base tem a função de sustentar a figura acrobática, lançar e recepcionar o volante de forma segura. Portanto, deve possuir as seguintes características: responsabilidade; tamanho compatível com suas responsabilidades; grande tonicidade muscular; membros curtos; noções de centro de gravidade e equilíbrio; boa flexibilidade; liderança. O volante é o integrante que é lançado, ele executa movimentos acrobáticos sobre a base ou intermediário, é mais exigido tecnicamente a fim de minimizar o desgaste de seus companheiros. Realiza movimentos em uma altura considerável, portanto deve apresentar as seguintes características: coragem; porte físico leve e pequeno; bom tônus e potência muscular. Os intermediários aparecem no trabalho em grupo, devem ser os integrantes mais versáteis do grupo, pois fazem tanto papel de base como de volante. Devem ter qualidades inerentes as duas funções. O comum é ter o intermediário um pouco maior que o volante e um pouco menor que a base.
A ginástica acrobática é uma das modalidades da ginástica. E a ginástica, como se sabe, é conteúdo nos Parâmetros Curriculares Nacionais e, portanto, pode ser trabalhada no ambiente escolar com diversas finalidades, podendo ou não utilizar aparelhos, e ser realizada em locais distintos. Deve-se ressaltar que “são conteúdos que têm uma relação privilegiada com o bloco ‘conhecimentos sobre o corpo’, pois nas atividades ginásticas esses conhecimentos se explicitam com bastante clareza” (BRASIL, 1998, p.71). O documento ainda afirma que hoje em dia, há formas de trabalhar o corpo através da ginástica diferentes da ginástica tradicional (rígida e mecânica), que visa à percepção do próprio corpo.
A ginástica é composta por exercícios físicos para as crianças, “nas idades mais jovens baseia-se no ensino motor básico, como correr, subir e descer, saltar, trepar, rolar, etc., permitindo a criança adquirir uma maior consciência corporal e um elevado repertório motor” (CRUZ et al, s.d.). Na series iniciais, principalmente, ela deve ser apresentada de uma forma mais lúdica, como afirma Lorenzine (2005, p.196) esse trabalho “necessita do princípio da ludicidade, priorizando a recriação da ginástica”. Busca desenvolver a coordenação motora, agilidade e destreza geral, velocidade, equilíbrio, flexibilidade e ritmo. A criança aprenderá exercícios mais complexos que terá grande contribuição para sua vida social, tornando a mais responsável, competitiva, e buscando estratégias para ultrapassar dificuldades.
A ginástica acrobática é um esporte que envolve dança, ginástica artística e elementos acrobáticos, que oferece um grande valor e desenvolvimento social, se trabalhada desde criança, como confiança, respeito, trabalho em grupo, entre outros. Afinal exige uma interação entre os participantes que não se encontra em nenhuma outra modalidade, por esse motivo se dá a importância de ser trabalhada na escola, no conteúdo de Educação Física, já que “... potencia o espetáculo, a beleza plástica e a estética desportiva possibilitando, por exemplo, que uma turma intervenha num qualquer evento cultural ou desportivo realizado na Escola...” (FRANÇA, 2000, p.6). Merida et al (2008), afirma que outro diferencial é que a modalidade pode ser desenvolvida por indivíduos de estruturas físicas diferentes.
Segundo França (2000) a ginástica acrobática desenvolve em seus praticantes melhorias como força, equilíbrio, flexibilidade e agilidade sem se esquecer do caráter social, onde o trabalho em conjunto é a fonte para a execução de seus movimentos. Rodwell apud Borella (2005) afirma que a ginástica acrobática possui atributos comuns a todos os esportes, onde seus movimentos podem contribuir para a execução de exercícios necessários ao desenvolvimento global do sistema nervoso e muscular, e ainda a manutenção da eficiência fisiológica.
A ginástica acrobática passa uma imagem de alto nível, complexa que só pode ser praticada por super atletas. Trabalhar essa modalidade na escola vai ajudar a romper esse trato técnico. Ao trabalhar a ginástica acrobática na escola, é importante que os educadores sigam algumas etapas: o primeiro passo é aceitar que na escola não há ginastas, todos os alunos devem participar, garantindo a inclusão de todos e acabando com os preconceitos. Segundo França (2000, p. 07) é no contexto escolar que reside o maior trunfo desta modalidade gímnica em detrimento de qualquer outra.
O segundo passo é garantir a segurança, buscando prevenir que os alunos sofram algum tipo de lesão durante as atividades desta modalidade. O professor neste momento é de suma importância para a segurança dos alunos, pois é ele quem deverá orientar os alunos, de como proceder durante os exercícios enfatizando os locais corretos para o apoio, evitando o sobrepeso, instruindo em como os alunos deverão proceder no caso de uma queda, é ele, ainda, quem providencia os materiais como colchões e colchonetes, e orientando os alunos para que auxiliem seus colegas.
O terceiro passo para a pratica dessa modalidade no âmbito escolar, é a utilização da metodologia mais adequada. Por ser uma prática em grupo deve se utilizar de uma tendência pedagógica que busque assimilar conteúdos nos domínios: cognitivo, motor e afetivo-social, buscando que ocorra uma troca entre professor-aluno e aluno-aluno. Com tais particularidades evidencia-se o uso da teoria sócio construtivista, que segundo Ricci et al (2008), a ginástica acrobática se tratada nessa perspectiva possibilita aos alunos modificar sua concepção histórica de vida por meio dessas mediações, ou seja, o meio externo colabora para que ocorram mudanças internas individuais.
Por meio da ginástica acrobática nascem momentos de alegria e prazer que geram uma sensação de sucesso e que se estendem para a vida como um todo, tornando-se um fato importante para a formação do cidadão. O professor deve tratar os alunos da mesma forma, sem comparações de nenhum tipo, ele deve incentivar propor desafios, valorizar e respeitar os limites e particularidades de cada aluno, evitando assim uma exclusão.
Intervenção
Como citado anteriormente, o estudo foi realizado com alunos que participavam do projeto “Mais educação”, em contra turno. Por isso, acredita-se que, encaravam as aulas de uma forma menos séria. As primeiras aulas foram bem complicadas. Os alunos faziam muita bagunça, era quase impossível dar aula. Então, trabalhar temas como respeito, confiança, trabalho em grupo, educação, foi primordial no inicio. Foi preciso mostrar a importância do conteúdo que seria trabalhado. E pensando nisso, a intervenção foi iniciada com elementos da ginástica geral, pois se acredita, assim como Barbosa (1999, p.104), que “a Ginástica Geral é um elemento da cultura corporal, podendo participar do processo de formação de indivíduos críticos, assumindo assim sua função educacional”.
Mostrou-se aos alunos que para participar não era preciso ser atleta, que todos eles poderiam participar já que, permitir a participação de ginastas com diferentes estruturas físicas, mostra-se de grande valor pedagógico não só para o Universo da Ginástica (SOUZA, 1997), mas também para a educação física, e que ainda teriam um grande desenvolvimento na vida social, grande característica de se trabalhar tal modalidade na escola, e ainda ao mesmo tempo isso era divertido, que eles poderiam virar “estrelinhas”, cambalhotas, e “plantar bananeira” fora do intervalo, aos poucos a turma foi se interessando mais.
De início as aulas eram realizadas na quadra, um espaço bem grande. Porém, devido a esse grande espaço, os alunos se dispersavam demais e não realizavam as atividades propostas. Após algumas aulas frustradas decidiu-se utilizar uma sala de aula. As poucas carteiras os alunos afastavam, era possível utilizar o quadro-negro se fosse necessário e, ainda, facilitava a concentração e o aprendizado. Porém, a sala precisou ser ocupada por outra professora. A biblioteca ficou sendo o único local disponível para as aulas, o que dificultou a intervenção e o desempenho dos alunos devido à dispersão.
As aulas foram elaboradas com base nas referências utilizadas neste estudo, seguindo a linha do simples ao complexo. Segundo França (2000, p. 7), “pular etapas na ginástica acrobática além de atrapalhar a aprendizagem pode causar quedas, lesões ou sustos”. Temas como confiança e segurança também foram abordados com exercícios em duplas, figuras simples de um ou mais elementos, diferentes tipos de pirâmides, parada de mãos. Algumas vezes utilizou-se de ginástica maluca para fazer o aquecimento, buscando inovar e divertir as crianças.
Os alunos eram bem corajosos, embora os exercícios não fossem de grande dificuldade, poucos demonstravam medo de realizar, pelo contrário, a cada atividade e a cada aula se tornavam cada vez mais corajosos e queriam aprender sempre exercícios novos. Ocorreram quedas, é claro, mas nada que os impedissem de fazer de novo. Eram incentivados a se superarem a cada exercício. Paradigmas, como os que meninos são mais fortes que as meninas, também foram quebrados. Um exemplo disso foi na formação de uma pirâmide, na qual foram colocadas meninas como base e meninos como volante, elas ficavam felizes, pois se auto percebiam fortes. Na coreografia cada aluno teve seu momento, fazendo algo que realmente fizesse se sentir importante.
Considerações finais
Com o presente estudo podemos observar quão importante se faz a pratica da ginástica acrobática no ambiente escolar, como conteúdo da Educação Física Escolar, pois mesmo sendo pouco abordada no âmbito escolar, devido à falta de vivência, ou mesmo acomodação dos professores, a ginástica está inserida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Desta forma, parece evidente a necessidade e importância de se trabalhar as diversas variedades de ginástica, entre elas a ginástica acrobática, que apresenta diversas características propensas a pratica escolar como, a diferença física entre seus praticantes, podendo ser formada por uma turma de alunos de diferentes biótipos.
Por ser uma modalidade trabalhada em grupo, desenvolve capacidades sociais como, confiança, respeito e trabalho em grupo, já que o trabalho em conjunto é a fonte para a execução dos movimentos, assim um aluno depende do outro para realizar os exercícios e as figuras, essa modalidade faz do aluno um individuo mais responsável, competitivo e corajoso, fazendo buscar alternativas para ultrapassar dificuldades ao longo da vida. Apresenta ainda um grande desenvolvimento nas capacidades motoras, consciência corporal, coordenação, equilíbrio, flexibilidade e ritmo, pois possui atributos encontrados também em outros esportes, contribuindo assim para o desenvolvimento global do sistema nervoso e muscular.
Com a intervenção se observa a grande aceitação por parte dos alunos, que sentiam prazer em realizar as atividades. Estes não apresentaram dificuldades para realizar a prática, pelo contrário muitos até opinavam, e davam sugestões de figuras, aumentando assim sua capacidade criativa, e tornando-o um ser mais critico e pensante. Os alunos passaram a se respeitar mais, pois perceberam como eram dependentes um dos outros, tornaram-se também, mais corajosos, ao realizar exercícios que acreditavam ser impossíveis, encontrando ainda forças que não imaginavam ter.
Com tais resultados, prova-se que a ginástica acrobática está mais que acessível a ser trabalhada na Educação Física escolar, por trabalhar os objetivos apontados por essa matéria, e ainda por trazer diversas outras contribuições ao aluno, seja no aspecto motor, psíquico ou social.
Referências
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