Aspectos sociais e midiáticos da escalada indoor Aspectos sociales y mediáticos de la escalada indoor
	*Professor de Capoeira do Grupo Magia Bahia Graduando em Educação Física na Universidade Regional de Blumenau Blumenau, Santa Catarina **Voluntário do programa de extensão PRÓPET-Saúde Graduando em Educação Física na Universidade Regional de Blumenau - Blumenau, Santa Catarina	Maicon André dos Santos Andreoli* Marlon Diego Rocha** marlongzuis@gmail.com (Brasil)
	Resumo           Qual o ser humano que nunca teve uma sensação de medo mais ao mesmo tempo prazerosa? Talvez por medo de um imprevisto ou do ato/local ser desconhecido... Esta sensação tem nome: adrenalina. Este pode ser o principal motivo para que o ser humano tome decisões muitas vezes incompreendidas para o restante da população, mais será um motivo válido, arriscar a própria vida em troca de uma super produção deste neurotransmissor? O objetivo deste trabalho será fazer um breve estudo sobre a escalada indoor, o porquê da pratica em um local fechado de um esporte antes praticado em montanhas, uma transferência de ambientes e conceitos sobre um esporte que vem crescendo a cada dia nas grandes metrópoles. Também serão estudados os aspectos midiáticos e a personalização do atleta como um modelo de cidadão.           Unitermos: Escalada Indoor. Esportes radicais. Mídia.   Abstract           What is the human being who has never had a sense of fear at the same time more pleasurable? Perhaps for fear of an unexpected or act / location is unknown... This feeling has a name: adrenaline. This may be the main reason why humans make decisions often misunderstood for the rest of the population, will be a more valid reason to risk his own life in exchange for an overproduction of this neurotransmitter? This paper will make a brief study on the indoor climbing, why the practice in an enclosure of a sport practiced in the mountains before a transfer of environments and concepts about a sport that is growing every day in large cities. We will also study media and personalization aspects of the athlete as a model citizen.           Keywords: Indoor climbing. Extreme sports. Media.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O seguinte estudo refere-se ao esporte radical escalada indoor, seu contexto histórico, adaptação (método natural/social) prevenção a saúde, os fatores contribuintes para o crescimento de adeptos, classificação quanto às modalidades, que tem como fator desafiante, auto superação, destacando a importância de transformação de ambiente sem descaracterizar a pratica esportiva.

História da Escalada

    A Escalada é considerada um esporte radical pelo auto risco de morte que expõe os seus praticantes, mesmo os atletas mais preparados física, psicológica e tecnologicamente, podem ser surpreendidos por um imprevisto. Escaladores podem ser classificados primeiramente de loucos, depois de atletas, pelo fato de arriscarem suas vidas por "nada". Porém, com o aumento no número de praticantes, em busca dos prazeres proporcionados pelo esporte, ou por sua dificuldade de acesso a grandes massas, o mesmo precisou ser adaptado.

    Derivada do alpinismo clássico, a escalada indoor surgiu na Ucrânia na década de 70, quando um alpinista impedido de ir às montanhas (devido ao frio e as fortes tempestades que assolavam a região), tomou algumas pedras de tamanhos diferentes e fixou-as na parede de sua garagem para treinar enquanto perdurasse o inverno. Tal fato, mais tarde, foi repetido por todos os montanhistas locais (Junior, 2004).

    No Brasil a escalada indoor foi introduzida em novembro de 1988, em Curitiba (PR); no Rio Grande do Sul em 1990, pelo montanhista Luiz Henrique Cony, que construiu a primeira estrutura de escalada de Porto Alegre. Nascia, assim, uma nova modalidade esportiva, praticada em ambientes fechados e proporcionando aos atletas maior comodidade, longe das agruras do frio e do difícil acesso às montanhas de verdade (ibid, 2004).

A mídia influência um modelo

    Contudo, apesar de todos os riscos, a cada dia que passa, o número de adeptos do esporte vem crescendo. O que explicaria isso?

    O ser humano está desde sua origem se adaptando as adversidades implicadas pela natureza em forma de sobrevivência. Ora na caça, ora na fuga de um predador, ou até mesmo no ato de migração, o ser humano por vezes teve que ultrapassar superfícies íngremes. Talvez isso gerou uma herança genética, um instinto que faz com que algumas pessoas busquem satisfação pessoal por esportes de auto risco.

    Seguindo, sem adentrar mais nos aspectos históricos e biológicos do ser humano, o aumento da procura pela escalada, mais precisamente, a escalada indoor, acontece de acordo com a visibilidade do esporte, assim como em qualquer outra modalidade. Segundo Briggs & Burke (2004 apud Santos Medeiros, 2009), os jornais, rádio, revistas, cinema e televisão constituem marcos históricos e sociais na história das mídias. Desde seu advento, em que o público receptor das mensagens era tido como homogêneo – e isso configurou o que foi denominado comunicação de massa, – até as novas tecnologias na sociedade contemporânea, os processos comunicativos das mídias geram códigos.

    Esses códigos são específicos e produzem efeitos de percepção, processos de recepção e comportamentos sociais. A mídia tem transformado os processos de comunicação e suscitado novas interações comunicativas entre os atores sociais (Santos; Medeiros, 2009).

    Os atletas são uma espécie de modelo de cidadão padrão para a sociedade, portanto, quando um esporte é continuamente divulgado, principalmente por mídias televisivas, a resposta será um aumento significativo no número de possíveis praticantes. Diante disso, a cultura como um todo e o fenômeno esportivo tendem a um processo de mundialização crescente e não mais abdicam da participação da mídia na sua produção, difusão ou transformação (THOMPSON, 1995). Porém, por ser uma modalidade de auto risco é crucial ser saudável para a sua pratica, podendo existir exceções é claro.

    De fato, o discurso midiático influencia a informação e/ou o conhecimento que se tem a respeito de um fato, os padrões de lingüística, as ações sociais, as atitudes e as emoções. Nesse sentido, deixa de ser meramente instrumental para ser estrutural. A comunicação muda o lugar da cultura na sociedade tornando-se estruturante e reestruturante (ibid, 2009).

    No mundo contemporâneo, as atividades radicais ou de aventura foram inseridas na contextualização do que denominamos de Esporte. As modalidades esportivas congregam diversos fatores positivos, favorecendo o estreitamento de vínculos sociais necessários á própria existência humana (Xavier et al., 2011). A sociedade passa por um processo evolutivo e de mudança, classificada por Auguste Comte como “dinâmica social”, ou seja, a forma como as sociedades caminham na busca de seu desenvolvimento. A formação de um mercado consumista especializado pode refletir como um resultado da dinâmica social de surgimento de agrupamentos sociais que consomem os produtos destinados aos “Esportes de Aventura” (Xavier et al, 2011). Entretanto, para DURHAM (1977, p. 32 apud Xavier et al., 2011), o consumismo não é explicado meramente por influência da Mídia, mas por uma identificação profunda com os conceitos neles representados: “há que se eliminar a concepção simplista que opõe os consumidores aos produtores de cultura em termos de uma aceitação puramente passiva por parte do público, de um material que lhe é impingido de fora”.

A escalada indoor é dividida em três modalidades

Escalada de Boulder – Praticada em estruturas que, geralmente, não passam de 5 metros de altura e não necessitam da aplicação de nenhum sistema de segurança contra quedas.

Escalada de Dificuldade – Praticada em estruturas mais complexas que podem chegar aos 25 metros de altura. Nesta modalidade o objetivo do escalador é alcançar o ponto mais alto da estrutura passando por lances de extrema dificuldade.

Escalada de Velocidade – Praticada nos mesmos moldes que a escalada de dificuldade, porém as rotas são mais fáceis e os atletas escalam contra o relógio.

    Seja qual for nenhuma das modalidades exclui as outras já que a técnica e a preparação, nos estágios iniciais, são comuns a todas elas. Somente em uma fase mais avançada é importante que o escalador invista em um treinamento mais específico. Antes das escaladas, é feito sempre um aquecimento e alongamento, depois, relaxamento e alongamento, que são muito importantes para uma preparação eficiente para a atividade, melhoria das condições neuromusculares, prevenção de lesões, entre outros benefícios (ibid, 2004).

    Para praticar o esporte, a pessoa não deve possuir nenhum problema físico que a impeça de praticar. Devido à alta intensidade do exercício, a escalada indoor é contra indicada para obesos, hipertensos e cardíacos. Em 3 hs/aula, a maioria dos praticantes adquirem as habilidades mínimas para equipar, conectar os sistemas de segurança, treinar com o companheiro, entender como funciona a área, além disso, é um esporte barato, que não exige muitos gastos. Após a aquisição dos equipamentos, paga-se o mesmo que outras modalidades de uma academia.

    Além de roupas leves, o equipamento necessário utilizado na prática da escalada indoor se resume em: toalha pequena, garrafa para água, sapatilha de escalada, saco de magnésio, cadeirinha, um mosquetão com trava e um freio. Quanto à idade, uma criança com 10 anos já pode praticar sem problemas. O importante é sempre fazer um bom aquecimento, treinar somente quando se sentir bem, ter muito cuidado com o excesso de motivação (principalmente externa) e seguir todas as orientações dos profissionais envolvidos no programa de treinamento. Em praticamente todas as academias de escalada indoor, um instrutor acompanha os iniciantes na prática do esporte (ibid, 2004).

Conclusão

    Atualmente pensar em esporte, independentemente da modalidade, sem a presença dos recursos midiáticos é inviável, afinal quaisquer que seja o evento, é necessário uma divulgação positiva para conquistar êxito. Os aspectos positivos da pratica de exercícios físicos em prol da saúde e a proximidade da natureza que os esportes de aventura proporcionam aos praticantes são cada vez mais explorados pelas mídias, principalmente televisivas, em forma de comover a grandes massas da população. Inovação é uma palavra muito procurada nas ações humanas, portanto, não é algo extraordinário pensar em modalidades de esportes pouco conhecidas recebendo grande atenção da mídia, e é através dela que o público vai conhecendo e se integrando a novas praticas, tribos, conceitos, e vai de certa forma, sendo “lapidado” ou porque não, sendo induzido a se adaptar aos “modelos” de culturas existentes.

Referencias

• Júnior, O. (2004). Entendendo a Escalada Indoor. (T. Lopes, Ed.) 05 de julho. Acesso em 15 de 08 de 2013, disponível em http://www.inema.com.br.

• Santos, D. S. & Medeiros, A. G. (2009). O Discurso Midiatico e as Representações Sociais do Esporte: O Atleta como modelo de comportamento. Revista Pensar a Prática, Vol. 12, Nº 3.

• THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.

• Xavier, E. M., Almeida, M. A., Galhardo, W., & Barbosa, F. P. (2011). Esportes radicais: uma abordagem histórica e antropológica. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 158, julho. http://www.efdeportes.com/efd158/esportes-radicais-uma-abordagem-historica.htm

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