Concepção do corpo e da mente La concepción del cuerpo y de la mente |
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*Discentes do Curso de Educação Física **Orientador. Docente do curso de Educação Física da Universidade Salgado de Oliveira (Brasil) |
Ana Paula Amorim Oliveira* Hugo Henrique da Silva Nunes* Willian Mendes** |
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Resumo O presente artigo ensaio analisa o processo de construção das concepção do corpo e da mente relacionado educação física, mas é importante observar que na instituição escolar o termo disciplina envolve um duplo aspecto: por um lado, a dimensão das relações hierárquicas, observância de preceitos, normas, da conduta do corpo; por outro, os aspectos do conhecimento propriamente dito. Portanto, a escola promove a “educação corporal e mental”. A educação física é atribuída uma tarefa que envolve as atividades de movimento que só pode ser corporal, uma vez que humano acontece também em outras instâncias e em outras disciplinas escolares. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. Esses movimentos são signatários do entendimento de que a educação da vontade e do caráter pode ser conseguida de forma mais eficiente com base em uma ação sobre o corpóreo do que com base no intelecto; lá, onde o controle do comportamento pela consciência falha. Nessa condição humana que a EF exerce influência com o objetivo de uma transformação aperfeiçoando, no sentido de dar condições para que o indivíduo se torne sujeito desta transformação. Isso fará com que o discurso do profissional de EF se torne em ações verdadeiramente transformadoras. Unitermos: Corpo. Mente. Instituição de ensino.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Este estudo teve como objetivo identificar as características do corpo e da mente, onde como profissionais de educação física está ligado diretamente nesse processo de uma maneira revolucionaria de pensar nos problemas que a profissão de um educador físico, também de toda a sociedade enfrenta diante desse desprezo.
Abre uma reflexão sobre a revolução cultural que deve ser abraçada por todos no intuito de recuperar o sentido humano do corpo, sendo o profissional a parte mais interessada nesse projeto que deve ser contraditória e também convidar todos que se interessam em estudar o corpo em todas as dimensões.
Na trajetória das diferentes construções históricas da educação física (EF) como esse entendimento de corpo e mente da educação corporal e mental que se concretizou. Antes é imprescindível fazer uma observação quanto a um equívoco que grassa no âmbito da educação física. Trata-se do entendimento de que a educação corporal e mental é atribuição exclusiva da educação física, como afirma Gil (1994):
Deu-se uma transferência dos poderes do corpo para o espírito: de nada serve ao corpo estar substancialmente unido ao espírito (e, assim, tornar-se vivo e indivisível), é este último que define a sua natureza humana. Doravante, o único defeito do corpo é poder levar a alma a enganar-se. (p. 169)
Sem dúvida, à educação física é atribuída uma tarefa que envolve as atividades de movimento que só pode ser corporal, uma vez que humano. No entanto, a educação do comportamento corporal, porque humano, acontece também em outras instâncias e em outras disciplinas escolares.
Sendo que a educação física tem os professores que são requisitados a ensinar-lhes todos os assuntos que fazem parte do Currículo Nacional que tem sido imposto pelo governo. (VEIGA, 1996).
No total das dez disciplinas, tais como matemática, ciência e inglês, está a educação física, nas escolas secundárias, para alunos de 11 a 18 anos de idade, sendo a educação física também é parte do currículo. Em algumas escolas, ensinar o corpo e mente pode ser uma importante atividade e, em outras, pode ser apenas mais uma entre outras atividades que a educação física domina em âmbito escolar (VEIGA, 1996).
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (1991) quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na internet.
Referencial teórico
Concepção do corpo
No entendimento do ser humano tem bases concretas na forma como o homem vem produzindo e reproduzindo a vida. Nesse sentido, o corpo sofre a ação, sofre várias intervenções com a finalidade de adaptá-lo às exigências das formas sociais de organização da produção e da reprodução da vida.
Esse corpo, assim produzido historicamente, repunha a necessidade da produção de um discurso que o secundário, exatamente porque causava um certo mal-estar à cultura dominante. Ele precisa, assim, ser alvo de educação, mesmo porque educação corporal é educação do comportamento que, por sua vez, não é corporal, e sim humano. Educar o comportamento corporal é educar o comportamento humano.
Alvo das necessidades produtivas (corpo produtivo), das necessidades sanitárias (corpo “saudável”), das necessidades morais (corpo deserotizado), das necessidades de adaptação e controle social (corpo dócil). O déficit de dignidade do corpo vinha de seu caráter secundário perante a força emancipatória do espírito ou da razão. (SOARES, 1997)
Mas é importante observar que na instituição escolar o termo disciplina envolve um duplo aspecto: por um lado, a dimensão das relações hierárquicas, observância de preceitos, normas, da conduta do corpo; por outro, os aspectos do conhecimento propriamente dito. Portanto, a escola promove a “educação corporal”. (SOARES, 1997)
Segundo o autor Faria (1997) “Assim como a escola ‘escolarizou’ conhecimentos e práticas sociais, buscou também apropriar se de diversas formas do corpo e constituir uma corporeidade que lhe fosse mais adequada”. Esse aspecto reveste-se de importância, uma vez que o tratamento do corpo na EF sofre influências externas da cultura de maneira geral, mas também internas, ou seja, da própria instituição escolar.
Essa saúde ou virilidade (força) também pode ser (e foi) ressignificada numa perspectiva nacionalista/patriótica. Há exemplos marcantes na história desse tipo de instrumentalização de formas culturais do movimentar-se, como, por exemplo, a ginástica: Jahn e Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália e Getúlio Vargas e seu Estado Novo no Brasil. (FARIA, 1997)
Esses movimentos são signatários do entendimento de que a educação da vontade e do caráter pode ser conseguida de forma mais eficiente com base em uma ação sobre o corpóreo do que com base no intelecto; lá, onde o controle do comportamento pela consciência falha.
A instituição militar tinha a prática de exercícios sistematizados que foram ressignificados (no plano civil) pelo conhecimento médico. Isso vai ser feito numa perspectiva terapêutica, mas principalmente pedagógica. Educar o corpo para a produção significa promover saúde e educação para a saúde que seria hábitos saudáveis e higiênicos. (FARIA, 1997)
Assim, o nascimento da EF se deu, por um lado, para cumprir a função de colaborar na construção de corpos saudáveis e dóceis, ou melhor, com uma educação estética (da sensibilidade) que permitisse uma adequada adaptação ao processo produtivo ou a uma perspectiva política nacionalista, e, por outro, foi também legitimado pelo conhecimento médico-científico do corpo que referendava as possibilidades, a necessidade e as vantagens de tal intervenção sobre o corpo. (BRETON, 1995)
Concepção da mente
No contexto escolar, tem-se procurado verificar a influência da cultura na aprendizagem escolar ou o papel capacitado desta no desenvolvimento mental, através de indagações como: “o que é preciso para criar uma cultura escolar incentivadora que capacite eficazmente as crianças a utilizar recursos e as oportunidades da cultura mais geral?”. (BRUNER, 2001)
Entender a mente como criadora de significados, buscando compreender a interação na qual a mente constitui e é constituída pela cultura e a construção de significado mediando esta interação entre mente e cultura; também enfatiza o papel da linguagem no desenvolvimento humano, colocando-a como uma ferramenta essencial no processamento do mundo, no planejamento e na ação humana, assim como na “modernização” da mente através da história e da cultura.
Percebe-se que à escola é atribuído um papel fundamental de selecionar as experiências úteis realizadas pela humanidade para construir os conteúdos cognitivos necessários a uma sociedade futura mais perfeita, uma sociedade democrática; além de harmonizar o ambiente social para possibilitar o desenvolvimento do pensamento reflexivo, exigência dessa sociedade. A ela não cabe ensinar a lógica de investigação, que é inerente à espécie, mas criar condições para o seu desenvolvimento (CUNHA, 1994).
Apesar de enfatizar a atividade do aluno não desconsidera o papel do professor no processo educativo, já que o pensamento depende de fontes informativas e de alguém que as organize adequadamente para o seu desenvolvimento, sem, no entanto, fornecer soluções já prontas para os problemas.
Segundo Welsch (1988), preocupou-se intensamente com as mediações entre as diferentes dimensões da racionalidade. Essas educações teriam alvos, objetos bem distintos: o espiritual ou mental (o intelecto), por um lado, e o corpóreo ou físico, por outro, resultando da soma a educação integral (educação intelectual, moral e física).
Sendo fundamental nos seus movimentos e nas suas atividades no dia a dia, colocando sempre a mente como prioridade para se ter respostas nos seus objetivos, conduzindo primeiramente o trabalho com a mente logo após o corpo que de forma geral depende uma da outra para se ter um objetivo alcançado seja ela nos movimentos mais simples e complexos.
Alguns preceitos, mutuamente relacionados, que deveriam orientar a abordagem psicocultural à educação e que enfatizam os poderes da consciência, da atividade de reflexão, da amplitude de diálogo e da negociação no contexto educacional. Preceitos que falam da necessidade de “equipar as mentes com habilidades para compreender, sentir e agir no mundo cultural ” (BRUNER, 2001).
Paralelamente às outras artes a dança como exemplo, desenvolve uma extensa área da capacidade intelectual, que proporciona às crianças um modo especial de usar sua imaginação para explorar suas experiências no mundo, dando-lhes sentido nos movimentos ,sendo aplicada naquele momento crucial (FREIRE e ROLFER, 1999).
Essa atividade de organização de sistemas vivos, em todos os níveis da vida, é a atividade mental. Assim, a vida e a cognição se tornam inseparavelmente conectadas a mente ou mais precisamente, a atividade mental é imanente à matéria em todos os níveis da vida.
Levantar aspectos relacionados à construção de conhecimentos do ser humano e suscitar discussões especialmente no aspecto social da mente têm se apresentado como necessidades sistematicamente observadas, principalmente no contexto escolar (CORREIA e ARAUJO, 2001)
Para Damásio (2004), a investigação da forma como os pensamentos desencadeiam as emoções e de como as modificações do corpo durante as emoções se transformam nos fenômenos mentais que chamamos de sentimentos sustenta algo novo sobre o corpo e sobre a mente, duas manifestações aparentemente separadas de um organismo integrado e singular.
Considerações finais
Muito tem se discutido do papel da Educação Física (EF) e seus conceitos. Há uma dificuldade em explicar o que realmente é a EF, pois nem a própria tem se justificado. Afinal, quando falamos em EF pensamos logo em corpos sarados, suados e dispostos somente a malhar, isso tem acontecido pois o número de pessoas que tem buscado este curso é ascendente e grande parte dessas pessoas buscam um corpo perfeito.
Ao se deparar com o verdadeiro e atual sentido da EF se frustam ou até mesmo despertam para o verdadeiro sentido da mesma. A partir do momento em que começarmos a entender a EF, quando essa passar por uma crise, aí sim esta terá seu valor para a sociedade, incluindo principalmente a sociedade escolar. Onde os professores alienados se excluem e se calam diante das reuniões decisivas da escola por não saber opinar e fazer inter-relações com os demais professores.
Isso porque nem ele mesmo sabe o verdadeiro significado da EF, são manipulados e manipuladores, se prendem a velhas questões. Alcançar uma EF que nos transforme e que busca incessantemente esta transformação do ser humano, comprometida com o todos estes aspectos, porém, que não seja mais conhecida como fonte de pessoas saradas, incapazes de pensar, e nem tão pouco por uma concepção fragmentadora.
Mas que seja reconhecida pelo seu valor em desenvolver o ser humano em sua totalidade, pois o homem é um ser incompleto, dotado de suas carências, mistérios, contradições, enfim, é um ser sem cobertura.
Nessa condição humana que a EF exerce influência com o objetivo de uma transformação aperfeiçoando, no sentido de dar condições para que o indivíduo se torne sujeito desta transformação. Isso fará com que o discurso do profissional de EF se torne em ações verdadeiramente transformadoras
Referências bibliográficas
BRUNER, J. A cultura da educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
CORREIA, M. F. B., Lima, A. P. B., & ARAUJO, C. R. (2001). As contribuições da Psicologia Cognitiva e a atuação do psicólogo no contexto escolar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 14(3), 553-561.
CUNHA, M. V. John Dewey: uma filosofia para educadores na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1994.
DAMASIO, A. Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos. São Paulo: Companhia das letras, 2004.
FARIA FILHO, L.M. de. “História da escola primária e da educação física no Brasil: Alguns apontamentos”. In: SOUSA, E.S. de e VAGO, T.M. (orgs.). Trilhas e partilhas; educação física na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte: Cultura, 1997, pp. 43-58.
FREIRE, I.M. & ROLFE, L. Dançando também se aprende: O ensino da dança no Brasil e na Inglaterra. In: CABRAL, B. (Org.). O ensino de teatro: Experiências interculturais. Santa Catarina: UFSC, 1999.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
GIL, J. Monstros. Lisboa: Quetzal, 1994.
MEDINA, João Paulo Subirá. A Educação Fíisica cuida do corpo e da mente. Ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2005 (Coleção Krisis).
SOARES, C.L. “Imagens do corpo ‘educado’: Um olhar sobre a ginástica no século XIX”. In: FERREIRA NETO, A. (org.). Pesquisa histórica na educação física. Vitória: CEFD/Ufes, 1997, pp. 5-32.
VEIGA N. A.J. da. “Currículo, disciplina e interdisciplinaridade”. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 17(2), 1996, pp. 128-137.
WELSCH, W. Unsere postmoderne Moderne. Weinheim: Acta Humaniora, 1988.
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