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Benefícios da prática do futsal sobre a aptidão física de escolares

Los beneficios de la práctica del futsal sobre la aptitud física de escolares

 

Mestre em Educação Física (UNIMEP)

Graduado em Educação Física (UNIVERSO)

(Brasil)

Rubem Machado Filho

rubemfisiologista@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo teve como objetivo analisar os níveis de aptidão física de meninos escolares de 11 a 13 anos de uma escola pública situada no município de Guarulhos (SP), antes e após os treinamentos de atividades relacionadas à prática do futsal. A amostra foi constituída de 35 escolares. Para a análise estatística foi utilizado para verificar a normalidade dos dados o teste de Shapiro Wilk. Para os dados paramétricos foi utilizado o teste “t”, e para os dados não paramétricos foi utilizado o teste de Wilcoxon. Adotou-se um nível de significância de 5%. Os dados foram processados no SPSS 13.0. Com os resultados obtidos, pode-se concluir que o treinamento que foi realizado influenciou de forma significante no resultado.

          Unitermos: Aptidão física. Escolares. Futsal.

 

Abstract

          The study aimed to examine the levels of physical fitness of school boys from 11 to 13 years in a public school located in Guarulhos (SP) before and after training activities related to the practice of futsal. The sample consisted of 35 students. For the statistical analysis was used to verify data normality test Shapiro Wilk. For parametric data we used the t test and for nonparametric data was used the Wilcoxon test. We adopted a significance level of 5%. The data were processed with SPSS 13.0. With these results, we can conclude that the training was carried out significant change in the result.
          Keywords: Physical fitness. School. Futsal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Na atualidade a aptidão física divide-se em dois conceitos: saúde e desempenho motor1. O primeiro refere-se a demandas energéticas que possibilitam desenvolver as atividades do cotidiano com vigor, proporcionando um menor risco de desenvolver doenças ou condições crônico-degenerativas1. Tendo como componentes de mensuração influenciados pelas atividades físicas habituais: a resistência cardiorrespiratória (capacidade de continuar ou prosseguir em atividades extenuantes que envolvem grandes grupos musculares por período de tempo prolongado), aptidão músculo-esquelética (formada pela flexibilidade, força muscular e resistência muscular) e a composição corporal (índices de gordura corporal e distribuição da gordura subcutânea). No segundo temos a aptidão física relacionada às habilidades esportivas ou performance motora que contribuem para o desempenho das tarefas especificas, seja no trabalho ou nos esportes2, 3.

    Acredita-se que o estudo da aptidão física é de grande utilidade para os profissionais de educação física e da área saúde, para que os mesmos tenham informações relevantes sobre as características de uma determinada população, que irá encontrar em seu local de atuação. Desta forma possa evitar equívocos teóricos em sua ação diária, sendo também de grande importância para a área da saúde pública, devido ao fato de constatar variáveis que tendem a demonstrar as características de saúde da região em estudo4.

    O Brasil é o país do futsal tanto quanto do futebol, principalmente em relação à prática deste esporte. A identificação do povo brasileiro com o futebol, as muitas quadras públicas ou particulares existentes, a grande utilização do futsal nas aulas de educação física e o número reduzido de jogadores necessários à prática desta modalidade são alguns dos fatores que contribuem para sua importância em nosso país5.

    O Brasil é potência mundial no futsal, mais até que no futebol. Os títulos demonstram isso. São cinco títulos mundiais nos sete disputados (vice nos outros dois) e doze títulos sul-americanos em doze disputados, fora os outros vários títulos conquistados pela seleção principal e pelas demais categorias6.

    Baseado nesse contexto, o estudo em questão tem como objetivo analisar os níveis de aptidão física antes e após os treinamentos de escolares praticantes de futsal.

Materiais e métodos

População e amostra

    A população foi composta por meninos escolares de 11 a 13 anos de idade, pertencentes ao Ensino Fundamental uma escola da Rede Estadual de Educação da cidade de Guarulhos/SP. Participaram do estudo 35 estudantes.

Instrumentos de coleta de dados

    Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados das capacidades motoras foram os seguintes: O teste de “sentar e alcançar” (flexibilidade) foi realizado com auxílio de uma caixa de madeira, especialmente construída para essa finalidade, apresentando dimensões de 30,5 x 30,5 x 30,5cm, tendo a parte superior plana com 56,5 cm de comprimento, na qual foi fixada a escala de medida apresentando uma amplitude de 0 a 56,5 cm; para o teste de Arremesso de Medicine Ball (Força de Membros Superiores) se fez necessário o uso de uma trena de 5 metros presa ao solo, uma bola medicinal de 2 kg, fita adesiva, uma cadeira e uma corda; para o teste de salto em distancia parado (Força de Membros Inferiores) foi fixada no solo uma trena com aproximadamente três metros de comprimento, que serviu como escala de medida, onde o ponto zero coincidiu com a linha de partida para o salto; para a execução do teste do “quadrado” (agilidade) foi desenhado no chão um quadrado com 4 (quatro) metros de cada lado, em todos os vértices foi colocado um cone de 50 cm de altura para delimitar os espaços; para o teste de exercícios abdominais foram utilizados colchonetes. De maneira geral, os participantes da pesquisa realizavam os testes da seguinte forma: primeiramente passavam por uma situação de experimento de cada teste, para posteriormente realizarem a tarefa propriamente dita. Em cada tarefa, os escolares realizavam três repetições no mesmo teste. A aferição das medidas da estatura e peso dos escolares foi efetuada por meio de fita métrica (estatura) e de balança antropométrica (peso). O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado mediante a relação matemática: Peso corporal (Kg) / Estatura2(m).

Figura 1. Execução do teste de agilidade (FLEX) orientada pelo autor do artigo

Procedimentos do estudo

    A coleta dos dados e os testes foram realizados na quadra poliesportiva da escola, durante as aulas de Educação Física, sendo um total de 50 minutos cada aula e três vezes por semana, sendo duas aulas dentro do turno e uma aula fora de horário, o treinamento durou 12 semanas. Os alunos realizaram treinamentos e gestos desportivos correlatos ao desporto futsal. Os avaliadores, devidamente treinados pelo pesquisador responsável pelo estudo eram estudantes do curso de graduação em Educação Física, integrantes do corpo de estagiários da supracitada escola.

    Os dados das variáveis antropométricas e das capacidades motoras foram coletados por meio de uma ficha de registro de dados, preenchida pelos pesquisadores de acordo com o resultado obtido pelos escolares. Os testes foram realizados antes e após os treinamentos. Para a realização da bateria de testes os escolares foram organizados em grupos de seis componentes em forma de circuito.

    O estudo foi realizado após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), sob o parecer número 58/09. Além disso, para que os escolares participassem do estudo, foi necessária a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais ou responsáveis.

Análise estatística

    Para a análise estatística foi utilizado para verificar a normalidade dos dados o teste de SHAPIRO WILK. Quando os dados se apresentaram paramétricos foi utilizado o teste “t” para amostras pareadas, e para os dados não paramétricos foi utilizado o teste de WILCOXON. Adotou-se um nível de significância de 5%. Os dados foram processados no SPSS 13.0.

Siglas das variáveis neuromusculares

    FLEX – Flexibilidade; ABD – Abdominais; FMI – Força de membros inferiores; FMS – Força de membros superiores; QUAD – Quadrado.

Resultados

    Na tabela 2, são apresentados os valores de médias e desvios-padrão dos testes de FLEX, ABD, FMI, FMS, e QUAD dos meninos escolares praticantes de atividades de futsal. Na comparação dos testes pré e pós-treinamento todas as variáveis apresentaram diferença estatisticamente significante, exceto a variável FMS.

Tabela 1. Valores das médias e desvios-padrão dos testes de FLEX, ABD, FMI, FMS e QUAD

Discussão

    O programa de treinamento dos meninos escolares foi organizado obedecendo às características da modalidade do desporto futsal com práticas específicas e com gestos da própria dinâmica do jogo, os treinamentos duraram 12 semanas. Na sequencia será apresentada a discussão dos dados das capacidades avaliadas.

    O resultado da flexibilidade, que se constituiu no teste de sentar e alcançar apresentou diferença significativa quando se compararam os dois momentos. Os dados indicam que a programação dos treinamentos foi importante para permitir que a flexibilidade no de teste sentar e alcançar fosse melhorada. Isso realça que programação de atividade física para crianças, na faixa etária pesquisada, melhora essa capacidade. Os dados do presente estudo corroboram com vários autores citados7, 8.

    Em relação aos testes abdominais o estudo apresentou diferença estatisticamente significativa quando comparou o teste pré e o teste pós, indicando que a programação aplicada influenciou na capacidade motora analisada. Estudos apontam que a melhora dessa capacidade pode ser observada a partir dos 12 anos de idade, porém é mais evidente em idades acima de 14 anos9.

    A capacidade de força muscular quando se observa nos membros inferiores, por meio do salto horizontal, devem-se levar em consideração as atividades que são exercidas pelos mesmos nas atividades que exijam a superação do peso corporal, ou de sobrecargas. No presente estudo as análises dos resultados apontam ocorreram diferenças significativas na comparação dos testes. Alguns autores afirmam que a força é um processo diretamente vinculado ao crescimento e maturação10. Nesse sentido os resultados do presente estudo, quanto à melhora no salto horizontal, pode-se atribuir ao processo de crescimento em razão da faixa etária utilizada. Estudo encontrado na literatura corrobora que essa afirmação11.

    Quando se observa os dados de FMS não ocorreram diferenças significativas. Estudo com 21 meninas e 34 meninos com idades entre 7 a 12 anos, com o objetivo de comparar os efeitos de um e dois dias por semana de treinamento com sobrecarga, foi encontrada diferença estatisticamente significante para o grupo que treinou dois dias por semana, ele observou que os efeitos treinamento com duas sessões semanais demonstraram excelentes resultados no desenvolvimento de força em crianças12. O presente estudo difere do estudo supracitado.

    A agilidade é a capacidade de maior destaque no faixa etária dos seis aos doze anos de idade13. Nessa direção o teste de agilidade está bem adaptado para a faixa etária escolhida. Ao observar os resultados do estudo em questão, nota-se melhora significativa na comparação dos dois testes. Os resultados confirmam a sensibilidade da agilidade na faixa etária. Corroborando com os resultados do estudo em questão, encontram-se na literatura os achados de vários autores13, 14.

Considerações finais

    Nesse contexto, as práticas específicas de modalidades esportivas referentes ao desporto handebol, apresentaram como sendo importantes para melhoria das capacidades motoras dos escolares na faixa etária de 11 a 13 anos de idade. Assim sendo, o estímulo à prática de esportes e exercícios no ambiente escolar vem reforçar e incentivar a cultura da prática nas fases adulta e da terceira idade, objetivando uma melhor qualidade de vida.

Referências bibliográficas

  1. Verardi CEL et al. Análise da Aptidão Física Relacionada à Saúde e ao Desempenho Motor em Crianças e Adolescentes da Cidade de Carneirinho-MG. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 6, n. 3, p. 127-134, 2007.

  2. Nieman DC. Exercício e saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. Tradução de Marcos Ikeda. São Paulo: Manole, 1999. p. 3 a 20.

  3. Nahas MV. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 2ª ed. Londrina: Midiograf, 2001. p. 23 a 36.

  4. Silva RJS, Silva Júnior AG, Oliveira ACC. Crescimento em crianças e adolescentes: um estudo comparativo. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 7, n. 1, p. 12 a 20, jan./jun. 2005.

  5. Morato MP. Treinamento defensivo no futsal. EFdeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires. Ano 10. Núm. 77. 2004. http://www.efdeportes.com/efd77/futs.htm

  6. Confederação Brasileira de Futebol de Salão. Seleção: performance. Disponível em http://www.cbfs.com.br. Acessado em 20/06/2013.

  7. Ferreira JS, Ledesma CN. Indicadores de flexibilidade em escolares de 11 anos de idade de uma escola de Campo Grande- MS, Brasil. EFDeportes.com, Revista Digital, Buenos Aires, ano 12, n° 118, Mar., 2008. http://www.efdeportes.com/efd118/indicadores-de-flexibilidade-em-escolares.htm

  8. Noll M, Sá KB. Avaliação da flexibilidade em escolares do ensino fundamental da cidade de Westfália, RS. EFDeportes.com, Revista Digital, Buenos Aires, ano 13, nº 123, Ago., 2008. http://www.efdeportes.com/efd123/avaliacao-da-flexibilidade-em-escolares-do-ensino-fundamental.htm

  9. Vitor FM Uezu R, Silva FBS, Bõhme MTS. Aptidão física de jovens atletas do sexo masculino em relação à idade cronológica e estágio de maturação sexual. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes. São Paulo, v.22, n.2, p.139-48, abr./jun. 2008.

  10. Oliveira AR, Gallagher JD. Treinamento de força muscular em crianças: novas tendências. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, V. 2, N. 3, p. 80-90, 1997.

  11. Braga F, Generosi RA, Garlipp DC, Gaya A. Programas de Treinamento de Força para Escolares sem uso de Equipamentos. Revista Eletrônica da Ulbra São Jerônimo – Vol. 03, 2008.

  12. Faigenbaum AD. Comparison of 1 and 2 days per week of strength training in children. Res Q Exerc Sport; 73: 416-424, 2002.

  13. Matsudo VKR. Critérios biológicos para diagnóstico, prescrição e prognóstico de aptidão física em escolares de 7 a 18 anos de idade. (Tese de Livre Docência, Universidade Gama Filho) Rio de Janeiro, 1992.

  14. Barbanti VJ. Dicionário de educação física e esporte. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2003.

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