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O perfil dos professores e praticantes de hidroginástica 

de um município do Vale do Taquari, RS, Brasil

El perfil de los profesores y los practicantes de gimnasia acuática de un municipio de Vale do Taquari, RS, Brasil

 

*Educação Física, Especialista em Fisiologia do Exercício

e do Desporto pelo Centro Universitário UNIVATES

** Dra em Ciências do Centro Universitário UNIVATES

*** Dra em Ecologia do Centro Universitário UNIVATES

****Doutoranda em Ambiente e Desenvolvimento do Centro Universitário UNIVATES

(Brasil)

Danusa Vicente*

Andreia Aparecida Guimarães Strohschoen**

Claudete Rempel***

Claudete Moreschi****

clau_moreschi@univates.br

 

 

 

 

Resumo

          Objetivou-se identificar o perfil dos professores e praticantes de hidroginástica de um município do Vale do Taquari/RS/Brasil. Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa e descritiva, realizada com alunos e docentes de hidroginástica em instituições e estabelecimentos que administram aulas de hidroginástica. Os instrumentos utilizados foram as observações seletivas, os questionários e as entrevistas semiestruturadas. Os professores na sua maioria têm formação superior em Educação Física. Todos os profissionais entrevistados possuem outra atividade paralela. Os participantes da pesquisa praticam hidroginástica, em média, há 31 meses e a maioria pratica ainda outra atividade física, sendo a caminhada a atividade mais praticada. Quanto aos benefícios da prática de hidroginástica, 30% relatam que a atividade promove o bom humor, a disposição, relaxamento e bem estar físico e mental. A maioria dos participantes pratica hidroginástica duas vezes por semana, sendo que 45% deles praticam por indicação médica.

          Unitermos: Hidroginástica. Atividade física. Profissionais de saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Hidroginástica é uma atividade que pode ser praticada por qualquer pessoa independente de idade, sexo, nível de condicionamento físico ou de experiências anteriores com o meio líquido, salvo quando contra indicado pelo médico. É considerada uma modalidade de exercício físico com baixo impacto, promovendo melhora do condicionamento físico global, podendo contribuir para a melhora da qualidade de vida das pessoas (MARQUES; ABREU, 2007).

    A hidroginástica é uma atividade física que por suas características e benefícios, melhora os aspectos biopsicossociais das pessoas, podendo ser praticada por qualquer pessoa, independente de sexo, idade, raça, nível de capacidade física e afinidade com a água (MAZO et al., 2009). Santos e Cristianini (2000) definem hidroginástica como sendo a soma de exercícios bem orientados a um meio onde a ação da gravidade incide brandamente evitando dessa maneira os microtraumas comuns à prática física, resultando numa atividade que interage automaticamente nos domínios afetivos, cognitivos e motores.

    Com a idade, muitas pessoas tornam-se incapazes de se exercitar das maneiras tradicionais, devido a pequenas alterações no corpo. Quando isso ocorre, a hidroginástica passa a ser a ideal. Estas alterações que ocorrem ao longo do ciclo vital são influenciadas diretamente pelo estilo de vida da pessoa. A prática de atividade física é considerada um dos principais fatores de um estilo de vida saudável e um elemento decisivo na aquisição e manutenção de saúde física e mental. Uma das maneiras de intervir positivamente no processo de envelhecimento é o envolvimento em atividades físicas, culturais, sociais, entre outras.

    As últimas décadas foram marcadas por mudanças fundamentais relativas aos hábitos de vida, cuidados com o corpo e a prática de atividades físicas e desportivas. Estes hábitos foram introduzidos à vida cotidiana por pessoas esclarecidas, como forma de ter uma vida mais saudável, demonstrando a aquisição de uma consciência corporal (BRANDÃO, 2009).

    Na busca por um trabalho eficaz, que venha a satisfazer as expectativas dos alunos e que contribua de maneira significativa na melhoria da qualidade de vida dos mesmos, torna-se necessário que os profissionais que trabalham com a hidroginástica mantenham-se atualizados.

    A grandeza da profissão educativa é incontestável e assume uma responsabilidade ímpar na construção da sociedade, o que obriga o professor a um aperfeiçoamento pessoal e profissional constante para desenvolver condignamente o exercício do magistério. A eficácia docente depende, essencialmente, do adequado preparo do educador quanto ao “saber”, “saber ser” e “saber fazer”. Por isso, os profissionais da área devem comprometer-se na busca de uma fundamentação teórica mais consistente para desenvolver uma prática socioeducativa coerente e identificada com as demandas socioculturais da atualidade (MENESTRINA, 2000).

    Silva e Araújo (2005) descrevem que a formação continuada de professores, deve incentivar a apropriação dos saberes pelos professores, rumo à autonomia. “Concebendo o saber docente como um processo, e não como algo estático, acabado e definitivo, sua renovação precisa estar constantemente penetrando a prática e vice-versa” (CALDEIRA, 2001, p. 92). O educador físico necessita se conscientizar de sua responsabilidade humana e social e adquirir habilidades, capacidades e conhecimentos apropriados.

    Assim, considerando que se faz necessário um olhar investigativo sobre o panorama da hidroginástica, objetivou-se identificar o perfil dos professores e praticantes de hidroginástica de um município do Vale do Taquari/RS/Brasil.

2.     Materiais e métodos

    A presente pesquisa apresenta-se quali-quantitativa e descritiva. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Univates, realizada em seis instituições que administram aulas de hidroginástica de um município localizado no Vale do Taquari/RS/Brasil. Os instrumentos para coleta de dados foram: observações de aulas de hidroginásticas nas instituições que ministram esta modalidade no município; questionários com praticantes de hidroginástica e entrevistas com os profissionais da saúde docentes de hidroginástica no ano de 2011.

    Foram questionados 298 alunos praticantes de hidroginástica, que assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, e foram entrevistados 14 professores de instituições que administram aulas de hidroginástica. A análise das entrevistas foi feita de forma qualitativa e dos questionários de forma quantitativa. A análise estatística foi descritiva e feita no software Bioestat 5.0® (AYRES et al., 2007).

3.     Resultados e discussão

3.1.     Perfil dos professores de hidroginástica

    De acordo com os dados obtidos através das entrevistas foi possível traçar o perfil dos professores de hidroginástica de um município do Vale do Taquari/RS/Brasil. Estes foram questionados sobre como surgiu a possibilidade de administrar aulas de hidroginástica como modalidade de trabalho. A maioria (79%) respondeu que foi devido à oportunidade de emprego e os demais (21%) responderam que foi por ser uma área afim da sua formação.

    A idade dos professores que administram as aulas de Hidroginástica variou entre 23 e 53 anos, sendo a média de idade de 31 anos. Destes professores, 64% têm formação acadêmica, em média há cinco anos, e 36% estão em formação (Figura 1).

Figura 1. Formação dos professores de Hidroginástica de um município do Vale do Taquari/RS.

    Estes dados demonstram que o professor de Hidroginástica da região está buscando uma educação continuada, pois como cita Pinho e Andrade (2009) a competência pedagógica não pode ser construída na ausência da competência científica e de outras que perfazem em conjunto a competência do professor.

    Por mais completa que seja a formação inicial, é por meio da prática docente reflexiva que o professor continua seu processo de formação. Ao longo da sua trajetória ele vai se formando mediante ganhos de experiência e da reflexão, sendo assim, o processo de formação deve ser entendido como um processo sempre inacabado, em constante movimento de reconversão. Não se pode ou não se deve desconsiderar que é na prática, no dia a dia do professor que se constrói e desenvolve os conhecimentos específicos do trabalho a ser desenvolvido, mas o embasamento teórico possibilita ao professor um olhar mais crítico e reflexivo do seu trabalho, garantindo assim a eficácia do mesmo.

    A competência profissional não se dá de forma estática, acabada e definitiva. Ela depende de uma constante reflexão por parte do professor de sua prática, respaldada nos conhecimentos teóricos e práticos que envolvem seu trabalho. Considerando esta importância de constante atualização, o estudo apontou que 71% dos professores conseguem se aperfeiçoar, sendo que as formas de atualização mais citadas foram cursos/seminários/congressos, livros e internet, materiais didáticos como DVDs e a troca de experiência entre professores. Já 29% informaram que não conseguem se aperfeiçoar, pela falta de tempo, pelos custos elevados ou pela distância dos cursos.

    Com relação ao tempo de trabalho, os 14 professores, administram as aulas de hidroginástica em média há quatro anos com uma carga horária semanal de seis horas. Referente à metodologia das aulas, os professores foram questionados se preferiam entrar na água para ministrar as aulas. Observou-se que a maioria, prefere dar aula fora da água, pois relatam que os alunos visualizam melhor os exercícios. Outros entram na piscina como tática para amenizar as conversas paralelas ou em casos especiais quando algum aluno tem alguma dificuldade física ou medo.

    Mais da metade dos professores (57%) já administrou aulas de hidroginástica para alunos com deficiência, sendo que os mesmos relatam que não modificam o planejamento das aulas de acordo com a patologia ou a necessidade específica do aluno. A maioria adapta os exercícios, outros apenas corrigem e orientam de acordo com os limites de cada um, outros só modificam para as gestantes. Porém, o que foi unanimidade nas respostas dos professores, foi que cada aluno tem a sua particularidade, por isso orienta-se o mesmo a seguir o seu limite, seu ritmo, velocidade e intensidade no exercício.

    Outro ponto ressaltado pelos professores foi que o ideal seria que as instituições pudessem disponibilizar horários e turmas específicas de acordo com cada objetivo, necessidade ou patologia. Além disso, alguns professores sentem-se despreparados para ministrar aulas em casos especiais, relatando que há poucos cursos preparatórios nesta área específica.

    Os professores relataram procurar diversificar as aulas a cada semana, trabalham com deslocamento, circuitos e materiais diversos, alternando exercícios e músicas. Já nas instituições que realizam planejamento, os professores trabalham em conjunto, é montada uma periodização, planejam as atividades para o ano (macrociclo), em seguida para os meses (mesociclos) e após para as semanas (microciclos). O planejamento é elaborado para que se consiga atingir os objetivos traçados, sendo que cada professor pode optar como trabalhar e quais exercícios a serem desenvolvidos. Dessa forma, as aulas serão sempre diferentes, esclarece uma professora.

    Os dados mostram que todos os professores entrevistados trabalham com outra atividade além da hidroginástica (Figura 2).

Figura 2. Atividades paralelas realizadas pelos professores de Hidroginástica

    Com base nas percepções dos profissionais sobre a docência relacionada à Hidroginástica, foram criadas as seguintes categorias: emocionais, relacionais, habituais, motivacionais e saúde, sendo que para cada análise foram selecionados alguns trechos ou citações dos entrevistados para melhor demonstrar as percepções dos envolvidos (Figura 3).

Figura 3. Respostas relativas aos sentimentos e sensações dos professores de Hidroginástica em relação à docência desta atividade prática

    Os fatores motivacionais foram os mais citados pelos profissionais, 44%. Eles relataram que gostam “(...) quando os alunos dão um retorno sobre as aulas” (Profissional 01), que "quanto mais alunos na aula, mais crio e maior é a minha empolgação" (Profissional 06), resumindo “sinto-me estimulada quando aparecem os resultados" (Profissional 09).

    Observou-se que 22% dos professores relataram fatores habituais, tais como, "adoro a água" (Profissional 14), "já faz parte da minha natureza trabalhar com o corpo" (Profissional 04), bem como "desenvolve o raciocínio" (Profissional 07). 17% enquadraram-se na categoria “emocionais”, relatando que “(...) é muito prazeroso dar aula de hidro” (Profissional 02), bem como, “a energia é positiva” (Profissional 04). Outros 13% enfatizaram a saúde, informando que “procuro atender as necessidades de cada um” (Profissional 04), e por fim, os fatores relacionais, 4% sendo a “interação” (Profissional 13) um fator positivo no desenvolvimento da aula.

    Para apresentar as percepções dos professores referentes às sensações dos alunos com relação às atividades que mais gostam de desempenhar, foram criadas categorias, sendo elas emocionais, laborais, motivacionais, relacionais, e saúde. As percepções laborais foram as mais citadas, 35% relataram que gostam dos exercícios que exigem mais, atividades de deslocamento, com materiais e que desenvolvem a flexibilidade entre outras. Seguido pelos fatores relacionados à saúde, 29% dos professores, informaram que os alunos relatam que as aulas de hidroginástica melhoram o sono, aliviam as dores e o estresse, enfim, que as aulas proporcionam um bem estar. Com 18% os fatores emocionais, os alunos sentem falta quando não podem comparecer as aulas e aumento da autoestima. Os fatores relacionais vêm a seguir com 12%, trazendo a importância dos professores e dos vínculos sociais, das amizades e da convivência. Por fim, os fatores motivacionais, 6% informando que a empolgação e a descontração são importantes para uma boa e prazerosa aula.

    Em contrapartida, os professores também relatam as reclamações e as atividades que os alunos não gostam de fazer ou praticar, sendo citadas: a temperatura da água, a música muito alta, o estilo da música, as conversas paralelas, a quantidade de cloro na água, a quantidade de água na piscina, muito cheia ou vazia, os vestiários, exercícios de flutuação/boiar, exercícios na barra, aulas mais calmas e o sair da piscina.

    Para finalizar o estudo das entrevistas com os professores, foi solicitado aos profissionais que dessem sugestões de melhoria, tanto para a prática da hidroginástica, como para o exercício da profissão. Os profissionais sugeriram a oportunização de cursos rápidos de finais de semana na região. Também relataram o interesse em conhecer outros profissionais que trabalham com a hidroginástica, no intuito de favorecer a troca de informações/experiências entre os professores, bem como, a importância da atualização e da realização de planejamento, pois, segundo a visão dos entrevistados, ajuda o professor a clarear os objetivos e atender as necessidades dos alunos.

3.2.     Perfil dos praticantes de hidroginástica

    Em relação ao questionário com os 298 alunos, praticantes de hidroginástica, a maioria (91%) é do gênero feminino e a média de idade dos participantes é de 52 anos, variando de 22 a 82 anos (± 14,71). São oriundos de dez municípios do Vale do Taquari/RS/Brasil. Quanto ao estado civil, a maioria é casada (53%), sendo os demais solteiros ou viúvos.

    Quanto à escolaridade, 46% possuem o Ensino Médio, 28% possuem o Ensino Superior e 26% possuem apenas o Ensino Fundamental. Já quanto à situação funcional, 88% dos praticantes de hidroginástica trabalham, tendo renda média de R$ 1.926,00 (±1.592,00). No entanto, praticamente a metade dos participantes (51%) recebem o salário oriundo da aposentadoria.

    Os participantes da pesquisa praticam hidroginástica, em média, há 31 meses (± 35,61) e a maioria (60%) pratica outra atividade física além da hidroginástica, sendo a caminhada a atividade mais praticada (68%).

    Pesquisas efetuadas em países desenvolvidos evidenciam que quanto maior conhecimento o indivíduo possui acerca de si mesmo e dos benefícios que os hábitos positivos podem trazer para seu organismo, melhor é a postura em relação aos cuidados com a saúde (MENESTRINA, 2000, p. 67).

    Quanto aos benefícios da prática de hidroginástica, relatados pelos praticantes pesquisados, 30% relatam que a atividade promove o bom humor, a disposição, relaxamento e bem estar físico e mental, semelhante ao encontrado por Caetano e Gonzalez (2012). Os demais benefícios relatados podem ser observados na Figura 4.

Figura 4. Benefícios da prática de hidroginástica relatados pelos participantes da pesquisa

    A maioria dos participantes (80%) pratica hidroginástica duas vezes por semana, sendo que 45% deles praticam por indicação médica. Os principais motivos que levaram à prescrição da hidroginástica podem ser observados no gráfico da Figura 5.

Figura 5. Motivos que levam os entrevistados à prática de hidroginástica

    Questionados sobre o que mais gostam nas aulas de hidroginástica, os fatores laborais foram os mais lembrados; as atividades em si, foram citadas relatando os exercícios de suas preferências. Nos fatores emocionais, os cuidados que os professores têm em atender as necessidades de cada aluno, bem como, as sensações, os sentimentos, o prazer em estar praticando uma atividade. No fator estrutural, as dependências das instituições, bem como os materiais utilizados em aula foram citados. Já com relação aos fatores motivacionais, as aulas descontraídas, alegres e divertidas são fatores essenciais para uma boa aula.

    Os alunos também ressaltaram a importância da elaboração das aulas, dos planejamentos, de uma sequência organizada dos exercícios com o intuito de atender as necessidades/objetivo dos alunos, fator organizacional. O convívio com outras pessoas, as amizades e o companheirismo são fatores relacionais, o segundo mais lembrado sendo considerado de suma importância para os praticantes da hidroginástica. Por fim a saúde, sendo relatados os benefícios que a prática da hidroginástica proporciona ao aluno, o bem estar, o aumento da resistência cardiorrespiratória, o alívio das dores no corpo e das preocupações/estresse, resultando numa melhor saúde física e mental, conforme também descrito por Melo et al. (2012). Também tiveram alunos que responderam que gostam de tudo, todas as atividades propostas e aqueles que não responderam.

    Com relação ao que os alunos não gostam das aulas de hidroginástica, as atividades laborais também foram as mais citadas, seguida pelos fatores relacionados à saúde, o desconforto em realizar a atividade no inverno, a água fria e as possíveis consequências, gripes e resfriados. As conversas paralelas, também foram citadas como inconvenientes sendo considerado como fator organizacional, pois dispersa o grupo atrapalhando o decorrer das aulas. Os praticantes relataram considerar pouco o tempo de aula, podendo as mesmas serem de uma hora e não de quarenta e cinco minutos. As estruturas das instituições também foram lembradas, sendo solicitado, melhorias nos banheiros, barras de apoio nos chuveiros, a redução da quantidade de pessoas nas turmas, entre outros aspectos.

    Outra reclamação levantada refere-se a utilização dos materiais, flutuadores, tornozeleiras entre outros que podem machucar se utilizados de forma inadequada. Nos fatores motivacionais, os praticantes relataram que aulas mais calmas e músicas mais lentas podem ocasionar desânimo e até mesmo a desistência das aulas, no entanto, de acordo com alguns questionários, os praticantes não gostam quando faltam, se policiam para que as mesmas não se tornem rotina, pois sabem da importância da realização de uma atividade física. Por fim, os fatores emocionais, os praticantes reclamam quando os colegas estão mal humorados, depressivos, falando apenas de assuntos tristes.

    Avaliando as percepções sobre o que mais gostam nas aulas de hidroginástica, percebeu-se que professores e alunos estão em sintonia, ambos relatam que os fatores laborais são essenciais para uma boa aula. Sendo assim, cabe ao profissional estar sempre buscando novos exercícios, se atualizando e principalmente provocando o praticante a se superar, a ser capaz de realizar novas e diversificadas atividades, mantendo-o sempre entusiasmado e motivado para as aulas. Um fato interessante, e que os profissionais devem ficar atentos, refere-se ao fator relacional. Para os praticantes, o vínculo, as trocas e os relacionamentos é o que os mantêm e motivam a continuar frequentando as aulas.

    Considerando os fatores que desaprovam, as opiniões diferem, pois na percepção dos profissionais os fatores ligados à estrutura foram os mais citados, em contrapartida os alunos relataram que as atividades, os fatores laborais, aulas com exercícios repetitivos, ou que não conseguem realizar ou acompanhar desagradam a maioria dos praticantes. Com esta análise foi possível perceber que os fatores laborais, os exercícios, foram os mais citados pelos alunos tanto no que gostam, como no que não gostam durante as aulas de hidroginástica.

    Este resultado serve para alertar os profissionais quanto a utilização de métodos adequados para identificar o nível de conhecimento dos alunos e sua motivação para a aprendizagem. Segundo Menestrina (2000) o educador deve conhecer as características mais comuns de um determinado meio em relação à faixa etária dos alunos para aplicar métodos, técnicas e recursos de acordo com o grupo. Esse método possibilita o desenvolvimento de um ensino-aprendizagem progressivo e atende às necessidades específicas de cada educando.

    Uma ação pedagógica eficaz em educação física, numa concepção de educação para a saúde, requer qualidades pessoais, competências pedagógicas e habilidades profissionais que podem ser adquiridas mediante disponibilidade para o crescimento.

4.     Conclusão

    A partir da análise dos resultados e de acordo com as questões que orientam este estudo, foi possível traçar um perfil dos professores e praticantes de hidroginástica de um município do Vale do Taquari, RS, Brasil.

    Os professores na sua maioria são do sexo feminino, com uma média de idade de 31 anos, formados em educação física e buscando aperfeiçoamento. Todos estes profissionais possuem atividades paralelas e iniciaram sua trajetória de docência por oportunidade de emprego, sendo que permanecem, pois gostam muito, têm prazer na atividade que realizam.

    Os docentes relataram que o ideal seria possibilitar aulas específicas para portadores de necessidades especiais. Os fatores motivacionais foram os mais citados quando questionados sobre as sensações e emoções durante a prática da hidroginástica, já as atividades laborais foram as mais lembradas pelos professores quando questionados sobre o que os alunos mais gostam, bem como, a temperatura da água foi muito citada quando questionados sobre o que os alunos menos gostam.

    O estudo mostrou que o professor está preocupado com o aluno, que busca sempre atender os interesses e necessidades do praticante bem como, em mantê-lo, em incentivá-lo na permanência de hábitos saudáveis com um objetivo muito maior e valioso que é a saúde.

    Com relação ao perfil dos praticantes de hidroginástica, os mesmos, na sua maioria são do sexo feminino, sendo que 88% dos praticantes de hidroginástica trabalham, no entanto, praticamente a metade dos participantes possuem aposentadoria. Os participantes da pesquisa praticam além da hidroginástica, outra atividade física, sendo a caminhada a atividade mais praticada. A maioria dos participantes pratica hidroginástica duas vezes por semana, sendo que 45% deles praticam por indicação médica.

    As patologias traumato ortopédicas foram as mais citadas, sendo elas, coluna, artrose/osteoartrose/osteoporose, joelho e tornozelo. Em seguida, as patologias vinculados ao coração e a obesidade. Quanto aos benefícios da prática de hidroginástica, 30% relatam que a atividade promove o bom humor, a disposição, relaxamento e bem estar físico e mental, sendo que os motivos de permanência são os resultados positivos para a saúde, a melhora para a qualidade de vida e os vínculos entre colegas e professores.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 192 | Buenos Aires, Mayo de 2014  
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