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A organização da prática pedagógica de 

profissionais de Educação Física para o trabalho com idosos

La organización de la práctica pedagógica de los profesionales de la Educación Física para el trabajo con personas mayores

 

Curso de Educação Física da Universidade do Extremo Sul Catarinense

Grupo de estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Docente

e o Mundo do Trabalho em Educação Física

(Brasil)

Tatiana Roseni Moraes Jacinto dos Santos

Victor Julierme Santos da Conceição

tathymoraes@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi analisar como os professores organizam sua prática pedagógica e mobilizam os saberes para o trabalho com os idosos. Participaram da pesquisa seis professores de Educação Física sendo dois Bacharéis e quatro Licenciados, que responderam uma entrevista semiestruturada. Os resultados mostraram que os professores não tiveram um suporte didático pedagógico especifico durante a graduação para que pudessem trabalhar com os idosos, por isso foram atrás de cursos, pesquisaram em livros e buscaram conhecimento na experiência de outros professores, para conseguirem dar conta de seu trabalho.

          Unitermos: Prática pedagógica. Idosos. Saberes docentes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Considerações introdutórias

    O envelhecimento da população é um fenômeno mundial, ou seja, a população idosa cresce mais que as outras faixas etárias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (1996) considera-se a idade entre 60 a 65 anos como o marco inicial caracterizador da velhice.

    “O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis (genética, estilo de vida e doenças crônicas) que interagem influenciando a maneira pela qual envelhecemos” (CORAZZA, 2001).

    É importante destacar que grande parte das doenças que atingem os homens e evidentemente os idosos, tem o estilo de vida como fator de grande importância, devido aos hábitos alimentares, tabagismo, uso de medicamentos, sedentarismo e isolamento social.

    E atender as expectativas e os interesses a fim de melhorar a qualidade de vida do idoso, o profissional de Educação Física tem um papel de extrema importância.

    A formação do profissional de Educação Física constitui-se, desde a década de 80, preocupado com a qualificação profissional, e com as novas exigências do mercado de trabalho e da sociedade, a formação do profissional em Educação Física passou por algumas reformulações, que foi a criação do bacharelado em Educação Física (GHILARDI, 1999).

    Essa possibilidade decorreu da Resolução n.º 03/87 do Conselho Federal de Educação (CFE), em 16 de junho de 1987, com o objetivo de atender à amplitude do mercado de trabalho, além do ensino formal.

    Para Leite (2008), os cursos de formação de professores devem se reestruturar, a fim de analisar os valores inerentes ao processo ensino-aprendizagem, na busca por compreender o sentido e o papel do professor nos dias atuais.

    A formação do profissional é um processo contínuo, mas a criação de uma predisposição do professor para esta exigência de sua profissão tem de começar a ser construída na formação inicial.

    Nascimento (1998) diz que formação inicial é a denominação frequentemente atribuída àquela etapa de preparação voltada ao exercício ou qualificação inicial da profissão. Este período é importante na formação profissional, pois é a partir dele que os futuros professores irão adquirir os conhecimentos indispensáveis para a sua atuação, e sua pratica pedagógica.

    A prática pedagógica pode ser considerada como o trabalho de repassar, transmitir ou ensinar, saberes específicos. Para Freire (2000) “ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”.

    O professor, ao longo de sua formação e na prática do seu dia-a-dia, vai produzindo “convicções” sobre a forma de atuar, que se estabelecem de acordo com as informações e os saberes adquiridos.

    Tardif (2005, p. 21) observa que “o saber dos professores não provém de uma fonte única, mas de várias fontes e de diferentes momentos da história de vida e da carreira profissional”.

    Dado exposto contribui para o processo de justificativa da elaboração do seguinte problema de pesquisa: Como o profissional de Educação Física organiza a sua prática pedagógica para trabalhar com a orientação de exercício físico com idosos? A construção deste problema de conhecimento possibilitou a elaboração do seguinte Objetivo Geral: Identificar os elementos que compõem a prática pedagógica e os saberes mobilizados pelos professores de Educação Física que atuam em grupos de terceira idade. Para dar conta deste objetivo, criamos os seguintes.

Decisões metodológicas

    O estudo foi caracterizado como pesquisa descritiva. De acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência.

    Nesta perspectiva, assumimos a abordagem qualitativa que para Molina Neto (2004 p. 12) “[...] o termo qualitativo é empregado para sustentar um leque de técnicas de investigação centradas em procedimentos que tratam de descrever e interpretar as representações e os significados em que um grupo social dá à sua experiência cotidiana”.

Sujeitos

    Para escolha dos professores que participariam da pesquisa, foram construídos critérios para realizar o convite para tornarem-se colaboradores da investigação: trabalhar em grupos de terceira idade e ser formado em Educação Física.

    Entramos em contato com 17 professores de Educação Física, porém seis aceitaram em participar do estudo, sendo dois formados em bacharelado contratados pela Prefeitura Municipal de Criciúma e quatro formados em licenciatura, contratados pela AFASC, Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma.

    Para estes, foram enviadas mensagens via correio eletrônico, para agendar uma conversa para a apresentação do projeto, saber do interesse em participar da pesquisa e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os nomes dos professores colaboradores foram alterados por nomes fictícios para manter o sigilo dos mesmos.

Quadro 01. Quadro com as características principais dos participantes da pesquisa

Instrumento de pesquisa

    Para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista semiestruturada realizada em um espaço reservado em dia e horário combinados entre ambas as partes (sujeito, pesquisador). A entrevista foi construída a partir de uma matriz analítica elaborada para dar conta dos objetivos do estudo.

    Lakatos e Marconi (2003) relatam que na entrevista semiestruturada o entrevistador fica a vontade para progredir em qualquer situação a variados destinos que julgar necessário, isto consiste em uma maneira de analisar um maior horizonte de uma dada questão. Normalmente as perguntas são abertas e possibilitam respostas que se encaixam dentro de um diálogo informal e são perfeitamente aceitáveis partindo deste princípio.

Análise das informações

    Após realização das entrevistas, as mesmas foram transcritas buscando levantar pontos comuns e singulares nas informações dos colaboradores e posteriormente construir categorias de análise que foram avaliadas a luz da literatura que compõe o referencial teórico. “Análise tem como objetivo organizar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação” (Gil, 1999, p. 168).

Formação inicial em Educação Física: interesses, fazeres e relações com a terceira idade

    Nesta categoria apresentamos os motivos que conquistaram o interesse maior pela formação em Educação Física e os fatores que levaram os professores escolher esta carreira.

    Segundo Menezes (2001), a formação inicial refere-se ao primeiro momento da preparação profissional daquele que irá realizar o trabalho de orientação e condução do desenvolvimento humano.

    Os professores Paulo, Marta e Jorge destacam o interesse pelos exercícios físicos tornando-se o fator principal da escolha pela profissão, seguido pelo gosto pelo esporte.

    Escolhi esse curso porque gosto da prática de exercício e também para me apropriar desse conhecimento e poder desenvolver programas do mesmo para contribuir na saúde dos grupos que atendo na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e consequentemente na qualidade de vida dessas pessoas [...] (Professor Paulo).

    [...] porque sempre me identifiquei com a área, desde a adolescência frequento academia e pratico exercícios físicos e por gostar e me identificar com essas atividades (Professora Marta).

    O curso de Educação Física eu já tenho dentro de mim, sempre gostei e pratiquei esportes [...] é exatamente isso a Educação Física me completa mesmo (Professor Jorge).

    Fica evidente nos depoimentos dos profissionais acima o quanto a vivencia com o esporte e o exercício físico proporciona um maior interesse e segurança no exercício da profissão escolhida. O professore ainda levanta um fato importante o reconhecimento do SUS pela saúde publica e frequentar academia desde a adolescência.

    [...] devido à situação financeira escolhi fazer Educação Física mas, quando entrei no curso me apaixonei e outra que a Educação Física pra mim é a profissão do futuro [...] (Professora Sandra).

    Sandra depois de conhecer o curso, reconhece a Educação Física como sendo a profissão do futuro. Já a professora Lúcia destaca o fato de gostar muito de trabalhar diretamente com pessoas no processo de qualidade de vida usando exercícios físicos.

    [...] o que me levou a escolher acho que foi trabalhar com publico eu sempre gostei muito de atender as pessoas eu acredito que seja isso o que me levou a ter escolhido esse curso (Professora Lúcia).

    E finalizando, o professor Ricardo fala da importância de ensinar e de transformar a vida das pessoas além dos benefícios de trabalhar em ambientes abertos.

    [...] Eu sempre gostei de estudar o funcionamento do corpo humano [...] eu já tinha inclinação pra fazer Educação Física por esse motivo pra trabalhar em ambiente abertos, [...] eu sempre gostei de ensinar e transformar [...] formar um individuo (Professor Ricardo).

    Os professores citados acima apresentam diferentes fatores incentivadores do exercício da profissão. Ficando claro que escolha da profissão é um dos maiores desafios com o qual nos defrontamos na vida, em função da importância de que se reveste e das dificuldades que temos a enfrentar.

    Huberman (1995) destaca que a carreira é marcada por vários acontecimentos que se tornam marcantes na trajetória docente, compreendendo arranques, descontinuidades e becos sem saída que possibilitam a mudança de percurso.

    Nesta categoria também identificamos os motivos que levaram os professores escolher trabalhar com grupos de idosos.

    Para Paulo a ausência de saúde e o aumento das doenças crônicas, foram os principais motivos que levou a escolher trabalhar com os idosos além do reconhecimento e os bom resultados com os exercícios, já para Marta foram os idosos que a escolheram, formou grupos de exercício físico para atender a população em geral, no entanto o público maior foi os idosos.

    A ausência de saúde o aumento das doenças crônicas [...] o valor que o idoso dá ao profissional de Educação Física e os bons resultados que a gente tem com a conduta de exercício físico a pessoas idosas [...] (Professor Paulo).

    Não escolhi a população para atuar [...] fui inserida em uma unidade básica de saúde para atender toda a comunidade [...] porém o público que mais procurou pelo serviço foram os idosos (Professora Marta).

    Para Jorge a dedicação e a motivação dos idosos, foi o ponto decisivo para sua escolha além de poder ensinar. O que motivou Sandra além do aumento da população idosa, foi poder dar um atendimento melhor para os mesmos.

    O que me motivou foi a parte da dedicação deles, principalmente a dedicação essa motivação de tu chegar está ali passando o teu conhecimento [...] (Professor Jorge).

    Foi [...] a situação que agente começa perceber que tem muitos idosos e não tem um atendimento legal para eles [...] (Professora Sandra).

    Já para Lúcia sua paciência e gostar de estar acompanhada de pessoas mais velhas foi o que há levou querer trabalhar com idosos enquanto para Ricardo não foi uma escolha foi exigência de seu trabalho.

    [...] sou uma pessoa paciente [...] eu sempre gostei de ficar no meio de gente mais velhas [...] acredito que isso foi o que me levou querer trabalhar com eles (Professora Lúcia).

    [...] Na verdade não foi uma opção que eu quis era uma condição do trabalho teria que trabalhar um dia à tarde com os idosos [...] (Professor Ricardo).

    Com exceção do professor Ricardo que foi uma condição de seu trabalho os demais professores escolheram trabalhar com os idosos por diferentes motivos deixando claro, que o reconhecimento dos idosos e o bom resultados com os exercícios foi uns dos fatores motivadores para sua escolha.

Saberes necessários para a prática pedagógica no trabalho com o idoso

    Tardif (2002) define saber docente como a confluência de vários saberes provenientes de diferentes fontes, saberes oriundos da sociedade. Portanto nesta categoria os colaboradores, apresentam de forma individual os diferentes caminhos na busca de conhecimento e saberes para poder atuar com da terceira idade.

    O professor Paulo funcionário da prefeitura fala da importância do estágio dentro do enfoque escolhido, as capacitações relacionadas a ele e a troca de conhecimento com outros grupos como sendo muito importante para os saberes do profissional.

    Neste período de 4 anos que trabalho na prefeitura já fiz cinco capacitações e umas delas foi só direcionada a saúde do idoso [...] mas eu também faço pesquisa [...] onde a gente tá sempre fazendo essa troca de conhecimento e isso nos da um amparo muito significativo pra termos essa conduta relacionada aos idosos (Professor Paulo).

    A professora Marta que é residente em saúde coletiva expõe sua atuação como bolsista em programa do ministério da saúde voltado as exercícios físicos com a terceira idade, fazendo treinamentos onde haviam discussões sobre a terceira idade mas não busco nada especifico para esse publico.

    Na sexta fase do curso de Educação Física fui bolsista do PET saúde [...] Foi a partir dessa inserção no programa que tive os primeiros contatos com essa população. Realizei alguns cursos de treinamento para grupos especiais e nestes cursos tiveram algumas discussões sobre a terceira idade (Professora Marta).

    Para o professor Jorge as disciplinas oferecida pelo curso, livros e pesquisa na internet, auxiliam seu trabalho para esse tipo de publico.

    [...] foram algumas disciplina que teve na parte da graduação, alguns livros que tenho em casa exclusivo para terceira idade, principalmente livros, internet [...] (Professor Jorge).

    A professora Sandra relata que a trocar de experiência com outros profissionais, estudos e palestras que assistiu foi o que lhe deu suporte para atuar com a terceira idade.

    [...] busquei conhecimento na experiência de outras pessoas, professores conversei pesquisei muito e palestras [...] (Professora Sandra).

    Para professora Lúcia o estágio com pessoas mais velhas foi o seu primeiro contato de aprendizado com idosos. Além da capacitação oferecida por algumas instituições que trabalha, ela cita como é importante buscar novos conhecimento ao se preparar para atuar.

    [...] o estágio de educação especial [...] com pessoas mais velhas na APAE [...] e durante a faculdade eu fiz alguns cursos também .Em 2011 fiz um curso só com recreação pra terceira idade e esse curso na verdade foi o que me deu visão do que é realmente trabalhar com a terceira idade (Professora Lúcia).

    Durante a formação o professor Ricardo cita que não teve nenhum contato com idosos e que desconhece a existência de cursos voltados diretamente para terceira idade e todo conhecimento que tem sobre os idosos foi buscando em livros e internet.

    Na formação não tive nenhum contato com os idosos [...] foi só estudando alguns livros e internet curso especifico não fiz nenhum (Professor Ricardo).

    Fonseca et al. (2009) ainda entendem que grande parte do conhecimento que o professor tem é transformado a cada dia, e muitos saberes são adicionados aos que já foram dominados. Então, o processo de aprendizagem se faz continuamente ocorrendo durante praticamente toda carreira profissional.

    Apresentamos a seguir algumas dificuldades encontradas pelos profissionais durante a prática construtora dos saberes relacionadas a terceira idade, podemos compreender que o profissional precisa ter domínio de situações relacionadas as diversas limitações, bem como conhecimento sobre a saúde pública.

    Freire (2001) afirma que professor precisa estar sempre se atualizando, através das mais variadas formas, para assim, poder ter um conhecimento que possa levar à frente às dificuldades encontradas durante o exercício da profissão, podendo assim tornar-se um bom professor.

    O professor Paulo fala da deficiência no conhecimento sobre saúde publica dos profissionais da área que atuam em postos e secretarias de saúde. Jorge relata que falta de material didático para a terceira idade dificultou o seu trabalho enquanto para Marta foi organização as atividades de fortalecimento, integração e socialização nos grupos, que dificultou seu trabalho.

    [...] a falta de conhecimento sobre saúde gerou dificuldade no inicio de todo o meu trabalho (Professor Paulo).

    [...] senti dificuldade em fazer atividades para fortalecer, integrar e socializar os grupos (Professora Marta).

    [...] dificuldades na parte didática [...] (Professor Jorge).

    Já Sandra e Lúcia salientam a falta de valorização para o trabalho com a terceira idade, a falta de disciplinas, palestras e literatura para incentivar os profissionais que atendem este tipo de púbico.

    [...] eu acho que esta muito deficiente o trabalho com a terceira idade [...] Deveria ter mais materiais,mais palestras, mais incentivo e mais professores [...] (Professora Sandra).

    A dificuldade de não ter tanta literatura [...] eu já entrei num lugar que trabalhava com idoso [...], então eu não tive dificuldades nessa questão [...] (Professora Lúcia).

    Ricardo fala da necessidade de mais estudo voltado para análise das limitações dos idosos.

    [...] o que dificultou foi em não ter algo mais para os idosos e estudo das limitações [...] saber analisar os potenciais seria interessante para atuar com os diferentes grupos de idosos. (Professor Ricardo).

    Todos os professores de modo geral encontraram dificuldades em algum momento durante suas atividades voltadas ao público idoso, pois atuaram em um espaço para o qual não estavam preparados.

    Apresentamos nesta ultima etapa, como são organizados os programas para a execução da pratica pedagógica na qual os professores falam da análise de pontos prioritários para elaborar suas aulas. Bernstein (1990) define prática pedagógica como uma prática social de caráter amplo, na qual ocorra reprodução e produção cultural, não estando restrita ao ambiente escolar.

    O professor Paulo relata que antes executar as atividades com os idosos ele se preocupa com espaço físico que é oferecido pela comunidade pois trabalha com publico com variadas limitações.

    É feita toda uma analise do espaço físico adequado, e esse espaço físico tem que oferecer segurança, higiene [...] devemos ver as condições antes de levar um grupo de pessoas para trabalhar nesses espaços [...] Utilizo exercícios proprioceptivos, algumas brincadeiras mais com muita cautela [...] utilizo programa de caminhada, circuito aeróbico, técnicas de pilates, orientação de exercício respiratórios, abdominais, alongamento, flexibilidade, relaxamento e também faço palestras com temas relacionados a saúde publica, saúde qualidade de vida, saúde do idoso mais ou menos dentro disso ai são minhas condutas no meu trabalho com esses grupos (Professor Paulo).

    Para a professora Marta a individualidade de cada idoso vem em primeiro lugar na hora de organizar suas aulas, pois se deve sempre respeitar o condicionamento físico de cada um.

    Em primeiro lugar respeitar a individualidade e o nível de condicionamento dos participantes. [...] Nos grupos são oferecidas caminhada, exercícios de resistência muscular localizada, alongamentos e relaxamentos [...] Para estas atividades utilizo materiais alternativos confeccionados por eles (Professora Marta).

    Jorge no começo de seu trabalho ao elaborar suas aulas levava em conta os problemas de saúde dos idosos, hoje por esta a mais de dois anos com o mesmo grupo e conhecer as limitações de cada um, realiza atividades variadas que foram bem aceita pelos idosos.

    No começo eu visualizava bastante a parte do condicionamento físico, hoje por está quase dois anos com o mesmo grupo já não vejo tanto isso eu trabalho dança a parte de exercício localizado [...] As atividades são varias, introduzi agora o step [...] tem dança, flexionamento, alongamento (Professor Jorge).

    Para a professora Sandra conhecer o grupo com quem vai trabalhar é sua prioridade, pois ao elaborar suas aulas leva em consideração o problema de cada idoso.

    [...] Na primeira aula eu observo os grupo com quem eu estou trabalhando e como são grupos especiais tenho que saber lidar com cada um [...] e montar uma aula de acordo com os problemas deles [...] eu gosto muito de fazer circuito [...] faço aeróbico e dança [...] também trabalho a parte muscular [...] Faço uma corridinha, caminhada e muito alongamento no final (Professora Sandra).

    Já Lúcia se preocupa com o tempo de cada exercício já que os idosos se casam facilmente, utiliza atividades diversas que estimulam a memoria dos idosos tornando as aulas prazerosas.

    Para organizar minhas aulas com idosos eu sempre penso [...] que os idosos cansam muito mais que as outras pessoas [...] por isso ao organizar a aula eu penso no tempo de duração de cada exercício [...] faço com eles algo que possam ficar sentado na cadeira [...] [...] faço uma atividade que eles falam seu nome,o nome do colega anterior e o nome do colega posterior [...] eles gostam de cantar então tem brincadeira que é só musica [...] faço atividades que eles possam se mover com mais dinâmicas [...] sempre respeitando as limitação (Professora Lúcia).

    Para Ricardo a intensidade das atividades varia de acordo com a mobilidade de cada um, devido a muitos utilizarem bengalas e andadores

    A questão da mobilidade do idoso, quanto mais mobilidade ele tem maior é a intensidade da atividade quanto menos mobilidade ele tem mais tranquilo vai ser a atividade,[...] Dependendo de cada grupo pode se fazer dança, caminhadas, exercício de alongamentos, mas a dança é o que eles mais gostam [...] (Professor Ricardo).

    Analisando os depoimentos de cada professor percebemos as mesmas preocupações na elaboração dos programas de organização de seus trabalhos, com a terceira idade. Quanto ao programa de trabalho, os exercícios e brincadeiras devem em primeiro lugar respeitar a individualidade e condicionamento dos participantes, deve ser feita a analise de cada exercício executado para um melhor aproveitamento de resultados. Paulo relata que além dos exercícios ele proporciona aos grupos da terceira idade palestras com temas relacionados a saúde pública, qualidade de vida e saúde do idoso

    Freire (1996) diz que “o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas” (p. 96).

Considerações finais

    O presente estudo teve como objetivo identificar os elementos que compõem a prática pedagógica e os saberes mobilizados pelos professores de Educação Física que atuam em grupos de terceira idade.

    Ao fazer uma analise geral de todas as categorias percebemos que todos os professores não tiveram suporte didático pedagógico especifico que lhes permitia trabalhar com idosos mas tiveram disciplinas que contribuíram, e buscaram atualizações de conhecimento fora das instituições.

    Podemos perceber que a escolha profissional de cada professor esta relacionada com a vivencia no passado, eles falaram do gosto e da identificação com a área e encaram a Educação Física como a profissão do futuro, devido ao aumento da população idosa, e o interesse pela saúde e bem estar.

    Os professores salientam que não estavam preparados para trabalhar com os idosos, então tiveram que se adaptar e buscar outras fontes de informações, que não somente sua realidade, ou seja, busca de referencial teórico que lhe permite dar suporte mais consistente para atuar com a terceira idade, e outro fator muito importante é a troca de conhecimento com seus colegas profissionais.

    Os professores deixaram evidente o prazer que tem em trabalhar com os idosos, o fazendo de seu trabalho um espaço onde podem encontrar a realização profissional e emocional com exceção do professor Ricardo.

    Mesmo ao assumirem um espaço para o qual não estavam preparados conseguiram superar dificuldades. Percebemos também o quanto é importante para os professores conhecer o grupo com quem vão trabalhar, a individualidade e o condicionamento físico de cada um, e o espaço adequado para realizar as aulas.

    O profissional de Educação Física tem sua importância evidenciada na garantia da qualidade das atividades oferecidas, contribuindo para a segurança e eficácia dos exercícios, passando assim confiança e motivação aos participantes.

Referências

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