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Relação das aptidões físicas e composição 

corporal de integrantes de um grupo de dança

Relación entre las aptitudes físicas y la composición corporal de los integrantes de un grupo de danza

Relationship of physical fitness and body composition of members of a dance group

 

Mestre em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí

(Brasil)

Heitor Luiz Furtado

heitorluizfurtado@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Contextualização: O estudo teve como objetivo relacionar as aptidões físicas com a composição de integrantes de um grupo de dança de Jazz. Métodos: Pode ser caracterizado como descritivo do tipo estudo de caso. Participaram deste estudo 14 bailarinas de jazz do sexo feminino na faixa etária de 13 a 16 anos. Foram realizados os seguintes testes e suas respectivas aptidões: teste de força abdominal (força), o teste do salto vertical (CMJ) (força de membros inferiores), avaliações antropométricas (composição corporal), o teste do degrau McArdle (resistência aeróbica) e o teste de sentar e alcançar (flexibilidade). Para apresentação dos dados foi utilizado estatística descritiva para verificar a relação entre as capacidades físicas e composição corporal a correlação de Pearson com o nível de significância de 5%. Resultados: Em relação ao índice de massa corporal, as bailarinas podem ser consideradas como peso normal, enquanto para a quantidade de gordura corporal foram classificadas como acima da média. Em relação ao teste abdominal, as bailarinas foram classificadas como abaixo da média. A flexibilidade obtida das bailarinas encontra-se em nível médio. A aptidão aeróbia (VO2max) indica que as bailarinas estão em nível regular. Conclusões: Destaca-se a importância de mensurar e controlar o desenvolvimento antropométrico e fisiológico das bailarinas, a fim de melhorar o desempenho na dança. Um treinamento para alcançar melhores resultados deve ser realizado para alcançar tais capacidades físicas.

          Unitermos: Aptidões físicas. Composição corporal. Danza.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Alguns elementos são imprescindíveis para o bom desempenho dos dançarinos. Entre eles, pode-se destacar a composição corporal, ou seja, dançarinos devem ter uma baixa quantidade de gordura corporal em relação a massa corporal total (LEAL, 1998). Além disso, os movimentos de dança exigem elevados níveis de força muscular, como a resistência de força (resistência muscular localizada) e a potência, devido às ações explosivas (LEAL, 1998).

    A força, segundo Zakharov (2003), pode ser definida como a capacidade de gerar tensão pelos músculos esqueléticos contra uma determinada resistência. Os dançarinos precisam de uma boa aptidão aeróbia ou cardiorrespiratória, tendo em vista que as apresentações duram em média 50 min e muitas vezes, são realizadas diversas apresentações no mesmo dia.

    A potência aeróbica ou aptidão aeróbica, é caracterizada pela velocidade máxima em que o oxigênio pode ser consumido, nos bailarinos e bailarinas pode notar-se função durante a realização de uma coreografia elaborada ou uma temporada de duas ou três semanas. (LEAL, 1998).

    Apesar de a aptidão aeróbica ser fator exemplar das qualidades físicas das bailarinas, a flexibilidade como Tubino (2003) explica é a qualidade física que condiciona a capacidade funcional das articulações a movimentarem-se dentro dos limites ideais de determinadas ações, não é descartada e sim de extrema importância para o condicionamento físico das bailarinas, para executarem os passos e movimentos.

    Apesar da dança ser uma atividade muito antiga, com relatos de surgimento por volta de 2000 a.C. (CAMINADA, 1999), a área de pesquisa e estudo da mesma parece negligenciada seja por pesquisadores ou acadêmicos, principalmente no que concerne o treinamento físico. Com isso o objetivo desse estudo é relacionar as aptidões físicas com a composição de integrantes de um grupo de dança de Jazz

Métodos

    Este é um estudo descritivo do tipo estudo de caso, conforme Gil (2002). Participaram deste estudo 14 bailarinas de jazz do sexo feminino, na faixa etária de 13 a 16 anos, integrantes do grupo de dança da cidade de Indaial - SC. Todas as participantes concordaram com a participação voluntária, após serem informadas dos procedimentos a serem realizados e da necessidade de assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos seus responsáveis.

    Os instrumentos de medida utilizados foram: teste de abdominais (1 min); salto vertical Counter Movement Jump (CMJ) no Jump test®; um adipômetro Cescorf®; uma balança digital Plena®; fita métrica com precisão de 1 mm; teste de flexibilidade sentar-e-alcançar; teste de Degrau McArdle (2008).

Protocolo do teste abdominal

    O objetivo do teste de força abdominal de Aahper descrito por Marins e Giannichi (2003) é estimar a força dos músculos abdominais e flexores do quadril. O teste apresenta índice de fidedignidade de 0,57 (correlação de Pearson) e 0,68 (correlação intraclasse). Os equipamentos e materiais utilizados foram: colchonete de ginástica e um cronômetro.

Descrição do teste

  • Direções: o testado deverá assumir a posição em decúbito dorsal, joelhos flexionados formando um ângulo de 90 graus. As plantas dos pés devem estar em pleno contato com o solo e os pés devem estar afastados a uma distância inferior a 30 centímetros. O testado deverá cruzar os braços à frente do tronco, de forma que a mão direita toque o ombro esquerdo e a mão esquerda toque o ombro direito. A cabeça do testando também deverá estar em contato com o solo. O avaliador deverá segurar os tornozelos do testando, mantendo um ângulo de 90 graus, e assegurando que os pés fiquem em contato com o solo durante a movimentação. O testando deverá elevar o tronco até que este toque os joelhos e voltar a posição inicial. Cada toque do tronco nos joelhos constitui uma flexão. São dados três comandos ao testando, sendo o primeiro, preparatório, “Pronto”, o segundo, para início do teste, “Vai” e o terceiro, para o término de teste “Pare”. Resultado será a contagem do número de toques com o peito nos joelhos, executados de maneira correta, em 1 minuto.

  • Pontos adicionais: a) não é permitido descanso entre as execuções; b) não serão computadas as seguintes tentativas: 1) quando as mãos, ou a mão, do testando perderem o contato com o(s) ombro(s); 2) quando o cotovelo, ou cotovelos, perderem o contato com o tronco; 3) quando, ao reassumir a posição deitada, o testando não mantiver pleno contato do tronco e da cabeça com o solo.

Protocolo do salto vertical

    O salto vertical utilizado foi o Counter Movement Jump (CMJ), que consiste no atleta partir de uma posição em pé e com as mãos na cintura, disposto sobre o tapete de salto (Jump test). Posteriormente, o atleta deverá executar um salto com contra-movimento, que consiste em uma aceleração para baixo do CG, flexionando os joelhos até próximo aos 90º (Figura 1). Durante o salto, o tronco deve-se manter o mais vertical possível. Foram realizados 3 CMJ, sendo considerada para a análise de desempenho o valor médio da altura dos saltos.

Figura 1. Esquema ilustrativo da realização do salto CMJ (BOSCO, 1999)

A. sobre a plataforma com o joelho estendido (180º) e as mão na cintura

B. ângulo do joelho próximo a 90º

C. joelho em completa extensão no salto

D. Quanto tocar o solo, o ângulo do joelho deve estar ao redor de 180º.

Protocolo da avaliação antropométrica

    As bailarinas foram pesadas sem sapatos ou meias, vestindo uma vestimenta adequada para as avaliações físicas, composta de top e bermuda, numa balança digital eletrônica. Para medida de estatura será utilizada uma fita métrica e para a massa corporal será utilizada uma balança digital. Para o cálculo da densidade corporal foi utilizada a equação de Guedes (1985) (equação 1), composto por 3 dobras cutâneas (coxa, supra-ilíaca e subescapular) e o percentual de gordura por meio da equação de Siri (1961) (equação 2). Além disso, foi o calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). Todas as medidas antropométricas obedecerão aos procedimentos definidos em Petroski (2007).

D = 1,16650- 0,07063 log (CX + SI+ SB) Equação 1

%G = (495/D) – 450 Equação 2

Protocolo da avaliação aeróbia

    Foi utilizado o Teste de Degrau do Queens College é conhecido também como Teste de Degrau McArdle. O teste de degrau exige que o indivíduo suba e desça de um degrau padronizado com 41,25 cm de altura por 3 minutos.

  • Os homens sobem e descem com um ritmo (cadência) de 24 por minuto, enquanto as mulheres adotam um ritmo de 22 por minuto. Esta cadência deve ser monitorada atentamente e estabelecida com um metrônomo eletrônico. Uma cadência de 24 por minuto significa que o ciclo completo de subir com uma perna, subir com a outra perna, descer com a primeira perna e, finalmente, descer com a última perna é executado 24 vezes em um minuto (uma perna para cima, a outra perna para cima, a primeira para baixo, a outra para baixo). O metrônomo é regulado comumente para uma cadência de 4 vezes o ritmo de subida e descida, neste caso de 96 batidas por minuto para homens, a fim de coordenar o movimento de cada perna com uma batida do metrônomo. O ritmo de descida e subida para as mulheres seria 88 batidas por minutos. Embora seja possível testar mais de um cliente de cada vez, dependendo do equipamento, seria difícil testar juntos homens e mulheres.

  • Uma vez transcorridos três minutos, o avaliador mede a frequência cardíaca (FC) (de preferência na área radial), enquanto o avaliado permanece em pé do transcorrer dos primeiros cinco minutos. É feita então uma contagem do pulso de 15 segundos. Multiplicando essa contagem do pulso por 4 para determinar a FC em batimentos por minuto (bpm). A FC da recuperação deve ocorrer em 5 e 20 segundos de recuperação imediata a partir do final do teste do degrau.

  • O VO2max das mulheres em ml/kg/min é determinado a partir da FC de recuperação com a equação 3:

VO2max Mulheres = 65,81 - (0,1847 x FC do final do teste) (equação 3)

Protocolo de avaliação da flexibilidade

    Para avaliar a flexibilidade dos músculos da parte inferior das costas e músculos posteriores da coxa utilizou-se o teste de sentar-e-alcançar no banco de Wells.

  • Instruções: os avaliados foram incentivados a alongarem os músculos da parte inferior das costas e os da parte traseira da perna. O aquecimento incluiu alongamento vagaroso e constante destes músculos. Os avaliados removeram os sapatos ou tênis e sentaram em frente ao aparelho de testagem (banco de Wells) com as pernas completamente estendidas; os calcanhares separados não mais do que à distância entre os ombros e os pés numa posição plana com a parede do aparelho de testagem. Os avaliados estenderam os braços à frente, com as palmas das mãos uma em cima da outra para executar o teste. posteriormente, inclinou-se para frente, estendendo os dedos, com palmas das mãos para baixo, o mais longe para frente possível, ao longo da régua. Três tentativas foram permitidas. A tentativa deve ser re-administrada e considerada inválida se as pernas não permanecerem estendidas ou se as mãos não estiverem juntas na mesma posição. Sem aplicar resistência, o professor pode colocar uma mão nos joelhos do avaliado para auxiliar a manter as pernas estendidas. Será computado o melhor escore obtido.

  • Equipamento: caixa de sentar-e-alcançar, construída especialmente com uma escala de medida, onde a medida de 23 cm está no nível dos pés. Escore: o escore é o ponto mais distante alcançado na quarta tentativa, por ambas as mãos, e mantida por um segundo. A medida é arredondada para o centímetro mais próximo. O coeficiente de validade deste teste de acordo com Safrit (1995) foi reportado em 0,60 a 0,73, a fidedignidade foi de 0,70 ou maior.

Análise estatística

    Para apresentação dos dados será utilizada estatística descritiva (média e desvio-padrão) e para verificar a relação entre as capacidades físicas e composição corporal utilizou-se a correlação de Pearson com o nível de significância de 5% (p<0,05). Foi utilizado o pacote estatístico SPSS versão 15.0.

Resultados e discussão

    A amostra para este estudo foi composta por 14 bailarinas. Os resultados das variáveis de composição corporal, força muscular, flexibilidade e aptidão aeróbia, estão expostos na tabela abaixo. 

Tabela 1. Média e desvio-padrão das variáveis de composição corporal, força muscular, flexibilidade e aptidão aeróbia das bailarinas de jazz.

    Em relação ao IMC, as bailarinas podem ser consideradas como peso normal segundo o critério da OMS (Organização Mundial da Saúde), enquanto para a quantidade de gordura corporal foram classificadas como acima da média, de acordo com o critério de Heyward e Stolarczyk (2000). As mulheres no estudo de Petroski (2007) apresentam mais gordura corporal do que os homens, o que explica o nível das bailarinas serem altos apesar da prática de atividade física.

    A prática semanal de atividade física também é um regulador de gordura corporal como a nutrição diária das bailarinas, o que indica que as mesmas estão no peso ideal. No entanto, tendo em vista que o percentual de gordura está inadequado (acima da média), pode-se afirmar que a massa corporal das bailarinas apresenta uma quantidade excessiva de massa de gordura em relação à massa magra.

    As bailarinas participantes do estudo apresentaram um percentual de gordura não esperado para uma população participante de atividades físicas, o que resultaria numa possível aplicação de um treinamento sistematizado objetivando um percentual de gordura mais adequado para esta modalidade.

    Hass, Garcia e Bertoletti (2010), em uma pesquisa realizada com bailarinas de Jazz e bailarinas clássicas, afirmam que ao contrário das bailarinas de jazz as bailarinas de ballet clássico possuem baixo percentual de gordura, pois a cultura do ballet em torno do ideal da magreza e da preocupação corporal reforçam este comportamento.

    Ribeiro (2008) analisou praticantes de dança do ventre em relação à desnutrição, sobrepeso, obesidade classe II, normal e observou uma prevalência de 19,50%, 28,78%, 35,32% e 22,06%, respectivamente, quando comparadas às recomendações estipuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O autor concluiu que a maioria das bailarinas avaliadas encontrava-se eutrófica e a minoria acima ou abaixo do peso.

    Um estudo de Silva e Bonorino (2008) realizado em bailarinas de dança contemporânea e ballet clássico mostraram um IMC de 20,23 e 19,92 kg/m2, respectivamente, um pouco abaixo do nosso estudo. Esses resultados vão ao encontro com Prati e Prati (2006) que encontraram um IMC médio de bailarinas igual a 19,9 kg/m2. Os autores indicaram que esses resultados são adequados para praticantes de ballet, por sua leveza e linearidade para o desenvolvimento da técnica.

    Em relação ao teste abdominal, as bailarinas foram classificadas como abaixo da média, de acordo com Pollock e Wilmore (1993). Essa baixa aptidão pode ser explicada pela falta de treinamento nesse grupo muscular, tendo em vista serem reguladores e estabilizadores da maioria dos movimentos da dança (LEAL, 1998). Porém essa aptidão não esperada no teste de abdominal indica um alerta importante, os músculos abdominais não treinados podem fragilizar a área tornando-a suscetível a lesões como indica Aquino et al. (2010) no estudo realizado com bailarinas, que apontam um desequilíbrio entre dores lombares ao teste de forca abdominal. Prati e Prati (2006) alertam que uma resistência abdominal não desenvolvida poderá acarretar em erros de execuções de movimentos e um não adequado equilíbrio da musculatura abdominal e dorsal.

    Quanto aos valores de potência de membros inferiores, os resultados das bailarinas deste foram 22,86 cm, portando sinalizando a indicação de um trabalho de fortalecimento da musculatura dos membros inferiores.

    Bosco (1999) considera como níveis adequados de potência valores entre 40 e 50 cm para atletas de velocidade (corredores), voleibolistas entre outros. Isso demonstra que as bailarinas analisadas neste estudo ficaram abaixo do considerado ótimo para atletas de modalidades que exigem elevada potência.

    Prati e Prati (2006) salientam que uma musculatura inferior bem desenvolvida auxiliará na resistência a grande carga de trabalho. Devido às bailarinas praticarem movimentos de impulsão repetidamente o treinamento de membros inferiores torna-se de extrema importância. Nesses movimentos, principalmente para a execução de giros, há exigência de força rápida (potência) e força de reação.

    A flexibilidade obtida das bailarinas encontra-se em nível médio, segundo a tabela de referência da ACMS. Porém, esperava-se nível maior por a modalidade possuir movimentos amplos, que auxiliam na melhoria na amplitude articular e elasticidade muscular (PRATI; PRATI, 2006). De acordo com Fração (1999), um nível elevado de flexibilidade é adquirido com o treinamento, o que indica que as bailarinas deste estudo não estão treinando adequadamente, a fim de desenvolver níveis considerados ótimos para esta modalidade.

    No estudo de Silva e Bonorino (2008), realizado com bailarinas de ballet clássico e de dança contemporânea, verificaram que a flexibilidade foi maior no ballet clássico, devido ao fato do ballet ser uma modalidade que segue as normas, até as bailarinas alcançarem o seu máximo, enquanto a dança contemporânea é composta de movimentos individualizados, sendo que a expressão corporal e a forma de realizar nascem com cada um, obtendo o limite do organismo sem forçar.

    A aptidão aeróbia (VO2max), obtida pelo teste do degrau, indica que as bailarinas estão em nível regular. O teste de VO2max mostra o consumo máximo de oxigênio obtido em determinado teste realizado. No caso das bailarinas esta valência física parece não ser muito evidenciada nos treinamentos. Além disso, o baixo número de horas de prática semanal da modalidade também pode influenciar nos baixos valores desta qualidade física. Pode-se avaliar que de acordo com este nível, que o treinamento específico no jazz ou da dança de rua pode não estar gerando estímulo e adaptação suficiente para melhorar a aptidão aeróbia nas bailarinas.

    Seguindo os objetivos específicos, foi proposto correlacionar às variáveis de composição corporal (IMC e %G) com a força muscular, flexibilidade e aptidão aeróbia, conforme a tabela 2.

Tabela 2. Correlação entre composição corporal, força muscular, flexibilidade e aptidão aeróbia das bailarinas de jazz de Indaial

    Os resultados contidos na tabela 2 demonstram que não houve correlação significativa entre nenhuma das variáveis, apontando que a composição corporal parece não interferir na força, na flexibilidade e na capacidade aeróbia. Tais achados podem ser justificados pelo número pequeno da amostra (n= 14), além do fato do grupo apresentar uma faixa etária bastante diferenciada (13 a 16 anos). Nessa fase, ocorre maior influência dos aspectos maturacionais, que se modificam com frequência, o que pode interferir nas características antropométricas e fisiológicas das meninas.

    Segundo Timiras (1972), dos 12 aos 14 anos inicia a fase de puberdade, com surgimento das características sexuais secundárias (menarca, desenvolvimento de pilosidade e alterações na voz) e período máximo de incremento na velocidade de crescimento.

    Já entre 14 e 18 anos, inicia o período pós-púbere, que é o momento no qual ocorre significativa desaceleração do crescimento, ganho de massa muscular e o completo desenvolvimento das características sexuais. O fato das meninas avaliadas estarem em fase de maturação diferentes caracteriza um grupo bastante heterogêneo quanto às características de composição corporal e aptidão física, o que pode ter interferido nos resultados encontrados.

Conclusões

    Diante dos resultados, percebe-se que somente em relação ao IMC as bailarinas podem ser consideradas como peso normal, porém considerando serem atletas deveriam ter IMC pouco mais baixo.

    Destaca-se a importância de mensurar e controlar o desenvolvimento antropométrico e fisiológico das bailarinas, a fim de melhorar o desempenho na dança. Os dados servem para a elaboração de um treinamento para alcançar melhores resultados, não esquecendo algumas variáveis importantes, como a genética, o treinamento, os hábitos diários, as características sociais, físicas e culturais. Além disso, os testes físicos são de fundamental importância, pois a verificação das qualidades físicas colabora para suprir as deficiências através de um treinamento específico para cada bailarina. Sugerem-se outros estudos com maiores faixas etárias e em diferentes populações.

Referências

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