Cuidados a serem observados nas aulas de educação física aos alunos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) Cuidados a tener en cuenta en las clases de Educación Física con alumnos con Trastornos de Déficit de Atención/Hiperactividad (TDAH)
	Professor de Educação Física na Secretaria de Educação da prefeitura Municipal de Curitiba Graduado em Licenciatura e Bacharel em Educação Física e Especialista em Educação Especial e Inclusiva	Dilvano Leder de França dihlleder@yahoo.com.br (Brasil)
	Resumo           O presente artigo visa investigar as metodologias utilizadas nas aulas de Educação Física com alunos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, e verificar as dificuldades encontradas, propondo enfatizar certos cuidados a serem observados. Alunos esses que hoje podem ser encontrados com muita facilidade nas escolas, porém muitas vezes não sendo identificado como um aluno com transtorno, mas sim, apenas como um aluno agitado, pois alunos com TDAH, possui características específicas, como, a não interação nas aulas, ou em muitos casos são aqueles alunos que "não param", assim dificultando sua aprendizagem. Sendo assim, o professor de Educação Física deve saber como aplicar suas aulas em turmas com esses alunos. O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade compromete a criança na vida social, emocional, escolar e familiar, com distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais que o dificulta em seu desenvolvimento. A metodologia de pesquisa ocorreu de forma bibliográfica, e de forma questionário com professores de Educação Física de escolas públicas da Prefeitura Municipal de Curitiba, de forma a investigar as dificuldades encontradas por eles na elaboração e aplicação dos planos de aula em turmas com alunos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.           Unitermos: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Educação Física. Professor.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente em nossas escolas não é difícil encontrarmos alunos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), sendo assim, é importante conhecer as características deste transtorno, e assim, saber os pontos relevantes a serem observados na elaboração metodológica aplicada nas aulas perante esta problemática. Muitas vezes esses alunos agitados e dispersos, não possuem um diagnóstico que o identifique como um aluno com TDAH, porém, grande parte desses alunos possui este transtorno, sendo muitas vezes alunos não se interage nas aulas de Educação Física, ou são alunos que literalmente "não param", desta forma dificultando a aprendizagem.

    Segundo Ballone (2005) a prevalência do TDAH está entre 3% e 5% em crianças em idade escolar, e costuma ser mais comum em meninos do que em meninas. Neste caso, o professor deve conhecer esses alunos previamente, identificando as dificuldades encontradas (TOPCZEWSKI, 2011 apud KURDT, 2013), e assim, realizar seu planejamento para que atenta as necessidade desses alunos. Mas quais são as necessidades que devem ser observadas e atendidas?

    Tal pesquisa, de caráter bibliográfico, visa identificar as maiores dificuldades encontrada pelos professores de Educação Física durante suas aulas com alunos com TDAH, trazendo benefícios aos professores na elaboração do planejamento das aulas com tais alunos, norteando os pontos relevantes a serem observados durante as aulas.

    Esta pesquisa vai de encontro com vários autores, entre eles, Ramos (2008) que caracteriza o TDAH a ”alterações nos níveis de desenvolvimento motor, cognitivo, perceptivo, de comportamento fazendo assim, com que, comprometa todo seu desempenho escolar e psicossocial”, dessa forma dificultando intensamente o trabalho do educador em fazer com que o aluno volte a atenção à aula e assim que ele aprenda.

    Seu objetivo geral é identificar os pontos relevantes e cuidados a serem observados durante as aulas com alunos que possuem TDAH; e os objetivos específicos são investigar as dificuldades encontradas pelos professores de Educação Física na elaboração das aulas com alunos com TDAH; observar as características dos alunos com TDAH nas aulas de Educação Física; investigar qual é a consequência do TDAH nas aulas de Educação Física e; nortear os professores de Educação Física dos pontos relevantes a serem observados na elaboração das aulas com alunos com TDAH.

Desenvolvimento

    De acordo com a última versão do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV) de 1994, o TDAH é um transtorno, caracterizado por impulsividade, hiperatividade e déficit de atenção (JORGE, 2010 apud ZANATTA et al., 2010).

    Segundo Ximenes (2008) o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) comprometem a criança na vida social, emocional, escolar e familiar, com distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais que o dificulta em seu desenvolvimento.

    Miranda (2004) apud Ramos (2008) evidencia esse transtorno às múltiplas influências dos neurotransmissores dopamina (dopaminérgicos) e noradrenalina (noradrenérgicos), os quais são produzidos na região orbital frontal do cérebro, sendo esses produzidos de forma reduzida em indivíduos com TDAH. Quando estes neurotransmissores são produzidos em menor escala ocorre a falta de atenção, a falta de controle de movimentação corporal, dificuldades de controlar impulsos e emoções, os quais são aspectos do TDAH (MATTOS 2006, apud RAMOS, 2008).

    Nos portadores de Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) ou Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) os neurotransmissores, dopamina e noradrenalina (substâncias químicas do cérebro que transmitem informações entre as células nervosas) encontram-se diminuídos, fazendo com que a atividade do córtex pré-frontal seja menor, sendo portanto uma disfunção neurobiológica. Essa região é a parte mais evoluída do cérebro e supervisiona as funções executivas: observa, guia, direciona e/ou inibe o comportamento, organiza, planeja, e faz a manutenção da atenção e do autocontrole (GOLDESTEIN, 2003 apud KURDT, 2013).

    Essa disfunção é crônica, herdada na grande maioria das vezes, daí sua presença desde a infância. Esse transtorno pode ocorrer de forma hereditária (genético), mas apenas sendo parente de primeiro grau (POLANCZYK et al., 2007 apud ZANATTA et al., 2010). Esse transtorno ocorre com maior frequência no sexo masculino em relação ao sexo feminino, sendo uma menina para cada quatro meninos (BENCZIK 2002, apud RAMOS, 2008).

    Caracteriza-se por discrepância entre o potencial e o aproveitamento escolar, não deve ser confundido com deficiência Intelectual, distúrbio emocional ou desvantagens sociais, mas diz respeito a um distúrbio de um ou mais processos psicológicos que afetam o desempenho escolar.

    Por terem sérios problemas com a atenção e com a capacidade de dominarem muitas coisas que para a maioria são fáceis esses alunos enfrentam críticas e frustrações, fazendo que abandonem a escola tornando-se pessoas de difícil convivência social (BROMBERG, 2006).

    De acordo com Sampaio (2004) as crianças com TDAH não prestam atenção a uma única coisa, mas a várias coisas ao mesmo tempo, por isso distrai-se facilmente. Frequentemente possuem grande dificuldade para manter a atenção em atividades lúdicas e não persistem nas mesmas tarefas até seu término, não conseguindo prestar a atenção, parecendo estarem no “mundo da lua”. Podem voltar à atenção a uma atividade após ela já ter terminada, e assim perdendo novamente a atenção naquela a qual esta sendo aplicada (BALLONE, 2005).

    Desatenção, impulsividade e superatividade, o déficit de atenção, podem trazer sentimento de incapacidade de aprendizagem e inadequação ao meio social. São crianças com uma movimentação motora exagerada, não significando que são coordenados, pelo contrario, são geralmente estabanados e, não conseguem ficar sentados por muito tempo (GENTILE 2000, apud RAMOS, 2008).

    Boucher (1999) descreve a dificuldade de controlar os movimentos corporais é particularmente intensa nas situações em que devem ficar sentados e quietos por longo período de tempo. A velocidade com que vão aos extremos de suas emoções são maiores que de seus colegas.

    Compreende a percepção cinestésica, envolvendo consciência corporal, lateralidade e direcionalidade. Possuem dificuldade ligada ao equilíbrio dinâmico (caem com freqüência – habilidade motora básica trotar, saltar com os pés juntos e um pé só), habilidades motoras finas (cortar com tesouras, amarrar sapatos, escrever e desenhar). Alguns estudos mostram que as crianças com déficit de atenção e hiperatividade apresentam baixo índice de aptidão física e habilidades motoras grosseiras fundamentais (SENO, 2010 apud KURDT, 2013).

    Segundo Silva (2003) apud Ramos (2008) o indivíduo com TDAH encontra-se com um mau desempenho escolar, problemas familiares, ansiedade, depressão, autoestima baixa, drogas e outros problemas após adulto, os quais são:

• É desorganizado;

• Chega quase sempre atrasado;

• Diz o que vêm à mente sem preocupação se o lugar é apropriado;

• Explode com facilidade;

• É inseguro, sentindo-se inferior aos outros;

• Inquieto estando sempre mexendo pernas, dedos, joelhos ou se remexe na carteira;

• Não fica sentado muito tempo saindo de onde estiver com frequência;

• Baixa autoestima;

• Tem muitos projetos ao mesmo tempo e acaba não terminando nenhum;

• Atrapalha-se com horários por causa da desorganização;

• Possui dificuldade de concentração;

• Esquece-se o que estava falando;

• Tem sempre a sensação que não vai conseguir alcançar seus objetivos;

• Dificuldade em esperar sua vez para falar ou ser atendido;

• Corre excessivamente sem rumo e escala objetos altos;

• Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;

• Responde perguntas antes delas serem formuladas completamente;

• Interrompe frequentemente as atividades e conversas alheias;

• Distrai-se com facilidade;

• Não enxerga detalhes, comete erros por distração;

• Dificuldade em manter a atenção;

• Dificuldade na organização dos seus objetos;

• Parece não ouvir;

• Dificuldade em seguir instruções;

• Não gosta e evita tarefas que exigem esforço mental prolongado;

• Frequentemente esquece ou perde objetos importantes;

• Esquece rápido o que aprende. (SAMPAIO, 2004); (ROHDE e MATTOS, 2002 apud ZANATTA et al., 2010).

    Os distúrbios de aprendizagem são problemas que podem durar a vida toda (POLANCZYK et al., 2007 apud ZANATTA et al., 2010). À medida que as crianças se desenvolvem os pesquisadores tentam descobrir os fatores que prognosticam o sucesso na vida adulta: constância de si mesmo perseverança, pro atividade, estabilidade emocional, estabelecimento de metas e sistemas de apoio social (MIYAZAKI, 2007 apud KURDT, 2013).

    O TDAH é uma problemática encontrada no âmbito escolar, então se faz necessário verificar a percepção dos professores que atuam no ensino fundamental (KURDT, 2013), sendo assim, foi aplicado um questionário (Anexo I) a fim de descobrir o conhecimento dos professores de Educação Física a respeito do tema TDAH e compreender as principais dificuldades encontradas perante esta problemática. o questionário foi aplicado a 10 professores da Rede Municipal de Ensino da Prefeitura Municipal de Curitiba, com idade entre 24 e 47 anos e entre 1 a 5 anos de atuação como docente de Educação Física no Ensino Fundamental, os profissionais possuem níveis de graduação e especialização e atuam no Ensino Fundamental ciclo I e II (1º ao 5º ano).

    Quando questionado se os profissionais tinham conhecimento sobre o que é TDAH todos responderam que sim, definindo-os como alunos que não conseguem ficar por muito tempo focados em uma mesma atividade, demonstrando inquietude, desatenção, impulsividade e nervosismo. E quando perguntado quais eram as principais dificuldades metodológicas, foram citadas como as principais dificuldades:

• falta de atenção generalizada;

• não prestam atenção durante as explicações;

• dificuldades no entendimento e execução das atividades;

• querem fazer várias atividades ao mesmo tempo;

• dificuldades no entendimento das regras;

• más condutas e comportamentos impróprios;

• desmotivação;

• falta de limites;

• desatenção a estímulos externos.

    E quando questionados quais eram as principais ações metodológicas providencias em aulas com alunos com TDAH as respostas foram as seguintes:

• explicar duas ou mais vezes de diferentes formas as atividades se necessário;

• acompanhamento mais próximo do aluno nas execuções das tarefas;

• poucas variações de atividades em uma única aula;

• sempre verificar o tempo apto de mudança entre as atividades;

• esporadicamente solicitar que o aluno explique o que entendeu da atividade realizada;

• explicação claras e precisas das tarefas a serem executadas;

• sempre promover atividades estimulantes a estes alunos;

• sempre elogia-los quando atingirem êxito nas atividades.

    Ao analisarmos o questionário acima, percebemos que o professor e a escola, são fundamental para o desenvolvimento global da criança (SILVA e SOUZA, 2005 apud KURDT, 2013). A educação física tem importante papel por trabalhar aspectos sociais e pessoais identificados como atributos do sucesso entre adultos com distúrbio de aprendizagem. A educação física trabalha habilidade pessoais e sociais que facilitam o sucesso do individuo com distúrbio de aprendizagem.

    Pode colaborar para o sucesso destas crianças na medida em que ajuda a melhorar o autoconceito, porém pode também prejudicá-la uma vez que aptidão física, habilidade motora e competência atlética são fatores fundamentais para determinar o autoconceito, assim como desenvolvimento abaixo da media pode levar a sensação de fracasso.

    A pessoa hiperativa pode superar as dificuldades ou limitação impostas pelos outros e se destacar em áreas específicas. Isso significa que o professor de educação física deverá trabalhar para identificar as áreas de distúrbio de aprendizagem e ajudá-las a desenvolver estratégias e adaptações para superação.

    O professor deve enfatizam o ensino por meio das áreas de ensino em que o aluno é forte, visual, auditiva, cinestésica e tátil.

    A atividade física é uma intervenção importante já que pode ajudar a diminuir o estresse e concentrar a atenção.

    As atividade não competitivas que não exijam reação rápida ou precisão podem ser mais adequadas, além de serem ótimas válvulas de escapes para o excesso de energia.

    Aos professores:

• Estabeleça regras nas aulas;

• Tenha uma abordagem de ensino estruturada e consistente;

• Se expresse claramente;

• Procure aplicar as aulas num ambiente tranquilo;

• Use medição verbal para ensinar as crianças desorganizadas e distraídas;

• Estabeleça objetivos;

• Destaque os comandos relevantes;

• Ensine usando mais de um sentido;

• Incentive o planejamento motor;

• Mude a tarefa para inovar.

    Segundo Sampaio (2004) as aulas de Educação Física são um ótimo auxílio para estas crianças, pois ajuda a liberar mais energia que parece ser inesgotável, ajuda na concentração através de exercícios específicos, ajuda a estimular hormônios e neurônios, e cita alguns pontos importantes a serem observados, como:

• Aulas mais estimulantes que prendam sua atenção;

• Coloque esta criança próxima a outras mais concentradas e calmas;

• Esteja sempre que possível próxima desta criança para perto de você;

• Exponha as atividades do dia para que este aluno perceba que há regras pré-definidas e previamente organizadas;

• As tarefas não poderão ser longas, tendo conclusão rápida para que consiga concluir a tarefa e não pare pela metade;

• Evite objetos que possam deixá-lo ainda mais agitados;

• Elogie seu bom comportamento, e seus sucessos quando atingido (SAMPAIO, 2004).

Conclusões

    O presente estudo conclui que é de extrema importância o conhecimento dos professores de Educação Física a respeito do TDAH, pois é muito frequente alunos com este transtorno em nossas salas de aula, sendo assim, é essencial que esses profissionais conheçam as características do TDAH, para assim, poderem melhor planejar suas aulas, para que possam ser atingidos os objetivos a esses alunos, e não serem eles as nossas dificuldades, mas sim, os nossos grandes desafios, melhor explorando o melhor de cada aluno.

    Também foi percebido que os professores que fizeram parte da pesquisa demonstraram conhecimento a respeito do TDAH, e que trabalham diferencialmente com esses alunos, não simplesmente os deixando de lado.

    Isto posto, é importante que se tenha mais pesquisa relacionando especificamente o tema TDAH com a Educação Física, pois perante os grandes desafios encontrados de se ensinar esta disciplina em turmas com estes alunos, é evidente a grande contribuição que ela pode favorecer na educação e desenvolvimento psicossocial e motor desses alunos.

Referências

• BALLONE, G. J. Tratamento da Hiperatividade Infantil e Déficit de Atenção. PsiqWeb. 2005. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=263. Acesso em 17 jan 2014.

• BROMBERG, M. C. TDAH e a Escola. Hiperatividade. 2006. Disponível em: http://www.hiperatividade.com.br/article.php?sid=19. Acesso em: 17 jan 2014.

• KURDT, D. K. S. A Compreensão do Professor Sobre o TDAH. Psicologado. 2013. Disponível em: http://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-compreensao-do-professor-sobre-o-tdah. Acesso em: 17 jan 2014.

• RAMOS, N. M. Visão dos professores de educação voltada às crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) na 1ª fase do ensino fundamental. 2008. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) - Faculdade Dom Bosco, Curitiba, 2008.

• SAMPAIO, S. TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: informações e orientações. Psicopedagogia Brasil. 2004.

• XIMENES, B. A. Déficit de Atenção e Hiperatividade. PsiqWeb. 2008. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=277. Acesso em: 17 jan 2014.

• ZANATTA, S. C.; ANDRADE, L. K. N.; PIRES, M. M. Y.; NAGASHIMA, L. A. O Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) na visão dos professores do Núcleo Regional de Educação de Paranavaí - PR. Revista Eletrônica de Educação. Ano III. n. 06, jan/jul. 2010.

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