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Relação cintura/quadril e IMC de alunos de uma 

instituição de ensino superior privada de Goiânia, GO

La relación cintura-cadera y el IMC de una institución de enseñanza superior privada de Goianía, GO

 

*Discentes do curso de Educação Física

** Orientador. Docente do curso de Educação Física

Mestre e Doutor em Educação Física

da UNIVERSO-Campus Goiânia

(Brasil)

Augusto Ramos Rolão*

Zaqueu Ribeiro da Cruz*

Nivaldo de Morais Souza Junior*

Prof. Ademir Schmidt**

augustorolao@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo buscou identificar a incidência risco coronariano nos alunos do 6º período do curso de educação física (2013/2) de uma instituição de ensino superior privada de Goiânia-GO. Foi realizada uma pesquisa descritiva. Os sujeitos foram submetidos à avaliação antropométrica de estatura, massa corporal e circunferências de cintura e quadril determinada de acordo com o protocolo do ACSM (2006). Participaram da pesquisa 34 voluntários do sexo masculino com faixa etária entre 19 a 48 anos (25,5 ± 7,0). Os resultados deste estudo apontam que grande parte dos alunos entrevistados encontra-se com Índice de massa corporal (IMC) saudável (64,7%) e com o risco coronariano, (RCQ) moderado (50%). Conclui-se que a avaliação antropométrica é de grande utilidade e importância para o estabelecimento de estratégias de intervenção visando à prevenção de doenças cardiovasculares, uma vez que os marcadores de risco relacionados à saúde, como o IMC e RCQ, podem ser modificados com a adoção de estilo de vida saudável, práticas diárias de exercícios físicos, alimentação adequadas e controle do peso corporal.

          Unitermos: Índice de Massa Corporal. Relação cintura/quadril. Homens.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A obesidade é o estado mais grave do excesso de peso, sendo caracterizada como uma das doenças que integram o grupo de doenças e agravos não transmissíveis. A partir dos anos 60, as doenças e agravos não transmissíveis ocuparam a principal posição entre as causas de mortes no Brasil (MATOS; MOREIRA; GUEDES, 2003).

    A obesidade e, particularmente, a localização abdominal de gordura tem grande impacto sobre as doenças cardiovasculares por associar-se com grande freqüência a condições tais como dislipidemias, hipertensão arterial, resistência à insulina e diabetes que favorecem a ocorrência de eventos cardiovasculares, particularmente os coronarianos. Independentemente do sobrepeso, a gordura abdominal é importante fator de risco para essas condições. Ainda que diversos métodos possam ser utilizados na caracterização da distribuição do tecido adiposo, os métodos mais acurados tais como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são de alto custo e de difícil execução, de forma que a antropometria tem sido muito aplicada para este fim, por meio da construção de índices antropométricos de boa acurácia, a partir de medidas antropométricas de fácil mensuração, obtidas a baixo custo. (FERREIRA, et al. 2006).

    Muitos estudos na população em geral identificam a obesidade, por meio do índice de massa corporal (IMC), e a distribuição central de gordura corpórea, segundo a relação cintura-quadril (RCQ) e a circunferência abdominal (CA), como fatores de risco para a mortalidade.

    Dessa forma, o presente estudo buscou identificar a incidência do sobrepeso/obesidade nos alunos do 6º período do curso de educação física (2013/2) de uma instituição de ensino superior privada de Goiânia-GO.

2.     Relação Cintura/Quadril e IMC

    Para Soares et al. (2011) medidas antropométricas podem ser fator importante para avaliação/alerta de saúde, na dinâmica atual faz-se uma relação direta de um bom estado antropométrico com as práticas de atividade física, dessa forma nas últimas décadas a prática regular de atividade física tem sido estimulada como busca de estilo de vida saudável.

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (2004), a prática regular de atividade física reduz o risco de mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular cerebral, câncer de cólon, de mama e diabetes tipo II além de atuar na prevenção ou redução da hipertensão arterial e prevenção do ganho de peso.

    O excesso de peso corporal é um nível do estado nutricional caracterizado pelo peso corporal excessivo, derivado do acúmulo de gordura, em relação à altura, que pode propiciar maior risco para o desenvolvimento de diversas doenças. É oriundo do cálculo de um indicador, denominado índice de massa corporal (IMC), muito usado para a classificação do estado nutricional na população de adultos, por meio de sua categorização em pontos de corte (GRUNDY et al., 2005 apud. FARIA et al., 2012).

    É importante ressaltar que as categorias de IMC de adultos não são diferenciadas segundo o sexo, além de abranger uma ampla faixa etária (20 a 59 anos). Um fator que limita a aplicação do IMC é que ele não é capaz de fornecer informações relacionadas com a composição corporal. Pessoas com elevada quantidade de massa muscular podem apresentar elevado IMC, mesmo que a gordura corporal não seja excessiva. Apesar de o IMC não fornecer informações relacionadas com a quantidade e distribuição da gordura corporal, muitos estudos demonstram a sua importância na avaliação do risco de mortalidade. Em adultos, observa-se que valores extremos de IMC aumentam o risco de mortalidade, assinalou REZENDE et al. (2010).

    Resultados comparativos de estudos na população brasileira entre 1974 e 2003 apresentam dados de crescimento da prevalência de excesso de peso e obesidade em adultos para todas as regiões do país (FLORINDO et al., 2009).

3.     Metodologia

    A pesquisa se classifica como descritiva, que segundo Cervo e Bervian (2002) se caracteriza por observar, registrar, analisar e correlacionar variáveis sem manipulá-las, procurando descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características.

    Participaram da pesquisa 34 voluntários do sexo masculino com faixa etária entre 19 a 48 anos (25,5 ± 7,0), alunos do 6º período do curso de educação física (2013/2) de uma instituição de ensino superior privada de Goiânia-GO.

    Os sujeitos foram submetidos à avaliação antropométrica de estatura, massa corporal e circunferências de cintura e quadril. As medidas de estatura foram obtidas através de um antropômetro de marca Cescorf, sendo as medidas de massa corporais realizadas por meio de uma balança manual de marca Wellmy (capacidade até 200 kg). Após determinadas as medias antropométricas, foram determinados o Índice de Massa Corporal (IMC) e a relação da circunferência da Cintura-para-Quadril (RCQ). A RCQ foi determinada de acordo com o protocolo do ACSM (2006).

    Depois de determinados o IMC e a RCQ, os dados foram tratados com base na estatística descritiva utilizando o software Microsoft Excel (versão 2010) e comparados aos padrões de referência disponíveis na literatura pertinente.

4.     Resultados e discussão

    Sobre o perfil antropométrico, Índice de massa corporal (IMC), o Gráfico 1 mostra que mais de metade dos sujeitos do estudo (64,7%) apresenta-se saudável, (32,4%) com sobrepeso e (2,9%) com obesidade grau I. O sobrepeso e a obesidade, conforme Abrantes (2003) predominam em faixas etárias específicas dependendo da idade, que pode variar em média de 35 a 69 anos, e do sexo. O sobrepeso nos homens e nas mulheres é mais freqüente entre os 60 e os 69 anos. A obesidade, por sua vez, é mais freqüente entre os 50 e os 59 anos para os homens e 60 e 69 anos para as mulheres.

Gráfico 1. Índice de massa corporal (IMC)

    Em a relação cintura-quadril, a metade (50%) apresentaram risco coronariano moderado, o que está associado à maior predisposição para o desenvolvimento de doenças coronarianas, 44,1% apresentaram risco coronariano baixo e 2,9% apresentaram alto e muito alto. O risco de doenças é maior para pessoas que acumulam gordura na região abdominal (central) particularmente ao redor das vísceras (padrão de gordura abdominal visceral) (NAHAS, 2003). (Gráfico 2).

Gráfico 2. Classificação do risco coronariano, com base na relação da circunferência da Cintura-para-Quadril (RCQ)

    DIAS e colaboradores (2008) compararam aptidão física relacionada à saúde de adultos em diferentes faixas etárias, em homens entre 20 a 49 anos. A maioria se encontrava em índice de massa corpórea (IMC): obesidade grau I e relação cintura/quadril (RCQ): moderada. A distribuição de gordura corporal tem forte determinação genética, mas fatores como sexo, idade, e outros comportamentais, como tabagismo e atividade física, podem ser determinantes. Com base nos dados antropométricos obtidos neste estudo, pode-se verificar uma alta prevalência de sobrepeso e obesidade, o que concorda com o resultado de outros estudos realizados no Brasil, porém com outros grupos populacionais.

    NEVES (2008) realizaram um trabalho sobre Prevalência de sobrepeso e obesidade em militares do exército brasileiro, possuíam idade entre 27 e 37 anos, Pôde-se observar que, segundo o IMC, 64,55% dos sujeitos apresentam algum nível de excesso de peso. Porém, o percentual diminui quando o indicador utilizado é a circunferência da cintura (17,84%), e diminui, ainda mais, quando a classificação é feita pela RCQ (7,98%). Os dados revelam que há quatro vezes mais chances (OR=4,08) de se encontrar hipertensão arterial sistêmica nos militares com sobrepeso ou obesidade, Segundo o IMC, do que os militares com IMC < 25, assumindo-se que os grupos, caso e controle, são comparáveis com relação a quaisquer variáveis. O mesmo acontece com os indivíduos com excesso de gordura abdominal, de acordo com a RCQ (OR=4,45), nesses, há 4,45 vezes mais chances de se encontrar hipertensos do que nos indivíduos com RCQ < 95 cm. O ponto de corte de 94 cm para CC não mostrou associação estatisticamente significativa (OR=1,58 com p valor de 0,345631) entre os militares com excesso de gordura abdominal e os com gordura abdominal "normal".

    Soares et al.(2011) avaliaram acadêmicos do primeiro ao oitavo período do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros, com idade variando entre 17 a 31 anos. Consistiu em analisar medidas coletadas e avaliar o perfil antropométrico dos acadêmicos mediante mensurações de peso, altura, circunferência de Cintura, Quadril. Índice de Massa Corporal (IMC) e Relação Cintura Quadril (RCQ), sendo 32 pessoas do sexo masculino, na relação RCQ os indivíduos do sexo masculino apresentou média de 0,7944, desvio padrão de 0,06820 considerado saudável, o IMC apresentou média de 23,4537 e desvio padrão de 3,83887, considerado o risco coronariano baixo.

    REZENDE et al. (2010) realizaram um trabalho cujas amostras constituíram-se de 98 homens com idade entre 20 e 58 anos. A avaliação antropométrica incluiu peso, altura, circunferência da cintura (CC) e do quadril. A composição corporal foi avaliada por bioimpedância elétrica tetrapolar. A amostra foi predominantemente jovem, 50% dos indivíduos com idade entre 20 e 29 anos.

    O sobrepeso (IMC ≥ 25kg/m2) e a obesidade abdominal (CC ≥ 94cm) foram constatados em 36,7% e 18,4% dos homens avaliados, respectivamente. A circunferência da cintura foi a medida antropométrica que mais se correlacionou com o IMC (r = 0,884; p < 0,01) e com o percentual de gordura corporal (r = 0,779; p < 0,01). A sensibilidade do IMC, para diagnosticar indivíduos com circunferência da cintura, relação cintura-quadril (RCQ); isso demonstra a sua adequação para estudos populacionais com o objetivo de identificar indivíduos com obesidade abdominal e/ou excesso de gordura corporal. Entretanto, na avaliação individual, o IMC não foi adequado para esse mesmo diagnóstico devido aos baixos valores preditivos positivos encontrados: 47,2% para CC, 11,1% para RCQ e 36,1% para percentual de gordura corporal. A idade ≥ 30 anos foi fator de risco para sobrepeso, obesidade abdominal. Ressalta-se a importância da combinação do IMC e circunferência da cintura na avaliação do estado nutricional de homens adultos, já que a obesidade abdominal foi constatada também naqueles indivíduos que não foram diagnosticados como obesos pelo IMC.

5.     Conclusão

    De acordo com o exposto no presente artigo, conclui-se que mais de metade dos sujeitos do estudo (64,7%) apresentam-se IMC saudável em desacordo com relação cintura-quadril, a metade (50%) apresentou risco coronariano moderado, considerando que o excesso de gordura na região central do corpo está associado ao aparecimento de doenças cardiovasculares, diabetes, hospitalizações e mortalidade.

    A avaliação antropométrica é de grande utilidade e importância para o estabelecimento de estratégias de intervenção visando à prevenção de doenças cardiovasculares, uma vez que os marcadores de risco relacionados à saúde, como o IMC e RCQ, podem ser modificados com a adoção de estilo de vida saudável, práticas diárias de exercícios físicos, alimentação adequadas e controle do peso corporal.

Referências

  • ABRANTES, M.M; LAMOUNIER, J.A; COLOSIMO, E.A. Prevalência de sobrepeso e obesidade nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v.49 n.2, apr./jun. 2003.

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE – ACSM. Manual do ACSM para avaliação da aptidão física relacionada à saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

  • CABRERA, Marcos AS et al. Relação do índice de massa corporal, da relação cintura-quadril e da circunferência abdominal com a mortalidade em mulheres idosas: seguimento de 5 anos. Cad Saúde Pública, v. 21, n. 3, p. 767-75, 2005.

  • CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002.

  • DIAS, Douglas Fernando et al. Comparação da aptidão física relacionada à saúde de adultos de diferentes faixas etárias. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v. 10, n. 2, p. 123-8, 2008.

  • FERREIRA, Márcia Gonçalves et al. Acurácia da circunferência da cintura e da relação cintura/quadril como preditores de dislipidemias em estudo transversal de doadores de sangue de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Cad Saúde Pública, v. 22, n. 2, p. 307-14, 2006.

  • FLORINDO, A.A. et al. Prática de atividades físicas e fatores associados em adultos, Brasil, 2006. Rev Saúde Pública, v.2, p.65-73, 2009.

  • MATOS, A.F.G.; MOREIRA, R.O.; GUEDES, E.P. Aspectos neuroendócrinos da síndrome metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab., v.47, p.410-21, 2003.

  • NAHAS M. V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida. Midiograf: Londrina; 2003

  • NEVES, Eduardo Borba. Prevalence of overweight and obesity among members of the Brazilian army: association with arterial hypertension. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 5, p. 1661-1668, 2008.

  • REZENDE, Fabiane Aparecida Canaan et al. Aplicabilidade do índice de massa corporal na avaliação da gordura corporal; The body mass index applicability in the body fat assessment. Rev. bras. med. esporte, v. 16, n. 2, p. 90-94, 2010.

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. A atividade física. Disponível em: www.who.int/. Julho 2004.

  • SOARES, Adão dos Santos et al. Análise do perfil antropométrico dos acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros. EFDeportes.com, Revista Digital. Bueno Aires, ano 16 nº 160, setembro de 2011. http://www.efdeportes.com/efd160/perfil-antropometrico-dos-academicos-de-educacao-fisica.htm

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