Suplementos nutricionais e exercício resistido: uma revisão para a prática do consumo Suplementos nutricionales y ejercicio resistido: una revisión sobre la práctica del consumo |
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Faculdade de Ciências |
Leandro Oliveira da Cruz Siqueira | Prof. Dr. Dalton Müller Pessôa Filho |
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Resumo Quando falamos de exercício resistido e suplementação nutricional, temos como objetivo principal o encurtamento do tempo entre a situação atual e o resultado esperado, e também a melhora do rendimento durante o treinamento, entretanto, para que não ocorra excessos nem desvios do objetivo real, o consumo deve ser feito de forma correta, embasado em estudos científicos. Unitermos: Suplementação nutricional. Musculação. Exercício resistido.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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O que são Suplementos Nutricionais?
Os suplementos nutricionais são alimentos, ou componentes de alimentos, que auxiliam no desenvolvimento do rendimento de um individuo, por potencializar as funções fisiológicas. Os suplementos nutricionais estão classificados como vitamínicos, fitoterápicos, recuperadores e ergogênicos pois tem como objetivo o aumento do desempenho físico. Ergogênico, do grego ergo (trabalho) e gen (produção de), abrange toda substância exógena que é utilizada para o aumento do desempenho atlético, abrangendo os suplementos nutricionais e os esteróides anabólicos (TIRAPEGUI, 2005).
A vantagem na utilização de suplementos nutricionais para os praticantes de musculação, que necessitam de uma grande ingestão calórico-nutricional e não podem valer-se de uma elevada ingestão de alimentos para a obtenção dos macronutrientes, é a praticidade de transporte e a quantidade específica de um dado nutriente livre do excesso calórico. Por exemplo: para a ingestão de 5g de creatina é necessário a ingestão de 1kg de carne suína, e com isso ocorrerá uma grande ingestão calórica e de outros nutrientes desnecessários (TIRAPEGUI 2005). Assim, a utilização de creatina na forma isolada, como suplemento nutricional, não haveria a preocupação com a ingestão excessiva de outros nutrientes e o excesso de calorias. Uma noção da porção alimentar para a obtenção da creatina via alimentação é apresentada na tabela 1.
Suplementos nutricionais e o aumento da massa muscular
Uma das substâncias mais utilizadas para tal objetivo é a creatina, porém, alguns estudos mostram que a creatina não influi em nada no ganho de força e massa muscular (ALTIMARI et al, 2010) mas de acordo com Lemon (2002) isso ocorre porque tais estudos seguem um protocolo de ingestão de creatina por um período muito curto, ou mantém uma quantidade muito baixa de ingestão. Assim como ocorre com a utilização de suplementos a base de proteína, já que é a principal substância para a hipertrofia muscular, a mesma é responsável pela reconstrução da célula muscular, causando assim uma hipertrofia conhecida como sarcomeral, já o carboidrato, serve fundamentalmente para o fornecimento de energia utilizada durante o treinamento com pesos (glicogênio), e sua hipertrofia, conhecida como metabólica, onde ocorre um aumento do conteúdo da célula muscular, é reversível (MCARDLE et al, 2008).
Os aminoácidos também possuem uma importância enorme na construção muscular, além de serem constituintes das proteínas, existem também alguns aminoácidos que, em sua forma isolada, tem grande influência na hipertrofia muscular, como é o caso da arginina, que estimula a liberação do hormônio do crescimento (GH), que estimula a síntese de proteína e a hipertrofia muscular, além de ser um dos aminoácidos formadores da creatina endógena. (ANGELI, 2007).
Adaptações morfofuncionais ao exercício resistido
A prática do exercício resistido desencadeia diversas alterações no organismo, sendo a principal delas a hipertrofia muscular, somente as fibras ativadas durante o exercício são sujeitas a tal resposta. O mecanismo do aumento da célula muscular é um fenômeno multifatorial, onde inicialmente ocorre o aumento do conteúdo de água intra celular, depois adaptações dos tipos de proteínas muscular e o eventual aumento de proteínas contráteis que pode ter como responsável tanto o sistema hormonal quanto a ingestão de nutrientes adequados. Esse processo é regulado pelos mecanismos hormonais e metabólicos, que para se ter uma resposta satisfatória deve interagir com o treinamento e a ingestão protéica adequada (KRAEMER; VOLEK; FLECK, 2009).
A fonte de energia final para a atividade muscular é a ATP, derivado das formas de fosfato intramusculares (fosfocreatina e ATP), carboidratos (glicogênio muscular e glicose sanguínea) e lipídios (triglicerídeos intramusculares e ácidos graxos do plasma) (MCARDLE et al, 2008). Em humanos, foi demonstrado que o treinamento de força estimula o deposito de fosfocreatina e ATP (KRAEMER et al, 1987).
Em geral, o treinamento de força induz a perda de gordura e aumenta a massa corpórea livre de gordura, porém como a variação de séries, repetições, e combinações de exercícios é difícil definir um treinamento específico, mas o que se sabe é que com o aumento da massa muscular, se tem um aumento do metabolismo basal, e com isso, no repouso, onde a principal fonte de energia são os lipídios, se gasta mais calorias, e dessa forma consegue-se diminuir o percentual de gordura corporal (MCARDLE et al, 2008).
Devido tais alterações no organismo, a prática do exercício resistido tem sido utilizada tanto para fins estéticos (diminuição da gordura corpora, aumento da massa muscular) quanto para a busca de uma vida saudável, já que a prática leva ao controle da glicemia, pressão arterial, controle da obesidade e dislipidemia (FLECK; KRAEMER, 1999). O exercício resistido pode levar a hipertrofia da célula muscular quando micro lesões são causadas em sua estrutura graças ao grande recrutamento de tais fibras para a contração muscular, após sofrer a micro lesão, o músculo tende a fazer uma super compensação de tecido muscular, formando uma espécie de “calo”, consequentemente aumentando a área de intersecção transversa (MCARDLE, 2008).
Conclusão
Frente a tais informações, é possível afirmar que a suplementação nutricional em conjunto com a prática do exercício resistido é muitas vezes, benéfica, tanto pelo consumo em si, quanto pela praticidade, porém, ele deve ser feito de forma consciente, para que não haja excessos, evitando, tanto um excesso calórico (que pode levar a um aumento de peso e consequentemente a obesidade) quanto em um dispêndio financeiro exagerado.
Referências
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KRAEMER, W.J.; VOLEK, J. S.; FLECK, S.J. Chronic Musculoskeletal adaptations to resistance training. In: ACSM's resource manual for Guidelines for exercise testing and prescription. Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins, 2009.
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MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia nutrição e desempenho humano. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
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