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Associação entre o nível de atividade física e o estilo de vida de

estudantes do 1º e 2º anos dos cursos de Eletrotécnica e Informática

Relación entre el nivel de actividad física y el estilo de vida de los estudiantes
de 1º y 2º años de los cursos de Electrotecnia e Informática

 

*Estudante do IFMS-Três Lagoas – Bolsista (PIBIC-EM/CNPQ)

**Doutorado em Educação - Unesp-Presidente Prudente

(Brasil)

Kevin Adrian Tsuruda Wiggers*

Alan Rodrigo Antunes**

alanantunes@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC-EM/CNPQ) e apresenta os resultados a respeito da promoção de atividades físicas dos estudantes do IFMS/Três Lagoas. Pesquisamos os conceitos de condicionamento físico, saúde e atividade física para identificar o nível de condicionamento físico dos estudantes e comparamos com o perfil do estilo de vida individual dos estudantes do Ensino Médio Técnico e Tecnológico do IFMS/Três Lagoas. Participam da pesquisa 60% (sessenta por cento de 150 estudantes) dos estudantes dos cursos de Eletrotécnica e Informática durante o período de dezembro de 2011 a dezembro de 2012. Foram realizados testes físicos (sentar e alcançar, abdominal e 9 minutos) para avaliar o nível de condicionamento físico (PROESP-BR, 2009), bem como a avaliação do percentual de gordura. Utilizamos a Ferramenta do Estilo de Vida Individual, proposta por Nahas, Barros e Francalacci (2000) para avaliar o estilo de vida dos estudantes. Depois da análise dos dados coletados consideramos que os estudantes do IFMS/Três Lagoas apresentam um baixo nível de condicionamento físico o que não corresponde com o estilo de vida encontrado. Neste sentido, a pesquisa chama atenção para utilização do questionário do estilo de vida como correspondência para o condicionamento físico relacionado a saúde, já que possuir um estilo de vida moderadamente ativo ou ativo (por meio do questionário utilizado) não apresentou relação positiva.

          Unitermos: Atividade física. Estilo de vida. Estudantes.

 

Apoio da FUNDECT (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul)

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O trabalho buscou discutir sobre a necessidade dos estudantes realizarem atividades físicas tanto no ambiente escolar quanto fora dele e para a qualificação profissional. Na qualificação profissional refere-se à aprendizagem de conteúdos referentes à ginástica laboral e na prática de exercícios físicos regulares para a prevenção de lesões. Referindo-se a prevenção de lesões e a prática regular de exercícios físicos, o conceito de condicionamento físico é de fundamental importância num processo de ensino aprendizagem que busque uma intervenção na promoção da saúde.

    Discutir sobre o excesso de adiposidade corporal com níveis altos de lipídios no sangue, abrange um dos elementos do condicionamento físico. Outro ponto está em identificar se o estudante realiza atividades físicas diariamente, relacionando o condicionamento físico com a atividade física, já que ser pouco ativo representa níveis baixos de condicionamento físico. Por fim, busca-se também analisar o estilo de vida individual e relacionar com o condicionamento físico e as atividades habituais, permitindo identificar aspectos positivos e negativos no estilo de vida dos estudantes.

    Para avaliarmos o nível de condicionamento físico para a saúde utilizamos testes físicos (sentar e alcançar, abdominal e 9 minutos) e avaliação da composição corporal (método de dobra cutânea). Para avaliar o perfil do estilo de vida individual utilizamos a Ferramenta do Estilo de Vida Individual, proposta por Nahas, Barros e Francalacci (2000), a aplicação deste instrumento permite a identificação de aspectos positivos e negativos no estilo de vida dos estudantes.

Desenvolvimento

    O trabalho identificou os níveis de atividade física dos estudantes por meio de questionários os quais geraram tabelas e, dessa forma, permitiu a construção de relações entre o condicionamento físico, o estilo de vida individual e a saúde dos estudantes, visando conscientizar os mesmos da necessidade da realização atividades físicas para melhorar o nível do estilo de vida individual e o condicionamento físico, melhorando assim um ponto relacionado à saúde, já que na atualidade, saúde tem sido definida não apenas como a ausência de doenças, mas como uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltados a um estado de completo bem-estar físico, mental, social e psicológico, caracterizada por pólos positivo e negativo. A saúde positiva estaria associada com a capacidade de apreciar a vida e de resistir aos desafios do cotidiano,enquanto a saúde negativa estaria associada com a morbidade e, no extremo, com a mortalidade.

    Nessa perspectiva utilizamos o conceito de condicionamento físico definido pela American College of Sports Medicine (ACSM, 2003, p. 8):

    [...] o condicionamento físico relacionado à saúde refere-se à capacidade que seu coração, seus vãos sanguíneos, seus pulmões e seus músculos têm de resistir às tarefas diárias e ocasionais, assim como a desafios físicos inesperados, com um mínimo de cansaço e desconforto. Em outras palavras, é a posse das reservas de energia necessárias para fazer tudo o que se deseja – e ainda mais!

    E por conseguinte, temos as seguintes definições dos componentes do condicionamento físico para a saúde segundo ACSM (2003, p. 9):

  • Capacidade aeróbia – A capacidade de o corpo captar e utilizar o oxigênio para produzir energia.

  • Capacidade muscular – A força e a resistência de seus músculos.

  • Flexibilidade – A capacidade de flexionar as articulações e os músculos por meio de uma série de movimentos.

  • Composição corporal – A relação entre a quantidade de tecido adiposo e a de outro tecido no seu corpo.

    Neste sentido, o estudante apresentando um baixo nível de condicionamento físico provavelmente apresentará um baixo nível de atividade física, o que indica um prejuízo da sua saúde. Por outro lado, se o estudante tiver um bom nível de atividade física e condicionamento físico, poderá ter uma vida saudável.

    Desta forma, a atividade física relacionada à saúde, no contexto das redes multicausais, aparece como um dos fatores que pode modificar o risco dos indivíduos para adoecerem.

Resultados

    Após a aplicação do questionário relacionado ao Estilo de Vida dos Estudantes, temos os seguintes dados:

Tabela 1. Resultado do questionário relacionado ao estilo de vida dos estudantes do sexo masculino e feminino do período matutino

    Com a análise dos resultados os dados mostram que os estudantes do período matutino, tanto os homens quanto as mulheres possuem um estilo de vida dentro do adequado, a exceção das mulheres no que diz respeito a nutrição das mesmas.

Tabela 2. Resultado do questionário relacionado ao estilo de vida dos estudantes do sexo masculino e feminino do período vespertino

    Analisando os resultados é possível observar que os estudantes desse período apresentam um estilo de vida adequado, e novamente com exceção do estilo de vida na parte nutricional das mulheres. Os pontos abrangidos no questionário (tabela 2) apresentam grande influência na saúde geral e na qualidade de vida dos indivíduos, porém os dados analisados não permitem dizer com segurança que os estudantes tem uma boa qualidade de vida, pois espera-se que esses dados apresentem relação com o condicionamento físico, i.e., os dados coletados de forma indireta apresentem similaridade positiva com o funcionamento do organismo (fidedignidade do questionário com os testes físicos).

Tabela 3. Resultados dos testes físicos e percentual de gordura masculino

 

Tabela 4. Resultados dos testes físicos e percentual de gordura feminino

    Os resultados mostram o nível de flexibilidade dos estudantes dentro do desejado, diminuindo assim a probabilidade de sofrer problemas de saúde, pois, segundo ACSM (1999, p.10) “Quando você melhora sua flexibilidade, previne luxações e outros problemas, como dores nas costas. Exercícios regulares de alongamento aumentam sua flexibilidade”. Porém, os estudantes apresentaram um resultado fora do esperado quando analisamos o resultado do teste de 9 minutos que avalia a capacidade cardiovascular, o que indica, segundo McArdle, Katch e Katch (1998), a probabilidade positiva para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares se esta for relacionada a outros elementos como alto percentual de gordura, o que também foi constatado no grupo analisado.

    De forma similar, os resultados abaixo do esperado para a resistência muscular abdominal, indicam uma baixa capacidade muscular, o que poderá acarretar dificuldades de realização das atividades diárias. Nessa perspectiva a ACSM (1999, p.10) defende que:

    A capacidade muscular é essencial para realizar a maioria das tarefas diárias, seja erguer uma criança, seja empurrar um cortador de grama. Manipular seu corpo e os objetos a sua volta requer força e resistência suficientes para mover os objetos e manter as posições com segurança e sucesso.

    Assim, é necessário ter uma boa capacidade muscular para que possam realizar as atividades diárias sem afetar o seu corpo, os seus músculos.

    Dessa forma, um dos focos do trabalho estava em chamar a atenção dos estudantes do Ensino Médio Técnico sobre a associação do excesso de adiposidade corporal com níveis altos de lipídeos no sangue, o que abrange um dos elementos do condicionamento físico. A alteração desse componente do condicionamento físico é exemplificado por McArdle, Katch e Katch (1998, p. 624) a associação com adultos:

    À semelhança do que ocorre com adultos, associação entre adiposidade corporal e níveis séricos de lipídios se torna prontamente aparente nos indivíduos classificados como obesos; as crianças mais gordas em geral possuem os níveis mais altos de colesterol e de triglicerídeos.

    O compromisso em realizar intervenções na área da promoção da saúde por meio da educação está, entre outros motivos, nos benefícios da atividade física.

    Evidências epidemiológicas e laboratoriais convincentes mostram que o exercício regular protege contra o desenvolvimento e a progressão de muitas doenças crônicas e que ele é um componente importante de um estilo de vida saudável. (KENNEY, W. L. et al., 2000, p. 3-4)

    Por fim, analisar o estilo de vida individual e relacionar com o condicionamento físico para a saúde, levam os estudantes a refletirem sobre a necessidade de mudança de hábitos de vida.

Considerações

    Assim, os participantes da pesquisa foram avaliados nos quatros componentes do condicionamento físico para a saúde (flexibilidade, capacidade muscular, capacidade cardiovascular e composição corporal) e apresentaram níveis de flexibilidade dentro do desejado, capacidade muscular abaixo da média, capacidade cardiovascular inferior ao recomendado, bem como o percentual de gordura acima do recomendado (obesidade) para ambos os sexos. Por conseguinte, os níveis de condicionamento físico para a saúde dos estudantes analisados estavam abaixo do recomendado, já que para apresentarem níveis adequados todos os componentes avaliados deveriam estar dentro do mínimo estabelecido segundo os padrões de comparações utilizados. Comparando os resultados do estilo de vida com o condicionamento físico (incluindo o percentual de gordura), verificamos que o estilo de vida relatado pelos estudantes não coincide de forma efetiva na aptidão física, i. e., o questionário do estilo de vida utilizado não apresentou correspondência com os testes físicos e a avaliação do percentual de gordura.

    Neste sentido, a pesquisa chama atenção para utilização do questionário do estilo de vida como correspondência para o condicionamento físico relacionado a saúde, já que possuir um estilo de vida moderadamente ativo ou ativo (por meio do questionário utilizado) não apresentou relação positiva. Contudo, são necessárias mudanças nos hábitos de vida para a melhoria do nível de condicionamento físico para a saúde dos estudantes analisados, já que baixos níveis podem provocar dores musculares; dificuldade de resistir às tarefas diárias e ocasionais, assim como a desafios físicos inesperados; e indícios de morte prematura, principalmente por doenças cardiovasculares.

Bibliografia

  • ACSM. Programa de condicionamento física da ACSM. 2ª ed. São Paulo: Manole Ltda., 2003.

  • Nahas, M.V.; Barros, M.V.G., Francalacci, V.L. O pentáculo do bem-estar: base conceitual par avaliação do estilo de vida de indivíduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.5, n.2, p.48-59, 2000.

  • GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998.

  • KENNEY, W. L. et al. Manual do ACSM para teste de esforço e prescrição de exercício. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter Ltda, 2000.

  • LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

  • McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

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