Fatores motivacionais de atletas amadores de jiu-jitsu brasileiro na cidade de Criciúma Factores motivacionales de luchadores aficionados de jiu-jitsu brasilero en la ciudad de Criciuma |
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*Acadêmico da 8ª fase de Educação Física Bacharelado da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC ** Mestre em Educação e Professor Orientador da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC (Brasil) |
Rodrigo Macêdo Cassettari* Rômulo Luiz da Graça** |
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Resumo O estudo tem como objetivo identificar os fatores motivacionais de atletas amadores de jiu-jitsu brasileiro na cidade de Criciúma. Foram entrevistados 40 indivíduos de ambos os sexos de 4 academias, a partir do Inventário de motivação á prática regular de atividade física e esportiva. Os atletas apresentaram os aspectos que mais motivam e aspectos que menos motivam a competir. Entretanto, os aspectos demonstrados foram relativos com as expectativas da pesquisa. Os resultados obtidos no estudo corroboram com praticamente todas as pesquisas realizadas. Por fim, conclui-se que os fatores que motivam os competidores é vencer competições saindo do foco financeiro que predonima em todas as outras modalidades esportivas. Unitermos: Motivação. Competidores. Campeão.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O jiu-jitsu brasileiro é um esporte individual que possui cerca de 350 mil praticantes com 1.500 estabelecimentos de ensino somente nas grandes capitais. Na parte de educação, o ensino do jiu-jitsu ganhou cadeira como matéria universitária (Universidade Gama Filho). Com a criação da Federação de Jiu-Jitsu Brasileiro, as regras e o sistema de graduação foram sistematizados, dando início à era dos campeonatos esportivos. Hoje mais organizado, o Jiu-Jitsu Brasileiro já conta com duas Confederações Nacionais, CBJJ e CBJJE, e uma Federação Internacional IBJJF (CBJJ, 2013; CBJJE, 2013).
O jiu-jitsu brasileiro foi criado pela família Gracie, oriundo dos ensinamentos de Mitsuyo Maeda, também conhecido como Conde Koma, que veio ao Brasil para difundir o Judô Kodokan em nosso país (CARTAXO, 2011). A prática deste esporte proporciona novos desafios, novas possibilidades a cada dia, e trás de forma significantemente uma busca pelo aperfeiçoamento e através desse motivo surgiu o interesse de realizar uma pesquisa com atletas dessa arte.
Portanto, esta pesquisa tem como objetivos: analisar os fatores motivacionais que levam atletas amadores a participar de competições; identificar qual o perfil dos competidores; verificar os fatores motivacionais que mais motivam os atletas amadores a competirem e quais os fatores motivacionais que menos motivam os atletas a competirem.
Motivação no esporte
Segundo Samulski (1995, p.104) “a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos)”. Segundo este modelo, a motivação apresenta uma determinante energética (nível de ativação) e uma determinante de direção de comportamento (intenções, interesses, motivos e metas). Com base nesse conceito de motivação, podem-se distinguir técnicas de ativação, e técnicas de estabelecer metas
Nesta direção, Rubio (2000, p.116), diz que “o atleta em início de carreira é impulsionado basicamente por motivos intrínsecos, pois geralmente treina sem receber nenhum tipo de recompensa externa, e compete por muito tempo sem alcançar uma colocação significativa”. À medida que este atleta adquire mais experiência e resultados satisfatórios, começa a obter recompensas externas, como patrocínio, salários, medalhas, etc. Em muitos casos, as recompensas externas somam-se a motivação intrínseca. Em outros, essas recompensas acabam substituindo a motivação intrínseca do atleta, o que pode influenciar negativamente no seu desempenho e em sua carreira.
O técnico é um fundamental personagem dentro desse contexto, os quais se influenciam mutuamente. E é na relação entre o técnico e seus atletas que o espetáculo esportivo se baseia e concretiza, portanto verificar e analisar como a participação dos técnicos na vida esportiva de seus atletas influencia sua motivação é de fundamental importância para que se entendam quais as possibilidades e a disponibilidade de ambos em sua participação esportiva (MACHADO, 2011).
Samulski (1998, p. 117) descreve algumas técnicas de automotivação que podem ser utilizadas por atletas de alto rendimento. Muitos atletas motivam-se por meio da imaginação de suas capacidades positivas, utilizando mentalizações como: “eu consigo fazer isso”, ”eu acredito na minha preparação”, “eu confio na minha técnica”. Alguns atletas também se utilizam de auto-esforços materiais (comprar um presente para si próprio) ou auto- elogios. Outra estratégia para manter-se motivado é o estabelecimento de metas concretas a curtos e longos prazos.
Metodologia
A pesquisa proposta neste artigo é descritiva do tipo estudo de caso em profundidade para alcançar uma compreensão sobre outros casos semelhantes. Uma das técnicas prevalentes neste tipo de pesquisa é o questionário (THOMAS, NELSON, SILVERMAN, 2007).
A população é constituída de atletas competidores de jiu-jitsu, de diferentes academias da cidade de Criciúma, de ambos os sexos, com idade acima de 16 anos, e no mínimo 6 meses de prática. A amostra foi realizada com 40 entrevistados de 4 academias, sendo que a amostragem foi intencional composta por voluntários que contribuíram com a pesquisa.
A escolha das academias foi feita pelo motivo de terem uma equipe de competição. O pesquisador foi em cada local e apresentou o questionário da pesquisa buscando a possibilidade de ser realizada. Os questionários foram aplicados após os treinamentos, concluídos e recolhidos no mesmo dia. Os entrevistados ou os devidos responsáveis assinaram um termo de consentimento e livre esclarecimento por participarem da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada através do inventário adaptado de (BALBINOTTI, 2009), e um questionário para a identificação do perfil dos participantes. Para analisar os dados foi utilizado o método de estatística descritiva, buscando demonstrar os resultados através de tabelas e gráficos, os quais foram posteriormente discutidos de acordo a literatura.
Resultados
Tabela 1. Sexo
Fonte: Autoria própria, novembro/2013
Os participantes da pesquisa são em maior parte do sexo masculino no total de 95%, enquanto 5 % são do sexo feminino.
Tabela 2. Idade
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
Quando questionados a respeito da idade dos atletas, obtivemos uma porcentagem de 32,5% com idade entre 16 e 20 anos, e outros 25% com idades entre 21 a 25 anos, e 25% com idade de 26 a 30 anos, e mais 15% entre 31 a 35 anos, e outros 2,5 % com mais de 36 anos.
Tabela 3. Grau de escolaridade
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
Os dados da tabela acima mostram que a maioria dos entrevistados tem o ensino médio completo e/ou estão cursando o ensino superior. Apenas 7,5% dos participantes têm o ensino médio incompleto, portanto isso mostra que a maioria dos atletas de jiu-jitsu possuem uma formação escolar adequada.
Tabela 4. Tempo de prática
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
Os números acima traduzem que o tempo de prática da maioria dos lutadores é de mais de 5 anos (45%), mostrando que os competidores são graduados e tem experiência com a arte marcial.
Tabela 5. Freqüência semanal de treino
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
Com relação à freqüência de treino 30% dos atletas treinam 5 vezes por semana, para os que treinam 3 e 4 vezes na semana a porcentagem é a mesma (20%). É interessante enfatizar que 12,5% dos atletas treinam 7 vezes na semana e isso pode acarretar em overtraining. Um dos erros do treinamento desportivo é gerar um grande volume de estímulos de alta intensidade, para um planejamento adequado os estímulos, nesse caso, têm que ser de diferentes intensidades. A regeneração e o tempo de recuperação corretos são dois fatores importantes para alcançar resultados positivos (BOMPA, 2005).
Tabela 6. Participação em competições
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
*Os participantes poderiam assinalar mais de um item
Entre os entrevistados o nível de competição mais assinalado foi o municipal e essa porcentagem cai até 37.5 para as competições mundiais. Vale salientar que nas competições municipais nem todos participam em função do baixo nível técnico e pouca premiação, dando ênfase as competições maiores. Na contra mão deste raciocínio o percentual de participantes de mundiais é elevado se levarmos em consideração o número da amostra da pesquisa.
Tabela 7. Retorno financeiro
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
Através da tabela acima 60% dos atletas não recebem retorno financeiro e 40% recebem algum tipo de bolsa, salário, ou patrocínio. Chama a atenção que mais da metade dos atletas competem sem receber remuneração. Os lutadores de jiu-jitsu seguem no esporte sem o apoio necessário, dificilmente conseguem sobreviver apenas como atletas pelo motivo de ser uma modalidade amadora (PAIVA, 2009).
Nesta etapa da pesquisa estamos analisando os pontos mais relevantes que motivam os atletas a competirem, sendo que foram levados em consideração para a construção dos gráficos os itens assinalados com 5 e 1 respectivamente isto me motiva muitíssimo ou isto me motiva pouquíssimo.
Gráfico 1. Fatores que mais motivam
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
Analisando o gráfico acima podemos ver que o fator predominante que mais motiva os atletas a competir é vencer competições (75%), outro fator motivacional que influencia na motivação é aprender novas habilidades (70%), e outros dois fatores que também são predominantes, superar seus limites e ser campeão no esporte com o mesmo percentual (68%). Em contraste com todo esforço para o esporte se profissionalizar e, apesar de ainda ser considerado amador, a postura do mercado em torno do jiu-jitsu e a postura dos lutadores diante das competições, está longe de ser amadora. Os lutadores realizam esforço tremendo para seguir lutando sem apoio necessário no esporte. Muitas vezes treinam até seis horas por dia para lograr sucesso nos maiores campeonatos, objetivando ser campeão (PAIVA, 2009).
Gráfico 2. Fatores que menos motivam
Fonte: Autoria própria, novembro 2013
Pode-se ver que o fator que menos motiva os atletas a competirem é ter retorno financeiro (30%). Outro aspecto que menos motiva é ser reconhecido com (12%). Ganhar prêmios (10%) também é um fator desmotivacional. O lutador de jiu-jitsu deve ter a consciência de que, pelo esporte ser amador, dificilmente conseguirá sobreviver apenas como atleta. São raríssimos os casos de indivíduos que conseguiram subsistência da luta, dedicando-se exclusivamente à modalidade. (PAIVA, 2009).
Conclusão
Através da pesquisa realizada, conclui-se que a motivação no jiu-jitsu é um fator primordial para conseguir objetivar o êxito em competições, analisando os dados alcançados descobrimos quais os pontos mais relevantes que motivam os atletas a participar de competições.
A partir do questionário conseguimos descobrir qual o perfil dos competidores tendo em vista que o jiu-jitsu é um esporte aberto para todos os perfis e todas as idades, sendo assim sabemos que a maioria dos atletas são homens entre 21 a 30 anos sendo que a maioria tem o ensino médio completo ou está cursando o ensino superior.
E por fim descobrimos que a busca por vencer competições é o que mais motiva os competidores a viver disputando competições, e sabemos também que o retorno financeiro é o aspecto que menos desperta o interesse dos atletas a competirem.
Referências
BOMPA, T. O. Treinando Atletas de Desporto Coletivo. Editora Phorte. São Paulo – SP, 2005.
CARTAXO, Carlos Alberto. Jogos de Combate. Editora Vozes. Petrópolis – RJ, 2011.
CBJJE. Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo. Disponível em: http://www.cbjje.com.br/, Acesso em 03 de Junho de 2013.
CBJJ. Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu. Disponível em: http://www.cbjj.com.br/, Acesso em 03 de Junho de 2013.
FPJ. Federação Paulista de Judô. Disponível em: http://www.fpj.com.br/, Acesso em 06 de Junho de 2013.
GRACIE, Reila. Carlos Gracie: O criador de uma dinastia. Rio de Janeiro: Record, 2008.
MACHADO, Afonso Antônio e ISLER, Gustavo Lima. A influência do técnico na motivação de atletas em esportes coletivos: considerações baseadas em histórias de vida. Coleção Pesquisa em Educação Física. Vol. 10, 2011.
PAIVA, L. Pronto pra guerra: preparação física para luta e superação. Manaus: OMP, 2009. 481 p
RUBIO, Katia. Psicologia do Esporte. Editora Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda. São Paulo – SP, 2000.
SAMULSKI, Dietmar. Psicologia do Esporte. Editora Manole. Baueri – SP, 2002.
THOMAS, Jerry R. e NELSON, Jack K. e SILVERMAN, Stephen J. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. Editora Artmed. Porto Alegre – RS, 2007.
WEINBERG, Robert S. e GOULD, Daniel. Psicologia do Esporte e do Exercício. Editora Artmed. Porto Alegre – RS, 1999.
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