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COB: uma gestão em busca pela eficiência no esporte brasileiro

COB: una gestión en busca de la eficiencia en el deporte brasileño

 

*Graduanda no curso de Bacharelado em Educação Física da Escola Superior

de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas.

*** Professor Doutor da Escola Superior de Educação Física

da Universidade Federal de Pelotas

(Brasil)

Aline Borges de Carvalho Praia*

Greta Madruga Moreira*

Iamara Rodrigues Acosta*

Roselaine Da Silva Zanetti*

Luiz Fernando Camargo Veronez***

gretamadruga@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho é uma abordagem sobre a gestão do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e tem por objetivo observar, registrar e analisar os documentos disponíveis por meio virtual sobre as entidades administrativas do esporte buscando responder questões de como ocorre o processo administrativo do COB e em qual teoria administrativa ele se baseia. Pra isto, os autores usaram o método descritivo buscando avaliar informações sobre suas atribuições e funções no âmbito esportivo brasileiro, como é o investimento feito nos atletas e como se organizam administrativamente para o que almejam ser uma gestão de sucesso.

          Unitermos: COB. Administração. Escola clicentrista.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é uma instituição não governamental de direito privado que trabalha na gestão técnico-administrativa do esporte, no Brasil, é a entidade máxima do esporte.

    Tem como missão “atuar no esporte de alto rendimento, liderar a estratégia de desenvolvimento do esporte e de preparação de modalidades olímpicos como ausência dos presidentes das confederações; contribuir com os formadores (clubes, escolas, associações, estado, municípios) à inserção social através do esporte, à prática da cidadania e à formação de atletas para o alto rendimento”.

    A organização utiliza propriedades da teoria da escola clicentrista, que possui o cliente e a qualidade como focos principais.

    O principal representante dessa escola administrativa é William Edwards Deming (1900- 1993), que elaborou e divulgou o Método Deming de administração. Esse método era composto por 14 princípios e 7 erros. (MARY WALTON, 1989, citado por MEIRELES e PAIXÃO, 2003, p. 185).

    O presente trabalho tem o objetivo de analisar a estrutura administrativa do COB, a fim de entender o modo de financiamento das organizações esportivas no Brasil.

    Este artigo utilizou o método descritivo que tem a finalidade de observar, registrar e analisar os documentos disponíveis por meio virtual sobre as entidades administrativas do esporte.

    A presente discussão busca responder questões de como ocorre o processo administrativo do COB e em qual teoria administrativa ele se baseia.

I.     O COB: funções e atribuições

  • Discutir, viabilizar e acompanhar a preparação das equipes olímpicas com base nos projetos apresentados pelas Confederações, atuando na coordenação e gerenciamento desses projetos com sua experiência e credibilidade e tendo como espelho as melhores práticas internacionais;

  • Investir no desenvolvimento técnico das 42 modalidades olímpicas; promover, organizar, dirigir e coordenar ações voltadas para o desenvolvimento do esporte no Brasil, incluindo Olimpismo, Esporte Escolar, Esporte Universitário, Selo COB Cultural, Instituto Olímpico Brasileiro, Centro de Treinamento Time Brasil, Laboratório Olímpico;

  • Apoiar, acompanhar diretamente a preparação dos atletas do Time Brasil e organizar a delegação brasileira nos Jogos Olímpicos e nos Jogos Pan-americanos, além de outras competições multiesportivas, a partir de um trabalho apoiado no gerenciamento esportivo e na aplicação das Ciências do Esporte no treinamento e preparação de atletas.

    O COB se relaciona com as Confederações Brasileiras Dirigentes de Esportes Olímpicos, Comitê Paraolímpico Brasileiro, Comitês Olímpicos Nacionais, COI e demais entidades internacionais dirigentes do esporte – ODEPA, ODESUR, ACNO, WADA.

    Sua Assembléia Geral é composta pelas 30 Confederações Brasileiras Olímpicas, mais 3 membros natos e 11 eleitos.

    O quadro funcional do COB conta com 24 atletas de modalidades olímpicas e pan-americanas. Além disso, possui uma Comissão de Atletas formada por 19 membros.

    Uma das metas é o objetivo de transformar a preparação de alto nível em bons resultados, os atletas têm recebido acompanhamento assíduo visando atingir as metas estabelecidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

    Um mapa estratégico de administração está disponível no site oficial do COB, onde é apresentado o quadro funcional e os caminhos que norteiam essa instituição a chegar ao seu objetivo final, tornar o Brasil uma potência olímpica.

II.     Análise do mapa estratégico do COB

Figura 1. Mapa estratégico do Comitê Olímpico Brasileiro.

Fonte: http://www.cob.org.br/comite-olimpico-brasileiro/mapa-estrategico acessado em 20/01/2014

    Este mapa está dividido em quatro etapas: resultado, clientes, processos internos, pessoas/aprendizado.

    A primeira etapa prioriza a capacitação do pessoal em suas determinadas funções, desenvolvendo competências estratégicas.

    Busca também atrair e reter talentos e melhorar a comunicação interna.

    A segunda etapa visa os processos internos. Na sua gestão operacional, o foco está no gerenciamento de recursos para as confederações, recurso este que está organizado de modo meritocrático e transparente; melhora na eficiência dos processos administrativos; capacitação e maximização dos recursos. A gestão de clientes lida com o desenvolvimento e suporte de atletas e treinadores que buscam o alto rendimento, promoção do esporte através de olimpíadas escolares, além do desenvolvimento de bons gestores esportivos. Na busca pela inovação, buscam o desenvolvimento de COT’S de última geração, da ciência do esporte, sistemas de inteligência competitiva e têm como base o exterior. Socialmente se preocupam em comunicar as funções, ações e resultados do COB, promoção do olimpismo e educação esportiva.

    A terceira etapa, na busca pela satisfação dos clientes, dá maior atenção a estruturação do treinamento, suporte financeiro com repasse justo e transparente para as confederações, prestação de contas, informação de progresso e uso eficiente de recursos.

    Na quarta etapa, como estratégias finais para chegar ao objetivo principal que é tornar e manter o Brasil uma potência olímpica, tendem a busca pelo aumento no número de atletas e de modalidades classificadas, assim como o número de finalistas, procuram também aumento no número de medalhas nas modalidades que temos tradição, não dando menos importância as novas modalidades. Transformar mais atletas em ídolos, aumentar a percepção de valor do COB e das confederações olímpicas, mudar a imagem do país, fazendo com que cresça o orgulho nacional, são mais alguns dos passos finais seguidos nessa estratégia em busca do sucesso como potência olímpica.

III.     As fontes de financiamento do COB

    Sobre os recursos destinados ao COB, podemos citar como origem a Lei Agnelo/Piva, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 16 de julho de 2001, destina 2% da arrecadação bruta das loterias federais do país em favor do COB (85%) e do Comitê Paraolímpico Brasileiro (15%). Dos 85% que lhe cabe, o COB investe obrigatoriamente por lei 10% no Esporte Escolar e 5% no Esporte Universitário, e o restante é aplicado nos programas das Confederações e do COB. Outros recursos são obtidos a partir de patrocinadores privados, doações e de convênio com os três níveis de Governo, viabilizando alguns dos projetos de desenvolvimento esportivo.

    Por meio do Ministério do Esporte (ME), a LIE (regulamentada em março de 2007, é a Lei de Incentivo ao Esporte) abre inúmeras possibilidades de investimento do setor privado em praticamente todas as áreas do esporte.

    Todos os demais recursos destinados às Confederações Brasileiras Olímpicas são geridos diretamente pelas próprias sem envolvimento do COB.

    Foi investigada a necessidade de melhor desenvolvimento em 20 modalidades, para isso, o COB utiliza como receita dosar, de forma científica, habilidade e talento com potencial de resultado, assemelhando-se ao que hoje é realizada por grandes potências como Estados Unidos, Alemanha, Itália, Coréia do Sul, França, entre outras, observando a experiência de países bem sucedidos.

    Segundo o COB, dados mostram que nenhum país investe igualmente em todo o conjunto das modalidades olímpicas.

    O investimento no atleta é preferencialmente proporcional ao seu desempenho, onde sua capacidade de melhora no rendimento é nitidamente percebida.

    Com o objetivo de chegar ao grupo de elite, visam transformar a preparação de alto nível em bons resultados, para tanto, os atletas têm recebido acompanhamento assíduo visando atingir as metas estabelecidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

    Fórmula de sucesso:

  1. Investimentos na preparação dos atletas e qualificação dos treinadores.

  2. Investimentos em centros de treinamento.

  3. Amplo trabalho de base esportiva. 

  4. Profissionalização da gestão para programas de alto rendimento.

  5. Promoção das 40 modalidades olímpicas, com prioridades definidas. 

    Da estruturação e atribuições, podemos citar como visto no estatuto do COB, sua gestão possui poderes bem como:

  1. A Assembléia Geral;

  2. O Presidente;

  3. O Conselho Executivo;

  4. O Conselho Fiscal.

Objetivos dos processos internos do COB

  • Gestão Operacional: Gerenciar os recursos para as Confederações de modo meritocrático e transparente, melhorar a eficiência dos processos administrativos e maximizar a capacitação de recursos.

  • Gestão de Clientes: Desenvolver e suportar atletas de alto rendimento, fomentar o esporte olímpico através de olimpíada escolar, desenvolver gestores esportivos, detectar novos atletas e talentos, fomentar a maturidade profissional das entidades esportivas, aprimorar o processo das entidades esportivas na identificação de atletas de alto rendimento e desenvolver treinadores de alto rendimento.

  • Inovação: Desenvolver COT’s de última geração, desenvolver a Ciência do Esporte, desenvolver a inteligência competitiva e desenvolver bases no exterior.

  • Sociais: Comunicar a função e a ação do COB e seus resultados obtidos, promover o olimpismo e a educação esportiva.

  • Compromissos do COB com seus clientes:

    • Atletas/Treinadores de alto rendimento: Estruturação do treinamento, suporte financeiro, apoio na participação de competições e programa de formação e transição de carreira.

    • Entidades Esportivas: Repasse financeiro justo e transparente para as Confederações, suporte à evolução organizacional e conhecimento especializado.

    • Patrocinadores: Uso eficiente dos recursos, bom potencial de retorno, surpreender, inovar e prestar contas.

    • Sociedade: Transparência, jogar limpo, perspectivas futuras, informação de progresso, e participação.

Conclusão

    Como atribuições do COB, temos o acompanhamento e a viabilização da preparação de equipes olímpicas nos projetos apresentados pelas Confederações, investimento no desenvolvimento técnico das 42 modalidades olímpicas, promoção, e coordenação de ações que estão voltadas para o desenvolvimento do esporte no Brasil, apoio e acompanhamento direto dos atletas da delegação brasileira.

    Para cumprir com suas funções, o COB utiliza como implemento um trabalho apoiado no gerenciamento esportivo e na aplicação das Ciências do Esporte no treinamento e preparação de atletas, sendo assim, os atletas têm recebido acompanhamento assíduo visando atingir as metas estabelecidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro.

    O financiamento, como citado anteriormente tem como origem a lei Agnelo/Piva, outros recursos são obtidos através de patrocinadores privados, de doações e de convênios com os três níveis de governo, o que viabiliza alguns dos projetos de desenvolvimento esportivo. Abrindo possibilidades de investimento do setor privado em praticamente todas as áreas do esporte, o COB conta com a ajuda da LIE (Lei de Incentivo ao Esporte), regulamentada pelo Ministério do Esporte. O investimento no atleta é proporcional ao seu rendimento esportivo.

    Entende se que o COB procura certa excelência em relação ao esporte brasileiro, através de investimentos feitos nos atletas, e ate mesmo investindo em novos talentos esportivos, com cursos para melhor desenvolve-los. Diante da proposta da organização, que possui como focos principais o cliente e a qualidade, acredita-se que ainda há muitas dúvidas em relação ao objetivo de promover o Brasil como uma potência olímpica e sua realidade. Visto que o COB tem que obter retorno financeiro para seus associados obterem lucros satisfatórios.

    Segundo Luiza Lourenço (2013) em 2012, dados apontavam que o Comitê Olímpico gastava em burocracia 43,5% do montante arrecadado, sendo recursos destinados à manutenção da entidade, segundo matéria publicada no portal UOL Esportes. Além disso, há uma valorização dos esportes mais visados, com a divisão dos recursos destinando uma parte maior para o setor ou atletas com melhores resultados, o que entra em conflito com o objetivo de promover todas as modalidades olímpicas. Outros fatores como os altíssimos investimentos e o futuro das Instalações Esportivas representam as frestas existentes no modelo.

    Quando se trata da realização dos eventos esportivos no país para os próximos anos, cabem muitas dúvidas e reflexões referentes às ações adequadas para obtenção do êxito em relação a como de fato tudo ocorre. O modelo de gestão do COB é um exemplo de que a associação de diversas áreas de conhecimento e o hibridismo das ações produz uma eficiente proposta para o âmbito esportivo, entretanto, é essencial que exista a aplicação prática, resultando de fato na promoção do esporte e na satisfação do cliente, o atleta. (LOURENÇO, 2013)

    Do ponto de vista administrativo observou-se que o Comitê Olímpico brasileiro tem forte compromisso com a satisfação do cliente e a promoção do esporte no país, no entanto acredita-se que os dados disponíveis são insuficientes para uma analise mais detalhada a fim de investigar a distância entre os anseios do comitê e a realidade do esporte no país.

    Percebe-se pouca divulgação da mídia sobre as atividades do COB, tal como suas metas, objetivos, investimentos que são feitos na área esportiva brasileira e nos atletas que fazem parte desse comitê. Seria necessário um pouco mais de atenção a essa instituição e nos afazeres da mesma.

Bibliografia

  • Lourenço, L. (2012) Comitê Olímpico Brasileiro, uma gestão entre a proposta e a realidade. Dezembro. http://gestaoesporte.com.br/novidade/comite-olimpico-brasileiro-uma-gestao-entre-a-proposta-e-a-realidade

  • Marini de Oliveira, G. Vergara, M. Gheno, R. Ferreira H. y Camargo Veronez, L.F. (2013) Comitê Olímpico Brasileiro: uma administração de sucesso. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 178. http://www.efdeportes.com/efd178/comite-olimpico-brasileiro-uma-administracao-de-sucesso.htm

  • Site do comitê olímpico brasileiro: http://www.cob.org.br/br

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