Incidência de gestantes com papilomavirus humano atendidas, entre 2005 e 2010, em uma unidade de saúde de Santarém, PA Incidencia de mujeres embarazadas
con virus del papiloma humano Implications of pregnant women with human papillomavirus answered, between 2005 and 2010 in a health unit of Santarem, PA |
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*Enfermeira, Faculdades Integradas do Tapajós - FIT **Acadêmico de Medicina, Licenciatura Plena em Educação Física e Fisioterapeuta, UEPA, Campus Santarém, Pará ***Especialista em Fisiologia do Exercício, FACIMAB, PA **** Orientador e Mestre em Genética e Biologia Molecular, UFPA (Brasil) |
Antônia Maria Almeida de Araújo* Silanne Silva Alcantara* Reli José Maders** Luiz Carlos Rabelo Vieira*** Jocireudo de Jesus Carneiro de Aguiar**** |
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Resumo Objetivo: analisar o perfil epidemiológico e a incidência de gestantes com HPV atendidas, entre 2005 e 2010, no Centro de Referência Casa de Saúde da Mulher (CRCSM). Metodologia: O estudo foi realizado no CRCSM, em Santarém-Pa, com base na análise do livro de registro do Centro. As informações coletadas eram referentes a 2.446 gestantes atendidas na referida Instituição. Desse total, 22 apresentavam diagnóstico citológico de infecção por HPV. Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft for Windows – 2013). Resultados: A idade das pacientes compreendia a faixa etária de 14 a 39 anos (23,3 ± 5,8), com idade gestacional variando entre 11 a 34 semanas (20,1 ± 5,0). Destas 9% eram casadas; 32% primigestas e eram domésticas (23%). A incidência de HPV foi de 9/1000 mulheres atendidas na instituição. Em 2009 e 2010 houve o maior número de casos da doença (n=18). Conclusão: Houve incidência de 09 para cada 1000 mulheres atendidas na CRCSM e o número de grávidas contaminadas pelo HPV nos anos 2009 e 2010, teve aumento significativo em comparação aos anos anteriores. Unitermos: Epidemiologia. Papilomavírus. Infecção na gravidez.
Abstract Objective: To analyze the epidemiology and incidence of women with HPV met between 2005 and 2010 in the Reference Center for Women's Health House (CRCSM). Methods: The study was conducted in CRCSM in Santarem-Pa, based on the analysis of the log book of the Center. The information was collected regarding 2,446 pregnant women enrolled in that institution. Of these, 22 had cytological diagnosis of HPV infection. The results were processed using descriptive statistics resources by using Excel (Microsoft for Windows - 2013). Results: The age of the patients comprised the age group 14-39 years (23.3 ± 5.8), with gestational age ranging from 11 to 34 weeks (20.1 ± 5.0). Of these 9% were married, 32% were primiparous and domestic (23%). The incidence of HPV was 9/1000 women attending the institution. In 2009 and 2010 there was the largest number of cases of the disease (n = 18). Conclusion: An incidence of 09 per 1000 women treated in CRCSM and the number of pregnant women infected with HPV in the years 2009 and 2010 increased significantly compared to previous years. Keywords: Epidemiology. Papilloma virus. Infection in pregnancy.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Atualmente, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são consideradas um problema de saúde pública, pois os índices de contaminação ainda são elevados, apesar das informações disponíveis a respeito de prevenção. Segundo Wright Jr. (2009), a infecção genital pelo Papilomavírus Humano (HPV) é uma das DSTs de maior incidência e prevalência do mundo.
No mundo estima-se que cerca de 30 milhões de casos novos/ano de HPV surjam, podendo alcançar cerca de 30-40% em pacientes com idade inferior aos 20 anos, após os 35 anos, essa prevalência diminui para cerca de 10%, e a infecção pelo HPV de alto risco (oncogênico), é de cerca de 5% (BRASIL, 2010). Em mulheres com exame ginecológico e citologia cervical normal a incidência do HPV é de cerca de 6%. Porém, em pacientes portadoras de neoplasia cervical a taxa de detecção deste vírus pode ser superior a 60% (RAMA et al. 2008).
Dentre os fatores de risco relacionados à contaminação por HPV podem ser citados: vários parceiros e falta de higiene sexual, uso prolongado de contraceptivo oral, o aumento dos níveis de progesterona durante a gravidez, glicocorticóides e esteróides, que favorecem a replicação viral em cultura de tecidos (ABRÃO, 2006).
Segundo Hinrichsen (2009), a transmissão do HPV ocorre, principalmente, através de contato sexual, seja ele vaginal, vulvar, peniano, cervical ou anal. Ainda conforma a autora, o vírus penetra na pele e nas mucosas através de microlacerações, principalmente na região anogenital e na cavidade orofaríngea. Além disso, durante o parto vaginal de pacientes contaminados com o HPV há possibilidade de transmissão do vírus ao concepto, que poderá desenvolver lesões clínicas na genitália ou papilomatose laríngea.
À medida que as pesquisas sobre DSTs no período gravídico foram aumentando nas últimas décadas, o conhecimento sobre suas consequências médicas e sociais na gestação tornaram-se mais evidentes, dentre as quais se destaca: perda gestacional decorrente de gravidez ectópica, abortamento espontâneo, óbito fetal e outros, além da prematuridade e das infecções maternas puerperais e fetais congênitas e/ou perinatais. O rastreamento, identificação, educação e tratamento deveriam ser componentes importantes da assistência pré-natal de mulheres com risco aumentado para estas infecções (BRANDÃO; LACERDA; XIMENES, 2010).
A infecção pelo HPV tem sido associada diretamente com o câncer do colo do uterino. A presença de alguns tipos de HPV é encontrada em cerca de 95% dos casos de câncer do colo uterino. Por outro lado, existem inúmeros tipos de HPV com baixo potencial de oncogenicidade e o desenvolvimento ou não das lesões precursoras - Lesões Intraepiteliais Cervicais-LIE - depende de vários fatores relacionados à/ao hospedeira/o (BRASIL, 2006).
Segundo Coelho e Costa (2005), estima-se que 90% das patologias associadas ao HPV no colo de útero localizam-se na transição escamocolunarcevical do epitélio ou zona de transformação, onde as células proliferativas estão mais expostas. Na camada proliferativa, o vírus pode se replicar e expressar suas proteínas precoces. Os HPVs induzem proliferações epiteliais da pele ou mucosa, as quais mostram um crescimento limitado e frequentemente regridem espontaneamente. O tempo de encubação pode ser muito variável e pouco se conhece sobre a latência ou persistência desses vírus no organismo.
A gestação favorece o desenvolvimento e a proliferação das lesões condilomatosas e também torna mais difícil seu tratamento, pelas constantes recidivas, o aumento das concentrações séricas hormonais provocadas pelo estado gravídico, que por si só leva a um ectrópio frequentemente importante, com consequente exteriorização da junção escamocolunarcervical e com um estado inflamatório constante, gerando desconforto, prurido, podendo se tornar infectadas e sangrantes (BRASIL, 2010).
Para Neme (2000), o tratamento da infecção pelo HPV na gestação deverá obedecer a determinadas táticas de abordagem, condizentes com o número, o tamanho e a localização das lesões, bem como a idade gestacional.
De acordo com o exposto, o objetivo do estudo foi verificar a incidência de gestantes com HPV atendidas, entre 2005 e 2010, em uma unidade de saúde de Santarém-PA.
Metodologia
Trata-se de estudo do tipo exploratório-descritivo (PEREIRA, 1995), com pesquisa documental e abordagem quantitativa. Foi realizado no Centro de Referência Casa de Saúde da Mulher (CRCSM), na cidade de Santarém – Pará. Neste, foram levantadas informações do livro de registro dos resultados de exames do Programa de Saúde da Mulher de janeiro de 2005 a dezembro de 2010. Neste período foram atendidas 2.446 gestantes. O período de coleta de dados ocorreu entre outubro de 2012 a janeiro de 2013.
O CRCSM é uma unidade voltada para atendimentos especializados em atenção à saúde da mulher, composta por uma equipe multiprofissional, desenvolvendo ações de educação em saúde, controle, monitoramento e tratamento do câncer cérvico-uterino e de mama, planejamento familiar, pré-natal em gravidez de médio e alto risco, gravidez na adolescência, dentre outros (SEMSA, 2011). A escolha do CRCSM para a coletada de dados da pesquisa se deu em virtude de atender a demanda urbana e a população ribeirinha e do planalto da região de Santarém - PA, assim como a população indígena, favorecendo uma amostragem diversificada, nos diferentes níveis de usuários do Sistema Único de Saúde.
Os resultados foram processados por meio de recursos de estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para Windows-2013).
Resultados e discussão
Entre 2005 a 2010 foram atendidas 2.446 gestantes no programa de assistência ao pré-natal do CRCSM.
De acordo com a tabela 1, as clientes com HPV apresentaram idades entre 14 a 39 anos (23,3 ± 5,8). A idade gestacional das mesmas variou de 11 a 34 semanas (20,1 ± 5,0).
Tabela 1. Descrição da idade e idade gestacional da amostra de gestantes infectadas por Papiloma Vírus (HPV) atendidas, entre 2005 e 2010, na CRCSM. Santarém, Pará, 2011
Conforme a tabela 2, nota-se que apenas 9% das gestantes com HPV eram casadas; 32% eram primigestas. Prevaleceu no grupo ser dona de casa/do lar (23%).
Tabela 2. Características da amostra de gestantes infectadas por Papiloma Vírus (HPV)
atendidas, entre 2005 e 2010, na CRCSM. Santarém, Pará, 2011
Conforme a tabela 2, o bairro com maior número de gestantes infectadas pelo HPV foi o Diamantino.
No total de 2.446 gestantes atendidas no CRCSM, entre 2005 a 2010, apenas 22 apresentaram infecção pelo HPV, configurando a incidência de 9/1000 mulheres atendidas na instituição por ano (tabela 3). Em 2009 e 2010 ocorreram maiores casos da doença (n=37).
Tabela 3. Infecção por Papiloma Vírus Humano (HPV) em gestantes atendidas, entre 2005 e 2010, no CRCSM. Santarém, Pará, 2011
Na gravidez há um aumento da frequência da infecção pelo o HPV. Em relação à idade gestacional, a incidência parece ser maior na segunda metade em relação à primeira metade (MURTA, 1998).
Murta (1998) cita uma pesquisa que analisou 29.153 citologias de mulheres grávidas, com idade gestacional conhecida, apresentando alterações citológicas compatíveis com infecção pelo HPV, demonstrando um aumento da frequência do diagnóstico na segunda metade da gestação, sendo de 3,07% na primeira metade e de 3,37% na segunda metade, com significância de p<0,001.
Para Brandão, Lacerda e Ximenes (2010), a prevalência da infecção pelo HPV na gravidez varie entre 5,4% e 68,8%, estando as mulheres jovens sob risco mais elevado, provavelmente devido ao alto nível de atividade biológica cervical, aos níveis crescentes de estrogênio e à imaturidade cervical. Entre estas, a maior exposição do epitélio colunar da endocérvice, apresentaria maior suscetibilidade a agentes fisioquímicos e biológicos favorecendo a transmissão do HPV e de outros micro-organismos.
A alta paridade é um fator consistente para o câncer cervical em mulheres que possuem DNA do HPV. O fator de risco dobra nas que tiveram quatro filhos, quando comparado com as que tiveram um ou nenhum (BURD, 2003; MUNOS et al., 2002). No presente estudo, o maior índice de gestantes infectadas pelo HPV se deu no grupo das primigestas.
Conclusão
A incidência de mulheres grávidas contaminadas pelo HPV nos anos de 2009 e 2010 teve um aumento significativo com relação aos anos anteriores (2005 – 2008), sendo que a incidência de HPV na amostra foi de 9 para cada 1000 mulheres atendidas na Unidade de Referencia Casa de Saúde da Mulher (CRCSM).
Sugere-se a realização de estudos similares, com amostragem maior, para condução de melhores conclusões a respeito do escopo investigado.
Referências
ABRÃO, F. S. Tratado de oncologia genital e mamária. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2006.
BRANDÃO, B. A. R. V.; LACERDA, R. C.; XIMENES, A. A. R. Frequência de Papilomavírus humano (HPV) e Chlamydia trachomatis em gestantes. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 19, n. 1, p. 43-50, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Rio de janeiro – RJ: 2006.
______. Gestação de Alto Risco. 5ª ed. Brasília – DF: MS, 2010.
BURD, E. M. Human papillomavirus and cervical cancer. Rev Clín Microbiol, n. 16, v, 01, p. 01-17, 2003.
COELHO, G. R. F.; COSTA, R. L. R. Padronização em ginecologia oncológica. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd, 2005.
HINRICHSEN, S. L. Doenças infecciosas e parasitárias. Rio de Janeiro - RJ: Guanabara Koogan, 2009.
MUNOS, N.; FRANCESCHI, S.; BOSETTI, C.; MORENO, V.; HERRERO, R.; SMITH, J. S.; SHAH, K. V.; MEIJER C. J.; BOSCH, F, X. Role of partity and human papillomavirus in cervical cancer: the IARC multicentric case-control study. International Agency for Research on Cancer, n. 30, v. 01, p. 359-359, 2002.
MURTA, C. F. E. Influencia da Idade Materna do Período Gestacional e do Numero de Gestações na Infecção pelo Papilomasvirus Humanos. RBGO, v. 20, n. 1, p. 33-35, 1998.
NEME, B. Obstetrícia básica. 2ª ed. Sarvier, 2000.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
RAMA, C. H.; ROTELI-MARTINS, C. M.; DERCHAIN, S. F. M.; LONGATTO-FILHO, A. GONTIJO, R. C.; SARIAN, L. O. Z.; SYRJÃNEM, K,; ALDRIGHI, J, M. Prevalência do HPV em mulheres rastreadas para o câncer cervical / Prevalence of genital HPV infection among women screened for cervical cancer. Revista de Saúde Pública, v. 42, n.01, p.123-130, 2008.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE (SEMSA). Prefeitura de Santarém. Disponível em: http://santarem.pa.gov.br/conteudo/?item=101&fa=75&cd=241&menu =Estrutura+Administrativa. Acesso em: 13 de out. de 2011.
WRIGHT JR., T. C.; LEVINE, A. J. Natural history of HPV infections. The Journal of Family Practice, v. 58, n. 9, p. 53, 2009.
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