Atividade física e pressão arterial: breves considerações Actividad física y presión arterial: breves consideraciones |
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Mestre em Educação Física (UNIMEP) Graduado em Educação Física (UNIVERSO) (Brasil) |
Rubem Machado Filho |
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Resumo A maioria dos estudos que analisam os efeitos da atividade física nos níveis de pressão arterial pós-exercício utiliza o exercício aeróbio como principal estratégia, entretanto, foi verificado que o exercício de força pode reduzir a pressão arterial sistólica pós-esforço, tanto de mulheres normotensas quanto hipertensas. O efeito do exercício físico sobre os níveis de repouso da pressão arterial de grau leve a moderado é especialmente importante, uma vez que o paciente hipertenso pode diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos ou até ter a sua pressão arterial controlada, sem a adoção de medidas farmacológicas. Unitermos: Pressão arterial. Atividade física. Saúde.
Abstract Most studies examining the effects of physical activity on blood pressure after exercise using aerobic exercise as a primary strategy, however, it was found that resistance exercise can reduce systolic blood pressure after exercise, both normotensive and hypertensive women. The effect of exercise on resting levels of blood pressure in mild to moderate degree is especially important, since the hypertensive patient can reduce the dosage of their antihypertensive medications or even have your blood pressure checked, without adopting pharmacological measures. Keywords: Blood pressure. Physical activity. Health.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A hipertensão arterial sistêmica representa uma das maiores causas de morbidade cardiovascular no Brasil e acomete 15% a 20% da população adulta, possuindo também considerável prevalência em crianças e adolescentes (MONTEIRO, SOBRAL FILHO, 2004). Considerada um dos principais fatores de risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares, representa alto custo social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo no trabalho em nosso meio (CONSENSO NACIONAL DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR, 1997; CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998). A identificação e o tratamento de pacientes com hipertensão arterial sistêmica constituem um problema de saúde pública no Brasil.
Modificações no estilo de vida, incluindo exercício físico, são recomendadas no tratamento da hipertensão arterial (MONTEIRO, SOBRAL FILHO, 2004). Estudo envolvendo 217 pacientes de ambos os sexos, com idade variando de 35 a 83 anos, mostrou que a adesão a medidas não farmacológicas, dentre as quais a prática de exercício físico, promoveu sensível efeito na redução dos níveis pressóricos (FERREIRA et al., 1999).
Tabela 1. Classificação dos níveis de pressão arterial
Joint National Committee on detection, evaluation and treatment of high blood pressure
A prática regular de atividade física tem sido recomendada para a prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas por diferentes associações de saúde no mundo (CIOLAC, GUIMARÃES, 2004), de acordo com as mais extensas revisões na relação entre atividade física, aptidão física e longevidade, as evidências sugerem que os sujeitos com altos níveis de atividade física e aptidão física, assim como aqueles que decidiram adotar um estilo de vida ativo, experimentam menor risco de doenças cardiovasculares e vivem mais (SANTOS, MACHADO FILHO, 2011).
A partir da problemática exposta, este trabalho tem como objetivo fazer breves considerações sobre a relação entre pressão arterial e atividade física.
Alguns efeitos da prática de atividade física sobre a pressão arterial
O efeito do exercício físico sobre os níveis de repouso da pressão arterial de grau leve a moderado é especialmente importante, uma vez que o paciente hipertenso pode diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos ou até ter a sua pressão arterial controlada, sem a adoção de medidas farmacológicas (RONDON, BRUM, 2003; FUCHS, MOREIRA, RIBEIRO, 1993), o exercício físico aeróbico tem sido recomendado para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica leve (FUCHS, MOREIRA, RIBEIRO, 1993). Todavia, somente 75% dos pacientes hipertensos são responsivos ao treinamento físico, uma vez que a hipertensão arterial sistêmica é uma síndrome poligênica e que pode ser influenciada pela herança genética (RONDON, BRUM, 2003).
O treinamento aeróbico por exercícios predominantemente isotônicos ou dinâmicos geralmente não modifica, nos normotensos, os níveis de pressão arterial sistólica e diastólica em repouso, embora a pressão arterial média possa declinar em função da menor freqüência cardíaca basal, após período de treinamento físico (ARPAD, MASTROCOLLA, BERTOLAMI, 1996).
A maioria dos estudos que analisam os efeitos da atividade física nos níveis de pressão arterial (PA) pós-exercício utiliza o exercício aeróbio como principal estratégia, entretanto, foi verificado que o exercício de força pode reduzir a PA sistólica pós-esforço, tanto de mulheres normotensas quanto hipertensas (MEDIANO et al., 2005). Nesse caso, foram realizados cinco exercícios em forma de circuito com 50% da carga máxima. Mais recentemente, manipulando a intensidade de seis exercícios de força, foi identificada uma redução na PA sistólica de jovens saudáveis em relação aos valores pré-exercício até 60min após a atividade (POLITO et al., 2003). Contudo, não foram encontradas referências sobre o comportamento da PA pós-esforço quando se manipula o volume do exercício como, por exemplo, o número de séries. Isso pode ser importante, já que as respostas cardiovasculares em séries múltiplas podem ser mais elevada que em série única (GOTSHALL et al., 1999).
Figura 1. Aferição da pressão arterial feita pelo professor Me. Rubem Machado Filho antes da prática de atividade física
A mensuração dos níveis pressóricos após uma única sessão de exercício resistido demonstra ocorrência da hipotensão pós-exercício em indivíduos normais e hipertensos, contudo, há controvérsias quanto à intensidade de esforço necessária para indução desse efeito (UMPIERRE, STEIN, 2007). Em relação ao exercício de natureza aeróbia, alguns estudos indicam que a intensidade da atividade não influência a magnitude do efeito hipotensivo (POLITO, FARINATTI, 2006).
Considerações finais
Alguns estudos que abordaram a relação da pressão arterial com a atividade física se concentraram, principalmente, no exercício do tipo aeróbio dinâmico, ou seja, exercícios de natureza contínua que demandam um período de tempo prolongado e envolvem na sua execução grandes grupos musculares, tais exercícios se mostraram bastantes eficazes na promoção da saúde, entretanto, foi verificado em outros estudos que o exercício de força pode reduzir a pressão arterial sistólica pós-esforço, tanto de pessoas normotensas quanto hipertensas.
Em outro estudo, os pesquisadores concluíram que o treinamento concorrente de exercícios aeróbio e resistido em intensidade moderada provoca HPE (Hipotensão pós- exercício) por até 60 minutos.
Referências bibliográficas
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FUCHS, F. D.; MOREIRA, D. M.; RIBEIRO, J. P. Eficácia anti-hipertensiva do condicionamento físico aeróbio. Uma análise crítica das evidências experimentais. Arq Bras Cardiol, v. 61, p.187-90, 1993.
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POLITO, M. D.; FARINATTI, P. T. V. Comportamento da pressão arterial após exercícios contra-resistência: uma revisão sistemática sobre variáveis determinantes e possíveis mecanismos. Rev Bras Med Esporte, v. 12, nº 6, Nov/Dez, 2006.
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SANTOS, G.; MACHADO FILHO, R. Grau de incompetência cronotrópica em estudantes de Educação Física de uma universidade do município de Niterói, RJ. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 15, nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/efd152/grau-de-incompetencia-cronotropica-em-estudantes.htm
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