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Stand Up Paddle, sobre pranchas e remos

Stand Up Paddle, sobre tablas y remos

Stand Up Paddle, on boards and rowings

 

Universidade Nove de Julho

(Brasil)

Dimitri Wuo Pereira

dimitripereira@uninove.br

 

 

 

 

Resumo

          O Stand Up Paddle é uma modalidade criada como o surf nas ondas do Oceano Pacífico que utiliza um remo para o deslocamento sobre as águas e ondas. O objetivo dessa pesquisa foi valorizar a prática e analisar seu surgimento propondo uma forma de iniciação. O estudo bibliográfico orientou o pesquisador a discutir o assunto. O SUP como é conhecido está se difundindo pelo Brasil rapidamente, já existe uma Confederação organizando sua prática, ele é uma modalidade cujo lazer é o grande objetivo dos praticantes e a sua iniciação deve levar em conta os aspectos de segurança, de conhecimento das águas do mar, rios, lagos e oceanos. Alguns exercícios podem ser usados para que os iniciantes consigam com facilidade adquirir o equilíbrio sobre a prancha e possam se divertir.

          Unitermos: Stand Up Paddle. História. Iniciação.

 

Resumen

          El Stand Up Paddle es una modalidad creada como navegar las olas del Océano Pacífico con un remo para el desplazamiento en el agua y las olas. El objetivo de este trabajo fue valorar la práctica y analizar su surgimiento proponiendo una forma de iniciación. El estudio bibliográfico guiado al investigador a discutir el asunto. SUP como se le conoce en Brasil se está propagando rápidamente, ya existe una Confederación que organiza su práctica, es una modalidad cuyo placer es el gran objeto de su iniciación y los profesionales deben tener en cuenta los aspectos de seguridad, conocimiento del mar, ríos, lagos y océanos. Algunos ejercicios se pueden utilizar para los principiantes que puedan adquirir fácilmente el equilibrio en la tabla y pueden divertirse.

          Palabras clave: Stand Up Paddle. Historia. Iniciación.

 

Abstract

          The Stand Up Paddle was created as surfing the waves of the Pacific Ocean using a paddle for shifting on the water and the waves. The aim of this research was to value the practice and analyze its emergence proposing a form of initiation. The bibliographical study guided the researcher to discuss the matter. SUP as it is known in Brazil is spreading rapidly, there is already a Confederation organizing his practice, it is a modality whose pleasure is the great of its initiation and practitioners should take into account the security aspects, knowledge of the sea, rivers, lakes and oceans. Some exercises can be used for beginners able to easily acquire the balance on the board and have fun.

          Keywords: Stand Up Paddle. History. Initiation.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As atividades aquáticas exercem grande fascinação sobre o ser humano, talvez pelo fato de que tenhamos nos nossos genes uma memória ancestral dos animais marinhos e até dos mamíferos que vivem na água e na terra. Porém o ser humano criou uma cultura, que o permite viver no meio líquido de formas variadas e criativas; nadar, mergulhar, pescar, remar, velejar e surfar estão entre elas, e, em cada uma há várias formas de se praticar e ter prazer com essas atividades.

Com ajuda. Stand Up Paddle em Búzios, Brasil

    Para Rosas (2013:81) nessa cultura: “O modismo e o consumismo se instalam, mas também a educação, cidadania e preocupações com o meio ambiente norteiam a prática”.

    Uma das atividades que atualmente tem atraído as pessoas é o Stand Up Paddle ou SUP como também é conhecido. Essa modalidade é antiga, mas tem suas origens há mais de mil anos, tendo aparecido junto com o surf.

    O stand up paddle é um esporte no qual é exigido bastante equilíbrio, pois a pessoa fica em pé em cima de uma prancha e usa um remo para se locomover na água. Este esporte também conhecido como SUP, pode ser praticado tanto no mar quanto em lagoas, mas a prática no mar exige um pouco mais de experiência devido as ondas (GOMES, 2012: 13).

    Essa pesquisa surgiu a partir de três necessidades: Em primeiro lugar, o pesquisador após ter praticado o surf, a canoagem e o rafting descobriu que o SUP permitia praticar uma atividade semelhante a essas, mas que não precisava obrigatoriamente das ondas, e permitia remar na posição em pé melhorando a visão que o caiaque e o bote fornecem; Em segundo lugar, há um grande crescimento dessa modalidade nos últimos anos, novos praticantes surgiram, muitos materiais novos foram comercializados apontando para uma cultura corporal em evolução; Por fim, o terceiro motivo é a necessidade dos profissionais de Educação Física de conhecer a modalidade e ter informações sobre uma metodologia de ensino que auxilie nas reflexões sobre o ensino e aprendizagem do SUP.

    Justifica-se esse trabalho pela carência de estudos a respeito e pelo grande interesse das pessoas em conhecer e praticar o SUP no Brasil, afinal nosso país contém o maior número de rios, lagos, represas e mares navegáveis do mundo, além disso, o clima tropical e subtropical favorece a prática de uma modalidade esportiva aquática e de fácil aprendizado.

Aprendizagem. Stand Up Paddle em Búzios, Brasil

Objetivo

  • O objetivo geral da pesquisa é aumentar o nível de conhecimento dos profissionais de educação física sobre o Stand Up Paddle.

  • O objetivo específico é apresentar características da modalidade, revelar como ela surgiu e descrever uma metodologia de ensino compatível com as necessidades do iniciante.

Metodologia

    Essa pesquisa tem caráter bibliográfico, buscando em artigos, livros e vídeos especializados as referências para atingir o objetivo desejado. A observação e experiência do pesquisador com a prática e iniciação do SUP também foi utilizada para demonstrar a metodologia de ensino do Stand Up Paddle.

Conhecendo o SUP

    A prática do SUP pode ocorrer em diversos ambientes. Ele originou-se no mar, porém nas últimas décadas se espalhou também para rios, lagos, corredeiras e represas. Nas praias foi observado nas ilhas do Pacífico, na mesma época do surf. Eram grandes pranchas de madeira e o remo facilitava a navegação em grandes distâncias.

    Na atualidade as pranchas modificaram-se sendo produzidas com fibra de vidro e resina, ou então com espuma, tais quais as pranchas de bodyboard, chamadas softboard, e também com as pranchas infláveis que foram criadas para corredeiras de rios e são versáteis e fáceis de levar para todos os lugares. O tamanho médio de uma prancha costuma ser de 10 pés de comprimento com 80 centímetros de largura, mas isso pode variar.

    As diferenças de tamanhos de pranchas e tipos relacionam-se com as características do local em que são usadas e pelos objetivos dos praticantes. Por exemplo: Nas ondas as pranchas costumam ser menores para fazer manobras, ou maiores para travessias em longas distâncias. Em rios e represas a leveza do material é importante para diminuir o esforço da remada. Nas corredeiras deve-se usar a prancha inflável para que não quebre em pedras.

    Os remos podem variar desde o composto de madeira, plástico, alumínio, até o de fibra de carbono e o tamanho do mesmo deve permitir que com a pá inteira na água se possa manter uma das mãos na zona T, isto é, na extremidade superior do remo, na altura dos olhos. A outra mão deve permanecer cerca de 60 centímetros abaixo.

    Há também pranchas construídas com materiais alternativos (garrafas PET), com baixo custo, por grupos de praticantes que pretendem utilizar o surf e SUP como alternativa educacional e ecológica. Esse foi um projeto do gaúcho Jairo Lemertz que é desenvolvido pelos professores de Educação Física Niel Terme e Renata Marcadella em Santa Catarina e que leva a modalidade a jovens e crianças que não tem condição de comprar uma prancha oficial (SURFESSENCIA, 2012).

    Esta é uma solução para o alto custo dos materiais de Stand Up Paddle e uma forma de conscientizar os jovens sobre a preservação do planeta. O valor médio de uma prancha é de cerca de R$ 3.000,00, o que torna a modalidade pouco acessível no Brasil e justifica a criação de materiais alternativos, desde que não comprometam a segurança da prática.

    Por falar em segurança observa-se que o praticante de SUP deve saber nadar, afinal estará invariavelmente em locais profundos, além disso, o uso do colete salva vidas é recomendado, principalmente aos iniciantes.

    No SUP a pessoa deve permanecer em pés sobre a prancha, o que requer equilíbrio de membros inferiores e tronco e força dos membros superiores para a remada.

    Segundo a CBSUP (2014) há cinco modalidades de SUP já organizadas no Brasil através de regras oficiais de competição, são elas:

  • Race, com provas entre 8 a 14 km;

  • Sprint, com provas de 200 metros a 1 km;

  • Slalom ou Race Técnico, com provas de 300 metros a 1,5 km em zig zag;

  • River SUP ou Rafting, com provas de 100 metros a 1 km em corredeiras de rios;

  • Wave, competições em ondas com pontuação marcada por árbitros.

    A própria Confederação admite que existem outras modalidades e podem ser criadas desde que seja para o desenvolvimento da modalidade.

A evolução do SUP

    O oceano pacífico sem dúvida foi o berço do surf e do Stand Up, mas precisa com exatidão seu aparecimento é algo mais difícil, pois são poucos os registros e a clareza dos mesmos é imprecisa. A Polinésia, os mares do Peru e o Havaí são os locais mais prováveis de onde essa prática foi usada pelo ser humano primeiramente, que seja para fins de utilidade, como a pesca e o deslocamento no mar, como para fins de lazer, como os rituais religiosos e a diversão nas ondas (NUNES JUNIOR e SHIGUNOV, 2010).

    O caminho percorrido pelo surf, desde que o capitão inglês James Cook observou sua prática no Havaí em 1778, passando pela história de Duke Kahanamoku que surfou nos Estados Unidos, provavelmente no final do século XIX trouxe consigo a prática de surf com remos, principalmente para atravessar grandes distâncias ou enfrentar ondas enormes (GONÇALVES, 2012). Portanto, a história do SUP não se dissocia da história do surf.

    A diferença entre ambos está no fato de que o surf teve um crescimento contínuo, enquanto o SUP manteve-se como uma prática entre os havaianos por séculos, mas somente apareceu para o grande público quando Laird Hamilton famoso surfista de grandes ondas passou a produzir pranchas e remos para o Stand Up, com materiais leves e praticar em dias de mar calmo, como forma de manter-se em boa forma física. Assim pode-se dizer que Hamilton não criou, mas fez ressurgir o SUP no mundo (CASEY, 2011).

    A partir desse momento as antigas pranchas de madeira passaram a ser substituídas por pranchas de resina, com variações nas suas medidas e formas, por exemplo: as pranchas oceânicas tem o nariz (nose) em forma de triângulo, enquanto as menores para descer (dropar) as ondas, tem a frente arredondada. As pranchas também contém um piso (deck) feito em borracha para evitar derrapar. Elas podem ser vistas com 1, 2, 3, 4 e até 5 quilhas para facilitar as manobras e melhorar a estabilidade. As pranchas em softboard (espuma de alta densidade) além de leves evitam que as quedas gerem ferimentos nos praticantes, pois são menos duras do que as de resina, elas são ideais para iniciantes e para o uso em piscinas em eventos e aulas. Por fim, as pranchas infláveis não quebram e podem ser usadas em corredeiras como os botes infláveis, elas são firmes quando cheias de ar e podem ser colocadas dentro do carro ao final da diversão, ao contrário das demais. Como se vê a tecnologia facilitou a difusão do SUP pelo mundo e como o Brasil é um país com grande quantidade de águas surfáveis e remáveis, o Stand Up Paddle deve continuar crescendo no gosto das pessoas.

    Casey (2011) aponta que no século XXI há um interesse maior pela prática de atividades ao ar livre, e, portanto o SUP apresenta-se como uma boa solução, pois permite explorar ambientes maravilhosos de mares, oceanos e rios com a possibilidade de manter-se em pé com grande campo visual aproveitando melhor a beleza da natureza.

    Outro aspecto a ser considerado refere-se ao fato de que o SUP reúne características distintas de aproximação com o ambiente natural, desenvolvimento do condicionamento físico, relaxamento mental e diversão numa única atividade.

    Além desses aspectos, há mais um que deve ser levado em consideração, o Stand Up pode ser praticado por iniciantes com relativo sucesso desde a primeira tentativa. Isto potencializa o desejo de retornar a praticar, pois a estabilidade da prancha, maior e mais larga do que a prancha de surf, torna o equilíbrio mais fácil e dessa forma o novo praticante tende a fidelizar-se à modalidade. Ao mesmo tempo é possível desafiar grandes e pequenas ondas, descer rios e corredeiras, ir do continente às ilhas, ou competir em velocidade em lagos e raias para quem busca superação e rendimento (KALAMA, 2011).

Iniciação ao Stand Up Paddle

    Atualmente o interesse pelo SUP gerou um público disposto a aprender suas técnicas o que criou um mercado de trabalho interessante para os profissionais de Educação Física. Além dos fabricantes de pranchas venderem no Brasil um número grande de materiais, os professores são requisitados para ensinar os fundamentos básicos para a prática com segurança e desempenho.

    Casey (2011) aponta que a prática do SUP desenvolve a força de membros inferiores e do controle do tronco, além dos membros superiores pelo esforço de remar, o que torna essa prática atraente, não somente por quem pretende divertir-se na água, mas também por aqueles que querem ganhar condicionamento físico geral para corpo, pela funcionalidade que o exercício proporciona.

    As aulas ocorrem nas praias, rios, lagos e até em piscinas para conhecimento e adaptação do indivíduo a nova modalidade que se difunde rapidamente em nosso país. Ressalta-se que no caso da piscina, seu tamanho aumenta os riscos da pessoa cair sobre a borda e se acidentar, além disso, as pranchas ao baterem nas bordas podem se romper ou furar, o ideal nessa situação são as pranchas de softboard ou as infláveis.

    Seguir uma seqüência de exercícios pode ajudar na aprendizagem. A iniciação do SUP deve ser feita adaptando o indivíduo sobre a prancha. Para essa fase sugere-se:

  • Iniciar na posição deitado em decúbito dorsal;

  • Remar a prancha com as mãos em decúbito dorsal;

  • Sentar na prancha e equilibrar-se;

  • Remar sentado com as mãos;

  • Ajoelhar e remar com as mãos, e;

  • Remar com o remo na posição ajoelhado.

    Após esses exercícios o iniciante pode ficar em pé e tentar equilibrar-se, nessa fase o professor pode apoiar a prancha para facilitar a estabilidade da pessoa. Na seqüência o indivíduo pode receber o remo para começar a se deslocar vagarosamente com a prancha. As primeiras remadas devem ser com pouca força até que se consiga manter a prancha em linha reta, para depois aumentar a velocidade.

    Interessante observar que as crianças costumam ter facilidade em se equilibrar sobre o SUP devido seu menor peso, assim quando adquirem a coordenação para remar sua aprendizagem é bem rápida. Steinman (2003) aponta os benefícios da iniciação do surf desde a mais tenra idade, no caso de SUP a prática pode começar com os pais levando seus filhos na prancha sentados enquanto remam em águas calmas. Quanto aos adultos, seu peso pode dificultar no primeiro contato com o material, nesse caso, quanto maior a variedade de exercícios sobre a prancha mais fácil se adaptar a prancha, por exemplo: deitar, ajoelhar, sentar, ficar em pé e deitar novamente.

    A posição em pé na prancha deve ser com os pés paralelos em relação à longarina, isto é, a linha central da prancha, isto aumenta a estabilidade e evita que a borda vire para os lados e derrube a pessoa. Essa é uma diferença importante do SUP em relação ao surf, no qual os pés são posicionados um à frente e o outro na parte traseira da prancha. Praticantes habilidosos conseguem remar com a posição semelhante ao surf, principalmente quando pretendem dropar ondas, mas na iniciação isso é muito difícil de ocorrer.

    A remada na SUP deve ser feita alternado a mão que se posiciona na Zona T, a cada remada o remo deve passar para a outra mão mantendo a mão que se posiciona no T como controle da posição da pá, enquanto a mão que fica no meio do remo força a puxada da água. Nessa posição há uma leve rotação do tronco para ajudar na remada.

    O peso do corpo durante a remada deve ser distribuído entre os pés e há uma contração da musculatura dos membros inferiores para manter a estabilidade de prancha. A postura do tronco também deve ser mantida e o olhar do remador deve ficar sempre no horizonte, verificando a direção da prancha e melhorando o equilíbrio do praticante. As posturas adequadas são importantes desde a iniciação, pois segundo Pinheiro (2011) o esforço exigido no ombro em praticantes de SUP podem gerar lesões devido a repetição de movimentos e a exigência de vencer a resistência da água.

    Observa-se que o SUP é muito procurado por pessoas a partir dos 30 anos de idade sem experiência anterior com atividades aquáticas como surf, canoagem, bodyboard, vela etc. Esses indivíduos geralmente não se sentem capazes de aprender o surf, pela falta de habilidades e capacidades físicas necessárias e optam pelo SUP pela facilidade em se equilibrar e pela rápida aprendizagem e descontração da prática desde o princípio.

    No caso da iniciação é preciso observar que águas abertas aumentam os riscos da prática, portanto afastar-se de outros usuários da praia, lago, represa pode evitar contatos e acidentes indesejados. Locais com muitas ondas são mais difíceis de aprender cabendo ao professor escolher águas mais calmas. Outra questão importante é verificar que outras embarcações com motor podem ser potenciais causadoras de acidentes para os praticantes de SUP.

    O professor também deve saber orientar seu aluno sobre os diversos aspectos do SUP e das águas em que será praticada a modalidade como, por exemplo: a profundidade do local, a capacidade do aluno em saber nadar, a presença de animais (tartarugas, peixes, etc.) no ambiente que se vai remar, o cuidado com os praticantes de outras modalidades que dividem as mesmas ondas, os tipos de materiais que são usados, os custos dos equipamentos, entre outros.

    Oliver (2010) discute inclusive a necessidade de conhecer a cultura do surf para que os momentos de aproximação de modalidades diferentes como o surf, o SUP, a canoagem, a vela entre outras que ocorrem no mesmo espaço possam ser de convivência pacífica, afinal o localismo tradicional no surf costuma não ser muito amigável aos demais praticantes de outras regiões e de outras modalidades, o que para um iniciante é uma novidade em termos de adaptação a esse estilo de vida.

    O processo de aprendizagem do Stand Up pode ser estruturado de tal forma que o iniciante tenha sucesso, aumentando sua motivação e conseqüentemente seu desempenho, seja qual for seu objetivo com o SUP. Nessa relação o profissional de Educação Física pode contribuir significativamente, tanto no aspecto social, quanto no físico e no afetivo, pois a formação em Educação Física aliada ao conhecimento prático das modalidades esportivas (incluindo as de prancha) proporciona um processo pedagógico com base científica e com metodologias adequadas a cada indivíduo.

    Sendo assim, o professor deve, além de tudo, agir como um facilitador (elo) para que o indivíduo aprenda a surfar, sendo respeitadas e evidenciadas as suas particularidades (predisposições e dificuldades). Esse deve ser o grande diferencial do professor de Educação Física quando comparado a outros profissionais que tem apenas a prática do surf, ou seja, saber exatamente onde e como atuar quando as dúvidas e as dificuldades surgem, e explorar o potencial de aprendizagem individual, entendendo e respeitando as variáveis envolvidas no contexto. Ao contrário dessas premissas, o profissional seria limitado às suas experiências práticas, não compreendendo a real necessidade e os anseios do aluno (SOUZA, 2013: 64).

Considerações finais

    Percebe-se que a prática do SUP, tal qual o surf, faz parte da cultura corporal do ser humano, desde que esse começou a se organizar em comunidades, nas quais tanto o transporte por necessidade de sobrevivência, quanto a diversão ou o culto religioso foram propulsores de técnicas corporais que se transmitiram pela tradição popular.

    O SUP evoluiu e recentemente voltou a ser prestigiado por diversas pessoas, após um tempo em esquecimento. Um dos motivos são os benefícios que essa prática proporciona como o desenvolvimento da força, da resistência, do equilíbrio e da diversão em brincar nas águas. O relaxamento das tensões e o prazer são também motivos que trazem pessoas de todas as idades e gêneros ao Stand Up. Os locais de prática variam desde os rios, mares, lagos, ondas, corredeiras, represas e até piscinas para a aprendizagem.

    A iniciação do SUP necessita do uso correto dos equipamentos, dos cuidados com a segurança, principalmente no caso de águas profundas, rochas e bordas rígidas. As técnicas de remada e equilíbrio são simples de serem aprendidas, porém a correta instrução pode aumentar as chances de sucesso e o gosto pela vivência.

    O profissional de Educação Física pode ter um papel importante nesse processo, pois os conhecimentos biomecânicos, fisiológicos e pedagógicos são um diferencial para quem está aprendendo.

    Mais estudos merecem ser desenvolvidos para aumentar o conhecimento do meio acadêmico sobre essa modalidade, que tem muito a oferecer às pessoas em termos de benefícios e de lazer.

Referências bibliográficas

  • CASEY, R. Stand up paddling: flatwater to surf and rivers. 1ª ed. The mountainners book. Seattle - WA, 2011.

  • CBSUP (Confederação Brasileira de Stand Up Paddle). Livro de regras, 2014. Disponível em: http://www.absup.com.br/regras%20cbsup%20_2014.pdf. Acesso em 20 abril de 2014, 15h08min.

  • GOMES, M. M. F. Pesquisa de satisfação escolar kite surf: um estudo através da percepção de clientes. Trabalho de Conclusão de curso do Departamento de Ciências Administrativas da UFRGS, Porto Alegre – RS, 2012.

  • GONÇALVES, I. M. C. Perfil do consumidor das modalidades de ondas no contexto sócio-económico da região da Ericeira. Dissertação de mestrado em Gestão do Desporto – Organizações Desportivas. Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana. Lisboa – Portugal, 2012. (p.119)

  • KALAMA, D. Foreword. In: CASEY, R. Stand up paddling: flatwater to surf and rivers. 1ª ed. The mountainners book. Seattle - WA, 2011.

  • NUNES JUNIOR, N. e SHIGUNOV, V. O treinamento funcional como uma proposta de preparação física para o surf. In: III Congresso Nordeste de Ciências, Anais ... [sd].

  • OLIVER, S. “Your wave, bro”: virtue ethics and surfing. Sport in Society, set, 2010 (1223 – 1233).

  • PINHEIRO, J. Quiropraxia no tratamento das lesões de ombro em praticantes de stand up paddle [Monografia de Quiropraxia], Curso de Quiropraxia Universidade FEEVALE. Novo Hamburgo, RS, 2011.

  • ROSAS, L. V. A participação feminina na cultura surf. In: PEREIRA, D. W. (org.) Atividades de Aventura: Em busca do conhecimento. São Paulo: Fontoura, 2013.

  • SOUZA, R. Boas ondas. Rio de janeiro: Ediouro, 2004.

  • STEINMAN, J. Surf e saúde. Edição do Dr. Joel Steinman: Rio de Janeiro, 2003.

  • SURFESSENCIA, 2012. Santos recebe projeto de surf ecológico nesse sábado. Disponível em: URL http://www.surfessencia.com/2012/10/santos-recebe-workshop-sobre-prancha.html. Acesso em 02 de maio de 2014.

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