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Implicações relacionadas ao clampeamento tardio 

do cordão umbilical: revisão sistemática da literatura

Implicancias relacionadas con el pinzamiento tardío del cordón umbilical: una revisión sistemática de la literatura

 

*Enfermeiros. Pós-graduandos em Urgência, Emergência e Trauma.

**Enfermeiro Assistencial. Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica

Professor de Saúde da Criança das Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE)

e FASI (Faculdade de Saúde Ibituruna)

(Brasil)

Christian José Norberto Alves Souza*

André Geraldo de Castro Barbosa*

Marcel Vinicius Brandão*

Tadeu Nunes Ferreira**

tadeu-nunes@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Levando em consideração os efeitos apresentados nas crianças submetidas à fixação atrasada do cordão, essa pesquisa surge com o propósito de verificar as implicações relacionadas ao clampeamento tardio do cordão umbilical. Para o desenvolvimento deste estudo foram realizados buscas de literatura científica nas bases de dados online, BVS, Lilacs, Medline e Scielo. Os descritores utilizados foram (clampeamento cordão umbilical) nas bases de dado BVS, Lilacs e Scielo e (cord clamping) na base de dados Medline. Foram selecionados noventa e quatro artigos científicos que abordavam sobre o tema, adotando como critérios de exclusão pesquisas de revisão da literatura, artigos que fugiam do eixo central da pesquisa e estudos com período superior a cinco anos. Foram utilizados oito artigos publicados nos últimos cinco anos, do período de 2008-2013, nos idiomas inglês, espanhol e português e que apresentaram relevância significativa ao tema pesquisado. A fixação atrasada do cordão umbilical proporciona um aumento na concentração dos níveis de ferritina favorecendo a diminuição dos índices de anemia infantil, além de que, permite aumentar a transfusão placentária garantindo ao recém-nascido um ganho de peso significativo. Outro benefício observado nos estudos foi o aumento na saturação de oxigênio para níveis maiores que 90%. Dentre as implicações relacionadas ao clampeamento tardio do cordão umbilical pôde-se analisar como ponto negativo a diminuição nos níveis de pH e bicarbonato sanguíneos o que pode propiciar a um meio ácido. Apesar das alterações no potencial de hidrogênio ter sido mínimas devem ser consideradas.

          Unitermos: Clampeamento. Cordão umbilical. Cord clamping.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O clampeamento tardio do cordão umbilical é uma questão que vem sendo discutida atualmente em se tratando da sua implementação como prática dentro de uma política hospitalar (BLOUIN et al. 2011). A fixação imediata do cordão vem sendo realizada de forma rotineira na maioria dos hospitais por não terem um protocolo com evidências científicas suficientes que comprovem os benefícios do seu atraso (WIBERG et al. 2008). Mesmo possuindo um campo de evidências científicas que expõe o atraso na constrição do cordão umbilical como procedimento benéfico ao recém-nascido existe ainda certa comodidade em pôr em prática tal método (BLOUIN et al. 2011).

    Ainda não existe conhecimento científico suficiente para verificar a relação dos riscos e benefícios de uma fixação atrasada do cordão umbilical, mas, sabe-se que é uma alternativa para diminuição dos índices de anemia infantil (ANDERSSON et al. 2011). Durante a gestação, há um aumento do volume sanguíneo materno devido ao desenvolvimento rápido da placenta, nessas condições a quantidade de ferro no organismo torna-se escasso podendo predispor a uma anemia no recém-nascido (MONDINE et al. 2010). A fixação tardia do cordão umbilical favorecerá a um transporte de sangue da placenta para o feto, o que poderá beneficiar uma melhor perfusão dos tecidos e uma troca gasosa mais eficiente (WIBERG et al. 2008).

    Tem-se observado vários aspectos relacionados à constrição atrasada do cordão umbilical, como diminuição da anemia infantil e aumento no ganho de peso. Porém ainda não é prática preconizada em todo ambiente hospitalar devido às controvérsias relacionadas aos riscos e benefícios de tal procedimento, nisso há uma necessidade de aprofundamento científico com base nessas contestações. Levando em consideração os efeitos apresentados nas crianças submetidas a fixação atrasada do cordão, essa pesquisa surge com o propósito de verificar as implicações relacionadas ao clampeamento tardio do cordão umbilical.

Metodologia

    Para o desenvolvimento deste estudo foram realizados buscas de literatura científica nas bases de dados online, BVS, Lilacs, Medline e Scielo. Os descritores utilizados foram (clampeamento cordão umbilical) nas bases de dado BVS, Lilacs e Scielo e (cord clamping) na base de dados Medline.

    Foram selecionados noventa e quatro artigos científicos que abordavam sobre o tema, adotando como critérios de exclusão pesquisas de revisão da literatura, artigos que fugiam do eixo central da pesquisa e estudos com período superior a cinco anos. Foram utilizados oito artigos publicados nos últimos cinco anos, do período de 2008-2013, nos idiomas inglês, espanhol e português e que apresentaram relevância significativa ao tema pesquisado.

Resultados e discussão

Quadro 1. Artigos selecionados quanto ao ano, metodologia e 

implicações relacionadas ao clampeamento tardio do cordão umbilical

    Para o desenvolvimento desta revisão foram analisados 8 artigos científicos, com intuito de verificar as implicações relacionadas ao clampeamento tardio do cordão umbilical, sendo observadas, a partir das respostas dos artigos, quatro categorias, descritas a seguir: Diminuição do índice de anemia infantil; Aumento no ganho de peso; Aumento na saturação de oxigênio e diminuição do pH sanguíneo.

Diminuição do índice de anemia infantil

    De acordo com Andersson et al. (2011) a constrição atrasada do cordão proporciona uma melhoria nos níveis de ferro aos quatro meses de vida, podendo ser verificado uma maior concentração de ferritina, o que favorece a um menor índice de anemia. Conforme Venâncio et al. (2008) o atraso de um minuto no clampeamento do cordão expõe um efeito positivo e destacado no aumento na concentração de ferritina. A prática da fixação precoce proporciona também à redução dos casos de anemia neonatal em crianças com até dois dias de vida, sem provocar alterações respiratórias (ANDERSSON et al. 2011).

    Além de ser um procedimento que não exige custos a constrição do cordão umbilical pode favorecer a diminuição dos casos de anemia beneficiando principalmente ambientes com recursos escassos (BLOUIN et al. 2011). Inserir a prática do clampeamento tardio como protocolo hospitalar proporcionaria ao combate da anemia infantil, sendo essa uma intervenção apropriada e sustentável (BLOUIN et al. 2011). A fixação atrasada do cordão umbilical pode favorecer principalmente crianças filhas de mães anêmicas que têm maior predisposição para desenvolver anemia (MONDINI et al. 2010). Com um minuto de retardo no clampeamento do cordão pode-se notar um ganho de 4% nos níveis de hemoglobina aos três meses de vida (MONDINI et al. 2010).

Aumento no ganho de peso

    Com o atraso no clampeamento do cordão umbilical há um aumento no volume de sangue transfundido para o recém-nascido, o que pode ajudar em seu ganho de peso (STRAUSS et al. 2008). Ainda, conforme Venâncio et al. (2008) o clampeamento tardio é considerado aquele realizado após o primeiro minuto, e é a partir desse tempo que ocorre cerca de 80% da transfusão placentária. Esclarecendo ainda mais, Andersson et al. (2011) notou um ganho de peso de quase 100 g nas crianças submetidas á constrição tardia, além de que, a quantidade de sangue retida na placenta foi mínima. Nos estudos de Sommers (2012) um aumento de peso de 88g foi observado nos recém-nascidos após clampeamento tardio ao se comparar com clampeamento imediato do cordão.

    Um aumento significativo de peso foi notado a partir do vigésimo oitavo dia em crianças as quais foram realizadas constrição atrasada do cordão umbilical (STRAUSS et al. 2008). Pode-se notar uma evolução importante ao se tratar das curvas de crescimento e peso em crianças submetidas à fixação atrasada do cordão, alcançando níveis próximos ao P50, mesmo em crianças filhas de mães anêmicas (MONDINI et al. 2010).

    Conforme Sommers et al. (2012) o fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular em crianças submetidas ao atraso no clampeamento do cordão umbilical foi 20% maior quando se comparado ao clampeamento imediato em um intervalo observado em 24 horas. Um aumento no fluxo sanguíneo a partir da transfusão placentária permite uma melhor perfusão dos órgãos vitais (VENÂNCIO, 2008).

Aumento na saturação de oxigênio e diminuição dos níveis de pH

    Um aumento na saturação de oxigênio para níveis maiores que 90% foi observada com o atraso na constrição do cordão umbilical, o que pode ser explicado devido à uma maior transfusão de sangue da placenta para o recém-nascido (SINAVSZKI et al. 2011). O aumento do nível sanguíneo pode ser observado em etapas, onde, a maior quantidade de sangue transfundido ocorreu no primeiro minuto, diminuindo gradativamente (SINAVSZKI et al. 2011). Nos estudos de Wiberg et al (2008) verificou-se uma diminuição nos níveis sanguíneos do pH e bicarbonato quando optou-se por deixar as pulsações do cordão cessarem espontaneamente, favorecendo a um meio mais ácido. Uma fixação atrasada iria provocar uma diminuição mínima nos níveis de pH, porém, esta diminuição deve ser analisada, uma vez que, há um aumento considerável nos íons hidrogênio podendo agravar a acidose (WIBERG et al 2008).

Considerações finais

    O clampeamento tardio do cordão umbilical ainda não é um procedimento determinado como política hospitalar em todos os serviços de saúde devido a pouca quantidade de estudos científicos que comprovem seus benefícios em relação aos riscos, o que tornou a constrição imediata um método rotineiro. Sabe-se que é um procedimento que não exige custos financeiros e que apresenta grandes resultados quando realizado em tempo oportuno e técnica correta.

    A fixação atrasada do cordão umbilical proporciona um aumento na concentração dos níveis de ferritina favorecendo a diminuição dos índices de anemia infantil, além de que, permite aumentar a transfusão placentária garantindo ao recém-nascido um ganho de peso significativo. Outro benefício observado nos estudos foi o aumento na saturação de oxigênio para níveis maiores que 90%. Dentre as implicações relacionadas ao clampeamento tardio do cordão umbilical pôde-se analisar como ponto negativo a diminuição nos níveis de pH e bicarbonato sanguíneos o que pode propiciar a um meio ácido. Apesar das alterações no potencial de hidrogênio ter sido mínimas devem ser consideradas.

    Frente aos benefícios apresentados a partir da prática de fixação atrasada do cordão umbilical, sendo esta uma técnica simples e sem gastos, e tendo em mente a carência de grande parte da população em se tratando das condições de saúde, percebe-se que utilizando esse procedimento, o mesmo poderá favorecer a diminuição dos índices de mortalidade infantil, tempo de internação hospitalar e proporcionar um melhor desenvolvimento para o recém-nascido.

    Estudos futuros poderiam apresentar como foco de pesquisa a ocorrência de acidose após clampeamento tardio e se a mesma agravou o quadro clínico dos recém-nascidos relacionando-o a ocorrência de problemas respiratórios.

Referências

Outros artigos em Portugués

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