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Influência do grau de instrução materna no desenvolvimento motor de lactentes: análise na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul

La influencia del nivel educativo de la madre en el desarrollo motor infantil: análisis en la frontera occidental del Río Grande do Sul

 

*Graduanda de Fisioterapia 10º semestre

**Fisioterapeuta. Docente

da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

(Brasil)

Carolina da Silveira dos Santos*

Eloá Maria dos Santos Chiquetti**

carol.s.santos@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: Entende-se que o desenvolvimento motor, não está relacionado somente às características da criança, mas sim a tudo que está envolvendo, incluindo cultura, nível socioeconômico, estrutura familiar e um dos fatores principais é a escolaridade da mães. A escolaridade materna tem sido apresentada, como variável independente, em trabalhos epidemiológicos que abrangem os mais variados temas em relação ao recém-nascido. Objetivo: analisar a relação do nível escolar das mães ao desenvolvimento motor de seus filhos com base na normativa canadense da Alberta Infant Motor Scale. Metodologia: Foram coletadas 136 fichas, onde os dados referentes aos bebês avaliados foram: nome, data de nascimento, gênero, idade gestacional, idade no qual se encontrava no dia da avaliação, ou idade corrigida se caso fosse prematuro, peso ao nascer, tamanho ao nascer, perímetro cefálico e apgar no 1º e no 5º minuto. Já os dados referentes às mães dos bebês avaliados foram: nome, idade, escolaridade e tipo de parto. Também continham nestas fichas a data da avaliação, total dos pontos nas posturas prono, supino, sentado e em pé e o total de todos os pontos que os bebês conseguiam no AIMS. Resultados: 61 (44,85%) eram do gênero masculino e 75 (54,14%) do gênero feminino. Quanto às variáveis dos bebês, a idade teve uma média de 7 meses, o peso ao nascer teve uma média de 3,139 Kg, o tamanho do bebê ao nascer, teve uma média de 47,96 cm, o apgar no primeiro minuto, teve uma média de 7,93 e o apgar no quinto minuto, teve uma média de 9,11, o perímetro cefálico ao nascer, o resultado da média deu 34,68 cm, quando a porcentagem total do AIMS, a média dos resultados foi de 21,69, sendo que a posição de prono teve média de 7,70, a posição de supino teve média de 4,88, a posição de sentado teve média de 4,91 e a posição em pé teve média de 4,45. Agora quando as variáveis das mães, a idade teve uma média de 28,94 anos, e a escolaridade, 46 (33,82%) delas tinham o Ensino Fundamental Incompleto, 25 (18,38%) delas tinham o Ensino Fundamental Completo, 23 (16,91%) delas tinham o Ensino Médio Incompleto, 39 (28,67%) delas tinham o Ensino Médio Completo e 2 (1,47%) delas tinham o Ensino Superior Completo. Elas foram divididas em dois grupos, Ensino Fundamental Completo e Ensino Médio Completo, onde não tiveram diferença significativa analisado à normativa do percentil canadense da AIMS, tendo um p=0,9360 e mais dois grupos, Ensino Fundamental Incompleto e Ensino Médio Incompleto também não teve diferença significativa analisado à normativa do percentil canadense da AIMS, tendo um p=0,9037. Discussão: A influência do ambiente, e do nível escolar e socioeconômico tem uma porcentagem alta em relação ao desenvolvimento motor, mas referentes aos resultados apresentados nesse estudo, não se obteve diferença significativa em relação aos grupos analisados com formação do ensino ou não. Não foi apresentado um percentil diferenciado em relação ao grupo de Ensino Fundamental Completo e do Ensino Médio Completo, nem em relação ao grupo de Ensino Fundamental Incompleto e do Ensino Médio Incompleto. Em relação aos quatro grupos analisados juntos, também não se obteve significância importante para demonstrar o quanto o nível de escolaridade materna está influenciando no desenvolvimento motor de seu filho(a). Conclusão: Com tudo, o estudo do desenvolvimento infantil passa pela compreensão das múltiplas conexões na qual a criança está inserida e são inúmeros os fatores associados ao atraso no desenvolvimento.

          Unitermos: Grau de instrução materna. Desenvolvimento motor. Lactentes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O desenvolvimento motor é considerado um processo seqüencial e contínuo relacionado à idade cronológica. Portanto esta relação gerará possibilidade do ser humano adquirir uma grande quantidade de movimentos simples e desorganizados, nos quais estes conseqüentemente darão origem a habilidades motoras altamente organizadas e complexas (WILLRICH, AZEVEDO e FERNANDES, 2009).

    Quando se fala de desenvolvimento motor, logo se pensa em algumas áreas distintas de estudos que pesquisam sobre o mesmo, sendo eles o estudo biológico, antropológico, sociológico e o psicológico (MARTINS et al., 2004). Em conseqüência disto, entende-se que o desenvolvimento motor, não está relacionado somente às características da criança, mas sim a tudo que está envolvendo, incluindo cultura, nível socioeconômico, estrutura familiar (ROSA et al., 2010) e um dos fatores principais é a escolaridade da mães (HAIDAR, OLIVEIRA e NASCIMENTO, 2001).

    A escolaridade materna tem sido apresentada, como variável independente, em trabalhos epidemiológicos que abrangem os mais variados temas em relação ao recém-nascido (HAIDAR, OLIVEIRA e NASCIMENTO, 2001). Além disso, existem efeitos negativos da gravidez, tanto no futuro profissional quanto no crescimento pessoal dessas mães, sendo comprovado que a maioria não chega á terminarem o Ensino Médio, acarretando uma diminuição na inserção no mercado de trabalho (RODRIGUES, 2010).

    O objetivo deste presente estudo é analisar a relação do nível escolar das mães ao desenvolvimento motor de seus filhos com base na normativa canadense da Alberta Infant Motor Scale (AIMS).

Materiais e métodos

    Esse trabalho faz parte do projeto de extensão: Desenvolvimento Motor Infantil: Ações de Promoção e Prevenção Através da Atenção Fisioterapêutica. Os acadêmicos do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA realizaram um questionário onde era aplicado com as mães na Policlínica Infantil, contendo perguntas sobre os bebês e alguns dados pessoais das mães. Os critérios de inclusão para a amostra foram: os atendimentos feitos no ano de 2011 e obter todos os dados na ficha de avaliação realizada pelos alunos do projeto. Já os critérios de exclusão foram ser mães adolescentes (menores de 20 anos).

    Foram coletadas 136 fichas, onde os dados referentes aos bebês avaliados foram: nome, data de nascimento, gênero, idade gestacional, idade no qual se encontrava no dia da avaliação, ou idade corrigida se caso fosse prematuro, peso ao nascer, tamanho ao nascer, perímetro cefálico e apgar no 1º e no 5º minuto. Já os dados referentes às mães dos bebês avaliados foram: nome, idade, escolaridade e tipo de parto. Também continham nestas fichas a data da avaliação, total dos pontos nas posturas prono, supino, sentado e em pé e o total de todos os pontos que os bebês conseguiam no AIMS.

    Como materiais foram utilizados espaços vazios da Policlínica Infantil, já os materiais de avaliação, foram utilizados colchonetes no chão e brinquedos para estimular as crianças avaliadas, sempre analisando as posturas adotadas na Alberta Infant Motor Scale (AIMS), relacionando no final a idade do bebê no dia da avaliação e o resultado da normativa canadense da AIMS. A AIMS permite avaliar o desempenho motor de recém nascidos até os 18 meses de idade. Propõe a observação de 58 itens, agrupados em 4 subescalas segundo as posições: 21 itens em prono, 9 em supino, 12 sentado e 16 em pé. O instrumento pressupõe mínima manipulação, analisando-se, para cada postura, descarga de peso, alinhamento postural e movimentos antigravitacionais, observando os padrões de postura do bebê de acordo com a idade.

    Para análise estatística, será utilizado o software GraphPad Prism. Nele, será testado a normalidade, seguindo com a análise no teste paramétrico ou não paramétrico. Também será avaliado o Test T para comparação de duas variáveis (mães com ensino fundamental e ensino médio completo e mães de ensino fundamental e ensino médio incompleto) e o teste ANOVA 1 way para comparação entre as quatro variáveis.

Resultados

    O estudo foi composto por 136 crianças, onde 61 (44,85%) eram do gênero masculino e 75 (54,14%) do gênero feminino. Já quanto à idade dos bebês analisados teve uma média de 7 meses, sendo que se obteve apenas 1 (0,73%) criança com a menor idade, 5 dias, 1 (0,73%) com a maior idade, 19 meses e também 1 (0,73%) que não tinha resposta da idade do bebê no dia da avaliação.

    A respeito das variáveis dos bebês, os resultados apresentados quanto o peso ao nascer teve uma média de 3,139 Kg, sendo obteve 1 (0,73%) criança com o menor peso, 1,790 Kg, 1 (0,73%) criança com o maior peso, 4,755 Kg e 6 (4,41%) crianças não tinham resposta na ficha de avaliação. Já quanto o tamanho do bebê ao nascer, teve uma média de 47,96 cm, onde se obteve 1 (0,73%) criança com o menor tamanho, 39 cm, 1 (0,73%) criança com o maior tamanho, 62 cm e 11 (8,08%) não tinham resposta no dia da avaliação.

    Os resultados apresentados quanto ao apgar no primeiro minuto, teve uma média de 7,93, sendo que 1 (0,73%) criança teve a nota 1, 2 (1,47%) crianças tiveram a nota 4, 2 (1,47%) crianças tiveram a nota 5, 4 (2,94%) crianças tiveram a nota 7, 12 (8,82%) crianças tiveram a nota 8 e 22 (16,17%) crianças tiveram a nota 9 e 93 (68,38%) crianças não tinham resposta na ficha de avaliação. Agora quanto ao apgar no quinto minuto, teve uma média de 9,11, sendo que 1 (0,73%) criança tiveram a nota 3, 1 (0,73%) criança tiveram a nota 4, 1 (0,73%) criança tiveram a nota 7, 5 (3,67%) crianças tiveram a nota 8, 14 (10,29%) crianças tiveram a nota 9, 23 (16,91%) crianças tiveram a nota 10 e 91 (66,91%) não tinham resposta na ficha de avaliação.

    Quanto o perímetro cefálico ao nascer, o resultado da média deu 34,68 cm, sendo que obteve 1 (0,73%) criança teve o menor valor, 28 cm, 1 (0,73%) criança teve o maior valor, 47 cm e 63 (46,32%) crianças não tiveram resposta na ficha de avaliação.

    E quando a porcentagem total do AIMS, a média dos resultados foi de 21,69, sendo que 7 (5,14%) bebês apresentaram o maior valor, que foi 58%, e 12 (8,82%) bebês apresentaram o menor valor, que foi 4%. Já quanto às posições de prono, a média dela foi de 7,70, sendo que 20 (14,70%) crianças apresentaram apenas 1 das posições de prono, e 21 (15,44%) bebês apresentaram as 21 posições de prono. Na posição de supino, a média foi de 4,88, sendo que 19 (13,97%) crianças apresentaram apenas 1 posição de supino e 42 (30,88%) apresentaram as 9 posições de supino. Na posição de sentado, a média foi de 4,91, sendo que 54 (39,70%) bebês apresentaram 1 posição de sentado, e 29 (21,32%) crianças apresentaram as 12 posições do sentado. Na posição em pé, a média foi de 4,45, sendo que 32 (23,52%) bebês apresentaram 1 posição do em pé e 8 (5,88%) crianças apresentaram as 16 posições do em pé. E quanto à normativa canadense, a média foi de 29,64, sendo que 1 (0,73%) bebê apresentou o maior valor, que foi 97, e 11 (8,08%) crianças apresentaram o menor valor, que foi 0.

    Já a respeito das variáveis das mães, os resultados quanto à idade da mãe, tiveram uma média de 28,94 anos, onde 12 (8,82%) mães tinham a menor idade, 20 anos e 1 (0,73%) mãe teve a maior idade, 45 anos. E quanto à escolaridade das mães, 46 (33,82%) delas tinham o Ensino Fundamental Incompleto, 25 (18,38%) delas tinham o Ensino Fundamental Completo, 23 (16,91%) delas tinham o Ensino Médio Incompleto, 39 (28,67%) delas tinham o Ensino Médio Completo e 2 (1,47%) delas tinham o Ensino Superior Completo.

    Quanto os resultados da estatística, foram divididos em quatro grupos para serem analisados entre si e entre dois grupos cada. A respeito dos dados relacionados de Ensino Fundamental Completo e Ensino Médio Completo não tiveram diferença significativa analisado à normativa do percentil canadense da AIMS, tendo um p=0,9360 usado no Test T não paramétrico (teste para comparar duas variáveis não paramétricas). Já o grupo de análise do Ensino Fundamental Incompleto e Ensino Médio Incompleto também não teve diferença significativa analisado à normativa do percentil canadense da AIMS, tendo um p=0,9037 usado no Test T não paramétrico. Agora para analisar os quatro grupos juntos, Ensino Fundamental Incompleto e Completo e Ensino Médio Incompleto e Completo, foi utilizado ANOVA 1Way com o teste Kruskal-Wallis com post hoc de Dunn’s e p=0,9910, obtendo também uma diferença não significativa analisado à normativa do percentil canadense da AIMS.

Discussão

    O desenvolvimento motor infantil está relacionado com a integridade neurológica, juntamente com algumas etapas essenciais, como o aprendizado e como as habilidades adquiridas através de experiências vivenciadas pela própria criança, proporcionando assim, futuramente, que o recém-nascido dependente possa transformar-se em um adulto produtivo e capaz de inserir-se socialmente. O desenvolvimento também será influenciado por diversos fatores, ressaltam-se entre eles os principais como: as condições nutricionais, ambientais, a estimulação que pode ser favorecida pela relação familiar com a rotina da criança e, além desses, o padrão cultural, o nível educacional e socioeconômico da família (AMORIM, LAURENTINO, BARROS, FERREIRA, FILHO, RAPOSO, 2009).

    Embora, a motricidade humana possa ser influenciada por fatores como os riscos biológicos e genéticos, atualmente, os riscos ambientais/domiciliar vem cada vez mais aumentando sua porcentagem na melhoria do desenvolvimento motor das crianças. Além de ser o primeiro ambiente vivenciado pelo lactente no início da vida, ali se tem a interação com os pais, a variabilidade de estimulação e a disponibilidade de brinquedos, proporcionando assim um melhor desempenho do bebê nas etapas obrigatórias de seu desenvolvimento (DEFILIPO, FRÔNIO, TEIXEIRA, LEITE, BASTOS, VIEIRA, RIBEIRO, 2012).

    Os fatores que são considerados de influência negativa no desenvolvimento são encontrados com maior intensidade na população de menor renda devido aos efeitos acarretados pelo baixo nível social e econômico, inadequada ingestão de alimentos e baixo nível de estimulação ambiental (AMORIM, LAURENTINO, BARROS, FERREIRA, FILHO, RAPOSO, 2009).

    Como analisado, nos estudos citados acima, a influência do ambiente, e do nível escolar e socioeconômico tem uma porcentagem alta em relação ao desenvolvimento motor, mas referentes aos resultados apresentados nesse estudo, não se obteve diferença significativa em relação aos grupos analisados com formação do ensino ou não. Não foi apresentado um percentil diferenciado em relação ao grupo de Ensino Fundamental Completo e do Ensino Médio Completo, nem em relação ao grupo de Ensino Fundamental Incompleto e do Ensino Médio Incompleto. Em relação aos quatro grupos analisados juntos, também não se obteve significância importante para demonstrar o quanto o nível de escolaridade materna está influenciando no desenvolvimento motor de seu filho(a).

Conclusão

    Com tudo, o estudo do desenvolvimento infantil passa pela compreensão das múltiplas conexões na qual a criança está inserida e são inúmeros os fatores associados ao atraso no desenvolvimento. Esses achados podem subsidiar o desenvolvimento de políticas, programas e ações voltadas à população infantil e adulta, por meio de orientações de práticas que visem minimizar o efeito do ambiente inadequado para o desenvolvimento da criança e que tenham por conseqüência a promoção da saúde e a prevenção de maiores complicações seqüenciais ao atraso no desenvolvimento motor dessas crianças.

Referências bibliográficas

  • AMORIM, R.C.A.; LAURENTINO, G.E.C.; BARROS, K.M.F.T.; FERREIRA, A.L.P.R.; FILHO, A.G.M.; RAPOSO, M.C.F. Programa de Saúde da Família: Proposta para Identificação de Fatores de Risco para Desenvolvimento Neuropsicomotor. Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 13, n. 6, p. 506-13, nov./dez. 2009.

  • DEFILIPO, E.C.; FRÊNIO, J.S.; TEIXEIRA, M.T.B.; LEITE, I.C.G.; BASTOS, R.R.; VIEIRA, M.T.; RIBEIRO, L.C. Oportunidades do Ambiente Domiciliar para o Desenvolvimento Motor. Rev Saúde Pública 2012;46(4):633-4.

  • HAIDAR, F.H.; OLIVEIRA, U.F.; NASCIMENTO, F.L.C. Escolaridade Materna: Correlação com Os Indicadores Obstétricos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 17(4):1025-1029, jul-ago, 2001.

  • RODRIGUES, R.M. Gravidez na Adolescência. Nascer e Crescer, revista do hospital de crianças Maria Pia, ano 2010, vol XIX, n.º 3.

  • ROSA NETO, F.; SANTOS, A. P. M.; XAVIER, R. F. C.; Amaro, K. N.: A Importância da Avaliação Motora em Escolares: Análise da Confiabilidade da Escala de Desenvolvimento Motor. Revista Brasileira Cineantropom Desempenho Humano 2010, 12(6):422-427.

  • WILLRICH, A.; AZEVEDO, C. C. F.; FERNANDES, J. O. Desenvolvimento motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção. Revista Neurociências. 2009.

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