Tempo de aprendizagem ativo nas
aulas El tiempo de aprendizaje activo em las clases de Educación Física de las pasantías curriculares Time of active learning in physical education classes of training curriculum |
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*Acadêmico **Professora Orientadora Faculdade de Educação Física e Ciência do Desporto Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Brasil) |
Fábio Duarte Almeida* fabio.almeida.educadorfisico@gmail.com Dra. Vera Brauner** |
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Resumo O presente estágio, da disciplina de Estágio Fundamental: Anos Finais, do curso de educação física da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, foi realizado no Colégio La Salle Dores. A presença do estagiário foi muito útil, pois na aula auxiliando o professor durante o seu tempo de aula e tentando melhorar o tempo de aprendizagem ativo que de acordo com Carniel (2003) refere-se ao período em que os alunos estão engajados em alguma atividade e a aprendizagem correta de um determinado conteúdo. O protocolo escolhido avalia os tempos de aula e divide-os em quatro tempos, sendo tempo de administração, engajado, instrução e espera, sendo de fácil utilização e interpretação. O tempo de administração (A) foi de 41%. O percentual de tempo engajado (E) foi de 35,5%. O tempo de instrução (I) foi de 14%. E o tempo de espera (W) foi de 9,5%. Os resultados encontrados no presente estudo demonstraram que o tempo engajado da maioria dos alunos é um dado preocupante, visto que apenas 17,5 minutos sobre o tempo total da aula são destinados a aprendizagem ativa. Com esses resultados, sugere-se que realizem estudos nesta mesma área com uma amostra maior e que englobem mais faixas etárias. Unitermos: Educação Física. Aprendizagem. Aprendizagem ativa. Tempo.
Abstract
This stage of the department of Elementary Stage: Final Years of physical
education course at the Catholic University of Rio Grande do Sul, was held at La
Salle College Sorrows. The presence of the trainee was very useful because in
the classroom assisting the teacher during their class time and trying to
improve the learning time asset according Carniel (2003) refers to the period in
which students are engaged in some activity and correct learning of certain
content. The chosen protocol evaluates the time of class and divides them into
four times, and time of administration, engaged, education and hopes, and easy
to use and interpretation. The time of administration (A) was 41%. The
percentage of time engaged (E) was 35.5%. The time instruction (I) was 14%. And
the waiting time (W) was 9.5%. The results of this study demonstrated that the
time engaged the majority of students is concerning, since only 17.5 minutes on
the total time the class is intended for active learning. With these results, it
is suggested to conduct studies in this same area with a larger sample and which
cover more age groups.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O presente estágio, da disciplina de Estágio Fundamental: Anos Finais, do curso de educação física da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, foi realizado no Colégio La Salle Dores.
O colégio do estágio pertence a uma rede de colégios (La Salle) e localiza-se no centro de Porto Alegre. Os estágios anteriores e extracurriculares também foram feitos no mesmo colégio, então os setores da escola e outras informações são de conhecimento do estagiário.
As turmas que foram realizadas o trabalho de estágio, foram duas. Uma turma de segundo ano (oito anos de idade) do ensino fundamental e a outra turma de quarto ano (dez anos de idade) do ensino fundamental. O estágio foi realizado junto com o professor de educação física titular da disciplina, Fábio Vitali, que já conhecia o estagiário.
No colégio sempre encontrei vários aspectos positivos, como o espaço físico para trabalhar, pois há dois ginásios cobertos, uma quadra de cimento descoberta, uma quadra de grama sintética descoberta, uma sala de judô, duas salas de dança, uma sala de ginástica olímpica e uma mini quadra de vôlei. Além do espaço físico, há os recursos materiais, onde encontramos diversos materiais como bolas de todos os tipos e tamanhos, cones, aros, cordas, bastões entre outros, podendo ser utilizados todos os materiais. Em questões de tratamento pessoal, a recepção e o carinho de todos os funcionários com todas as pessoas do contexto escolar são excelentes. Portanto, um espaço onde quaisquer estagiários poderiam crescer e desenvolver sua profissão.
A turma do segundo ano (oito anos de idade), do estágio curricular, tinha metade meninos e outra metade meninas, sendo que as aulas eram realizadas com todos os alunos juntos. A turma do quarto ano (dez anos de idade) também tinha metade meninos e metade meninas, sendo as aulas realizadas com todos os alunos juntos. Não foi encontrado nenhum problema de relacionamento nas turmas e nem alunos com alguma dificuldade de aprendizagem.
O plano de trabalho desenvolvido foi criado a partir do projeto pedagógico da rede La Salle, que a escola pertence, tentando sempre, também, seguir o plano do professor da disciplina (que não foi entregue ao estagiário) e aos PCNs. Com isso foi escolhido diversas atividades de vários conteúdos, para que os alunos conseguissem melhorar sua base motora que segundo Carniel (2003) é no período escolar que devem ser realizados a aprendizagem dessa habilidades motoras pelo professor de educação física. Conforme os PCNs (1997) os conteúdos da educação física escolar para o ensino fundamental deve abranger esportes, jogos, lutas, ginásticas, atividades rítmicas e expressivas e conhecimentos sobre o corpo.
O planejamento do professor nesse momento é fundamental onde a autora citada anteriormente, afirma que, quando os objetivos são estabelecidos anteriormente, pode-se fazer com que uma aula se torne mais completa em aspectos procedimentais dos aprendizes. Conforme os PCNs (1997) é fundamental que se tenham objetivos claros da educação física escolar distinguindo-se dos objetivos do esporte.
Então podemos pensar que numa disciplina onde há um período semanal, de cinqüenta minutos, se o professor não fizer um planejamento geral e um planejamento de sua aula, a probabilidade dos alunos não conseguirem aproveitar a aula é grande.
De acordo com Toigo (2003) estamos em tempo de interdisciplinaridade e parece que ainda existe uma hierarquia na importância sobre o que os alunos devem aprender, como se uma disciplina fosse mais relevante do que a outra. Com isso poderíamos refletir sobre porquê as aulas de educação física têm apenas um período semanal e não mais como outras disciplinas.
Conforme Carniel (2003) há muito desinteresse por parte dos profissionais que trabalham com a educação física escolar, colocando-a em um plano secundário, e isso porque não planejam absolutamente nada antes da aula e até mesmo antes de iniciar o ano letivo. A autora ainda conclui que os professores que educam necessitam ter clareza de que o trabalho feito hoje, se refletirá no futuro dessas crianças.
No planejamento de uma aula, temos que observar várias situações e devemos dar atenção a elas. Algumas situações como esperar na fila, é uma questão muito importante no momento de se planejar um aula. Atividades apropriadas para cada faixa etária e com um maior dinamismo, fazem do professor um ser com capacidade de ensinar, transmitir o conhecimento para os aprendizes e profissionalismo. (CARNIEL, 2003).
Uma questão muito notória no estágio foi a presença do estagiário na aula auxiliando o professor durante o seu tempo de aula e tentando melhorar o tempo de aprendizagem ativo que de acordo com Carniel (2003) refere-se ao período em que os alunos estão engajados em alguma atividade e a aprendizagem correta de um determinado conteúdo.
O planejamento de uma aula pode ser divido em diferentes tempos de aprendizagem. Conforme Graham, Holt/Hale e Parker (1992 apud CARNIEL, 2003) os tempos podem ser definidos:
Tempo de administração é o momento em que os alunos não estão recebendo instrução ou envolvidos na atividade da aula (mudança de atividade, carregando equipamentos, escutando regras de conduta, ou relembrando algo);
O tempo de aprendizagem ativa está relacionado ao tempo no qual os alunos estão envolvidos em alguma atividade física, como: recebendo uma, arremessando em um alvo, correndo;
O tempo de instrução possibilita que o professor instrua os alunos em relação à atividade proposta e é definido quando os aprendizes estão recebendo informações sobre como mover-se ou desempenhar uma habilidade, por exemplo, como se movimentar no espaço, observar uma demonstração, ouvir instruções;
O tempo de espera refere-se ao período no qual os alunos aguardam, enquanto outros colegas estão realizando uma atividade (estar afastado da aula por má conduta, esperar o professor até que inicie a instrução, esperando pela vez ou na fila).
Com isto, o objetivo do artigo foi analisar a distribuição percentual do tempo nas aulas de educação física de uma turma de quarto ano do ensino fundamental, da escola onde foi realizado o estágio.
Metodologia
O universo da pesquisa foi constituído por escolas particulares da cidade Porto Alegre, RS. A amostra foi feita em uma escola de Porto Alegre onde foi realizado o estágio curricular.
Foi utilizado um protocolo de codificação de uso do tempo da aula de Educação Física de acordo com Carniel (2003). O protocolo escolhido avalia os tempos de aula e divide-os em quatro tempos, sendo tempo de administração, engajado, instrução e espera, sendo de fácil utilização e interpretação. O registro do tempo foi feito de 15 e 15 segundos a partir da observação e o tempo total de aula foi de 50 minutos. Os registros dos dados foram feitos de acordo a observação do pesquisador no momento da aula.
A análise estatística foi feita a partir da porcentagem dos tempos sobre o percentual total do tempo de aula.
Resultados e análise de dados
O objetivo do presente estudo foi verificar o percentual do tempo de aula, para que seja observado o aproveitamento dos alunos na aula de educação física, do quarto ano do ensino fundamental do colégio de estágio, analisando o tempo de aprendizagem ativa das aulas. De acordo com a observação durante a aula, o pesquisador ia analisando e registrando os movimentos do professor e dos alunos (aula em geral).
O tempo de administração (A) foi de 41% sendo considerado o tempo em que a aula teve um maior percentual em relação aos outros tempos. Esse tempo significou, dentro dos 50 minutos de aula, 20,5 minutos de administração. O percentual de tempo engajado (E) foi de 35,5% sendo considerado o tempo de segundo maior percentual da aula, significando 17,75 minutos do tempo total de aula. O tempo de instrução (I) foi considerado o penúltimo maior percentual com 14% do tempo total de aula, sendo que significou 7 minutos do tempo total de aula. E o tempo de espera (W) foi o menor tempo com 9,5% do tempo total de aula, sendo 4,75 minutos do tempo total de aula.
Alguns resultados vão de encontro com o estudo de Carniel (2003) onde o tempo de administração encontrado no estudo da pesquisadora, apresenta um mínimo de 6,7% e um máximo de 32,5%. Já o estudo em análise, apresentou 41% do tempo total de aula. O tempo de administração, como citado anteriormente, depende de diversos fatores, entre eles, a metodologia de aula do professor e o sistema de aula do professor, pois esse fator pode variar de pessoa para pessoa ou de colégio para colégio.
Já o tempo engajado vai de encontro com o mesmo estudo citado sendo que, os 35,5% do tempo engajado do presente estudo, ultrapassam a média do tempo de 29,9%. O tempo engajado pode depender muito do planejamento do professor, da sua criatividade e da sua relação com a turma. Se o professor não faz planejamento, deixa para realizar a aula sem critério nenhum e ainda não tem uma flexibilidade e um jogo de cintura com a aula e com os alunos, dificilmente esse tempo engajado, que define o tempo de aprendizagem ativa, será alto e os alunos só tendem a perder com isso. Em muitas situações podemos observar esse fato, pois alguns professores de escolas, tanto particulares como estaduais e municipais, estão na responsabilidade de professor não por suas conquistas e méritos, mas sim por seu tempo de serviço ou desinteresse dos seus superiores em avaliá-los.
O tempo de instrução (I) é muito próximo ao do mesmo estudo citado, chegando a 14% no presente estudo e 16,5% (máximo) no estudo citado. Nota-se que muitas vezes, quando o tempo de instrução é alto, ocorre um maior tempo engajado, devido ao fato do professor explicar com uma maior ênfase a atividade em questão. No presente estudo os maiores tempos de instrução foram analisados antes das atividades principais da aula, seguido de um grande percentual de tempo engajado pela maioria dos alunos. Como falado anteriormente, a criatividade do professor é fator fundamental para realizar uma aula. Professores podem utilizar de diversos recursos, e um dos recursos observados constantemente na aula analisada é a voz, que pode ser alta ou baixa. O professor deve se conhecer, para que se tiver uma voz alta ele use esse artifício para explicar para turma como um todo, mas se tiver a voz baixa, terá que bolar alguma estratégia para que a turma possa entender de forma rápida toda a execução da atividade.
O último tempo analisado foi o tempo de espera (W) que, comparado com o estudo de Carniel (2003) foi bem menor do que os resultados máximos citados pela autora. No presente estudo foi encontrado um percentual de 9,5% sendo que o tempo máximo encontrado pela autora citada foi de 74,5%, sendo que a média foi de 44,9%. O tempo de espera é um tempo que pode ser diminuído em diversos locais, pois a maior parte do tempo de espera foi no início da aula, quando o professor está se deslocando de uma turma para outra. Pode ser diminuído colocando algum auxiliar do próprio colégio, para que prepare os alunos para a educação física ou já leve os alunos para o local de prática, contribuindo para diminuir o tempo de espera.
A porcentagem de todos os tempos de aula podem melhorar com diversos recursos, sendo um deles, o estagiário de educação física. O tempo de administração pode diminuir com um estagiário de educação física, sendo que este deve estar ciente do plano de aula do professor, pois ajuda a organizar a turma, que pode ter mais de 30 alunos as vezes. O tempo engajado e a aprendizagem ativa também melhoram, pois o estagiário irá auxiliar junto com o professor os alunos a realizarem as atividades e os fundamentos das mesmas. O tempo de instrução talvez não melhore muito, pois muitas vezes é melhor uma pessoa apenas explicar o que vai acontecer do que as duas. O tempo de espera pode melhorar muito, pois como falado no parágrafo anterior, o estagiário pode minimizar o tempo de espera, levando os alunos da sala para o local de prática e auxiliando o professor nos momentos de espera.
Considerações finais
Os resultados encontrados no presente estudo demonstraram que o tempo engajado da maioria dos alunos é um dado preocupante, visto que apenas 17,5 minutos sobre o tempo total da aula são destinados a aprendizagem ativa. Esse dado importante pode ser revertido se o planejamento do currículo acontecer antes de iniciar o ano letivo e periodicamente em diversas instituições de ensino.
O tempo, muitas vezes, não é a única variável que afeta o tempo de aprendizagem dos alunos, mas se esse quadro não evoluir nas instituições, dificilmente as crianças irão crescer e se tornar adultos saudáveis e praticantes de atividades físicas. Esse fator também depende em grande parte do professor, que se este não incentivar e não tiver um diferencial em suas práticas, a estimulação à prática de atividade física irá decair.
As aulas devem sempre ser atrativas, incentivando os jovens, de acordo sempre com a faixa etária em questão, por isso o professor deve estar ciente de todas as variáveis que englobam uma aula.
Com esses resultados, sugere-se que realizem estudos nesta mesma área com uma amostra maior e que englobem mais faixas etárias. Também podem ser feitos estudos para analisar o conhecimento do professor diante de determinada faixa etária, para ver se a maioria dos professores que estão assumindo a função de educadores físicos estão preparados para tamanha responsabilidade.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Fundamental. Brasília, 1997.
CARNIEL, M. Z. O tempo de aprendizagem ativa nas aulas de educação física escolar em cinco escolas particulares da cidade de Porto Alegre, RS. 2003. 39 f. Monografia (Trabalho de conclusão de curso). Faculdade de Educação Física, UNILASALLE, Centro Universitário, Canoas, 2003.
TOIGO, A. M. Mas, afinal, passo no vestibular se não estiver bem? Cadernos do Aplicação. Porto Alegre: vol. 16, nº 1, 2003.
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