Os efeitos do ácido hialurônico na prevenção do envelhecimento cutâneo: revisão de literatura Los efectos del ácido hialurónico en la prevención del envejecimiento cutáneo: una revisión de la literatura |
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*Discentes do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Vila Velha – UVV **Formação e vínculo institucional do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmetologia da Universidade Vila Velha – UVV (Brasil) |
Júlia Brommonschekel* Lorena Seick* Vânia Maria Uliana Pessotti* Áurea Scardua Saade Cavalcanti** Luiz Carlos Cavalcanti** Robison Pimentel Garcia Júnior** |
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Resumo O envelhecimento cutâneo é um processo complexo e multifatorial que provoca alterações severas em termos estéticos e funcionais. Estão envolvidos nesse processo o envelhecimento cronológico, também designado intrínseco, e o envelhecimento extrínseco, causado por fatores ambientais, entre os quais, o fotoenvelhecimento é o que apresenta maior importância. As modificações estruturais decorrentes do envelhecimento podem ser tratadas ou retardadas com o uso de cosméticos tópicos a base de ácido hialurônico. A aplicação tópica do ácido hialurônico constitui um processo eficaz no combate à desidratação cutânea e, assim, na prevenção do envelhecimento da pele, o que está relacionado com a sua capacidade de retenção da água e propriedades hidratantes, resultando em uma pele mais firme, melhor hidratada e mais jovem. Esta substância apresenta um efeito antioxidante, age como seqüestrante de radicais livres, aumenta a proteção da pele em relação à radiação UV e contribui para o aumento da capacidade de reparação tecidual. Esta pesquisa foi realizada através de uma revisão bibliográfica que comprove a eficácia do uso tópico do ácido hialurônico nos tratamentos estéticos faciais no envelhecimento cutâneo. A metodologia foi baseada na utilização de livros e periódicos presentes na Biblioteca Central da Universidade Vila Velha e bases de dados como Scielo, Bireme, Pubmed entre outras no intervalo de 1992 a 2013. Dessa forma conclui-se que o ácido hialurônico hidrata e restaura a pele facial, assim alcançando um efeito antienvelhecimento. Unitermos: Pele. Envelhecimento cutâneo. Ácido hialurônico.
Abstract Skin aging is a complex and multifactorial causes severs changes in terms of aesthetic and functional. Are involved in this process chronological aging, also called intrinsic and extrinsic aging caused by environmental factors, including, photoaging is what is most relevant. Structural changes associated with aging can be treated or delayed by the use of cosmetics topics based on hyaluronic acid. The topical application of hyaluronic acid is an effective process for combating dry skin, and thus preventing the aging of skin, which is related to its ability to retain water and moisturizing properties, resulting in a firmer skin, improved hydrated and younger. This substance has an antioxidant effect, acts as a scavenger of free radicals, increasing skin protection against UV radiation and contributes to increasing the capacity of tissue repair. This research was conducted through a literature review that proves the efficacy of topical hyaluronic acid in facial aesthetic treatments in skin aging. The methodology was based on the use of books and journals present in the Central Library of the University Vila Velha and databases as Scielo, Bireme Pubmed among others in the range from 1992 to 2013. Thus it is concluded that hyaluronic acid hydrates and restores the facial skin, thus achieving an anti-aging effect. Keywords: Skin. Aging skin. Hyaluronic acid.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A pele reveste quase toda a superfície, formando uma barreira eficaz de defesa e regulação, assegurando as relações entre o meio interior e exterior que constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo. Desempenha papel importante na proteção contra agressões físicas, químicas e biológicas (MAIO, 2004). A epiderme se divide em cinco subcamadas: a córnea (mais superficial), a camada lúcida, seguida da camada granulosa e camada espinhosa e o estrato germinativo ou basal (camada mais profunda da epiderme). A derme, também chamada tecido conectivo da pele, é composta principalmente de elastina e colágeno. Esse dá integridade estrutural e mecânica à pele, e, àquele, confere a pele importante propriedade elástica (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
O envelhecimento da pele é um processo complexo e multifatorial que provoca alterações severas em termos estéticos e funcionais (KEDE; SABATOVICH, 2004). Com o tempo tais alterações levam ao declínio das funções biológicas da pele que perde a capacidade para se adaptar às constantes agressões. É resultado de dois processos diferentes: envelhecimento cronológico, também designado intrínseco, e o envelhecimento extrínseco, causado por fatores ambientais, entre os quais, o fotoenvelhecimento é o que apresenta maior importância (BAGATIN, 2009).
No mundo cresce a cada dia o interesse pelo estudo do envelhecimento cutâneo, que está relacionado com o crescimento da proporção de população envelhecida tanto em aspectos psicossociais como pelos efeitos fisiológicos nestes indivíduos (NICOLAU; COUTO, 2007).
O conceito antienvelhecimento concentra-se em duas estratégias, prevenção e tratamento, que implicam em um conjunto de ações que visam evitar e reduzir o aparecimento dos sinais de envelhecimento cutâneo e de formulações cosméticas como ácido hialurônico que pretende reverter determinadas manifestações clínicas visíveis de uma pele envelhecida (OLIVEIRA 2009).
O envelhecimento facial provoca um aumento na degradação e diminuição da síntese de ácido hialurônico. A conseqüência é a perda da elasticidade e flexibilidade, levando a formação de rugas e desidratação (OLIVEIRA 2009).
O ácido hialurônico detém funções de grande importância em numerosos fenômenos do organismo. As suas funções biológicas dependem do seu peso molecular e resultam da sua interação com determinadas proteínas de ligação e receptores de superfície, excelentes características de sinalização celular. Os produtos cosméticos de aplicação tópica que contêm este composto possuem um efeito hidratante e atividade antienvelhecimento (GARBUGIO; FERRARI, 2010).
O ácido hialurônico tópico tem excelente propriedade de retenção de água. Com a aplicação recupera-se o volume e a hidratação natural da pele. O tratamento é seguro e eficaz. Por ser uma substância natural da pele, o uso do ácido hialurônico vem sendo uma forte tendência como anti-aging (OLIVEIRA 2009).
Este trabalho teve como objetivo analisar, através de em uma revisão bibliográfica, o uso tópico do ácido hialurônico nos tratamentos estéticos faciais na prevenção do envelhecimento cutâneo, causado por fatores extrínsecos e intrínsecos.
A metodologia foi baseada na utilização de livros e periódicos presentes na Biblioteca Central da Universidade Vila Velha e bases de dados como Scielo, Bireme, Pubmed entre outras no intervalo de 1992 a 2013.
2. Pele
A pele é o maior órgão do corpo humano e constitui 16% do peso corporal, é o manto de revestimento do organismo indispensável à vida. Reveste todo o corpo e é composta por duas camadas principais: uma externa, a epiderme, e outra, mais profunda, de tecido conjuntivo, a derme (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
A pele é uma cobertura impermeável resistente e flexível do corpo que se funde com as membranas de revestimento. Proporciona uma cobertura de superfície, e também é um órgão sensitivo dotado de uma infinidade de terminações nervosas que fornecem sensibilidade ao tato e pressão, alterações de temperatura e estímulo dolorosos. No que diz respeito à sensibilidade geral, a pele é sua fonte principal (PALASTANGA et al, 2000). É um órgão muito extenso que desempenha um papel fundamental na proteção do organismo na sua totalidade, tanto ao nível das agressões traumáticas como ao nível das variações climatéricas. Apresenta múltiplas funções: proteção contra agressões físicas, químicas e biológicas, proteção contra radiação danosa ultravioleta dos raios do sol, formação da vitamina D, termo regulação e perda de água, secreção de ferormônios, percepção e sensibilidade, defesa imunológica. Tem ainda um papel fundamental na aparência física, estando fortemente associada à percepção da idade e da beleza dos indivíduos (MAIO, 2004).
Em termos anatômicos, a pele é constituída fundamentalmente por dois tecidos justapostos que são a epiderme e a derme. Além destas, é comum verificar que alguns autores consideram a estratificação da pele em três camadas distintas que incluem a hipoderme (MAIO, 2004).
Figura 1. Representação esquemática da pele. Fonte: Oliveira (2009)
Na epiderme temos o epitélio estratificado pavimentoso, queratinizado (com maior ou menor quantidade de queratina), formando uma camada contínua que se estende por toda a superfície do corpo (JUNQUEIRA; CARNEIRO 2004).
Segundo Guirro e Guirro (2004), a epiderme é em geral descrita como constituída de quatro a cinco camadas ou estratos, devido ao fato da camada lúcida estar ou não incluída, só sendo observada em determinadas amostras de pele espessa. São elas: a camada basal, granulosa, lúcida e córnea. A camada granulosa atua a formação do material extracelular. As células mais abundantes nesse epitélio são os queratinócitos.
Fazem-se presentes os melanócitos, as células de Merkel e de Langerhans. Assim sendo, essa camada age como barreira contra moléculas hidrossolúveis, mas pode disseminar as lipossolúveis (MAIO, 2004).
Camada basal ou estrato germinativo é a camada mais profunda, e ocorre a geração de novas células, responsável pelo crescimento contínuo da epiderme, durante o período de 20 a 30 dias. A camada espinhosa recebe esse nome, pois as células possuem um aspecto espinhoso vista no microscópio óptico e são responsáveis pela coesão das células. A camada granulosa apresenta células achatadas e caracteriza-se por conter grânulos de querato-hialina que são precursores da queratina do estrato córneo. A camada Lúcida tem mais proeminência em áreas de peles espessa e pode estar ausente em outros locais. A camada córnea é a camada mais superficial constituídas por células mortas, é a camada mais resistente a mudanças de pH do meio ambiente (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
A derme, considerada a segunda camada da pele, é a camada mais interna onde se encontram vasos sanguíneos, glândulas sebáceas e nervos. Sob a derme, há também, o tecido subcutâneo, formado por tecidos fibrosos, elásticos e gordurosos. A pele tem como principais funções: revestimento de toda superfície corporal, proteção contra diversos tipos de agentes, regulação da temperatura corporal e sensibilidade (SILVA; CASTILHOS, 2010).
A hipoderme desempenha funções de reservatório nutritivo, conservação da temperatura corporal e proteção mecânica do organismo contra pressões e traumatismos externos (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
3. Envelhecimento
O envelhecimento é um processo natural que ocorre desde que nascemos também chamados de senilidade, pode ser definido como um conjunto de modificações fisiológicas irreversíveis, inevitáveis e conseqüente a uma alteração da homeostasia (KEDE; SABATOVICH, 2004).
O envelhecimento facial é um mecanismo fisiológico que acomete visivelmente a pele e as estruturas subjacentes, trazendo alterações inestéticas e funcionais (KEDE; SABATOVICH, 2004).
A pele jovem, em torno dos 20 anos de idade, geralmente apresenta-se uniforme quanto cor, textura, firmeza, isenção de manchas e rugas, sendo estas as principais diferenças entre uma pele jovem e uma envelhecida (BENY, 2000 apud BATISTELA; CHORILLI; RICCI, 2007).
Com o envelhecimento, principalmente a partir dos 40 anos de idade, há uma diminuição no nível de estrogênios e redução das fibras de colágeno, tornando a pele mais fina e sensível, manchada, levando á presença de rugas e células mortas, as quais vão se acumulando e se depositando na superfície. A formação de rugas, pele áspera, redução da elasticidade e da firmeza da pele do rosto são os sinais mais expressivos do reflexo da idade biológica (BATISTELA et al, 2007). A derme vai perdendo seu suporte estrutural com p passar da idade, assim a pele torna-se menos elástica, mais fina e menos resistente a alterações mecânicas e a epiderme tende a se tornar seca, flácida e muito fina (NICOLAU; COUTO 2007)
A valorização da face é natural, pois é a parte do corpo mais representativa e exposta, na qual expressamos nossos sentimentos e emoções. O desejo de conservar a beleza é procurado pela grande maioria das pessoas com o objetivo de manter-se jovem, bela e desejada, contribuindo desta forma para qualidade de vida e satisfação pessoal (BORGES, 2006).
Scotti e Velasco (2003) afirmam que as alterações do envelhecimento irão depender da qualidade de vida de cada indivíduo teve durante sua existência e, também os fatores intrínsecos e extrínsecos.
Para Souza et al. (2007), o envelhecimento biológico é caracterizado pela diminuição da capacidade funcional e o aumento da susceptibilidade de certas doenças e insultos ambientais. Junqueira e Carneiro (2004) afirmam que a célula está programada geneticamente para deteriorar-se ou morrer, principalmente a partir dos 30 anos de idade, e a pele é um dos indicadores mais evidentes.
De acordo com Bagatin (2009) o envelhecimento intrínseco é o natural, inevitável, comum a todas as pessoas, relacionado a fatores genéticos, cumulativo, caracterizado por atrofia da pele e rugas finas por afetar principalmente as fibras elásticas dérmicas.
Já o envelhecimento extrínseco depende, além de outros, da relação entre o fototipo e a exposição à radiação solar. O envelhecimento caracteriza-se por rugas profundas na pele espessada, amarelada, seca, melanoses, telangectasias, poiquiloderme, queratoses actínicas e maior ocorrência de câncer de pele correspondem a 85% das rugas presentes na pele envelhecida (BAGATIN, 2009).
Além do sol há vários fatores que concorrem para que o envelhecimento natural seja acelerado como: tabagismo, etilismo, estresse, poluição, intempéries climáticas, hábitos alimentares no processo de envelhecimento (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
A pele vai gradativamente perdendo a elasticidade, devido diminuição das fibras elásticas e o espessamento e rigidez das fibras colágenas. A camada adiposa se torna irregular e a diminuição das trocas metabólicas toma a superfície da pele ressecada, dando origem á presença de rugas (GUIRRO; GUIRRO 2004).
Os principais sinais do envelhecimento são as rugas, hipertrofias, pele seca, perda de luminosidade e ptose tissular (BUCHIL, 2002 apud SOUZA, 2007).
Quando classificadas clinicamente, as rugas podem ser: superficiais e profundas. As superficiais são aquelas que desaparecem com o estiramento da pele, diferindo das profundas que não sofrem alteração quando a pele é estirada (KEDE; SABATOVICH, 2004).
As rugas recebem ainda outra classificação: rugas estáticas, dinâmicas e gravitacionais. As estáticas são conseqüências da fadiga das estruturas que constituem a pele, em decorrência da repetição dos movimentos e aparecem mesmo na ausência deles. As dinâmicas ou linhas de expressão surgem como conseqüência de movimentos repetitivos da mímica facial e aparecem com o movimento. Já as rugas gravitacionais são conseqüentes da flacidez da pele, culminando com a ptose das estruturas da face (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
Richard Glogal elaborou uma classificação do fotoenvelhecimento que varia do tipo l ou tipo IV. Que são, tipo I: mínimas rugas, fotoenvelhecimento inicial, alteração na pigmentação, ausência de queratoses; presente em pessoas dos 20 aos 30 anos; tipo II: a pele permanece lisa na ausência de movimentos, mas durante a movimentação as rugas aparecem, presença de lentigos senis e telangectasias, mas não possui queratoses visíveis; presente em pessoas dos 30 aos 40 anos; tipo III: rugas visíveis mesmo na ausência de movimentação, presença de lentigos senis, telangectasias e queratoses solares; acomete pessoas acima dos 50 anos; tipo IV: rugas generalizadas, diminuição da espessura da epiderme, pele com aumento da espessura da camada córnea, maior tendência a câncer de pele; acomete pessoas acima dos 60 anos (SOUZA, 2007).
Além das rugas, encontramos também na face, outras alterações cutâneas agravadas com o passar dos anos, que são as ptoses. A pele distrófica e rugas, não conseguem acompanhar a redução do conteúdo, resultando um envoltório excessivo e conseqüente flacidez. As ptoses podem ser classificadas em grau l: leve redundância da pele das pálpebras, alteração do contorno facial, com leve abaulamento submandibular; grau ll: queda lateral das pálpebras superiores, formação de bolsa em pálpebras inferiores com redundância de pele. Perda parcial do contorno facial com abaulamento acentuado acima dos sulcos nasogenianos; e grau Ill: aumento das bolsas palpebrais inferiores e redundância acentuada da pele tanto das pálpebras superiores como das inferiores (KEDE, 2004).
A pele, diferentemente dos outros órgãos, não envelhece harmoniosamente, pois a exposição solar no ambiente externo torna o processo de envelhecimento mais rápido e maior nas áreas expostas, levando assim, ao chamado envelhecimento precoce. Embora o envelhecimento cutâneo seja um processo orgânico natural, o mesmo é influenciado por vários fatores e pode tanto ser acelerado quando retardado (GILCHREST; KRUTMANN, 2007).
Para isso existem, atualmente, inúmeras abordagens terapêuticas com a finalidade de eliminar ou amenizar essas alterações, podendo ser realizada através de fármacos, cosméticos, aplicações, reparo cirúrgico entre outros (PANDOLFO, 2011).
Figura 2. Alterações decorrentes do envelhecimento, em diferentes faixas etárias. A. De 20 a 25 anos: linhas orbiculares visualizadas com a expressão facial.
B. De 45 a 55 anos: rugas periorbiculares, frontais e glabelares; acentuação do sulco nasogeniano; pregas transversais na região do pescoço; formação de bolsas gordurosas
nas pálpebras inferiores. C. Acima de 55 anos: Acentuação das rugas e pregas; atenuação de eminência malar; depressão do sulco nasolabial; ptose facial. Fonte: KEDE, 2004.
4. Ácido hialurônico
O conceito de antienvelhecimento consiste na prevenção, que visa evitar e reduzir o aparecimento de sinais do envelhecimento; e no tratamento que pretende reverter manifestações clínicas aparentes na pele envelhecida (OLIVEIRA, 2009).
O tratamento consiste em aplicação de cosméticos que refere à proteção e hidratação, e aplicação de agentes tópicos que seriam os cosméticos com substâncias antioxidantes, retinóides, hidroxiácidos, despigmentantes, fatores de crescimento e agentes antiinflamatórios (OLIVEIRA, 2009).
No nível do estrato córneo é fundamental que exista na sua superfície um equilíbrio adequado de lipídeos, de substâncias hidrossolúveis e quantidade de água. A pele hidratada consiste na manutenção desses mecanismos fisiológicos da barreira cutânea (COSTA, 2013).
Os cosméticos hidratantes têm a função de restabelecer o conteúdo hídrico da pele desidratada, protegê-la e proporcionar as condições necessárias à recuperação das suas propriedades naturais (OLIVEIRA, 2009).
O ácido hialurônico (AH) é um polímero carbohidratado linear e natural que pertence à classe dos glicosaminoglicanos não-sulfatados. Ele é um polissacarídeo composto por unidades dissacarídicas repetidas de ácido D-glucurónico e N-acetilglucosamina (Figura 1) (Guillaumie et al, 2006).
O ácido hialurônico (AH) é um polissacarídeo de elevado peso molecular e componente essencial da matriz extracelular da derme que está diretamente envolvido na reparação de tecidos (LAURENT; FRASER, 1992; HARGITTAI; HARGITTAI, 2008; TZELLOS et al., 2009).
Figura 3. Representação esquemática da estrutura do ácido hialurônico
O ácido hialurônico da pele é produzido principalmente por fibroblastos e queratinócitos. Na camada dérmica, o ácido hialurônico aparece especialmente relacionado com as microfibrilas de colágeno, fibras colágenas e elásticas. O ácido hialurônico quando sintetizado pelos queratinócitos, é transferido para o estrato córneo e está envolvido na estrutura e organização da matriz extracelular, além de facilitar no transporte de íons e nutrientes e a preservação da hidratação do tecido. A presença da água na derme vai para a epiderme por meio dos espaços extracelulares, e a barreira extracelular rica em lipídeos impede a fuga da água da camada granular, fazendo uma reserva adequada de água, que garante uma hidratação ótima das camadas da epiderme. Esses processos são cruciais para a manutenção da hidratação da pele (KIM, 2006). Este ácido é muito importante para manter hidratação natural e o colágeno na pele, o que resulta em uma pele mais firme, melhor hidratada e mais jovem (GARBUGIO; FERRARI 2010).
O ácido hialurônico apresenta uma elevada solubilidade em água, que é devida a diversos fatores, que está relacionada com a presença de 4 grupos hidroxilas (-OH) e um grupo salino –COO- Na+ por cada unidade dissacarídica. Deste modo, os grupos hidroxilas estabelecem ligações por pontes de hidrogênio com as moléculas de água, o que estabiliza o seu estado solvatado. Por outro lado, o grupo salino dissocia-se na água segundo uma reação química energeticamente favorável (TEZEL; FREDRICKSON, 2008).
O AH apresenta um efeito antioxidante, age como seqüestrante de radicais livres, aumenta a proteção da pele em relação à radiação UV e contribui para o aumento da capacidade de reparação tecidual (GUILLAUMIE et al, 2006).
A aplicação tópica de um hidratante contendo AH constitui um tratamento eficaz no combate à desidratação cutânea e, assim na prevenção do envelhecimento da pele, o que está diretamente relacionado com a sua capacidade de retenção da água e propriedades hidratantes. Na sua ação tópica não tem preenchimento interno e o seu uso contínuo procura preservar e restaurar a proteção da pele além de hidratar e agir como antioxidante (OLIVEIRA, 2009).
O ácido hialurônico possui propriedades elásticas que oferecem resistência à compressão, assim a pele consegue proteger estruturas subjacentes dos danos mecânicos existentes no meio exterior. Além disso, permite que as fibras colágenas se movam facilmente através da substância intersticial. À medida que envelhecemos as células da pele diminuem a produção do ácido hialurônico, portanto sua quantidade na pele do idoso é menor quando comparada a uma pele jovem. Portanto a redução do volume de ácido hialurônico desempenha um papel importante no desenvolvimento de rugas (MONTEIRO, 2011).
O ácido hialurônico é indicado em concentrações que variam entre 0,5 a 1,0% em géis, géis-cremes, emulsões hidratantes e cremes antienvelhecimento (FERREIRA, 2011).
5. Considerações finais
A pele desempenha um papel fundamental na proteção do organismo na sua totalidade, e tem ainda um papel fundamental na aparência física, estando fortemente associada à percepção da idade e da beleza dos indivíduos. Ela vai gradativamente perdendo a elasticidade, devido diminuição das fibras elásticas e o espessamento e rigidez das fibras colágenas.
O envelhecimento é um processo natural e progressivo, pode ser definido como um conjunto de modificações fisiológicas irreversíveis e inevitáveis. As alterações do envelhecimento irão depender da qualidade de vida de cada indivíduo teve durante sua existência e, também dos fatores intrínsecos e extrínsecos.
Surgem a cada dia pesquisas relacionadas ao tema antienvelhecimento como na prevenção, para evitar e reduzir o aparecimento de sinais do envelhecimento; e no tratamento que pretende reverter manifestações clínicas aparentes na pele envelhecida.
No envelhecimento as células da pele diminuem a produção do ácido hialurônico. Essa redução de ácido hialurônico desempenha um papel importante no desenvolvimento de rugas.
Com esse levantamento bibliográfico pode-se notar que o uso do ácido hialurônico na sua aplicação tópica como um hidratante constitui um tratamento eficaz no combate à desidratação cutânea e, assim na prevenção do envelhecimento da pele, que está diretamente relacionado com a sua capacidade de retenção da água e propriedades hidratantes. O ácido hialurônico procura preservar e restaurar a proteção da pele além de hidratar e agir como antioxidante.
Referências
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