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Medidas antropométricas: a sua importância
no alerta aos riscos de saúde

Las medidas antropométricas: su importancia como alarma en los riesgos de salud

 

*Discentes do curso de Educação Física

** Orientador. Docente do curso de Educação Física

da UNIVERSO-Campus Goiânia

(Brasil)

Adriano Vaz Guimarães*

Larissa Rosa Lopes*

Prof. Ademir Schmidt**

larissarosa@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O excesso de gordura corporal representa um risco para o desenvolvimento de certas doenças, tais como: coronariopatias, hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes tipo 2, apnéia do sono, entre outras. Através das medidas antropométricas é possível verificar a incidência desses problemas, visto que, a adiposidade abdominal tem sido considerada um dos melhores preditores de tais enfermidades. O objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sobrepeso, obesidade, e o risco coronariano, em alunos do 6º período do curso de Educação Física de uma instituição de ensino superior de Goiânia-Go, utilizando as variáveis antropométricas. Participaram desta pesquisa 25 adultos (sendo 15 homens e 10 mulheres), com faixa etária entre 19 e 24 anos.

          Unitermos: Medidas antropométricas. Obesidade. Risco coronariano.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A doença cardiovascular é considerada mundialmente a principal causa de morte e de invalidez, sendo a doença arterial coronariana a mais recorrente entre adultos. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde as doenças cardiovasculares mataram cerca de 300 mil pessoas em 2009, quase 30% do total de óbitos registrados (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

    Com os avanços tecnológicos da vida moderna, cada vez mais as pessoas tornam-se menos ativas, fato que, somado aos maus hábitos alimentares podem acarretar alguns distúrbios hipocinéticos, como sobrepeso e obesidade. Vários estudos estabelecem uma relação positiva entre as manifestações cardiovasculares e o estilo de vida, sem deixar de lado os fatores genéticos e ambientais, como risco de doença arterial coronariana.

    A obesidade favorece a ocorrência de DCV, pois além de elevar a pressão arterial e a concentração de colesterol, promove aumento na resistência insulínica, dificultando a captação e utilização de glicose. As alterações metabólicas conseqüentes contribuem para o aparecimento de doenças crônicas e agravos não transmissíveis (LIMA, 2006).

    Vários são os recursos disponíveis na literatura para mensuração e avaliação antropométrica que indiquem fatores de risco à saúde. A adiposidade abdominal tem sido considerada um dos melhores preditores de doenças cardiovasculares. No entanto, embora a técnica de diagnóstico por imagem seja o método mais eficiente, ele é limitado quando usado em estudos epidemiológicos, devido ao seu alto custo e as dificuldades metodológicas. Por esse motivo, marcadores antropométricos, como por exemplo, a circunferência da cintura e a relação cintura-quadril, têm sido amplamente utilizados em estudos epidemiológicos.

    O objetivo do presente trabalho foi verificar a relação entre medidas antropométricas e fatores de risco para desenvolvimento de doenças, principalmente as doenças cardiovasculares, de um grupo específico.

2.     Desenvolvimento

    Segundo Heyward e Stolarczyk (2000), a antropometria tem sido utilizada para avaliar o tamanho e as proporções dos segmentos corporais. A composição corporal é a proporção entre os diferentes componentes corporais e a massa corporal total, sendo normalmente expressa pelas percentagens de gordura e de massa magra.

    Pela avaliação da composição corporal, podemos, além de determinar os componentes do corpo humano de forma quantitativa, utilizar os dados obtidos para detectar o grau de desenvolvimento e crescimento de crianças e jovens, e o estado dos componentes corporais de adultos e idosos.

    Atualmente existem diversos métodos para se avaliar a gordura corpórea e abdominal. Entre esses métodos se destacam a tomografia computadorizada, ressonância magnética, a densitometria e a ultrassonografia. Porém, esses métodos são onerosos e, portanto, apresentam dificuldades e restrições quanto à avaliação de amostras populacionais, e até mesmo pequenas amostras, como no caso deste trabalho.

    Dessa forma, as medidas antropométricas constituem um substituto de fácil execução e de baixo custo na estimativa da gordura corpórea e principalmente da gordura abdominal. As medidas antropométricas comumente utilizadas são o IMC, a medida cintura abdominal e a relação entre a medida da altura e a medida da cintura abdominal. Todas elas apresentam uma boa correlação com a quantidade de gordura abdominal, sendo que a medida da cintura abdominal se constitui em uma das melhores (RANKINEN 1999).

    De acordo com Filho (2003) a relação cintura-quadril é positivamente associada com resultados metabólicos adversos, tais como elevada pressão sanguínea, diabetes e infarto do miocárdio. Em estudos que corroboram essa relação, Pitanga (2007) afirma que a relação cintura-para-quadril é associada aos níveis adversos de lipídios, lipoproteínas e insulina, sendo preditor de doença cardíaca coronariana.

    Há muito tempo foi analisada a relação entre estatura, espessura do tecido subcutâneo e densidade corporal, sendo determinado que o melhor índice fosse aquele que tivesse menor correlação com a estatura, pois removeria a dependência do peso sobre a estatura. Ao mesmo tempo, este índice deveria ter maior correlação positiva com a gordura subcutânea e negativa com a densidade corporal, para detectar o nível com que os diversos índices indicavam relativa obesidade ou excesso de gordura. Como resultado, encontrou-se que a relação peso dividido pela altura ao quadrado foi o índice que apresentou menor correlação com a estatura e maior correlação com o excesso de gordura (PITANGA, 2007). A partir desses estudos determinou-se o IMC, que é utilizado para diagnosticar tanto o sobrepeso e obesidade quanto a desnutrição.

    Fortes evidências científicas apontadas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em 2006, indicam que os indivíduos mais susceptíveis as DCV são os que apresentam alguns fatores de risco como diabetes mellitus, hipertensão arterial, tabagismo e dislipidemia. História familiar de DCV em homens com idade inferior a 55 anos e mulheres com 65 anos, inatividade física, estresse, depressão, dieta e obesidade, também estão claramente associadas com maior risco de doença coronária.

    A avaliação antropométrica e identificação do excesso de peso podem favorecer a identificação precoce do risco cardiovascular. Estudos realizados por Pitanga (2007) destacam que a circunferência da cintura elevada, além da inadequação de outros índices como índice de massa corporal (IMC), razão circunferência cintura/quadril (RCQ) e índice de conicidade (índice C) podem contribuir para o aumento do risco coronariano.

3.     Metodologia

    O estudo classifica-se como descritivo, que segundo Cervo e Bervian (2002), caracteriza-se por observar, registrar, analisar e correlacionar variáveis sem manipulá-las, procurando descobrir com a precisão possível a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação, conexão e sua natureza.

    A amostra deste estudo foi composta por 25 voluntários (sendo 10 mulheres e 15 homens) com faixa etária entre 19 e 34 anos (25,2-+5,65), alunos do 6º período do curso de educação física de uma instituição de ensino superior privada de Goiânia-Go.

    Os sujeitos foram submetidos à avaliação antropométrica de massa corporal, composição corporal e determinação da relação de circunferência da cintura-para-quadril (RCQ). Para as medidas de circunferência de cintura e quadril, utilizou-se fita não elástica marca Sanny com precisão de 1 mm.

    A composição corporal foi estimada através da medida da espessura de dobras cutâneas (EDC), com base no protocolo de quatro dobras de Petroski (1995), utilizando um compasso da marca Sanny. O percentual de gordura foi obtido por meio da fórmula de Siri (1965), sendo a gordura absoluta e massa corporal magra (MCM) calculadas de acordo com Guedes (1994).

4.     Resultados e discussão

Gráfico 1. Porcentagem de gordura corporal

    O primeiro procedimento estatístico realizado foi o cálculo do percentual de gordura corporal representado no Gráfico 1. As mulheres obtiveram uma média de 28,29%, já os homens alcançaram uma média de 20,20%. O desvio padrão feminino também teve um valor maior, alcançando 4,67%. De acordo com os resultados obtidos através dessa amostragem, pode-se concluir que as mulheres estão mais propícias a alcançarem o sobrepeso, como também a obesidade, e a desenvolverem doenças relacionadas a tal estado.

Gráfico 2. Gordura absoluta (kg) e massa corporal magra (kg)

Fonte: Próprios autores, 2013

    Em estudos realizados por Guedes (1994), comparando-se a disposição da gordura entre ambos os sexos, observa-se que na mulher, em função da existência de uma quantidade adicional de gordura caracterizada pelo próprio sexo feminino, a quantidade de "gordura corporal essencial" torna-se maior numa proporção de aproximadamente quatro vezes do que no homem. Nesse trabalho, observa-se que a mulher possui maior valor de gordura absoluta, porém corrobora com a afirmativa do autor anteriormente citado, de ter proporção aproximadamente quatro vezes mais do que no homem.

    Com referência à "gordura corporal de reserva", a distribuição proporcional em relação à massa corporal total em ambos os sexos é bastante similar, entretanto ainda com uma superioridade entre as mulheres, fazendo com que, em igualdade de condições, a mulher apresente sempre um componente de gordura superior quando comparada ao homem (GUEDES, 1994).

Gráfico 3. Classificação do risco coronariano, com base na relação da Cintura-para-quadril (RCQ)

Fonte: Próprios autores, 2013

    Em relação aos dados obtidos através das medidas da circunferência da cintura-para-quadril, observa-se que 50% das mulheres, e 40% dos homens possuem um baixo risco coronariano. As mulheres atingiram um valor de 30% de risco moderado, e os homens 46,70%. No sexo masculino, os valores encontrados foram de 13,3% para o risco alto, enquanto que no sexo feminino tanto no risco alto e muito alto o percentual é de 10%. Os homens possuem um risco baixo para doenças cardiovasculares, comparando-se às mulheres. No risco moderado, os homens possuem percentual maior. Os homens não obtiveram porcentagens significativas no risco muito alto, porém as mulheres atingiram 10% do percentual.

    O gráfico 3 representa, que os homens possuem um risco moderado e alto superior as mulheres. Porém, o risco muito alto só foi encontrado no sexo feminino ao se fazer uso desse indicador antropométrico.

5.     Conclusão

    A obesidade e o sobrepeso são problemas crescentes em muitos países, incluindo o Brasil, e atinge o indivíduo não só de forma física, como também de forma psicológica, social e econômica. E, tentar evitar esse problema, ou pelo menos expor os riscos e mostrar a maneira de evitá-los, é papel dos profissionais que trabalham diretamente com a saúde.

    O presente estudo procurou analisar a correlação entre os indicadores antropométricos e o risco à saúde. Pôde-se observar que as mulheres da amostra pesquisada obtiveram maior percentual de gordura corporal, indicando, de acordo com estudos citados anteriormente, maior predisposição a desenvolver sobrepeso, obesidade, e doenças cardiovasculares.

    Fazer essa correlação trata-se de uma estratégia para possibilitar a detecção dos riscos. Com isso, pode-se adotar intervenções específicas como a mudança de modos de vida, incluindo hábitos alimentares e atividade física.

    Ressalta-se como limitação do estudo o fato da amostra ser pequena, a falta de avaliação de outros parâmetros associados ao risco de doença cardiovascular como aferição da pressão sanguínea, perfil lipídico, ingestão de sódio, entre outros.

Referências bibliográficas

  • FERNANDES FILHO, José. A prática da avaliação física. 2ª ed. revista e atualizada. RJ: Shape, 2003.

  • CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002.

  • GUEDES, D.P. Composição corporal: princípios, técnicas e aplicações, 2ª Ed., Londrina: APEF, 124p, 1994.

  • HEYARD, V. & STOLARCZYK, L. Applied body composition assessment. Champaign, Illinois: Human Kinetics Books. (1996)

  • LIMA, W.A. GLANER, M.F. Principais fatores de risco relacionados às doenças cardiovasculares. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2006; 8(1):96-104

  • PETROSKI, E.L. Desenvolvimento e validação de equações generalizadas para a predição da densidade corporal. Tese de doutorado. UFSM-RS, Universidade Federal de Santa Maria, 1995.

  • PITANGA, F.J.G. Testes, medidas e avaliação em educação física em esportes. 5ª Ed. São Paulo: Phorte, 2008.

  • Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH); Sociedade Brasileira de Nefrologia. V Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. 2006.

  • SIRI, W. E. Body composition from fluid spaces and density: analysis of methods. In. BROZEK, J.; HENSCHEL, A. Techniques for measuring body composition. National Academy of Science, p.223-244, 1961.

  • World Health Organization (WHO). Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 2009. Technical Report Series, 854.

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