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A dança de salão como contribuição para a

 melhoria da qualidade de vida na terceira idade

El baile de salón como contribución para la mejora de la calidad de vida en la tercera edad

Ballroom dance as contribution to improving the quality of life in the elderly

 

*Acadêmica do curso de Especialização em dança

FAMMA – Faculdade Metropolitana de Maringá

**Formação em Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP)

***Mestre em Aquisição e desempenho de habilidades motoras (UEM/UEL)

Membro do curso de especialização em dança, FAMMA

(Brasil)

Eliane Ferrer Garcia*

elianeferrergarcia@hotmail.com

Edson Xavier Antunes**

Maria Aparecida Coimbra Maia***

cidamaiadancadesalao@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo tem por objetivo demonstrar a contribuição da dança de salão como atividade física alternativa para a melhoria da qualidade de vida aos indivíduos da terceira idade. Caracteriza-se como estudo bibliográfico e foi estruturado com base em pesquisa na literatura disponível, considerando, também, a afinidade da pesquisadora com o tema, bem como pela sua atividade profissional, ministrando aulas de dança de salão para essa faixa etária, há mais de 20 anos. Por meio das referências analisadas e ao longo desses anos, foi possível constatar que, com a prática regular da dança de salão como uma atividade física leve a moderada, esta pode ser uma coadjuvante com outros fatores que proporcionam uma vida saudável na terceira idade, contribuindo em vários aspectos, físico, emocional, e, inclusive como atenuante aos efeitos psicossociais. Os benefícios são vários, como proporcionar melhor integração ao convívio social, pode contribuir, também, para a autonomia e independência do indivíduo idoso e consequentemente, pode gerar uma desaceleração ao declínio natural do organismo. A dança de salão pode estimular também a mobilidade articular e reduzir as quedas características da terceira idade, além disso, os diversos ritmos trabalhados incentivam à liberdade e à criação de movimentos próprios, abrindo novas possibilidades para que o idoso desenvolva sua expressão artística e extravase seus sentimentos e emoções.

          Unitermos: Dança de salão. Terceira idade. Qualidade de vida.

 

Resumen

          Este estudio tiene como objetivo demostrar la contribución de los bailes de salón como una actividad física alternativa para mejorar la calidad de vida de los adultos mayores. Se caracteriza por ser un estudio bibliográfico y se estructura a partir de la investigación sobre la literatura disponible, también teniendo en cuenta la afinidad del investigador del tema, así como su actividad profesional, la enseñanza de clases de baile de salón para este grupo de edad, por más de 20 años. A través de referencias analizadas en los últimos años, se ha establecido que, con la práctica regular de bailes de salón como una leve a moderada actividad física, puede ser un complemento junto con otros factores que proporcionan una vida saludable en la vejez, lo que contribuye en diversos aspectos, físico, emocional, e incluso como atenuante a los efectos psicosociales. Al estar en un grupo, los beneficios son muchos, tales como proporcionar una mejor integración a la vida social, también puede contribuir a la autonomía e independencia de las personas mayores y por lo tanto puede generar una desaceleración de la decadencia natural del organismo. El baile de salón también puede alentar la movilidad articular y reducir las caídas características de la tercera edad. Por otra parte, los diferentes ritmos trabajados, promueven la libertad y la creación de movimientos propios, abriendo nuevas posibilidades para que las personas mayores desarrollen su expresión artística y la expresión de sentimientos y emociones.

          Palabras clave: Baile de salón. Adultos mayores. Calidad de vida.

 

Abstract

          This study aims to demonstrate the contribution of ballroom dancing as an alternative physical activity for improving the quality of life for older adults. It is characterized as a bibliographical study and was structured based on research on the available literature, also considering the affinity of the researcher with the theme, as well as their professional activity, teaching classes ballroom dance for this age group, more than 20. Through referrals and analyzed over the years, it was established that, with regular practice of ballroom dancing as a mild to moderate physical activity, this may be an adjunct to other factors that provide a healthy life in old age, contributing in several aspects, physical, emotional, and even as a mitigating psychosocial effects . Being in a group, the benefits are many, such as providing better integration to social life, may also contribute to the autonomy and independence of the elderly and thus can generate a deceleration to the natural decline of the organism. The ballroom dancing can also encourage joint mobility and reduce falls in elderly characteristics, moreover, the various rhythms worked to encourage freedom and the establishment of proper motions, opening new possibilities for the elderly develop their artistic expression and its overflow feelings and emotions.

          Keywords: Ballroom dancing. Elderly. Quality of life.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Considera-se que a dança seja uma das formas mais antigas do ser humano expressar seus sentimentos e emoções, através de movimentos significativos, livres e espontâneos, que fluem do seu interior e que podem revelar sua realidade, seus desejos, suas necessidades e seus limites. Portanto, pode-se afirmar que, em todo o decorrer da história da humanidade o homem dançou, mesmo que com diferentes objetivos (ZATOVICI, 1999).

    A dança de salão é uma prática que vai muito além do que, simplesmente, aprender um novo passo, ou apenas promover o bem estar entre as pessoas. Existem, também, nessa prática, outros fatores importantes como sua contribuição para a melhoria do relacionamento social e humano.

    Ao longo deste, serão abordados estudos e pesquisas, que mostram dados sobre o significativo aumento do número de pessoas idosas nas últimas décadas. Os estudos científicos sobre o envelhecimento neste período sofreram mudanças, aprofundamento e atualizações, tanto nas ciências naturais, quanto nas humanas, visando oferecer melhor qualidade de vida para a terceira idade. Para os profissionais de Educação Física, coube à sugestão de que eles atuem como intermediários, junto aos seus alunos, para que estes busquem essas alternativas de saúde, para a preservação da longevidade.

    Segundo Caldas (1999) a dança, como atividade física e, consequentemente a dança de salão, pode garantir a independência funcional do indivíduo, por meio da manutenção de sua forma muscular, de sustentação e equilíbrio, potência aeróbica, movimentos corporais totais e, consequentemente, mudanças no estilo e na qualidade de vida.

    Partindo dessas considerações, a dança de salão é um recurso interessante, capaz de contribuir para a autonomia e independência do indivíduo idoso, para que se mantenham ativos e participativos, socialmente, o que justifica a necessidade de se buscar e produzir novos conhecimentos científicos sobre essa modalidade e seus inúmeros benefícios para os praticantes da terceira idade. Neste sentido, este trabalho buscará mostrar evidências dos benefícios que a dança de salão proporciona na melhoria da qualidade de vida para a terceira idade, amenizando os efeitos do passar dos anos e atenuando o desgaste do organismo.

    Segundo Nahas (2003) muito se tem dito e escrito sobre a importância de um estilo de vida saudável, para todas as idades. Entretanto, apesar das inúmeras evidências científicas acumuladas, publicadas e divulgadas, um grande número de pessoas ainda parece desinformado ou desinteressado nos efeitos benéficos de atividades físicas regulares, como exemplo a dança de salão, nutrição equilibrada e outros comportamentos relacionados à saúde, que contribuem diretamente para o bem estar das pessoas, principalmente para os indivíduos da terceira idade.

    Com o intuito de contribuir com profissionais de educação física, dança e afins, este estudo de caráter bibliográfico, tem como objetivo buscar subsídios que possam responder a seguinte questão: a dança de salão pode contribuir na melhoria da qualidade de vida para os praticantes da terceira idade?

    Para responder esta questão, buscou-se no referencial teórico, informações sobre a dança, bem como conhecer o processo de envelhecimento e qualidade de vida, buscando entender como a dança de salão pode contribuir na melhoria da qualidade de vida na terceira idade.

Compreendendo a terceira idade

    Para Fraiman (1995) o envelhecimento não é somente um “momento” na vida do indivíduo, mas um “processo” extremamente complexo e pouco conhecido, com implicações tanto para quem o vivencia como para a sociedade que o suporta ou a ele assiste.

    Para Mendes et al. (2005), a preocupação com o envelhecimento da população é um fenômeno mundial, iniciado a princípio, nos países desenvolvidos, em função das grandes conquistas do conhecimento médico. O uso de vacinas, dos antibióticos e dos quimioterápicos tornou possível a prevenção ou cura de muitas doenças, juntamente com os avanços tecnológicos resultaram na queda de mortalidade ou maior longevidade das pessoas, e, com a queda de fecundidade, permitiu a ocorrência de uma grande explosão demográfica. No Brasil, nos grandes centros, observa-se um perfil demográfico semelhante ao dos países desenvolvidos.

    Segundo a OMS, até o ano de 2025 o Brasil será o 6º país do mundo com maior número de idosos (ROSA, GERALDO e AVILA, 2005).

    O aumento da expectativa de vida tem sido evidenciado pelos avanços tecnológicos relacionados à área da saúde nos últimos 60 anos e segundo Nahas (2003) se dá num ritmo sem precedentes, fazendo com que a questão da qualidade de vida para pessoas a partir da meia-idade desperte interesse de vários profissionais e pesquisadores, inclusive professores de educação física ou de dança, ou seja, junto a este processo nasce um tempo de novos desafios e conquistas para entendermos cada vez mais o envelhecimento, especialmente na busca de proporcionar uma melhor qualidade de vida para essa população.

    Para facilitar o entendimento sobre o envelhecimento a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a velhice em países desenvolvidos como sendo os indivíduos com idade a partir dos 65 anos e nos países em desenvolvimento, onde a expectativa de vida é menor e as condições sócio-econômicas menos favoráveis, essa fase tem início aos 60 anos (ROSA, GERALDO e AVILA (2005).

    Dessa forma, torna-se importante compreendermos melhor o que é o envelhecimento, para entendermos que faz parte do processo natural do desenvolvimento humano, pois, desde o nascimento até a idade adulta o organismo sofre uma série de alterações provocadas pelos processos de crescimento e desenvolvimento até atingir a maturidade (caracterizada pelo desenvolvimento pleno dos sistemas orgânicos). Porém, num determinado momento ocorre o declínio das capacidades orgânicas e de todas as funções, dando continuidade ao processo de envelhecimento, entretanto a chegada à terceira idade não é tão claramente definida como a adolescência. (MENDES et al., 2005; FORTES, 2008)

    Okuma (1998) diz que, envelhecer é inerente a todo ser vivo, ou seja, o envelhecimento é, sem dúvida, um processo biológico, cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e, em decorrência, modificam suas funções. O fato é que este processo depende mais da idade biológica do que da idade cronológica do indivíduo, sendo assim, não se considera a idade no sentido apenas cronológico, mas tem o aspecto social, biológico ou psicológico (ROSA, GERALDO E ÁVILA, 2005).

    Considerando Matsudo (2001) vários aspectos e alterações ocorrem neste processo, como por exemplo, as mudanças antropométricas: dimensões corporais, principalmente na altura, no peso e na composição corporal, na perda da força muscular. Apesar da influência genética na determinação do peso e da estatura dos indivíduos, existem outros fatores que estabelecem variáveis, como a dieta, a atividade física, fatores psicossociais e doenças que conduzem o envelhecimento, tanto para o lado positivo, que significa longevidade, quanto para o negativo que caracteriza declínio ou degeneração vital.

    Com relação à perda de peso, acredita-se que seja possível a dança de salão contribuir, senão com a perda, mas com a manutenção do peso estável, por tratar-se de uma atividade leve e moderada, pois, verifica-se na prática que é comum a participação de um grupo de idosos em bailes, com duração de 3 a 4 horas, onde muitos casais dançam quase o tempo todo, e, dependendo do ritmo dançado, sabe-se que, a partir de 15 minutos de atividade contínua, a dança de salão pode ser considerada uma atividade física aeróbica.

    Conforme Nahas (2003) e Matsudo (2001) define-se atividade física como qualquer movimento corporal produzido de modo voluntário que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso. Pode-se incluir as atividades ocupacionais, da vida diária ou de lazer, tais como, exercício físicos, dança, esporte etc. Entende-se como atividade aeróbica aquela que proporciona melhora do desempenho cardiovascular por meio da utilização do oxigênio, permitindo que o coração trabalhe com força e freqüência. Atividades aeróbicas mais indicadas para o público da terceira idade são as de baixo impacto, tais como: caminhada, natação, hidroginástica, yoga, dança, ou especificamente a dança de salão.

    Por outro lado, considerando o aspecto psicossocial, Mendes (2005) diz que, o processo de envelhecimento pode sofrer influências diretas, relacionada as tensões psicológicas e sociais. De acordo com Zimerman (2000) as mudanças psicológicas mais visíveis com o avanço da idade são: dificuldade de adaptação a novos papéis, desmotivação, baixa autoestima e autoimagem, necessidade de trabalhar perdas e adaptar-se às mudanças. Sendo assim, uma das principais consequências do envelhecimento é a diminuição dos contatos sociais.

    Entretanto, quanto mais atento e interado dessas tensões naturais o indivíduo estiver, mais facilmente ele poderá adaptar-se às mudanças, encontrando significados valiosos para uma vida melhor. Nas palavras de Valentini e Ribas (2003) o avanço da idade gera transformações na rotina de todo ser humano, que, além do desgaste progressivo dos tecidos, órgãos e da capacidade cognitiva, ocorre um processo de perdas que desencadeia conflitos emocionais e psíquicos e, consequentemente, instala-se uma profunda sensação de infelicidade, afetando e diminuindo profundamente a qualidade de vida.

    A exemplo pode-se dizer que as pessoas nessa faixa etária que fazem da dança de salão uma prática habitual e orientada, entre outros benefícios, conseguem melhor integração ao convívio social, tanto na aula quanto nos bailes, permitindo conhecer novas pessoas e criar vínculos afetivos, por ser uma atividade que auxilia na aproximação das pessoas, podendo resultar numa melhor autoestima, e autoimagem, além de ajudar a manter o corpo em movimento, conservando a agilidade e autonomia, e, consequentemente em uma vida mais saudável, prazerosa e com melhor qualidade.

    Com relação à autoimagem, um estudo realizado por Maia (2006) mostrou que especialmente as mulheres possuem uma distorção da autoimagem maior que os homens, o que mostra ser importante a prática de uma atividade que possa contribuir com a melhoria neste fator. Estudos realizados por Maia et al. (2007) mostram que a agilidade pode ser difícil de ser melhorada com o avanço da idade, mas a pratica de uma atividade física, como a dança de salão, pode ajudar a manter os níveis com o decorrer do tempo, evitando maiores perdas.

    A aposentadoria é outro momento importante e conflituoso na vida do idoso, podendo trazer mudanças, tanto positivas (como ter mais tempo para a família ou para si próprio), quanto negativas (sentir-se só, improdutivo e incapaz ou mesmo a diminuição da renda familiar), sendo assim, segundo Mendes et al. (2005) destaca que a aposentadoria é um momento em que o indivíduo se distancia de sua vida produtiva. A inatividade profissional dos indivíduos considerados idosos é um fator que acarreta maiores mudanças em relação a um estilo e ritmo de vida, exigindo grande esforço de adaptação.

    Para Valentin e Ribas (2003) parar de trabalhar significa a perda do papel profissional, a perda de papéis junto à família e à sociedade. O distanciamento do aposentado da convivência com diversos grupos faz com que a sociedade também se distancie do aposentado, deixando de convidá-lo a participar e não reconhecendo a sua existência social.

    Portanto, segundo os autores, ocorre nessa época à procura por atividades diferentes para ocupar o tempo livre dessas pessoas. Acredita-se que, uma das atividades bastante procurada é a dança de salão, também pela facilidade de envolver muitas pessoas nessa atividade, geralmente realizada em grandes salões, e, em horários alternativos como no período da manhã ou da tarde para grupos de terceira idade e por ser uma atividade física com intensidade leve a moderada, bastando que a pessoa consiga realizar algum movimento para ter condições de dançar.

    Considera-se que nos dias de hoje, a geração da terceira idade é mais ativa, dinâmica, criativa e mais intelectualizada em relação a uma geração passada, e que busca novas oportunidades para melhoria da qualidade de vida. A acentuada busca de um estilo de vida saudável e com qualidade, para pessoa idosa, emerge como desafio, por ser o horizonte a partir do qual se podem considerar os ganhos na expectativa de vida como valiosa conquista humana e social. Nesse sentido, pode-se considerar a dança de salão, como uma opção extremamente importante e significativa, portanto, fica claro o que essa modalidade pode contribuir para a prevenção de algumas das mudanças causada pelo aumento da idade biológica ou cronológica de seus praticantes.

    Percebe-se também que independente do aspecto social, biológico ou psicológico, como esclarece Bassit (1999, apud ROSA, GERALDO e ÁVILA, 2005) o processo de envelhecimento está relacionado com a nossa vida inteira e está de acordo com as formas de vida que cada indivíduo adota, e que influenciam sua existência. Diante disso, torna-se importante, aos profissionais da área da saúde, educadores físicos e, especialmente profissionais de dança compreender o processo de envelhecimento para planejar intervenções mais adequadas, como a opção por programas de dança de salão, objetivando um idoso mais saudável, bem sucedido e com melhor qualidade de vida.

Dança de salão, qualidade de vida e terceira idade

    Definir qualidade de vida é uma tarefa complexa, pois, segundo Nahas (2003) o conceito de qualidade de vida é diferente de pessoa para pessoa e tende a mudar ao longo da vida de cada um. A combinação de vários fatores determina e diferencia o cotidiano de cada ser humano e resulta numa rede de fenômenos e situações que, de uma forma abstrata pode ser considerada qualidade de vida. Podemos citar fatores como: estados de saúde, longevidade, satisfação ao trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e até espiritualidade. Num sentido mais amplo, qualidade de vida pode ser uma medida da própria dignidade humana, pois pressupõe o atendimento das necessidades humanas fundamentais.

    Conforme o autor, as evidências são claras de que ter uma vida ativa, física e mentalmente, pode retardar o processo de envelhecimento e dar mais qualidade de vida a todas as pessoas. Em suma, a qualidade de vida representa dignidade para a pessoa que envelhece, sendo decorrente, de uma alimentação saudável, convívio social, autonomia, entre outras coisas, também da capacidade de movimentar-se, o que é, por sua vez, consequência dos hábitos de atividades físicas cultivados, desde a meia idade ou preferencialmente, desde a infância, portanto, o segredo para o envelhecimento com vigor é ser ativo.

    Podemos então considerar a atividade física de grande importância para a melhoria, ou manutenção da qualidade de vida em todas as idades, principalmente para os idosos, e, segundo Maia et al. (2007) a dança de salão tem a característica e a vantagem de ser uma modalidade que abrange uma faixa etária muito ampla. Além disso, justamente para essa fase da terceira idade, os cuidados devem ir além da atividade física isoladamente, pois, é preciso que haja mais inclusão a outros meios, social, intelectual, cultural e, nesse caso, acredita-se que a dança de salão também pode proporcionar.

    Segundo Matsudo (2001) o processo de envelhecimento é uma etapa da vida com ganhos e perdas em diferentes áreas toda atividade física, por exemplo, a dança de salão, pode ser um instrumento que pode contribuir para o equilíbrio ou minimizar o impacto dessas perdas biológicas e maximizar os ganhos psicológicos e sociais desta fase. O estilo de vida ativo deve ser visto como uma forma de quebrar o círculo vicioso do avanço da idade – sedentarismo-doença-incapacidade. O importante é manter o movimento como parte constante do dia-a-dia das pessoas, pois, o sedentarismo é a condenação a uma vida mais curta e com menos felicidade, dignidade e qualidade.

    Hashizumi et al. (2004) afirmam que a prática de atividade física, por meio da dança de salão, contribui para a autonomia e independência do indivíduo idoso, proporcionando-lhe, a manutenção da sua força muscular, de sustentação, equilíbrio, resistência aeróbica, movimentos corporais totais e mudanças no estilo de vida. Neste sentido, Maia (2006) complementa dizendo que uma das principais necessidades para dançar, de um modo geral, é manter o eixo do corpo em equilíbrio, para isso, cada dança procura diferentes soluções por meio de exercícios de equilíbrio visando distribuir corretamente o peso do corpo em várias situações. Acredita-se que a dança de salão pode contribuir com a melhoria do equilíbrio, uma vez que trabalha a mudança do eixo corporal com seus diferentes deslocamentos para frente ou para trás e o deslocamento do peso/contrapeso do corpo por meio da condução.

    Almeida et al. (2004) cita que a atividade físico-recreativa é identificada constantemente como uma das intervenções de saúde mais eficazes na vida de pessoas idosas, e aqui, podemos evidenciar a dança de salão, pois, é comum as pessoas que a praticam considerá-la como forma de lazer e divertimento. Por isso, dentre os benefícios imediatos da participação regular em programas de dança de salão, se identificam no aspecto físico, melhores níveis de autoestima, autoimagem, melhoria nos padrões de sono, relaxamento muscular, entre outros.

    Para Fortes (2008) a dança de salão contribui para a mudança e melhora de humor, a sensação de bem estar e de relaxamento, o consequente reflexo da diminuição de episódios depressivos, como resultado apontado da participação nessa atividade. Reforça Okuma (1998) que a atividade em grupo é a melhor opção de atividade física na terceira idade, pois ela facilita a integração e fortalecimento de amizades, superação de limites físicos e a dedicação de tempo para si mesmo, consequentemente, reduz as angústias, medo e inseguranças.

    Gobbo (2005) afirma que a prática da dança, como por exemplo, a dança de salão causa significativa melhora na vida dos idosos, em vários aspectos, não apenas pela ação motora em executar passos e aprender ritmos diferenciados, mas, também, pela forma convidativa e singular de promover a aproximação entre pessoas e, além disso, o reencontro consigo mesmo. Diante dessa afirmação, torna-se clara a função qualitativa que a dança de salão proporciona às pessoas que a praticam consideravelmente para esta faixa etária.

    Como já foi dito anteriormente, acredita-se na contribuição da dança de salão, como uma das opções para a melhoria da qualidade de vida na terceira idade, por ser uma atividade realizada em grupo, facilitando a integração e fortalecimento das amizades, com superação de limites físicos, diminuição das angústias e incertezas que cercam esse grupo, durante a vida cotidiana. Além disso, proporciona condicionamento físico, integração social e lazer a indivíduos idosos, com inúmeros benefícios psicológicos já descritos. Sendo assim, reforça-se a importância da dança, especialmente a dança de salão, auxiliando o bem estar mental, emocional e físico do idoso. (ALLEN e FRISH, 2003; HOUSTON, 2005; BORSTEL e LERMAN, 2006; ZAMONER, 2007).

Considerações finais

    O objetivo para a elaboração deste estudo foi demonstrar, alguns dos benefícios que podem contribuir para uma vida mais saudável, principalmente para os indivíduos da terceira idade, e, considerando a prática da dança de salão, como uma excelente alternativa para esse fim.

    Com o passar dos anos, a tendência natural, para todas as pessoas é que a vida, nessa altura, sofra toda sorte de consequências, tanto emocionais, físicas, intelectuais, comportamentais, em concordância com os hábitos adotados ao longo de toda trajetória, até então, vividas. Aos mais conscientes e prevenidos, que procuraram se cuidar, durante a vida, evitando exageros, vícios, maus hábitos, é provável que tenham um envelhecimento mais saudável e que nesta fase, tenha melhor qualidade de vida.

    Assim sendo, o movimento corporal é fundamental para qualquer idade, pois além de traduzir nossa expressão e comunicação, é uma forma de nos mantermos ativos e participantes, diante da vida. A dança de salão, por ser uma atividade física leve ou moderada, pode ser oferecida com a intenção de oportunizar aos seus praticantes na terceira idade uma vida mais saudável, com mais qualidade, reforçando a importância de se manter um estilo de vida ativo, e na prevenção de problemas de saúde em geral, melhorando e aprimorando suas capacidades funcionais, pois, estando o corpo em movimento, mantém a agilidade, a força muscular, o equilíbrio e consequentemente melhor autonomia. Bem como, no aspecto físico a dança de salão pode contribuir com a perda ou manutenção do peso estável, estimular a mobilidade articular e reduzir quedas característica dessa faixa etária.

    Com relação às alterações que ocorrem no aspecto psicossocial, observou-se que a dança de salão pode contribuir no sentido de melhorar o convívio social, oferecendo mais oportunidades para conhecer novas pessoas, tanto na aula quanto nos bailes, ajudando evitar o isolamento, preenchendo o tempo livre, principalmente pela facilidade de se trabalhar com grandes grupos e em horários alternativos, especialmente nessa faixa etária. Além disso, a melhora do bem-estar e do humor, que a prática de uma atividade física como a dança de salão pode proporcionar, inclui, também a diminuição de episódios depressivos.

    Sendo assim, já que a dança de salão pode contribuir na manutenção e melhoria da qualidade de vida dos idosos, é preciso que, os profissionais que pretendem atuar junto a essa população estejam preparados e conheçam os aspectos importantes do processo de envelhecimento, para que possam intervir de maneira benéfica, propondo entre outras coisas, a prática da dança de salão como uma atividade alternativa para contribuir e prevenir possíveis transtornos ou mudanças física, psicológica, emocional e social decorrentes do avanço da idade.

    Para que este estudo tenha mais eficácia e cada vez mais a comunidade de idosos possa se beneficiar, sugere-se que outros estudos como, pesquisa de campo, sejam realizados no sentido de complementar esse e outros já existentes, buscando estudar e analisar grupos de praticantes de dança de salão da mesma faixa etária que já se beneficiam com essa prática. Além disso, outra sugestão é que o poder público acrescente mais espaços adequados e profissionais capacitados para ministrar cursos e aulas de dança de salão, que poderão contribuir para a qualidade de vida desses indivíduos, objetivando um idoso mais saudável, bem sucedido e com melhor qualidade de vida.

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