O projeto dos jogos cooperativos
na rede El proyecto de juegos cooperativos en la red pública municipal de Nova Veneza |
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Graduada em Educação Física - Licenciatura Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, SC (Brasil) |
Cíntia Zanoni Furlan |
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Resumo Este estudo tratou do projeto dos jogos cooperativos na rede pública municipal de Nova Veneza, dando destaque a implicação dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física escolar. Procurou-se conhecer o projeto dos jogos cooperativos, a proposta pedagógica do município, entre outros itens estudados. Complementando o estudo, foi realizada uma pesquisa de campo que teve o escopo de investigar a opinião dos alunos e professores sobre o projeto dos jogos cooperativos, juntamente com os jogos cooperativos nas aulas de Educação Física. Os dados coletados demonstraram que os jogos cooperativos são os mais aceitos dentre as três escolas pesquisadas, desde que os professores apontam trabalhar os jogos cooperativos em suas aulas de Educação Física. Sendo que o projeto dos jogos cooperativos está implantado nas três escolas analisadas. Unitermos: Educação Física escolar, Jogos Cooperativos, Cooperação.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os Jogos Cooperativos representam uma proposta de atividade que circunda a Educação Física Escolar. Eles apontam uma proposta de resgate de valores, como a autoestima, motivação, união, cooperação, solidariedade entre outros. A iniciativa de pesquisar sobre este assunto surge pelo interesse de saber como o projeto dos jogos cooperativos se integrou nas aulas de Educação Física do município de Nova Veneza. Este motivo foi gerado pela participação de experiências como estagiária “de alunos deficientes” e auxiliar administrativo de escola e perceber que o projeto faz parte apenas de algumas escolas sem deixar claro qual sua finalidade na escola.
Deste modo esta pesquisa teve como tema: O projeto dos jogos cooperativos na rede pública municipal de Nova Veneza. E trouxe como problema: Qual a implicação dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física escolar?
Como questões norteadoras para a pesquisa elaboramos: Qual a proposta da Educação no município de Nova Veneza? Qual a proposta pedagógica das escolas participantes do projeto? Como é planejado o projeto dos jogos cooperativos e sua articulação com as escolas? Qual o objetivo do projeto nas escolas? Qual articulação do projeto com a proposta da Educação da rede municipal de Nova Veneza? Qual a relação do projeto com a Educação Física escolar.
O tipo de pesquisa utilizada foi de campo com abordagem qualitativa. A pesquisa aconteceu em três escolas da rede pública municipal de Nova Veneza. Os sujeitos foram três professores de Educação Física que atuam nestas escolas e alunos do 1º a 5º ano, sendo sorteados três alunos por turma.
Foi aplicado um questionário com perguntas descritivas de múltiplas escolhas, sendo respondidas com a presença do pesquisador. O questionário teve como critérios de análise o conhecimento dos pesquisados com relação à implicação do projeto dos jogos cooperativos na escola.
Origem e evolução dos jogos cooperativos
Para Brotto (1997) a cooperação é um processo de interação social, na qual os objetivos são comuns, são distribuídos para todos e as atitudes são compartilhadas.
Brotto (2002), diz que os jogos cooperativos surgiram pela preocupação da valorização dada ao individualismo e à competição exacerbada, na cultura ocidental.
Segundo Orlick (apud SOLER, 2003, p.19) o jogo cooperativo não é algo atual, pois, “começou há milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniram para celebrar a vida”. Os jogos cooperativos começaram a ser sistematizados na década de 1950 nos Estados Unidos, através de trabalho de Ted Lentz. A partir de 1980, algumas ações começaram a integrar os jogos cooperativos no Brasil.
De acordo com Soler (2003), um dos maiores estudiosos sobre o tema jogos cooperativos é Terry Orlick, da Universidade de Ottawa, no Canadá. No Brasil Fábio Otuzzi Brotto é o grande pioneiro e professor que aponta o princípio cooperativo citando a eliminação do confronto, da disputa, da competitividade que pressupõe ganhar a qualquer custo, para evidenciar a cooperação e os valores que estão implícitos na abordagem.
Para Brotto (2002), os jogos cooperativos foram criados com o objetivo de promover a autoestima e também desenvolver as habilidades interpessoais positivas, assim são orientadas para a prevenção de problemas sociais, antes de se tornarem problemas reais.
Segundo Orlick (apud BROTTO, 2002, p.46),
(...) apesar de Jogos Cooperativos existirem em muitas culturas há séculos, em nossa cultura ocidental existem poucos jogos que são desenhados de forma a unir os jogadores em direção a uma mesma meta comum e desejável a todos.
Em culturas diferentes da nossa, as relações privilegiam a cooperação, não apenas os indígenas, mas também em sociedades asiáticas, em que quase tudo existia com a finalidade de cooperar. Neste sentido o recriar, organizar, desempenhar e divulgar os jogos cooperativos é um exercício de potencialização de valores e atitudes, capaz de favorecer o desenvolvimento da sociedade humana como um todo integrado.
Conceito e características
Amaral (2007) fala que os jogos cooperativos são atividades que requerem trabalho em equipe para assim alcançarem metas mutuamente aceitáveis. Sendo que os indivíduos que cooperam tenham os mesmos objetivos, para que proporcione satisfação para todos os integrantes do grupo.
Os jogos cooperativos são dinâmicas de grupos com objetivo de unir pessoas, que busca despertar a consciência de cooperação, ou seja, mostrar que a cooperação é uma alternativa possível e saudável no campo das relações sociais e também promover efetivamente a cooperação entre as pessoas. O mais importante é a colaboração de cada um, e o que cada um tem para oferecer naquele momento, assim o grupo pode agir com mais eficiência nas atividades estabelecidas. Esse tipo de jogo trás uma alternativa ao jogo de competição, em que muita das vezes o outro passa a ser um obstáculo, no qual tem que passar a atingir o objetivo a qualquer custo.
Deacove (apud BROTTO, 2002, p. 54) enfatiza os jogos cooperativos como uma estrutura alternativa onde os participantes, “jogam uns com os outros, ao invés de uns contra os outros”.
Segundo Sobel (apud BROTTO, 2002, p.55-56),
O jogo cooperativo consiste em jogos e atividades onde os participantes jogam juntos, ao invés de contra os outros, apenas pela diversão. Através deste tipo de jogo, nós aprendemos a trabalhar em grupo, confiança e coesão grupal. A ênfase está na participação total, espontaneidade, partilha, prazer em jogar, aceitação de todos os jogadores, dar o melhor, mudar regras e limites que restringem os jogadores, e no reconhecimento que todo jogador é importante. Nós não comparamos nossas diferentes habilidades nem performances anteriores, nós não enfatizamos a vitoria e a derrota, resultado ou marcas.
Brotto (1997), também caracteriza os indivíduos expostos a necessidade de resolução de conflitos, em duas situações, situação cooperativa e competitiva. A situação competitiva os indivíduos não se mostram tão sensíveis a solicitação dos outros, participam e se ajudam menos nas atividades, produzindo menos em termos qualitativos. Na situação cooperativa os indivíduos ficam mais sensíveis em relação ao outro, ajudam-se e participam mais efetivamente das ações, fazendo que o nível seja mais elevado no rendimento qualitativo.
Uma das características dos jogos cooperativos, é que não precisam ter uma faixa etária especifica em cada jogo, mas, a possibilidade de que os jogos podem e devem ser adaptados ao grupo que joga. Por isso podemos dizer que os jogos cooperativos podem variar das crianças até aos adultos, sendo que o professor ou quem organiza o planejamento das atividades deve observar a idade dos participantes, assim adequar a atividade para o grupo.
A competição e a cooperação são possibilidades de agir e ser no mundo. Então cabe a nós escolhermos, e acabar com o mito em dizer que competição nos faz evoluir. (SOLER, 2003, p.24)
A interação cooperativa com os outros é necessária para o desenvolvimento da autonomia, criatividade, cooperação, auto-estima, identidade pessoal entre outros valores que são elementos importantes para o bem-estar psicológico. Então podemos dizer que quando o jogo tem presentes valores como cooperação e solidariedade começamos descobrir capacidades que cada um de nós tem para sugerir ideias.
Proposta pedagógica da educação da Rede Municipal de Ensino de Nova Veneza
De acordo com o Projeto Político Pedagógico – PPP (2012), os pressupostos filosóficos da educação da Rede Municipal de Ensino, estão fundamentados nos princípios e fins da educação nacional, expressos na Lei nº. 9394/96, em seu artigo 2º, p. 01, que considera:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, que tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Baseiam-se ainda, no texto do Regimento Escolar Comum, proposto pela Secretaria de Estado da Educação e do Desporto, que trata dos princípios e finalidades, onde se afirma que: construir a cidadania é garantir a todas as crianças, em especial àquelas mais vulneráveis à escolarização, como as provenientes de família de baixa renda, as que necessitam trabalhar, as de rua, as do meio rural e as portadoras de necessidades especiais, o acesso ao ensino, assegurando a sua permanência na escola. Uma Escola de qualidade, com uma gestão escolar democrática, participativa e comunitária, alicerçada no Projeto Político Pedagógico, voltado à informação integral do educando.
Esses pressupostos estão calçados também sobre os eixos norteadores da proposta curricular de Santa Catarina (1998), que entende como eixos fundamentais: uma concepção de homem e uma concepção de aprendizagem. Pela primeira, decide-se que homem que se quer formar, para construir qual modelo de sociedade. Consequentemente, escolhe-se o que ensinar; pela segunda, escolhe-se a maneira de compreender e provocar a relação do ser humano com o conhecimento.
Nesta proposta, o ser humano, é entendido como social e histórico, o que significa ser resultado de um processo histórico, conduzido pelo próprio homem, onde os seres humanos fazem a história, ao mesmo tempo em que são determinados por ela. A concepção histórico-cultural de aprendizagem considera todos capazes de aprender e compreender que as relações e interações sociais estabelecidas pelas crianças e pelos jovens que são fatores de apropriação do conhecimento.
De acordo com o PPP (2012), a secretaria municipal de educação do município de Nova Veneza, vem buscando, ao longo desta última década, como filosofia de educação: “Promover, em interação com a família, o desenvolvimento integral do homem, como também seu crescimento pessoal, a partir dos ideais de solidariedade, justiça e igualdade, permitindo o acesso à apropriação e à socialização do conhecimento, bem como a construção de sua identidade, o exercício da cidadania e o ingresso no mundo do trabalho”.
Os pressupostos pedagógicos da educação municipal estão voltados para o texto da disciplina de Filosofia e Filosofia da Educação, da Proposta Curricular de Santa Catarina (1998, p. 39), cuja afirmação revela que:
...Passar pela escola deve significar então, ter o domínio da cultura, do instrumental teórico-prático que os homens produziram na caminhada civilizatória, para estabelecer uma nova forma de relacionar-se, entender e transformar de modo permanente e simultâneo a natureza, a sociedade, a si mesmo e a história...
Assim, proporcionar a formação de um ser, fazendo-o crescer como gente, como pessoa livre, responsável, crítica e atuante na sociedade em que vive, a partir da construção e apropriação do conhecimento decorrente das interações com o outro na história, serão os grandes pressupostos pedagógicos da educação municipal de Nova Veneza.
A linha pedagógica de ação da Rede Municipal de Ensino de Nova Veneza é fundamentada na proposta interacionista ou histórico-cultural de Lev Seminovich Vygotski, na Psicogênese da Língua Escrita de Emília Ferreiro, nos estudos de Jean Piaget e na Psicologia da Infância de Henri Wallon, onde o sujeito constrói e se apropria do conhecimento, a partir de suas experiências e daquelas estabelecidas em interação com o outro.
A teoria Histórico-Cultural tem como objetivo central caracterizar os aspectos tipicamente humanos, presentes desde o nascimento, assim ao mesmo tempo em que o ser humano transforma seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo, do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formaram ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida de um indivíduo. (REGO, 1995).
Segundo Vygotski (apud RECO, 1995, p.93), “a estrutura humana é um processo de apropriação pelo homem da experiência histórica e cultural”.
De acordo com Rego (1995), as colocações e estudos de Vygotski procuraram desenvolver um método que permitisse a compreensão da natureza do comportamento humano, enquanto parte do desenvolvimento histórico geral de nossa espécie. Através do conceito que foi por ele desenvolvido sobre a zona de desenvolvimento proximal, onde ofereceu a partir daí elementos importantes para a compreensão de como se dá a integração entre ensino, aprendizagem e desenvolvimento.
Já a teoria de Piaget parte da concepção de desenvolvimento envolvendo um processo contínuo de trocas entre o organismo vivo e o meio ambiente, Piaget percebeu que a criança possui uma lógica de funcionamento mental que difere, qualitativamente, da lógica do funcionamento mental do adulto, asseguram Davis e Oliveira (1994, p. 37-46). Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre através de constantes desequilíbrios e equilibrações.
De acordo com a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), a Teoria de Wallon afirma que, a compreensão do ser humano deve ter presente que ele é organicamente social, isto é, sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar, ou seja, o ser humano é datado sujeito do seu tempo, constituído por uma estrutura biológica que é ressignificada pelo social.
O desenvolvimento do ser humano na concepção de Wallon tem relação com a aprendizagem, uma vez que a aprendizagem ocorre na interação. Sua teoria aponta a escola/educação como um meio promotor do desenvolvimento.
Educação Física na proposta pedagógica do município de Nova Veneza
Segundo Coletivo de Autores (1992), a Educação Física tem como objeto de estudo o desenvolvimento da aptidão física do homem, assim contribuindo para a defesa dos interesses de classes no poder e mantendo a estrutura da sociedade capitalista.
De acordo com Coletivo de Autores (1992), o conhecimento que se pretende que o aluno apreenda é o exercício de atividades corporais, assim permitindo atingir o máximo rendimento de sua capacidade física. Sendo que os conteúdos são selecionados a partir do conhecimento que a escola apresenta ao aluno.
De acordo com o PPP do município de Nova Veneza (2012), a Educação Física, por ser parte do conhecimento historicamente produzido, deve reunir o que for de mais significativo ligado aos conceitos de movimento/corporeidade, ginástica, jogo, dança e esporte.
Corporeidade é transcendermos a classificação e conceituação das ciências físicas e biológicas do corpo ou mera mensuração ou qualificação do movimento humano. É fazer-se presente via corpo, que sente, que pensa, que age.
O movimento é inerente a todos os seres vivos. O movimento humano, porém, distingue-se dos demais pela linguagem, historicamente, intencionalidade e pelo seu sentido e significado.
O Esporte é uma construção social que institucionalizou temas lúdicos da cultura corporal e se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o constrói e o pratica.
A Dança é uma produção social que representa os diversos aspectos da vida do homem. É uma linguagem que permite exteriorizar sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, dos hábitos, da saúde e da guerra.
O Jogo é a representação de um fenômeno social, cuja intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente. O jogo tem um papel fundamental para a humanização do indivíduo pela aquisição de hábitos, valores e atividades. É na relação interpessoal que se aprende a colaborar, repartir, ceder, compartilhar experiências, expor e organizar ideias.
A Ginástica é uma forma de exercitação corporal, cujo agir (movimentos básicos) resulta da própria história dos homens, impregnada de sentido e significado.
Percebe-se então, que a Educação Física é de suma importância para o processo educacional, dependendo do conteúdo abordado e a metodologia aplicada.
Projeto dos Jogos Cooperativos
O projeto dos Jogos Cooperativos é oriundo/parte de um programa chamado Cooperjovem desenvolvido pelo SESCOOP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo), desde o ano de 2000, com o objetivo de fortalecer os princípios do cooperativismo e estimular a cultura da cooperação, exaltando os valores essenciais: voluntariado, solidariedade, autonomia, responsabilidade, democracia, igualdade, honestidade e ajuda mútua. O Cooperjovem é destinado a alunos de cooperativas educacionais e escolas públicas do ensino fundamental e médio.
No projeto há personagens que são levados à escola para animar a criançada, o pinho e a pinha fazem parte dos personagens do programa, com caracterização do símbolo das cooperativas.
Segundo a coordenadora do programa Cooperjovem da região da AMREC e AMESC, o Cooperjovem chega às escolas, para estimular o desenvolvimento de projetos pedagógicos dirigidos a prática de cooperação nas escolas. O Cooperjovem fortalece as relações sociais entre municípios, cooperativas, escolas, professores e alunos. Sua abrangência é ampla e expressiva. Nos dados até dezembro de 2006, espelham a força social:
Escolas envolvidas: 303
Municípios participantes: 131
Professores participantes: 2629
Alunos participantes: 115869
Cooperativas: 81.
Sendo que da região da AMREC e AMESC têm apenas uma cooperativa, num quadro de sete escolas que participam, três da região da AMREC e quatro da AMESC, relata a coordenadora do programa.
O programa Cooperjovem foi lançado depois do advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394, de 1996. Foi uma oportunidade para contemplar a filosofia da cooperação como parte diversificada do ensino nas escolas, relata a coordenadora do programa.
O programa também visa colaborar com o trabalho na escola na preparação dos jovens para a formação de senso crítico a respeito das transformações cotidianas da sociedade.
Apresentação e análise dos dados
A perspectiva dos alunos
Foi aplicado questionário em três escolas da rede municipal de Nova Veneza, sendo as três escolas do município que tem o Projeto dos Jogos Cooperativos “Programa Cooperjovem”. Os pesquisados foram 42 alunos de 1º a 5º do ensino fundamental I, foram três alunos cada turma selecionados a partir de sorteio pela ordem da chamada. Apenas uma escola não possui a turma do 2º ano.
A faixa etária dos alunos pesquisados é de 6 a 10 anos de idade. Todos os alunos gostam das aulas de Educação Física, “porque é legal, tem brincadeiras/jogos, ginástica, esporte, corridas e exercícios”. (Aluno L- Escola Figueirinha 1).
Na preferência por jogos 28 alunos preferem jogos cooperativos, sendo desses 12 alunos da Escola Figueirinha, 9 alunos da Escola Borges e 7 alunos da Escola Terezinha. Os alunos apontam por preferir estes jogos, pois “são jogos que cooperam e ajudam os outros, porque ninguém fica sem prêmio, ninguém briga nas atividades e por aprender coisas cooperativas”. (alunos D, F – Escola Borges).
Sobre os jogos competitivos, 12 alunos apontam preferir este tipo de jogo, sendo desses 2 alunos da Escola Figueirinha, 5 alunos da Escola Borges e 7 alunos da Escola Terezinha. Os alunos definem os jogos competitivos como: “jogos que são legais para competir, só tem um vencedor, e também para ver quem é o melhor no jogo, dando nosso máximo nas competições”. (aluno G, L – Escola Borges).
Na preferência por jogos mistos 2 alunos preferem este tipo de jogos, sendo 1 aluno da Escola Terezinha e 1 aluno da Escola Borges. Um deles relata que “gosta de cooperar e competir”. (alunos N – Escola Terezinha).
Os jogos cooperativos para os alunos da Escola Figueirinha são jogos “que ajudam e cooperam com todos, são jogos que todos ganham e que não há brigas”.
Os jogos modificaram a relação entre os colegas na maioria das respostas das três Escolas, porque relatam que estão “cooperando, ajudando os outros, pararam de brigar e bater nos colegas e também começaram a ouvir mais o que os outros têm a dizer”. Os jogos cooperativos contribuem para o comportamento dos alunos pois em sua maioria afirmam que os jogos servem “para aprender, não bater e brigar, a não desrespeitar colegas e professores, e amarmos todos.” Contudo, isto não é verdadeiro para todos, pois, para dois alunos não se modificaram as questões “porque ainda estão brigando”. Outro aluno respondeu simplesmente com um “não”, porém, não justificou sua posição.
O programa Cooperjovem é conhecido pela grande maioria dos alunos das escolas, 6 alunos não tem o conhecimento do projeto da escola. Os alunos apontam conhecer pelas “historinhas (lidas e ouvidas), gibis que tem na biblioteca, livro do pinho e da pinha (personagens do projeto), pelos trabalhos em grupo, cartazes, gincanas e porque os colegas cooperam na sala de aula”.
A maioria dos alunos das escolas percebe o projeto ligado às aulas de Educação Física, os alunos da escola Terezinha esclarecem estar ligado o projeto as aulas, pois, “a professora trabalha jogos cooperativos e também todos jogam juntos ajudando e cooperando”.
Segundo os alunos as professoras trabalham diversas atividades nas aulas de Educação Física, entre elas: “esportes (futebol, vôlei, handebol, basquete, atletismo), alongamento, brincadeiras de pegar, jogos de mesa (xadrez, quebra-cabeça), pula corda, raquete, queimada, competições e nunca três”.
Os alunos esclarecem que todos participam das aulas de Educação Física, “porque gostam, também porque a professora deixa de castigo quem não participa, para aprender, porque é uma forma de cooperação estar participando e porque todos são amigos”. (alunos da Escola Borges). Porém alguns alunos relatam que nem todos participam, pois, “quem incomoda na aula, a professora não deixa participar”. (aluno B - da Escola Borges)
Os alunos apontam que sabem quando estão sendo avaliados, que é pelos “trabalhos, provas, participação, comportamento, desempenho, cooperando e ajudando os amigos”. Um desses alunos pesquisados não sabe quando esta sendo avaliado.
A opinião dos professores
Foram três professores que preencheram o questionário, a faixa etária deles varia de 31 a 37 anos. A formação profissional é em Educação Física e dois professores são pós-graduados (especialistas). O tempo de serviço na área varia de 7 a 12 anos.
A proposta pedagógica utilizada nas aulas segundo os professores é a do município, ou seja, histórico-cultural. Nesta proposta segundo a professora da escola Figueirinha “o aluno se apropria do conhecimento através das suas experiências”.
Questionados sobre planejamento os três professores afirmaram planejar suas aulas. O professor da escola Borges esclarece que “é para uma melhor organização das aulas”. O professor da escola Figueirinha aponta que “o planejamento das aulas é de acordo com os objetivos a serem alcançados”. O professor da escola Terezinha ressalta que “o município tem um plano anual, onde eles acompanham e o professor planeja semanalmente”.
Os professores das escolas Figueirinha e Borges trabalham de acordo com os conteúdos mínimos do PPP do município, na qual fazem mudanças de acordo com as necessidades das turmas. O professor da escola Terezinha seleciona os conteúdos conforme a realidade e material de cada escola.
Os professores conhecem a proposta pedagógica do município e da escola. Apenas o professor da escola Figueirinha destacou filósofos que orientam suas aulas como “...Vygotski, Emilia Ferreiro, Jean Piaget e Henri Wallon...”
Em relação ao programa Cooperjovem – elemento central da construção desta pesquisa – causou surpresa ao pesquisador que o referido programa e não é conhecido pelo professor da escola Terezinha. O professor da Figueirinha aponta que participou de cursos de jogos cooperativos, com parceria com o programa Cooperjovem. O professor da escola Borges esclarece que “é um projeto desenvolvido pela OCESC (sindicato e organização das cooperativas de Santa Catarina) com a parceria das cooperativas, que são parceiras das escolas, que visa o desenvolvimento da cooperação em todo ambiente escolar”.
A professora da escola Borges aponta que “o projeto dos jogos cooperativos, é trabalhado nas aulas com jogos e que tem o intuito de cada indivíduo colaborar e cooperar com o grupo”.
Os professores relatando sobre o que significa para eles os jogos cooperativos apontaram como síntese, que os jogos cooperativos são jogos em que as crianças aprendem a jogar uma com as outras e que desenvolvem o espírito de equipe (juntos alcançarão a vitória).
Todos os professores apontam que é “importante trabalhar os jogos cooperativos nas aulas de Educação Física porque vivemos numa época muito competitiva e individualista e é preciso resgatar os valores, como: a cooperação, respeito, ajuda mútua, socialização e principalmente despertar a consciência de cooperação e promover a cooperação entre os alunos”.
As duas professoras que conhecem o projeto ressalta que “o projeto auxilia sim suas aulas, sempre com ideias novas de como trabalhar os jogos cooperativos”. E segundo as professora, a relação do projeto com a escola é estar trabalhando os jogos cooperativos.
Considerações finais
Após a realização deste trabalho sobre os Jogos Cooperativos, dando ênfase ao Projeto dos Jogos Cooperativos na rede pública municipal de Nova Veneza, tive a compreensão de diversos aspectos do projeto com as aulas de Educação Física, assim levando em conta as implicações dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física escolar.
De acordo com estudos dessa pesquisa, os alunos estão na faixa etária adequada para o ano de estudo em que se encontram. Verificando-se que gostam das aulas de Educação Física, bem como também não gostam de participar das aulas sozinhos, ou seja, preferem atividades em grupos, e que todos participam.
Nas aulas de Educação Física a maioria dos alunos prefere jogos cooperativos, por terem tido a oportunidade de vivenciarem atividades nas aulas de Educação Física. Também pelo fato do projeto dos jogos cooperativos estar implantado nas escolas pesquisadas. Mas podemos perceber que mesmo com o projeto inserido nas escolas, alguns alunos preferem os jogos competitivos. Talvez pelo fato da escola não tematizar o objetivo do projeto, pois, alguns professores não têm conhecimento e também por viver em uma sociedade competitiva.
Os professores pesquisados conhecem o projeto na escola, porém, um deles não tem o conhecimento do mesmo. Os alunos, na grande maioria, conhecem o projeto dos jogos cooperativos, devido às aulas de Educação Física e também trabalhos feitos na escola com outras disciplinas.
Os resultados mostraram que a maior parte dos alunos pesquisados percebeu benefícios com a prática dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física em sua relação entre os colegas e também para o comportamento. Mas também podemos perceber que alguns alunos relatam não ter modificado seu comportamento em relação entre os colegas, que segundo eles apontam estar tendo desentendimentos durante as aulas. Sabemos que com o projeto dos jogos cooperativos implantado nas escolas tem com o objetivo de fortalecer princípios cooperativos nas aulas e nos alunos, estimulando a cooperação, solidariedade, ajuda mútua, entre outros valores.
No quesito de atividades dadas pelos professores de Educação Física, podemos perceber que são bem diversas. Segundo, os professores, suas aulas são planejadas de acordo com os conteúdos mínimos “PPP” do município e também auxiliados pelos materiais que estão disponíveis na escola. Sabemos que cabe a cada professor planejar suas aulas a partir do conhecimento dos alunos nas atividades propostas, e a criatividade de estar trabalhando com diversos materiais, confeccionados pelos alunos.
Ao fim desta pesquisa de campo conclui-se que ela, como todo trabalho científico, soma muitos conhecimentos tanto profissional como pessoal às pessoas envolvidas nos projetos, sendo que toda análise consecutivamente será interpretada à luz de novas teorias, fatos e documentos.
Nota
Os nomes das escolas são fictícios.
Referências
AMARAL, Jader Denicol do. Jogos cooperativos. 2ª ed. São Paulo: Phorte, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. nº 9394/96. Brasília: MEC, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino de Quinta à Oitava Série. Brasília, 1998.
BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência, Santos, SP: Projeto Cooperação, 2002.
_______. Jogos Cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar. São Paulo: Cepeusp, 1995/Santos: Projeto Cooperação, 1997.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Ed. Cortez, 1992.
DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na Educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
NOVA VENEZA. Projeto Político Pedagógico (PPP). Santa Catarina, 2012
REGO, Teresa Cristina. Vygotski: Uma perspectiva Histórico-Cultural da Educação. Petrópolis: Editora Vozes, 13º edição 1995.
SESCOOP. Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, 2003. Disponível em: http://www.ocb.org.br/site/brasil_cooperativo/index.asp
SOLER, Reinaldo. Jogos cooperativos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
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