efdeportes.com

A realidade da Educação Física escolar em escolas rurais: uma 

análise das estruturas físicas designadas para a prática esportiva

La realidad de la Educación Física escolar en escuelas rurales: un análisis
de las estructuras físicas asignadas para la práctica deportiva

 

*Graduadas em Educacão Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educacão Física pela Unicamp

**Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

(Brasil)

Danieli Cristina Viana*

Kerolin Maike Hasse*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho foi analisar a infraestrutura de Escolas rurais para as aulas de Educação Física. Este estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica e pesquisa de campo qualitativa. Foi aplicado um questionário para 8 pessoas, sendo esses Professores e Diretores de escolas rurais. As fotografias foram tiradas de 8 escolas, sendo 6 no Estado de Santa Catarina e 2 no Estado do Paraná. Os resultados obtidos possibilitam concluir através do questionário e das fotografias que algumas escolas não possuem uma infraestrutura adequada para a realização das aulas de Educação Física, pois nestas encontramos áreas sem estrutura com apenas espaços gramados, areia e quadras descobertas. Em outra escola não encontramos espaços para as aulas, sendo que eles utilizam a quadra que foi cedida pela comunidade. Apenas em uma escola foi encontrada uma infraestrutura adequada para atender às aulas.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Escolas rurais. Infraestrutura.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A infraestrutura é um dos principais fatores que influenciam de forma significativa para um bom desenvolvimento de escolares (ALBERNAZ; FERREIRA; FRANCO, 2002). A diferença que há entre as escolas no que diz respeito ao ambiente físico, aos materiais disponíveis, aspectos de professores e alunos, tem se tornado um empecilho para a aceitação de sugestões gerais para a rede estadual de educação, ou seja, não é possível realizar um proposta para atender toda a rede pela diversidade de ambiente físico, materiais e o perfil de cada professor e aluno (TOKUYOCHI et al., 2008).

    Vedovato e Monteiro (2008) realizaram uma pesquisa sobre as condições de trabalho dos professores em escolas estaduais paulistas, onde alguns dos problemas citados foram a falta de recursos materiais para aplicar aulas e ambiente físicos impróprios na escola. Já em outra pesquisa realizada por Tokuyochi et al. (2008) em várias cidades do estado de São Paulo, vem revelando que as principais queixas dos profissionais de Educação Física é a falta de espaços disponíveis para o desenvolvimento das aulas, alegando assim, realizarem aulas no pátio da escola como espaço alternativo. Os professores referem-se também a falta de materiais disponíveis, materiais didáticos como bola, corda, arcos ou até mesmo livros indicados pelos professores.

    A escola geralmente é o lugar onde a criança tem o primeiro contato com as modalidades esportivas, entretanto muitos professores acabam necessitando de adaptações em espaços recíprocos. Além desse problema, destaca-se também a questão das atividades físicas serem realizadas em ambientes onde não há proteção, ou seja, não há cobertura deixando as crianças expostas ao sol, podendo trazer grandes malefícios para a saúde do escolar (TOKUYOCHI et al., 2008). Assis (2011) é outro autor que vem falando sobre o mesmo problema, ele cita reclamações dos professores sobre a falta de ginásio na escola, pois em dias de chuva o espaço que eles utilizam acaba molhado.

    A infraestrutura em escolas afeta não somente o desenvolvimento do escolar como o trabalho que o educando pretende realizar, pois as condições de trabalho oferecidas a eles muitas vezes são desanimadoras (UNESCO, 2004, p.13 apud TOKUYOCHI et al., 2008), fazendo com que os professores sempre mudem de escola, não criando assim, vínculos com os alunos e a comunidade escolar.

    A pesquisa Retrato da Escola II (CNTE, 2001) realizada por Abicalil (2002) vem falando que a situação de infraestrutura das escolas tem grande importância no estágio de desenvolvimento dos escolares. A situação de infraestrutura em escolas privadas são superiores as das escolas públicas. E a situação das escolas rurais é insuficiente.

    Existe uma opinião contrária referente à falta de espaço físico e materiais nas escolas, Molina Neto (1997) apud Oliveira (2011) aponta que a incompetência dos educadores para trabalhar em escolas públicas, vai além da diversidade de materiais e espaço físico, sendo assim, o professor segundo o autor, deveria vir instruído a ser independente de materiais e espaços físicos para transmitir o conhecimento aos alunos adquirido em sua formação.

Diferenças entre escolares da zona rural e urbana

    O sistema educacional da zona rural é diferente do da zona urbana pelo motivo de haver interesses distintos entre ambos, sendo os conteúdos curriculares e os métodos usados as principais diferenças encontradas em cada região. Um exemplo é o calendário da zona rural que é adaptado aos dias de ciclo agrícola e trabalho rural (BRASIL, 1996 apud PEDROSA et al., 2010).

    Crianças do meio rural, segundo Madanços et al. (2011) têm uma maior liberdade fora do contexto escolar, pois o espaço em que vivem é favorável para que possam realizar muitas atividades e brincadeiras. Elas obtém também uma maior confiança dos pais em saírem para brincar, pois o meio em que vivem faz com que desenvolvam laços de amizades mais confiáveis. O autor Bandeira et al. (2009), cita também que crianças inseridas no meio rural necessitam trabalhar na plantação, colheita, porque precisam ajudar na renda familiar, muitas vezes a criança acaba não frequentando a escola ou quando consegue ir acabam desistindo antes de completar o ensino médio, pois não são oferecidas a ela condições que favorecem a permanência da mesma, isso faz com que a criança seja prejudicada, pois ela perde fases necessárias de sua infância.

    Bankoff et al. (1997) relatam como resultado de uma pesquisa, que estudantes do meio rural no período que não estão na escola são menos favorecidos que estudantes do meio urbano por ter que durante o período não-escolar ajudar os pais nos trabalhos agrícolas e nos afazeres domésticos, não permitindo, que esses, possam realizar programas de atividade física durante a semana. Logo, os estudantes das escolas do meio urbano desfrutam de tempo livre durante a semana para realizar essas atividades.

    De acordo com Bankoff et al. (1997) a educação física escolar deve constatar a participação dos alunos nas aulas e nas atividades extraclasses, a fim de impedir que os estudantes se tornem sedentários. Observando que os maiores percentuais de pais agricultores empregam seus filhos nos trabalhos agrícolas e nos afazeres domésticos, é necessário que haja uma conscientização sobre o excesso de trabalho para crianças e adolescentes. Os estudantes percebidos entre infância e adolescência deveriam estar executando atividades de lazer, atividades físicas e se relacionando com indivíduos da mesma idade.

    Outro fator que dificulta o acesso da criança do meio rural em seus estudos, é a forma de como ela se locomove até a escola. Segundo Pegoretti (2005), por mais que haja um transporte gratuito de acesso a escola, existe limitações rigorosas levando em pauta o isolamento geográfico e também limitações de transporte. Nesse contexto rural, muitas crianças acessam a escola por meios não regularizados como (trator, barcos, caminhão, carroça) ou de modo não motorizado (a pé e de bicicleta). Pegoretti (2005) diz que o tempo gasto no deslocamento até a escola é um fator que prejudica na aprendizagem da criança.

    Já crianças do meio urbano, segundo Madanços et al. (2011), tem algumas dificuldades em fazer atividades fora do contexto escolar, pois não podem brincar em determinados espaços tendo que se deslocar para outros lugares para realizar atividades, porém, pode ser perigoso pois o nível de trânsito é elevado, fazendo com que os pais imponham limites de deslocamento, além disso, os pais acabam não criando laços de confiança duradouros, pois o meio urbano vive em constantes mudanças , acarretando numa permanência maior dentro de casa.

    Em relação às situações referentes, Madanços et al. (2011) afirmam que os diferentes meios em que as crianças vivem e desenvolvem o seu modo de comportar-se irá condicionar em futuras práticas constantes, tornando assim, uma rotina. Para Gonçalves (2004) a educação do corpo desenvolve o campo das capacidades de traduzir o mundo, de expressar e criar, a par de que as crianças têm necessidade de correr, de jogar, de saltar, de imitar, etc.

    Outra situação que ocorre, é que estudantes que moram em cidades pequenas ou na zona rural podem ser provavelmente mais satisfeitos com seu aspecto físico, que estudantes da zona urbana por estarem menos pressionados a seguir os padrões atuais da beleza que a mídia transmite (PETROSKI; PELEGRINI & GLANER, 2009).

    Petroski, Pelegrini e Glaner (2009) falam que, é provável que a insatisfação do corpo seja uma realidade da adolescência e não parece estar ligado ao espaço geográfico onde vivem. Já Triches e Giugliani (2007) apud Petroski, Pelegrini e Glaner (2009) dizem que pré-adolescentes que vivem na zona urbana, estão duas vezes mais propícios a desenvolver insatisfação corporal do que os da zona rural.

    Outro problema que é ocorre em relação à zona rural é a falta de professores capacitados. Ferreira et al. (2011) acreditam que maioria dos professores da zona rural tem uma formação inicial muito pequena para instruir e dificilmente prosseguem com os estudos, tendo assim, uma formação continuada não suficiente e com pouco conhecimento pedagógico para atuarem profissionalmente. Ferreira et al. (2011) diante desse estudo, acreditam ser importante investir na formação de professores da zona rural.

Método

    Tratou-se de uma pesquisa de campo em caráter qualitativo, entrevistando profissionais da educação e fotografando a infraestrutura de escolas rurais. Para a realização dessa pesquisa foi criado um questionário para o levantamento dos dados, as perguntas realizadas foram as seguintes:

    Além da coleta de dados através do questionário, foi utilizado a estratégia de fotografar os espaços onde ocorrem a realização das aulas de Educação Física. A pesquisa foi realizada em dois estados da região Sul do Brasil, sendo o primeiro, no Estado de Santa Catarina. Neste Estado foi realizado a pesquisa em seis escolas, sendo a primeira na cidade de Rio do Oeste, que está localizada na Micro Região do Alto vale do Itajaí, com população de 7.094 hab. - Censo IBGE/2010. Nesta cidade as principais fontes de renda são a agricultura e agropecuária (arroz, milho, fumo, produção de leite) e também o turismo predomina. A Escola que foi realizada a pesquisa nesta cidade é chamada de Escola de Ensino Fundamental Fortunato Tarnowski, nela não encontramos coordenadores ou Professores para passar informações.

    A segunda escola visitada foi a Escola Municipal Honorato Stédille, que está localizada no Munícipio de Laurentina, que se encontra também na Micro região do Alto Vale do Itajaí, com população de 6.005 hab. Censo IBGE/2010. Na Escola conseguimos conversar com a Diretora e um Professor de Educação Física.

    A terceira visita, foi a Escola Municipal Rosa Lanznaster de Souza, que se localiza na Micro Região do Alto Vale do Itajaí, na cidade de Agronômica com população de 4.954 hab. Censo IBGE/2011. Na escola não encontramos nenhum professor ou coordenador para passar informações sobre a mesma.

    A quarta cidade foi em Jaraguá do Sul que esta localizada na região Norte do Estado, nesta cidade visitamos a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Arnoldo Schulz e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Henrique Heise. Em Jaraguá também não encontramos presença de Professores ou Coordenadores.

    A última cidade a ser visitada chama-se Pomerode, ela fica na região do Vale do Itajaí, com população de 27.772 hab. Censo IBGE/2010. A escola que encontramos chama-se Escola Municipal Raulino Horn. Da mesma forma, nesta escola não encontramos nenhum responsável para passar informações sobre a mesma.

    O segundo Estado a ser realizada a pesquisa foi no Paraná, neste estado visitamos duas escolas, no Município de Nova Cantú uma pequena cidade localizada na região centro-ocidental do Paraná, há 200 km de Maringá. Nesta região, a fonte de renda da maioria dos habitantes é a agricultura e Pecuária, sendo assim, a região está envolto de pequenas chácaras, sítios e fazendas. Sua população é de 7.425 habitantes (Censo IBGE/2010).

    A primeira Escola a ser realizada a pesquisa foi no Distrito do Santo Rei na Escola Municipal Princesa Izabel, nesta escola fomos atendidos pelo guarda que nos permitiu a entrada para a pesquisa. E a outra foi a Escola Estadual Monteiro Lobato que fica no Distrito do Cantuzinho, nesta fomos recebidos por uma Professora que nos permitiu a pesquisa, porém, antes de conversarmos com ela já tínhamos pedido autorização da Diretora na cidade de Nova Cantú.

Coleta de dados

    A coleta de dados foi realizada no período de férias estudantis (Dezembro/Janeiro). As escolas que apresentaram dificuldade para entrar foram as seguintes: Escola de Ensino Fundamental Fortunato Tarnowski localizada em Rio do Oeste, Escola Municipal Rosa Lanznaster de Souza em Agronômica, Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Arnoldo Schulz e Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Henrique Heise em Jaraguá do Sul e Escola Municipal Raulino Horn em Pomerode. A Escola Municipal Honorato Stédille na cidade de Laurentino em Santa Catarina foi à única que encontramos o Professor de Educação Física e a Diretora, os mesmos nos forneceram informações importantes e nos acompanharam na visitação da Escola e na coleta das fotos.

    Na Escola Municipal Monteiro Lobato no Distrito Cantuzinho, em Nova Cantú no Paraná, também encontramos uma professora que nos permitiu a entrada na Escola para coleta das fotos. Já na Escola Municipal Princesa Isabel no Distrito do Santo Rei, localizada no mesmo munícipio, encontramos somente a presença do guarda da escola, este abriu o portão para que pudéssemos fotografar a mesma.

Resultados

    Na figura 1, podemos visualizar o espaço onde ocorrem as aulas de Educação Física na Escola de Ensino Fundamental Fortunato Tarnowski, sendo um campo de futebol com aros de basquete. Em seguida, centralizamos a foto para ver o aro de basquete utilizado em aula.

Figura 1. Escola Fortunato Tarnowski

    A próxima é a Escola Municipal Honorato Stédille, na foto abaixo se pode ver a entrada da escola onde há muitas árvores e o chão é de pedras britas, na próxima foto constatamos um pátio com mesas e bancos, onde segundo o professor, ali acontece o recreio, apresentações e jogos de tabuleiros.

Figura 2. Frente da Escola Municipal Honorato Stédille – Laurentino

 

Figura 3. Pátio da Escola Municipal Honorato Stédille – Laurentino

    A figura 4 mostra o campo e a pista de atletismo que estão em construção. Já a foto 10 apresenta uma minipista de atletismo e parquinho ao fundo. Testemunhamos na foto 11 um ginásio que está sendo construído, mas já é utilizado pelo professor nas aulas de Educação Física, e a foto 12 mostra o ginásio da Prefeitura onde os Professores usam para a prática da aula com os alunos enquanto o ginásio da escola não fica pronto, no entanto a comunidade também faz uso do mesmo.

Figura 4. Pista de Atletismo e campo da Escola Municipal Honorato Stédille – Laurentino

 

Figura 5. Parquinho e Minipista de Atletismo da Escola Municipal Honorato Stédille – Laurentino

 

Figura 6. Ginásio em Construção da Escola Municipal Honorato Stédille – Laurentino

 

Figura 7. Ginásio da Escola Municipal Honorato Stédille – Laurentino

    A figura 8 mostra fotos com o caminho até a chegada da Escola Municipal Rosa Lanznaster de Souza, a entrada da mesma, o pátio com mesas e bancos, onde é realizado o recreio. Nas outras duas fotos podem ser vistos um gramado, um caixote de areia e um espaço com pedras britas e areia que ficam no fundo da escola. Podemos perceber que em dias de chuva, deve ser difícil de realizar as aulas de Educação Física, pois como se pode observar existe ali uma grande poça d’água.

Figura 8. Escola Municipal Rosa Lanznaster de Souza

    Na Escola Municipal Raulino Horn (figura 9), podemos perceber a presença de um pequeno parquinho, e na figura 10 pode-se ver a quadra que é descoberta, então quando chove enche de poças d’água como podemos observar na foto.

Figura 9. Gangorras da Escola Municipal Raulino Horn – Pomerode

 

Figura 10. Quadra da Escola Municipal Raulino Horn – Pomerode

    Outra é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Arnoldo Schulz como pode ser visto na figura 11, nesta foto pode-se ver uma foto com o prédio da escola e no fundo uma área coberta que serve para os alunos guardarem suas bicicletas em um espaço com pedras britas e grama logo no fundo, nestes dois espaços é realizado as aulas de Educação física.

Figura 11. Frente da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arnoldo Schulz - Jaraguá do Sul e Área para 

a realização da Educação Física da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arnoldo Schulz - Jaraguá do Sul

    Na figura 12 está a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Henrique Heise, nesta podemos visualizar a quadra da Escola que fica a frente da mesma e um cemitério ao lado.

Figura 12. Quadra e Frente da Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. Henrique Heise

    Podemos visualizar na figura 13 a quadra coberta onde são realizadas as aulas de Educação Física com gols e cestas de basquete, e um gramado antes de chegar à mesma. Não foi averiguado se este gramado é utilizado durante essas aulas. Podemos visualizar mais de perto a quadra, com isso verificamos que a mesma está um pouco gasta, suja e as traves dos gols estão bem enferrujadas.

Figura 13. Quadra coberta da Escola Municipal Princesa Izabel no Distrito do Santo Rei - Nova Cantú

    A figura 13 também nos fornece uma visão da quadra pelo lado de fora, podemos ver que há uma cerca não muito alta em volta da Escola, um aluno relatou que muitas vezes durante as aulas de Educação Física a bola cai na casa dos vizinhos, às vezes o aluno tem que se deslocar para pegar a bola, ou pedir para esse vizinho entregá-la.

Resultados (questionários)

    Ao realizarmos a pesquisa de campo através do questionário, perguntamos como é a infraestrutura das escolas para aulas de Educação Física, 3 Professores responderam que a infraestrutura é boa, 4 responderam razoável e 1 disse ser ruim. A segunda pergunta foi para saber os espaços disponíveis para as aulas de Educação Física. Cinco Professores responderam que a Escola possui quadra coberta, 2 disseram que na Escola tem quadra descoberta e sem piso, 2 citaram ter pátio na Escola, apenas um falou que a Escola possui quadra descoberta e cimentada e 4 responderam que utilizam outros espaços. Podemos verificar através do resultado desta pergunta que grande parte das Escolas possui quadras cobertas, contribuindo para um melhor rendimento durante as aulas, pois os alunos não ficaram expostos a sol e chuvas. A terceira pergunta, cita sobre os materiais para as aulas de Educação Física. Podemos observar no quadro abaixo que, cinco professores disseram que há materiais suficientes para as aulas, dois falaram que possui mas não é suficiente e apenas 1 relatou que há pouquíssimo material para as aulas. Quanto a esse resultado, pode-se constatar que a maioria dos professores, não reclamaram em relação a falta de materiais, sendo isso muito bom para a prática das aulas.

    A questão quatro é descritiva, onde os professores puderam escrever como eles lidam com a falta de materiais durante as aulas. Vejamos as respostas no quadro abaixo:

Quadro 1. Questão 4

    As respostas apresentadas acima, nos mostram que os professores que não possuem espaços suficientes durante as aulas, buscam de alguma maneira utilizar outros espaços disponíveis.

    A questão cinco indaga os professores sobre a infraestrutura, se a falta da mesma prejudica a aprendizagem do aluno. Foi constatado que sete professores dizem que a infraestrutura prejudica sim a aprendizagem do aluno e apenas um acredita que não. Esse resultado afirma que a falta de infraestrutura traz prejuízos para a aprendizagem do aluno, como vários autores citados neste trabalho relataram.

    Na pergunta 6, interrogamos os professores para saber se a infraestrutura os desmotivam á dar aulas, 7 professores responderam que sim e apenas um disse que não. Nesta questão levantamos um assunto que muitas vezes acaba se tornando um problema para alguns professores. Com isso, podemos analisar que a maioria dos professores se sente desmotivada em relação à falta de infraestrutura para realizar as aulas. Percebemos então, que as autoridades devem se preocupar mais com a infraestrutura, pois a mesma melhora o desenvolvimento dos alunos e o trabalho dos profissionais de Educação Física Escolar.

    Foi perguntado na questão sete, se existe alguém na escola que tem interesse em buscar melhorias para a infraestrutura na prática da Educação Física. Todos os professores responderam que sim, existe alguém que busca essas melhoras. Na mesma pergunta, foi indagado aos professores quem tem interesse em buscar essas melhorias. A maior parte dos professores respondeu que esse interesse surge por parte da direção,

    A questão oito buscou saber se há reclamações de pais em relação à infraestrutura. Os resultados nos mostra que sete professores disseram que sim, há reclamações por parte dos pais e apenas um disse que não há. Observamos que alguns pais tem acompanhado a educação de seus filhos junto à escola.

Discussão

    Podemos ver na literatura que a infraestrutura é um dos principais fatores que influenciam de forma significativa para um bom desenvolvimento de escolares (ALBERNAZ; FERREIRA; FRANCO, 2002). Nessa pesquisa de campo, procuramos verificar se a infraestrutura de Escolas da zona rural tem sido suficiente para atender aos professores e alunos. Em uma das escolas a diretora nos informou que não existem mais escolas da zona rural, hoje é feito um núcleo com uma escola maior, e o transporte escolar busca os alunos que moram mais afastados. A escola continua afastada da cidade em bairros rurais, mais não são chamadas de escolas da zona rural. Ela também informou que as pequenas escolas rurais foram desativadas para todos os alunos estudarem nos núcleos centrais. No dia que estivemos na escola, era o dia de entrega de boletins das notas finais, vimos os ônibus chegando com os alunos e os pais. Segundo a diretora eles às vezes vêm de 20 a 21 quilômetros de distância da escola e são os ônibus que buscam.

    Os artigos vêm falando que muitos professores acabam adaptando suas aulas em espaços disponíveis oferecidos pela escola. Além desse problema, destaca-se também a questão das atividades físicas serem realizadas em ambientes onde não há proteção, ou seja, não há cobertura deixando as crianças expostas ao sol, podendo trazer grandes malefícios para a saúde do escolar (TOKUYOCHI et al., 2008). Assis (2011) é outro autor que vem falando sobre o mesmo problema, ele cita reclamações dos professores sobre a falta de ginásio na escola, pois em dias de chuva o espaço que eles utilizam acaba molhado. Foi encontrada em algumas escolas uma infraestrutura precária, sem ginásio para realizar as aulas ou mesmo quadras cobertas. Houve escolas que possuíam apenas um espaço com areia e grama para serem realizadas as aulas de educação física.

    A Diretora da Escola Municipal Monteiro Lobato que visitamos, colocou em pauta que a infraestrutura afeta a aprendizagem do aluno. Ela nos relatou que a escola em que ela trabalha, os alunos fazem aulas de Educação Física em uma quadra que foi emprestada pela comunidade, sendo assim, o Professor necessita sair de dentro da escola com os alunos e se deslocar para este local, porém o Professor não consegue ter o controle, ou seja, fazer com que todos vão à aula e não se percam pelo caminho. Segundo a Diretora, isso é bem difícil, principalmente em relação aos alunos que fazem o ensino médio no período da noite, pois ao saírem do colégio alguns alunos acabam dispersando-se para lugares com amigos ou sozinhos. A Diretora relata que é perigoso, pois mesmo sendo uma área rural, a escola está localizada em uma pequena comunidade, onde tem a questão das drogas que podem ser prejudicial aos alunos.

    A Diretora destacou outros problemas que afetam as aulas de Educação Física, segundo ela muitas vezes quando o professor sobe com os alunos para a quadra, já existem lá, pessoas ou crianças da comunidade que estão brincando no local, isto acaba atrasando e atrapalhando a aula. A Diretora mencionou também, que em dias de chuva eles enfrentam dificuldades. A primeira, é que os alunos saem da escola e sobem um pequeno barranco de terra, com gramas ao redor até chegar a quadra, essa situação é um pouco desconfortável, pois o aluno pode escorregar e acabar se machucando, outro fato é que em dias de chuva a quadra fica com possas de água, e até escorre uma enxurrada que desce de outro barranco para dentro da quadra. Para resolver esse problema, a diretora pediu que fosse construído um pequeno muro, para impedir que essa enxurrada chegasse até a quadra, segundo ela resolveu um pouco o problema, mas não totalmente.

    Já na escola de outra comunidade rural, a Diretora disse não ter problemas com nada, segundo ela está tudo bem na escola em relação às aulas de educação Física, disse ter materiais suficientes e que o espaço é bem aproveitado. Porém, foi perguntado para um Professor que trabalhou nesta escola sobre a questão das aulas e materiais, ele nos informou somente a questão dos materiais, que existem, mas não são suficientes e às vezes o professor precisa utilizar seus próprios materiais.

    Conforme o relato da Diretora da Escola Municipal Monteiro Lobato, está ocorrendo uma mudança no nome da Escola, para que assim eles consigam receber mais verbas do Governo, segundo ela o nome que era Escola Municipal Monteiro Lobato, vai passar a chamar Escola Municipal do Campo Monteiro Lobato. Com essa mudança acredita-se que virá mais recursos para a melhoria das mesmas.

    Existe uma opinião contrária referente à falta de espaço físico e materiais nas escolas, Molina Neto (1997) apud Oliveira (2011) aponta que a incompetência dos educadores para trabalhar em escolas, vai além da diversidade de materiais e espaço físico, sendo assim, o professor segundo o autor, deveria vir instruído a ser independente de materiais e espaços físicos para transmitir o conhecimento aos alunos adquirido em sua formação.

Considerações finais

    Os dados do presente estudo permitem concluir através do questionário e das fotografias que algumas escolas não possuem uma infraestrutura adequada para a realização das aulas de Educação Física, pois nestas encontramos áreas sem estrutura com apenas espaços gramados, areia e quadras descobertas. Em outra escola não encontramos espaços para as aulas, sendo que eles utilizam a quadra que foi cedida pela comunidade. Apenas em uma escola encontramos uma ótima infraestrutura para atender as aulas.

    As informações obtidas são preocupantes, pois sabemos que a falta da infraestrutura pode afetar no desenvolvimento dos alunos e desmotivar os professores de Educação Física. Dessa forma é necessário que as autoridades municipais e estaduais concedam melhores recursos às escolas da zona rural. Mas também será preciso que os professores ofereçam aulas independentes da infraestrutura, pois esses professores já deveriam vir preparados para realizar aulas com material, ou a falta do mesmo.

    Sugerimos que além de serem pedidas as autoridades que auxiliem com meios para uma melhor infraestrutura, os professores sejam orientados em cursos ou mesmo na graduação a criar aulas independentes do espaço físico ou materiais.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 192 | Buenos Aires, Mayo de 2014  
© 1997-2014 Derechos reservados