Qualidade de vida e nível de atividade física dos professores da rede municipal de ensino do município de Cruz Alta, RS La calidad de vida y el nivel de actividad física de los profesores da red municipal de enseñanza de municipio de Cruz Alta, RS |
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*Licenciado em Educação Física pela Universidade de Cruz Alta. Professor da Educação Básica **Licenciada em Educação Física pela Universidade de Cruz Alta ***Licenciada em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas. Especialista em Pesquisa e Ciência do Movimento Humano, Mestre em Ciência do Movimento Humano e Doutoranda em Educação em Ciências pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente da Universidade de Cruz Alta ****Licenciada em Educação Física pela Universidade de Cruz Alta Mestranda em Educação em Ciências pela Universidade Federal de Santa Maria |
Rodrigo Oliveira de Amorim* Bianca Bueno do Nascimento** Marília de Rosso Krug*** Karine Bueno do Nascimento**** (Brasil) |
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Resumo Este estudo teve como objetivo analisar a o nível de atividade física e qualidade de vida dos professores da rede municipal de ensino de Cruz Alta, RS. Participaram do mesmo 118 docentes. A percepção da qualidade de vida foi obtida através do questionário WHOQOL-bref, e o nível de atividade física através do Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ. Para identificação de associação entre as variáveis utilizou-se a correlação Linear de Pearson. A percepção de qualidade de vida dos investigados foi média, sendo que a maioria dos docentes são sedentários. Encontrou-se uma relação positiva entre estas variáveis. Desta forma, foi encaminhado os resultados deste estudo as autoridades do município para que estes possam tomar as devidas providências quando a saúde dos docentes. Unitermos: Docentes. Atividade física. Qualidade de vida.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Na atualidade, segundo Gasparini, Barreto e Assunção (2005) a missão do professor vai além da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a escola e a comunidade. O mesmo assumiu funções na gestão e planejamento escolar, necessitando de mais tempo e dedicação às famílias e a comunidade envolvida.
Esta dedicação ao trabalho, associada a fatores de risco de doenças cardiovasculares (DCV) como sedentarismo, obesidade, antecedentes genéticos, hipertensão, tabagismo e álcool, poderão comprometer a qualidade de vida e consequentemente a saúde dos professores (LIPP, 2005).
De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (BRASIL, 2003), qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida. Portanto para se ter uma vida saudável, o individuo deve preservar sua qualidade de vida com a manutenção de sua funcionalidade e independência.
A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) segundo Nahas (2003) está associada a aspectos do estilo de vida, como atividade física, nutrição, comportamento preventivo, controle do estresse e do uso de drogas, adicionando-se a esses fatores: a capacidades que permitam manter razoáveis funções físicas, emocionais e intelectuais e a habilidades para participar em atividades com a família, no local de trabalho e na comunidade.
Segundo Silva e Nahas (2004) existem evidências claras da associação entre a atividade física habitual e a ocorrência de doenças cardiovasculares. Desta forma, os benefícios associados à atividade física regular, favorecem a prevenção de doenças, manutenção da funcionalidade física, visando à autonomia, e consequentemente, a qualidade de vida das pessoas.
A atividade física tem sido considerada um meio de preservar e melhorar a saúde (BAPTISTA, 2000). Bons hábitos de saúde como a reeducação alimentar seriam importantes, pois a obesidade é um problema crescente no Brasil. O excesso de peso e a obesidade já atingem mais de 30% da população adulta, sendo acompanhada uma maior morbidade e uma menor longevidade (MENDES et al., 2006). A associação entre a obesidade e as doenças cardiovasculares, tais como doenças arteriais coronarianas, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, acidente vascular cerebral, faz com que a obesidade seja considerada um fator de risco independente entre os fatores de risco conhecidos (NEGRÂO et al., 2000).
O sedentarismo contribui de forma relevante neste caso. Sabe-se que a inatividade física tem apresentado a maior prevalência entre os fatores de risco para morbimortalidade cardiovascular. Esse fenômeno é evidenciado em todos os países e ainda mais nos países em desenvolvimento (MATSUDO et al., 2002). No Brasil, assim como em outros países, dispõe-se de poucos dados sobre a prevalência de sedentarismo (e inatividade física), principalmente entre crianças, idosos e grupos especiais (BENEDETTI et al, 2004).
Tendo em vista toda esta preocupação em controlar e prevenir os fatores de risco para doenças cardiovasculares e manter uma boa qualidade de vida, surgiu a seguinte questão problemática: qual é a qualidade de vida e o nível de atividade física de professores do ensino fundamental da rede municipal de Cruz Alta/RS?
Esta problemática se mostra pertinente uma vez que o professor antes de exercer a sua profissão como docente, precisam estar bem em todos os aspectos que envolvem o ser humano, principalmente com relação a sua saúde para desempenhar o seu papel na educação que muitas vezes é desgastante, sem comprometer o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Desta forma, os objetivos deste estudo são analisar a qualidade de vida e o nível de atividade física dos docentes, correlacionando posteriormente estas variáveis.
Metodologia
Este estudo se caracterizou como uma pesquisa do tipo descritiva transversal. Segundo Gil (2002) a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Participaram do mesmo 118 professores o que correspondeu a 30% dos professores que atuavam no ensino fundamental, da rede municipal de ensino de Cruz Alta – RS, no ano de 2012, que contava com 389 docentes.
Para obtenção das informações quanto à percepção de qualidade de vida, foi utilizado o questionário WHOQOL-bref, que é uma versão abreviada do instrumento original WHOQOL 100. Assim, diferente do WHOQOL – 100 em que cada uma das 24 facetas é avaliada a partir de quatro questões, no WHOQOL-bref é avaliada por apenas uma questão. Dessa forma, cada uma das 24 facetas que compõem o instrumento original é representada por uma questão. O mesmo foi desenvolvido pelo grupo de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde. O WHOQOL-bref é um instrumento de autoavaliação, sendo autoexplicativo e representa quatro domínios da qualidade de vida: o físico, o psicológico, as relações sociais e o meio ambiente (FLECK et al, 1998).
O Nível de atividade física foi obtido através do Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ. Os professores classificados como sedentários e insuficientemente ativos, pelo IPAQ foram considerados sedentários e os professores e ativos e muito ativos foram considerados ativos.
Para a análise estatística dos dados foi utilizada a estatística descritiva, média, desvio padrão, frequência simples e percentual. Para identificação de associação entre as variáveis utilizou-se a correlação Linear de Pearson A pesquisa foi conduzida segundo a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (196/96).
Resultados e discussão
Perfil dos docentes
Dos 118 docentes participantes, 106 eram do sexo feminino e 12 sexo masculino. A maioria se considerava branco (103), seguido por mulato (6), preto (5) e amarelo (4). A renda mensal destes varia de 1 a 5 salários mínimos (60), 5 a 10 salários mínimos (28), 10 a 20 salários mínimos (10), mais de 20 salários (2) e não responderam 18 docentes.
Observando os resultados acima se pode notar que a maioria dos professores era do sexo feminino, da raça branca e possuíam uma renda de 1 a 5 salários mínimos.
Este resultado vem ao encontro dos observados por Bruchini e Amado (1988). Segundo as referidas autoras no Brasil, como em inúmeros outros países o magistério é uma atividade predominantemente feminina. Dados do recenseamento demográfico de 1980 revelaram que 86,6% do professorado brasileiro eram do sexo feminino. As mulheres representavam, nesta época a quase totalidade (99%) do ensino de primeiro grau, embora sua presença decline gradativamente nos níveis subsequentes, ainda permanecem em maior número em todos os níveis de ensino.
Essa realidade não mudou muito, de acordo com dados da Sinopse do Professor da Educação Básica, divulgada pelo Ministério da Educação no fim de 2010, existem quase 2 milhões de professores, dos quais mais de 1,6 milhão são do sexo feminino totalizando 81,5% (INEP, 2009). Atualmente, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica (2013), estes números ainda persistem, sendo o sexo feminino predominante na docência.
Nível de atividade física dos professores
Os resultados obtidos mostraram que maioria (61,9%) não pratica exercícios físicos se adicionarmos a isto o percentual de professores que fazem exercícios físicos, somente, duas vezes por semana teremos 82,2% (Tabela 1).
Tabela 1. Atividade física
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) recomenda que os indivíduos adotem níveis adequados de atividade física durante toda a vida. Diferentes tipos e quantidades de atividade física são necessários para obter diferentes resultados na saúde: a prática regular de 30 minutos de atividade física de moderada intensidade, na maior parte dos dias, ou seja, 3 dias ou mais reduz o risco de doenças cardiovasculares
Os resultados do presente estudo vão ao encontro das estimativas do Sistema de Vigilância por Inquérito Telefônico (VIGITEL, 2007) que entrevistou por telefone 54,369 pessoas com 18 anos ou mais, nas 25 capitais brasileiras mais o Distrito Federal a frequência de adultos que praticavam atividade física suficiente no lazer foi modesta em todas as cidades estudadas, variando entre 11,3% em São Paulo e 20,5% em Vitória. Porto Alegre teve 15,2 de praticantes de atividade física suficiente, valor semelhante encontrado neste estudo.
A frequência de adultos na condição de inatividade física foi elevada em todas as cidades estudadas, variando entre 24,9% em Porto Velho e 32,8% em Recife. Porto Alegre apresentou um índice de 29,7% o que ainda é um valor baixo comparado aos encontrado neste estudo.
Estimativas globais da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) indicaram que 22% das doenças cardíacas, 10% a 16% dos casos de diabetes tipo 2 e de cânceres de mama, cólon e reto poderiam ser evitados com a realização de um volume suficiente de atividade física.
Qualidade de vida dos professores
O questionário WHOQOL-Bref é composto por quatro domínios da qualidade de vida, sendo que cada domínio tem por objetivo analisar, respectivamente: a capacidade física, o bem-estar psicológico, as relações sociais e o meio ambiente onde o indivíduo está inserido. Além destes quatro domínios, o WHOQOL-Bref é composto também por um domínio que analisa a qualidade de vida global (FLECK et al, 2000). Cada domínio é composto por questões, cujas pontuações das respostas variam entre 1 e 5 em escala de Likert.
Na avaliação da qualidade de vida geral, obtida através da questão 1 do Whoqol-bref (Como você avalia a sua qualidade de vida?), a maioria (49,2%) dos professores avaliou sua qualidade de vida como média seguida de muito boa.
Figura 1. Análise de freqüência (%) da classificação da qualidade de vida dos professores
Ao realizar a média da pontuação da qualidade de vida geral dos professores estudados observou-se um total de 59,87 pontos o que não difere muito do encontrado por Penteado e Bicudo-Pereira (2007). Em estudo realizado com 128 professores da rede pública de Rio Claro – SP, os referidos autores, encontram 66 pontos e ainda constataram que 65,6%, um percentual bem mais elevado do encontrado neste estudo (40,7%) classificaram sua qualidade de vida como “boa”.
Silva e Nunes (2009) ao avaliarem a qualidade de vida geral de 69 professores de Educação Física de escolas públicas em Campo Grande – MS obtiveram 74,4 pontos, indicando uma boa qualidade de vida.
Após analisar estes dados pode-se notar que os professores da cidade de Cruz Alta parecem ter uma qualidade de vida geral inferior aos professores da rede pública de Rio Claro (SP) assim como os de Campo grande (MS).
Segundo Fernandes (1996), a boa qualidade de vida no trabalho exerce grande influência sobre a autoestima do trabalhador, podendo, consequentemente, afetar sua produtividade. No entanto, na classe docente, a importância da qualidade de vida vai além da produtividade, considerando que o professor influência sobremaneira a formação moral e as atitudes de seus alunos – muitas vezes servindo de referência: é possível que um professor agressivo tenha como resposta um grupo de alunos agressivos, da mesma forma que um professor paciente e calmo poderá ter uma resposta igual de seus alunos (TRICOLLI, 1997).
Na tabela 2 encontra-se a percepção da qualidade de vida dos professores separadamente por domino. A mesma foi avaliada em uma escala de zero (0%) péssima qualidade de vida a 100% excelente qualidade de vida.
Tabela 2. Qualidade de Vida
Analisando os resultados por domínios, constatou-se que o domínio físico, que se refere às situações de dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos, capacidade de trabalho e o domínio meio ambiente, relativo à segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade, oportunidades de adquirir novas informações e habilidades, participação e oportunidades de recreação/lazer, ambiente físico (poluição, ruído, trânsito, clima, transporte), configuraram-se como os de menor nível de qualidade de vida, com escores de 56,14% e 59,26% respectivamente. Estes escores podem estar relacionados com os elevados índices de sedentarismo e estresse apresentado pelos professores.
Nos domínios social (65,81) e psicológico (62,04) (59,87) percebeu-se uma melhor percepção de QV.
A menor pontuação na qualidade de vida no domínio físico pode estar relacionada às características das atribuições da profissão, pois esta exige que o professor fique em pé durante horas seguidas. Em estudo realizado com operadores de caixa de uma rede de supermercado em Florianópolis – SC, Battisti, Guimarães e Simas (2005) também identificaram que a maioria (65%) dos avaliados sentia desconforto ou dores físicas durante o trabalho, sendo o ato de trabalhar em pé apontado por 39% como o principal responsável por tais sensações.
Souza e Figueiredo (2004), em estudo desenvolvido com profissionais da USP de Ribeirão Preto - SP, também verificaram menor satisfação dos avaliados no domínio físico. De acordo com os autores, os profissionais que apresentaram as necessidades menos satisfeitas no domínio físico desempenhavam atividades de maior esforço físico e mobilidade. No caso dos professores de Educação Física, deve-se considerar, também, que o processo ensino/aprendizagem dos jogos, lutas, danças, ginásticas, esportes, atividades rítmicas e expressivas, entre outros, em sua maioria, necessita de demonstração por parte do professor.
Penteado (2007) salienta que, ainda, é preciso considerar que, além de ficar em pé praticamente durante toda a aula e demonstrar os movimentos a serem realizados, o professor de Educação Física, ao se defrontar com a competição sonora, acaba elevando o tom de sua voz, essa elevação do tom da voz pode resultar em problemas, dentre eles o cansaço (DRAGONE, 2001). Em estudo realizado por Shigunov, Farias e Nascimento (2002), em Florianópolis – SC, os professores de Educação Física da Rede Estadual de Ensino relataram o cansaço e o desgaste físico como principais limitadores de seu trabalho e rendimento.
Segundo Benevides-Pereira (2002) a sobrecarga de trabalho do docente de Educação Física figura como um fator preditivo para esgotamento profissional, o que pode em parte ser um dos aspectos responsáveis pelos altos níveis de estresse observados no presente estudo entre os professores. Pesquisa desenvolvida por Santini e Molina-Neto (2005), com professores de Educação Física residentes em Porto Alegre, RS apontou a multiplicidade de funções como condição predisponente ao esgotamento profissional.
Já a baixa pontuação no nível de qualidade de vida no domínio ambiente pode estar relacionada às condições de trabalho, porque as questões referentes a esse domínio também versam sobre as condições do ambiente físico (clima, barulhos, poluição e atrativos). Penteado e Bicudo-Pereira (2007), em estudo realizado com professores do Ensino Médio de quatro escolas estaduais de Rio Claro, SP, evidenciaram que o domínio meio ambiente quando comparado aos domínios físico, psicológico e relações sociais, configurava-se como o mais prejudicado. Em relação ao ambiente físico, sabe-se que as condições de trabalho do profissional de Educação Física não são as melhores, uma vez que a exposição ao sol e à poeira é frequente. Além disso, há de considerar que as aulas de Educação Física frequentemente são realizadas em locais abertos, fazendo com que a voz dos professores fique exposta à competição sonora do ambiente. Pereira, Santos e Viola (2000), também, salientam que prática docente em ambientes ruidosos leva os professores a elevar a intensidade da voz devido à competição sonora e à necessidade de superar os ruídos circundantes.
Todavia, não se pode desconsiderar os efeitos de outros aspectos que englobam o domínio meio ambiente, principalmente os relacionados à disponibilização de dinheiro para satisfazer as necessidades e o acesso às oportunidades de atividade de lazer. Em relação à disponibilização de tempo para o lazer, sabe-se que a carreira docente não é uma das mais favoráveis, pois suas atribuições não se limitam ao cumprimento da carga horária semanal no ambiente escolar, porque, frequentemente, professores levam trabalhos para casa (elaboração e correção de trabalhos e avaliações), fazendo com que o tempo disponível para as atividades de lazer seja ainda menor. É preciso considerar ainda que, na Sociedade Contemporânea, muitos trabalhadores buscam auxílio à renda com a realização de outras funções (JUNQUEIRA; MÜLLER, 2002), “vendendo”, assim, o tempo disponível que poderia ser usufruído com atividades de lazer.
Embora Cantos (2005) afirme que, devido ao estresse profissional, frequentemente encontramos professores que não se relacionam bem com seus colegas de trabalho, os dados obtidos apresentam indícios dessa condição não ter ocorrido entre professores deste estudo, pois as relações sociais foi o domínio com o resultado mais positivo – 65,81 pontos. Esse resultado é semelhante ao obtido por Silva e Nunes (2009) que avaliou a qualidade de vida de 69 professores de Educação Física de escolas públicas em Campo Grande, MS, utilizando o mesmo instrumento deste estudo. Sendo, no entanto a pontuação obtida neste domínio, 75,24 pontos superior ao do presente estudo.
Considerando que a maioria dos professores apresentou nível elevado de sedentarismo, esta variável foi correlacionada com a qualidade de vida dos professores (Tabela 3).
Tabela 3. Correlação entre atividade física e qualidade de vida
Observando os resultados da tabela 3 nota-se que o nível de atividade física correlacionou-se positivamente com os domínios físico, social, ambiental e qualidade de vida geral. Uma correlação positiva indica que as duas variáveis movem juntas. Desta forma, estes resultados evidenciam a forte relação existente entre a qualidade de vida com o sedentarismo, dos professores das escolas municipais da cidade de Cruz Alta – RS.
Segundo Araujo e Araujo (2000), o sedentarismo leva a diminuição da aptidão física, comprometendo a saúde e a qualidade de vida. Para Nahas (2003), o sedentarismo, geralmente leva a obesidade, sendo esta considerada problema de abrangência mundial pela Organização Mundial da Saúde porque atinge elevado número de pessoas e predispõe o organismo a várias doenças e morte prematura. Ela torna mais numerosa as chances do aumento da mortalidade e da piora dos indicadores de qualidade de vida.
Considerações finais
Este estudo mostrou que a maioria dos professores avaliados classifica sua qualidade de vida como “boa”, contudo os resultados obtidos nos domínios físico e meio ambiente não foram satisfatórios. Tais resultados devem ser vistos com preocupação por parte das autoridades municipais, pois, além de provocar transtornos à saúde do professor, uma má qualidade de vida, pode afetar, ainda, a qualidade do ensino.
Além disso, a maioria é sedentário o que pode ser um risco aumentado para o desenvolvimento destas doenças. Desta forma, espera-se a partir deste estudo, encontrar caminhos que proporcionem subsídios para o planejamento e execução de políticas públicas que tenham como enfoque multidisciplinar nas escolas voltado à saúde dos educadores.
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