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Inclusão das crianças com deficiência intelectual nas escolas e nas aulas de Educação Física Escolar no município de Irineópolis, SC

Inclusión de los niños con discapacidad intelectual en las escuelas y en
las clases de Educación Física Escolar en el municipio de Irineópolis, SC

 

*Graduada em Educação Física/UnC Porto União. Irineópolis, SC

**Mestre em Educação. Saúde e Qualidade de Vida

Especialista em Dança Cênica. Graduada em Educação Física

Professora da Universidade do Contestado/UnC Porto União

e do Centro Universitário de União da Vitória/UNIUV

Porto União, Santa Catarina

Aline Klodzinski*

alineklodi@gmail.com

Izabel Cristina Ribas Rodrigues Calliari**

izabelribas_unc@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi verificar se as crianças com deficiência intelectual estão sendo incluídas nas escolas do ensino regular e nas aulas de Educação Física, como prevê a Lei de Diretrizes e Bases, LDB n° 9394, de 20/12/96. A amostra foi composta por 06 (seis) professores de Educação Física e 04 (quatro) diretores de escolas municipais de Irineópolis, interior do estado de Santa Catarina, totalizando 100% do universo pesquisado Os dados foram coletados por meio do questionário criado por Aguiar e Duarte (2006) e adaptado pela autora para esta pesquisa. Constatou-se que as crianças com deficiência intelectual estão sendo matriculadas nas escolas municipais, mas nem todos os professores de Educação Física, por mais que tenham tido conhecimento e as informações necessárias durante sua formação, ainda não estão preparando suas aulas para receber e dar o auxilio aos alunos com deficiência intelectual.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Inclusão. Deficiência intelectual. Lei de Diretrizes e Bases.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Esta pesquisa teve como finalidade verificar a inclusão de alunos com deficiência intelectual no âmbito escolar e nas aulas de Educação Física, de acordo com o indicado nas leis federais brasileiras, no município de Irineópolis, situado no planalto norte do estado de Santa Catarina.

    Para tanto, foram aplicados dois questionários, um para os Professores de Educação Física e outro para os Diretores das Escolas do Município.

    Não cabe a escola dizer se está ou não preparada para receber alunos com deficiências intelectuais, mas sim, deve cumprir uma Lei Federal n° 9394, de 20/12/96, que escreve no Título III, “Do direito a educação o dever de educar”, inciso III que trata do “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”, que indica que todos têm direito a educação.

    O que legitima uma escola é sua capacidade de fazer com que o aluno evolua a partir de um aprendizado, mudando assim o seu comportamento, favorecendo para as crianças, mesmo com uma deficiência, a possibilidade de aprender. Quando se fala de inclusão o que geralmente é lembrado, é a participação da pessoa com deficiência física na sociedade. Pouco se menciona sobre a participação das pessoas com deficiência intelectual. No entanto, é possível afirmar que esta participação em atividades sociais deve começar na escola.

    Um dos problemas mais freqüentes que inibe a inserção da pessoa com deficiência intelectual na escola e nas atividades escolares é a falta de preparo dos professores principalmente nas aulas de Educação Física.

    Com a finalidade de verificar como a inclusão da pessoa com Deficiência Intelectual vem acontecendo nas escolas foram investigados o conhecimento sobre o tema de 06 (seis) professores de Educação Física e 04 (quatro) diretores de escolas municipais, totalizando 100% do universo, tanto de diretores quanto de professores de Educação Física escolar da rede municipal de ensino de Irineópolis, região do Planalto Norte do estado de Santa Catarina. Os dados foram coletados através do questionário criado por Aguiar e Duarte (2006) e adaptado pela autora para esta pesquisa.

Educação Física Escolar Adaptada

    O ensino da Educação Física na escola deve ser realizado por professores que saibam atuar dando ênfase no aprendizado dos alunos, com vistas a transformá-los, auxiliando na construção de uma cultura reflexiva, como afirma Moreira (2004, p.19.):

    Torna-se necessário para o profissional de Educação Física presente na escola ter competência, tais como: saber (conhecimento necessário e adquirido na instituição formadora), saber fazer (relacionar o conhecimento cientifico com a pratica), saber fazer e por que fazer (administrar um conhecimento contextualizado-o), e o saber fazer e para que fazer (tornar a prática da Educação Física uma contribuição para a vida do indivíduo [...]).

    Esse papel sobre a reflexão acerca de assuntos da sociedade pode e deve começar no âmbito escolar, suprindo muitas vezes a falta da família, como afirma Krammer (1995) citado por Moreira (2004, p.91.):

    [...] Em função da enorme importância que a escola assume na vida de nossas crianças, o compromisso que os educadores devem assumir é o de compensar a ausência da família, o que caracteriza a educação compensatória aos moldes das pré- escolas que surgiram na Europa na época da revolução industrial.

    As aulas de Educação Física se configuram no espaço onde os alunos mais participam ativamente. No entanto, é também onde se verifica a exclusão do aluno com deficiência intelectual com mais nitidez. E esta rejeição não acontece por parte somente dos alunos, alguns professores também tem uma enorme dificuldade em aceitar esses alunos e adaptar suas aulas para entendê-los, como descreve Gorgattie e Costa (2008. p. 95.):

    Muitos profissionais de educação física também abandoam o problema quando negligenciam a existência do aluno diferente numa aula. Isso acontece sobretudo diante de grupos muito heterogêneos, ou quando o individuo com deficiência intelectual esta inserido no contexto de aula em meio a um grupo de indivíduos normais.

    Gorgattie e Costa (2008. p. 99.), relatam ainda que: “A exclusão por parte do alguns colegas de turma ou mesmo do professor pode fazer com o aluno com deficiência intelectual não se sinta pertencente ao grupo”.

    A Educação Física Adaptada tem um grande papel na socialização do aluno com deficiência intelectual, a adaptação ocorre quando o aluno se sente em um meio do qual ele faz parte e se sente valorizado. Para Duarte e Lima (2003, p. 94.) [...] “Adaptação involuntária ou instintiva à adaptação adquirida, o objetivo comum é a adequação para que o corpo se sinta “confortável”, ou em ‘equilíbrio estável’, e possa desenvolver-se plenamente [...]”. Ainda sobre essa adaptação Stainback e Stainback (1999, p. 70) descrevem que:

    As definições da missão a ser desenvolvidas por uma escola ou por um sistema escolar é o primeiro passo de um processo de planejamento estratégico para que todos sejam bem recebidos e apoiados como membros totalmente participantes das classes regulares, em suas escolas.

    As aulas de educação física adaptadas podem auxiliar no processo de adaptação do aluno com deficiente intelectual, esse processo poder levar a experiência de fracasso, erro, incerteza, vergonha dos colegas. Essas experiências podem aparecer, mas o professor deve explicar que fazem parte da aula e motivando os alunos a sempre fazer o que foi proposto. Stainback e Stainback (1999, p.195) mencionam que:

    Os alunos com e sem deficiência podem se beneficiar- se da aprendizagem de habilidades especificas nos comportamentos que podem melhorar o desenvolvimento das amizades e das interações sociais [...]. [...] Não é um pré-requisito que os alunos tenham alguma ou todas essas habilidades físicas para envolverem-se em uma amizade, mas a consciência, o contato e o domínio dessas habilidades podem encorajar um grande número de amizades ou melhorar a qualidade das amizades já existentes.

Deficiência Intelectual e Inclusão Escolar

    A deficiência intelectual esta relacionada com a capacidade de aprender dos alunos e, infelizmente, esta diferença entre aprendizados conduz ao preconceito em salas de aulas pelos outros alunos considerados “normais” ou “regulares”.

    [...] A deficiência intelectual corresponde a um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média. Essa deficiência também se caracteriza por uma inadequada da conduta adaptativa e pode se manifestar ate os 18 anos (AMMD apud GORGATTI E COSTA. 2008, p. 79).

    Os professores de Educação Física e outras pessoas envolvidas de modo geral com os alunos com deficiência intelectual devem saber respeitar suas restrições, sabendo sempre respeitar o seu tempo de aprendizagem.

    Tem sido forte a tendência de associar o problema da deficiência intelectual com o atraso em relação ao nível de desenvolvimento cognitivo. De modo geral, parte-se do pressuposto de que as pessoas com deficiência intelectual percorreriam etapas semelhantes às percorridas por indivíduos normais no domínio cognitivo, mas de maneiras mais lenta (GORGATTI E COSTA. 2008, p. 86).

    O aluno que apresenta dificuldade de aprendizagem está, no entanto, amparado pela Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, n°9394, promulgada em 20 de dezembro de 1996, que traz no Titulo III, ‘Do direito a educação e o dever de educar’ inciso III, que trata do ‘Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais’, preferencialmente na rede regular de ensino (DUARTE; LIMA 2003). E ainda, sua inclusão escolar está amparada em todos os níveis da educação, “[...] Por educação inclusiva entende-se o processo de inclusão da pessoa portadora de deficiência ou com distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino, em todos os níveis, da pré-escola ao quarto grau” (MERCHE apud DUARTE; LIMA, 2003, p. 96)

    Mas, para Regen (1998), a adoção do modelo inclusivo de educação exige uma mudança radical do sistema educacional. Isso tem sido alvo de criticas, pois alguns educadores acham que esse modelo não é o mais adequado para todos os alunos (principalmente aqueles apresentam déficits importantes). Outros consideram que um professor de classe não é capaz de responder às necessidades de todos os alunos, isso sem levar em consideração os medos e resistências ao lidar com crianças com deficiência. (REGEM apud DUARTE e LIMA; 2003 p. 96)

    Duarte e Lima (2003, p. 97) ainda indicam que, mesmo havendo discussões sobre a inclusão da pessoa com Deficiência Intelectual nas escolas, o assunto é uma realidade e faz-se necessário conhecer sobre o assunto:

    “[...] Considerando o que a nova LDB coloca, podemos ver que, em termos legais, o ensino inclusivo é uma realidade. Embora esteja em fase de implantação em todo o País, os professores de Educação Física devem estar preparados para essa nova fase da educação.”

Metodologia da pesquisa

    Em relação à metodologia, Cervo e Bevervian (1996, p. 21) dizem que “O método cientifico quer descobrir a realidade dos fatos e esses, ao serem descobertos, devem, por sua vez, guiar o uso do método [...]”

    Em relação à natureza, esta pesquisa se caracterizou como básica, já que seu maior objetivo é conhecer sobre algo já existente (CERVO; BERVIAN, 1996). Para Carvalho, a pesquisa básica “[...] é aquela que se desenvolve na busca das relações entre os fatos aos fenômenos físicos através da identificação e manipulação das variáveis que determinam a relação efeito propostas da hipótese de trabalho” (2008, p. 153).

    De acordo com a maneira de responder ao problema, ela se apresentou como quantitativa, que para os mesmos autores, a pesquisa quantitativa revela nos números e nas quantidades os resultados procurados. Para Fachin (2003, p. 79) “Pesquisa quantitativa é determinada em relação aos dados ou á proporção numérica”.

    Essa pesquisa também se caracterizou como descritiva, já que visou avaliar se há inclusão das crianças com deficiência nas escolas, pois de acordo com Cervo e Bervian (1996. p. 49) “Pesquisa descritiva observa, registra analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”.

    Pela maneira de coletar os dados, foi uma pesquisa de campo, pois segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 83) “Pesquisa de campo é aquela utilizada com objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta”

    Já que dependerá da literatura para fundamentar a resolução do problema, foi também uma pesquisa bibliográfica, a partir desta ideia, Marconi e Lakatos (2001) dizem que a pesquisa bibliográfica “[...] Trata-se do levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas publicações avulsas e imprensa escrita [...]”.

    O universo pesquisado foi composto de professores de Educação Física escolar e diretores das escolas do município de Irineópolis, Planalto Norte de Santa Catarina, distante 450 km da capital de Florianópolis.

    Irineópolis conta em 2013 com 04 (quatro) escolas mantidas pelo município, cada uma com 01 (um diretor) sendo que a população total de professores de Educação Física destas escolas é de 06 (seis) professores. Desta forma, fizeram parte desta amostra 100% dos professores de educação física do município e 100% dos diretores das escolas mantidas pelo município.

    A escolha dos sujeitos aconteceu de forma intencional, logo a amostra e do tipo não probabilístico, já que nem todos os professores e diretores foram escolhidos como sujeitos, apenas aqueles professores de Educação Física e as diretoras de escolas municipais.

Instrumento de coleta de dados

    A avaliação foi feita através de um questionário sobre inclusão das crianças com deficiência intelectual nas escolas municipais nas aulas de Educação Física.

    O instrumento de coleta de dados foi criado a partir da leitura dos questionários idealizados por Aguiar e Duarte.

    O questionário dos professores e diretores perguntava a formação, tempo de formados, em que séries atuam, se sabem o que é inclusão, onde aprenderam sobre inclusão, que conhecimento têm sobre a lei que trata da Educação Especial, quais são as orientações sobre Educação Especial e Inclusão oferecidas pelo município, se a inclusão do aluno com deficiência intelectual nas aulas de educação física melhora sua socialização no ambiente escolar e na sociedade em geral e se fazem adaptações das aulas para que os alunos com deficiência intelectual possam participar ativamente.

Discussão dos dados colhidos

    Quando perguntado para as diretoras das escolas se sabiam o que era/conheciam sobre o tema inclusão, todas responderam que sim, que tinham conhecimento sobre o assunto. Estudaram sobre o tema na graduação, na Pós-Graduação Lato Sensu/Especialização, em cursos e na literatura. Todos os sujeitos conheciam sobre a lei federal que trata da Educação Especial, mais especificamente sobre o tema inclusão do deficiente intelectual nas escolas do ensino regular. Metade da população disse que recebeu orientações sobre o que é Educação Especial fornecida também pelo município. Todos acreditam que a inclusão do aluno com deficiência intelectual no contexto escolar melhora sua socialização na sociedade. Da mesma forma que todos acreditam que a inclusão do aluno com deficiência intelectual nas escolas facilita a sua aceitação pelos demais sujeitos que compõem uma sociedade. Todos disseram que a escola oportuniza e inclusão.

    Quando perguntado para os professores de Educação Física se sabiam ou que era/conheciam sobre o tema inclusão, apenas (02) dois dos seis (06) sujeitos disseram que conheciam. Todos acreditam que a inclusão do aluno com deficiência intelectual nas aulas de educação física melhora sua socialização no ambiente escolar e que a inclusão do aluno com deficiência intelectual nas aulas de educação física melhora sua socialização na sociedade. Quando indagados se adaptam as aulas para os alunos com de deficiência intelectual, 04 (quatro) disseram que sim e 02 (dois) disseram que não. Todos acreditam que a inclusão do aluno com deficiência intelectual nas escolas facilita a sua aceitação pelos demais sujeitos que compõem uma sociedade.

Conclusão

    Com esta pesquisa constatou-se que as crianças com deficiência intelectual estão sim sendo matriculadas nas escolas municipais de Irineópolis/ SC, mas nem todos os professores de Educação Física, por mais que tenham tido conhecimento e quase todas as informações necessárias, ainda não estão preparando suas aulas para receber e dar o auxilio aos alunos com deficiência intelectual, ajudando-o em sua socialização.

    Embora o tema inclusão esteja presente nos mais diversos meios de comunicação e nas mais diversas maneiras de difundir conhecimentos, ainda parece ser um assunto pouco discutido com a responsabilidade que merece.

    As escolas estão sim recebendo alunos. No entanto, se todos os professores não fizerem adaptações para receber o aluno com deficiência intelectual, estes terão menos chances de se sentirem incluídos na sociedade escolar, já que, como foi verificado na literatura, as aulas de Educação Física sempre são as mais dinâmicas da escola e geralmente as mais concorridas entre os alunos.

    Espera-se que esta pesquisa seja reaplicada em outras sociedades para verificar tal inclusão e que seus resultados sejam não apenas mostrados em dados quantitativos, mas em dados qualitativos.

Referências

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