Atividade física na terceira idade: importância dos grupos de atenção ao idoso La actividad física en la tercera edad: la importancia de los grupos de atención a la persona mayor |
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*Bacharel em Educação Física, Ponta Grossa, Paraná **Mestre em Educação – Professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná (Brasil) |
Bruno Cesar Oliveira Scheffer* Moacir Ávila de Matos Júnior** |
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Resumo Este estudo buscou avaliar o nível de atividade física em idosos, tendo como amostra os participantes de projetos da Fundação Municipal de Promoção ao Idoso (FAPI), vinculada a Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura de Ponta Grossa, Paraná. Participaram do estudo 20 idosas com 60 anos ou mais. A informação sobre o nível de atividade física foi obtida através da entrevista pessoal, utilizando-se o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão 6, adaptado de Benedetti et al.(2004). Conclui-se que os idosos participantes dos grupos da FAPI possuem níveis de Atividade Física que cumprem ou ultrapassam, quase que na totalidade, o recomendado pela Organização Mundial de Saúde e que futuros estudos podem explorar mais a distribuição por domínios do IPAQ, bem como o tempo em atividades passivas. Unitermos: Atividade física. Idoso. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ).
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Terceira Idade inicia a partir dos 60 anos, e a Legislação Brasileira adotou essa mesma orientação. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil será, até o ano 2025, o sexto país mais envelhecido do mundo, com uma população projetada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de cerca de 220 milhões habitantes, dos quais pouco mais de 30 milhões estarão na faixa etária acima de 60 anos, situando-se à frente das Filipinas e México (Casagrande, 2006). Surge, então, uma preocupação não só com a quantidade de anos que se vive, mas essencialmente com a qualidade de vida com o avançar da idade.
Neste trabalho, buscou-se investigar o nível de atividade física de um grupo de idosos vinculados a um programa municipal que apóia e incentiva atividades de lazer e prática de exercícios físicos. Para tanto, atividade física será considerada qualquer forma de movimentação corporal produzida pelo sistema músculo-esquelético que resultam em gasto energético acima do nível de repouso (Caspensen et al., 1985).
2. Metodologia
Entre os questionários utilizados para mensurar o nível de atividade física em idosos, destaca-se o Questionário Internacional de Atividade Física- IPAQ, um instrumento que permite estimar o tempo gasto em atividades físicas relacionadas com o trabalho, transporte, tarefas domésticas e lazer, realizadas por pelo menos, 10 minutos contínuos, com intensidade leve a moderada e vigorosa, durante uma semana normal/habitual. Neste trabalho aplicou-se a versão 6 do IPAQ, adaptado de Benedetti et al. (2004), através de entrevista presencial.
3. Resultados e discussão
Para análise dos questionários foi considerado suficientemente ativo, aquele que acumular 30 minutos ou mais de atividade física de intensidade leve ou moderada, preferencialmente todos os dias da semana. Foram considerados 30 minutos em pelo menos cinco dias da semana, em um total de 150 minutos na semana (Nelson et al., 2007; Pate et al., 1995).
As idosas (n=20) foram todas classificadas como suficientemente ativas fisicamente. A média de idade foi de 68.8 anos, sendo 25% de 60 a 65 anos, 30% de 66 a 70 anos e 45% acima de 70 anos. A pesquisa foi realizada apenas com mulheres, pois o número de homens que participa do projeto da FAPI não é representativo o suficiente para coleta de dados.
Segundo o IBGE (BRASIL, 2010), sobre os dados do último censo, ao fazer a análise da razão de sexo para grupos etários, o grupo de idosos é o que apresenta menor razão de sexo, sendo um grupo em que, normalmente, há predominância de mulheres, fato relacionado a sobremortalidade masculina, fenômeno evidente no grupo de idosos.
Das participantes entrevistadas, 70% praticam atividades relacionadas ao esporte e lazer de duas a três vezes por semana, 10% de quatro a cinco vezes e, 20% o fazem diariamente. Lembrando que, esses exercícios englobam apenas as atividades sistematizadas, principalmente hidroginástica oferecida na sede da FAPI, e não incluem tarefas da vida diária. A grande maioria, 90% pratica exercícios com duração de uma hora/dia e 10% pratica mais de uma hora de exercícios.
Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) e a Associação Americana de Cardiologia (AHA) há um consenso para que os indivíduos acumulem no mínimo 30 minutos de atividade física moderada, preferencialmente, todos os dias da semana para melhoria da saúde. (Nascimento et al, 2009)
Quanto às atividades físicas consideradas vigorosas por pelo menos dez minutos, identificadas como aquelas que aumentam muito a respiração ou batimentos do coração, verificou-se que apenas 40% dos participantes entrevistados relataram essa condição durante as atividades, por pelo menos vinte minutos entre dois a três dias da semana. Tal fato, segundo depoimentos, está relacionado à própria prática da hidroginástica, podendo inicialmente indicar despreparo físico.
Os participantes da amostra relataram que já nos primeiros meses de prática de exercícios físicos regulares notaram diferenças tanto física como psicologicamente, devido à socialização e convívio no grupo, pois a maioria encontra-se aposentada.
Leite, Cappellari e Sonego (2002) verificaram em estudo semelhante sobre a atividade física para idosos, que uma das razões para inserir-se nos grupos de convivência, mencionada pelos idosos, é a necessidade de conviver socialmente, característica de todo ser humano. Outro aspecto manifestado diz respeito à possibilidade de realizar atividades físicas, objetivando melhoria de sua saúde.
Quanto às atividades físicas em casa, ou seja, realizadas durante uma semana normal por pelo menos dez minutos, considerando esforço moderado como varrer ou aspirar, a maioria, 60% realiza diariamente durante toda a semana. Quando perguntadas sobre atividades com esforço vigoroso ou forte tais como: capinar, arar ou lavar o quintal, verificou-se que nenhuma das participantes realiza esse trabalho.
Sobre a atividade física como meio de transporte: caminhar ou pedalar para ir de um lugar ao outro em uma semana normal, os resultados demonstraram que apenas uma entrevistada caminha por pelo menos dez minutos durante toda a semana.
Na tabela 1, apresentada a seguir, tem-se uma análise do IPAQ permitindo classificar os indivíduos da amostra como insuficiente ativo e suficiente ativo.
Tabela 1. Distribuição do nível de atividade física (AF) habitual, por domínios entre os idosos praticantes de atividade física da FAPI, 2012
Atividades |
Suficientemente ativos |
Insuficientemente ativos |
Domínio AF no lazer |
45% |
55% |
Domínio AF nas atividades domésticas |
90% |
10% |
Domínio AF no trabalho |
25% |
75% |
Domínio AF no transporte |
10% |
90% |
5. Considerações finais
A partir da análise do presente estudo, podemos concluir que sendo o grupo exclusivamente feminino, as atividades em casa, tais como aspirar, varrer ou esfregar são práticas cotidianas que permitem considerar 90% das entrevistadas suficientemente ativas. Entretanto, a realização de atividade física junto ao grupo de idosos da FAPI, com a prática de 1 hora/dia de hidroginástica durante dois dias da semana, é de extrema importância para atender à recomendação de 150 minutos de atividades por semana, complementando outras atividades realizadas. Podemos considerar significativa a porcentagem da população avaliada como suficiente ativa, comprovando que os programas como o desenvolvido pela FAPI representam um elemento fundamental para o estímulo da prática regular de atividades físicas
Referências bibliográficas
Benedetti, T.R.B.; Mazo, G.Z.; Barros, M.V.G. Rev Bras Ciên Mov,12(1):25-33, 2004.
Brasil, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Censo 2010. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/. Acesso em Jan/2013.
Casagrande, M. Atividade Física na Terceira Idade. Monografia, Faculdade de Ciências da Unesp, Campus de Bauru, 2006.
Leite, M. T.; Cappellari, V. T.; Sonego, J. Revista Eletrônica de Enfermagem (on-line), v. 4, n. 1, p. 18–25, 2002.
Nascimento, B. P.; Oliveira, D. M.; Santos, D. dos; Neiva, C. Melhoria da qualidade de vida e nível de atividade física dos idosos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 14 - Nº 131 - Abril de 2009. http://www.efdeportes.com/efd131/nivel-de-atividade-fisica-dos-idosos.htm
Nelson, M.E.; Rejeski, W.J.; Blair, S.N. et al. Circulation. 166(9), p.1094-105, 2007.
Pate, R. R. et al. JAMA, v. 273, n. 5, p. 402-407, fev. 1995.
Savage, P. D. Journal of Cardiopulmonary Rehabilitation & Prevention, v. 28, n. 6, p. 370-377, 2008.
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