Análise de variáveis da aptidão física de alunos praticantes de futsal da escola estadual ‘Padre Bruno Ricco’ situada em Guarulhos, SP Análisis de las variables de aptitud física de alumnos que practican futsal de la escuela estatal “Padre Bruno Ricco” de Guarulhos, SP |
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Graduado em Educação Física (UNIVERSO/RJ) Mestre em Educação Física (UNIMEP/SP) (Brasil) |
Rubem Machado Filho |
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Resumo O estudo teve como objetivo analisar as variáveis da aptidão física de escolares de 11 a 13 anos de uma escola pública situada no município de Guarulhos (SP), antes e após os treinamentos de atividades relacionadas à prática do futsal. A amostra foi constituída de 35 escolares. Para a análise estatística foi utilizado para verificar a normalidade dos dados o teste de Shapiro Wilk. Para os dados paramétricos foi utilizado o teste “t”, e para os dados não paramétricos foi utilizado o teste de Wilcoxon. Adotou-se um nível de significância de 5%. Os dados foram processados no SPSS 13.0. Com os resultados obtidos, pode-se concluir que o treinamento que foi realizado influenciou de forma significante no resultado. Unitermos: Aptidão física. Escolares. Futsal.
Abstract The study aimed to analyze the variables of physical fitness of students 11-13 years of a public school located in Guarulhos (SP), before and after the training activities related to the practice of futsal. The sample consisted of 35 students. Statistical analysis was used to verify data normality the Shapiro Wilk. For parametric data was used "t" test and for nonparametric data was used the Wilcoxon test. We adopted a significance level of 5%. Data were processed with SPSS 13.0. With the results obtained, it can be concluded that the training was conducted significant change in result. Keywords: Physical Fitness. School. Futsal.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Brasil é o país do futsal tanto quanto do futebol, principalmente em relação à prática deste esporte. A identificação do povo brasileiro com o futebol, as muitas quadras públicas ou particulares existentes, a grande utilização do futsal nas aulas de educação física e o número reduzido de jogadores necessários à prática desta modalidade são alguns dos fatores que contribuem para sua importância em nosso país (MORATO, 2004).
O Brasil é potência mundial no futsal, mais até que no futebol. Os títulos demonstram isso. São cinco títulos mundiais nos sete disputados (vice nos outros dois) e doze títulos sul-americanos em doze disputados, fora os outros vários títulos conquistados pela seleção principal e pelas demais categorias (CBFS, 2011).
A origem do futsal, ao contrário do que muitos pensam, pode não ter ocorrido nessas terras. Alguns acreditam que o futebol de salão surgiu no Uruguai, sendo redigidas as primeiras regras em 1933, pelo Prof. Juan Carlos Ceriani e fundamentadas no futebol (essência), basquetebol (tempo de jogo), handebol (validade do gol) e polo aquático (ação do goleiro). E só a partir de um curso na Associação Cristã de Moços (ACM) de Montevidéu, que contou com a presença de representantes das ACMs de toda a América Latina, entre eles alguns brasileiros (João Lotufo, Asdrúbal Monteiro, José Rothier) é que cópias das regras foram distribuídas e, posteriormente, trazidas e divulgadas no Brasil (SANTANA, 2011).
Para um melhor entendimento das diferentes qualidades físicas seus componentes foram agrupados em dois grupos. A aptidão física pode ser relacionada à saúde (resistência cardiorrespiratória, composição corporal, flexibilidade, força e resistência muscular localizada), que objetivam um desenvolvimento da aptidão para uma boa qualidade de vida e prevenção de doenças e relacionada ao desempenho atlético (agilidade, equilíbrio, velocidade, potência, tempo de reação, coordenação), que junto com os componentes relacionados no grupo anterior irão influenciar na prática do desporto (PATE, 1988; GLENER, 2003; PEREIRA, GRAUP, 2007).
A aptidão física, assim como os aspectos técnicos e táticos, é considerada uma condição pessoal do desempenho esportivo, pois pode ser avaliada de forma direta (BÖHME, 2003).
A partir da verificação destes componentes através de análises antropométricas e testes motores é possível caracterizar diferentes pessoas ou grupos.
A preparação física, no treinamento com crianças, possui caráter generalizado, onde o desenvolvimento das capacidades físicas devem se dar de forma equilibrada, assim como o treinamento especializado onde se busca a especificidade do desporto praticado (BORIN et al., 2007).
Baseado nesse contexto, o estudo em questão tem como objetivo analisar os níveis de aptidão física antes e após treinamentos escolares do município de Guarulhos/SP praticantes de futsal após 15 semanas de treinamento.
Materiais e métodos
População e amostra
A população foi composta por escolares de 11 a 13 anos de idade, pertencentes ao Ensino Fundamental uma escola da Rede Estadual de Educação da cidade de Guarulhos/SP. Participaram do estudo 35 estudantes, com média de idade de 11,81 ± 0,32 anos.
Instrumentos de coleta de dados
Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados das capacidades motoras foram os seguintes: O teste de “sentar e alcançar” (flexibilidade) foi realizado com auxílio de uma caixa de madeira, especialmente construída para essa finalidade, apresentando dimensões de 30,5 X 30,5 X 30,5cm, tendo a parte superior plana com 56,5cm de comprimento, na qual foi fixada a escala de medida apresentando uma amplitude de 0 a 56,5cm; para o teste de Arremesso de Medicine Ball (Força de Membros Superiores) se fez necessário o uso de uma trena de 5m presa ao solo, uma bola medicinal de 2 kg, fita adesiva, uma cadeira e uma corda; para o teste de salto em distancia parado (Força de Membros Inferiores) foi fixada no solo uma trena com aproximadamente três metros de comprimento, que serviu como escala de medida, onde o ponto zero coincidiu com a linha de partida para o salto; para a execução do teste do “quadrado” (agilidade) foi desenhado no chão um quadrado com 4 (quatro) metros de cada lado, em todos os vértices foi colocado um cone de 50 cm de altura para delimitar os espaços; para o teste de exercícios abdominais foram utilizados colchonetes. De maneira geral, os participantes da pesquisa realizavam os testes da seguinte forma: primeiramente passavam por uma situação de experimento de cada teste, para posteriormente realizarem a tarefa propriamente dita. Em cada tarefa, os escolares realizavam três repetições no mesmo teste. A aferição das medidas da estatura e peso dos escolares foi efetuada por meio de fita métrica (estatura) e de balança antropométrica (peso). O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado mediante a relação matemática: Peso corporal (Kg) / Estatura2 (m).
Procedimentos do estudo
A coleta dos dados e os testes foram realizados na quadra poliesportiva da escola, durante as aulas de Educação Física, sendo um total de 50 minutos cada aula e três vezes por semana, sendo duas aulas dentro do turno e uma aula fora de horário, o treinamento durou 12 semanas. Os alunos realizaram treinamentos e gestos desportivos correlatos ao desporto futsal. Os avaliadores, devidamente treinados pelo pesquisador responsável pelo estudo eram estudantes do curso de graduação em Educação Física, integrantes do corpo de estagiários da supracitada escola.
Os dados das variáveis antropométricas e das capacidades motoras foram coletados por meio de uma ficha de registro de dados, preenchida pelos pesquisadores de acordo com o resultado obtido pelos escolares. Os testes foram realizados antes e após os treinamentos. Para a realização da bateria de testes os escolares foram organizados em grupos de seis componentes em forma de circuito.
Análise estatística
Para a análise estatística foi utilizado para verificar a normalidade dos dados o teste de Shapiro Wilk. Quando os dados se apresentaram paramétricos foi utilizado o teste “t” para amostras pareadas, e para os dados não paramétricos foi utilizado o teste de Wilcoxon. Adotou-se um nível de significância de 5%. Os dados foram processados no SPSS 13.0.
Resultados
Na tabela 1, são apresentados os valores de médias e desvios-padrão dos testes de Flexibilidade, Abdominais, Força de Membros Inferiores, Força de Membros Superiores, e Agilidade dos meninos escolares praticantes de atividades de handebol. Na comparação dos testes antes e após os treinamentos todas as variáveis apresentaram diferença estatisticamente significante, exceto a variável Força de Membros Superiores.
Tabela 1. Valores das médias e desvios-padrão das variáveis nos testes
Discussão
O programa de treinamento dos meninos escolares foi organizado obedecendo às características da modalidade do desporto futsal com práticas específicas e com gestos da própria dinâmica do jogo, os treinamentos duraram 12 semanas. Na sequencia será apresentada a discussão dos dados das capacidades avaliadas.
O resultado da flexibilidade, que se constituiu no teste de sentar e alcançar apresentou diferença significativa quando se comparou os dois momentos. Os dados indicam que a programação dos treinamentos foi importante para permitir que a flexibilidade no de teste sentar e alcançar fosse melhorada. Isso realça que programação de atividade física para crianças, na faixa etária pesquisada, melhora essa capacidade. Os dados do presente estudo corroboram com vários autores citados (FERREIRA, LEDESMA, 2008; NOLL, SÁ, 2008).
Em relação aos testes abdominais o estudo apresentou diferença estatisticamente significativa quando comparou o teste pré e o teste pós, indicando que a programação aplicada influenciou na capacidade motora analisada. Estudos apontam que a melhora dessa capacidade pode ser observada a partir dos 12 anos de idade, porém é mais evidente em idades acima de 14 anos (VITOR et al., 2008).
A capacidade de força muscular quando se observa nos membros inferiores, por meio do salto horizontal, devem-se levar em consideração as atividades que são exercidas pelos mesmos nas atividades que exijam a superação do peso corporal, ou de sobrecargas. No presente estudo as análises dos resultados apontam ocorreram diferenças significativas na comparação dos testes. Alguns autores afirmam que a força é um processo diretamente vinculado ao crescimento e maturação (OLIVEIRA, GALLAGHER, 1997). Nesse sentido os resultados do presente estudo, quanto à melhora no salto horizontal, pode-se atribuir ao processo de crescimento em razão da faixa etária utilizada e no aprimoramento da habilidade de saltar em consequência da prática desportiva. Estudo encontrado na literatura corrobora que essa afirmação (BRAGA et al., 2008).
Quando se observa os dados de FMS não ocorreram diferenças significativas. Estudo com 21 meninas e 34 meninos com idades entre 7 a 12 anos, com o objetivo de comparar os efeitos de um e dois dias por semana de treinamento com sobrecarga, foi encontrada diferença estatisticamente significante para o grupo que treinou dois dias por semana, ele observou que os efeitos treinamento com duas sessões semanais demonstraram excelentes resultados no desenvolvimento de força em crianças. O presente estudo difere do estudo supracitado (FAIGENBAUM, 2002).
A agilidade é a capacidade de maior destaque no faixa etária dos seis aos doze anos de idade (MATSUDO, 1992). Nessa direção o teste de agilidade está bem adaptado para a faixa etária escolhida. Ao observar os resultados do estudo em questão, nota-se melhora significativa na comparação dos dois testes. Os resultados confirmam a sensibilidade da agilidade na faixa etária. Corroborando com os resultados do estudo em questão, encontra-se na literatura (MATSUDO, 1992).
Nesse contexto, as práticas específicas de modalidades esportivas referentes ao desporto futsal, apresentaram como sendo importantes para melhoria das capacidades motoras dos escolares na faixa etária de 11 a 13 anos de idade. Assim sendo, o estímulo à prática de esportes e exercícios no ambiente escolar vem reforçar e incentivar a cultura da prática nas fases adulta e da terceira idade, objetivando uma melhor qualidade de vida.
Referências bibliográficas
BÖHME, M. T. S. Relações entre aptidão física, esporte e treinamento esportivo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília. Vol.11. Núm. 3 p.97-104. 2003.
BORIN, J. P.; RODRIGUES, A.; DALLEMOLE, C.; FERREIRA, C. K. O.; DONATO, F.; LEITE, G. S.; SALLES, G. S. L. M.; LAPIN, L. P.; GEBRIN, M. N.; SIMÕES, M.; COLLAZANTE, R.; SOUZA, T. M. F.; ALVES, T. C. Buscando entender a preparação desportiva a longo prazo a partir das capacidades físicas em crianças. Arquivos em Movimento. Rio de Janeiro. Vol.3. Núm.1. 2007.
BRAGA, F.; GENEROSI, R. A.; GARLIPP, D. C.; GAYA, A. Programas de Treinamento de Força para Escolares sem uso de Equipamentos. Revista Eletrônica da Ulbra São Jerônimo, Vol. 03, 2008.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SALÃO. Seleção: performance. Disponível em http://www.cbfs.com.br. Acessado em 20/06/2013.
FAIGENBAUM, A.D. Comparison of 1 and 2 days per week of strength training in children. Res Q Exerc Sport; 73: 416-424, 2002.
FERREIRA, J. S; LEDESMA, C. N. Indicadores de flexibilidade em escolares de 11 anos de idade de uma escola de Campo Grande, MS, Brasil. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 12, n° 118, Mar., 2008. http://www.efdeportes.com/efd118/indicadores-de-flexibilidade-em-escolares.htm
GLANER, M. F. Importância da aptidão física relacionada à saúde. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. Vol.5. Núm.2. p.75-85. 2003.
MATSUDO, V. K. R. Critérios biológicos para diagnóstico, prescrição e prognóstico de aptidão física em escolares de 7 a 18 anos de idade. (Tese de Livre Docência, Universidade Gama Filho) Rio de Janeiro, 1992.
MORATO, M. P. Treinamento defensivo no futsal. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 10. Núm. 77. 2004. http://www.efdeportes.com/efd77/futsal.htm
NOLL, M.; SÁ, K. B. Avaliação da flexibilidade em escolares do ensino fundamental da cidade de Westfália, RS. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 13, nº 123, Ago., 2008. http://www.efdeportes.com/efd123/avaliacao-da-flexibilidade-em-escolares-do-ensino-fundamental.htm
OLIVEIRA, A. R.; GALLAGHER, J. D. Treinamento de força muscular em crianças: novas tendências. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, V. 2, N. 3, p. 80-90, 1997.
PATE, R. R. The evolving definition of physical fitness. Quest, Champaign. Vol. 40. Núm. 3. p.174-179. 1988.
PEREIRA, E. F.; GRAUP, S. Aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho atlético de calouros de educação física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 11. Núm. 104. 2007. http://www.efdeportes.com/efd104/aptidao-fisica.htm
SANTANA, W. C. Futebol de salão e futsal: 70 e poucos anos de história. Disponível em http://www.pedagogiadofutsal.com.br/historia.php. Acessado em 20/06/2013.
VITOR, F. M.; UEZU, R.; SILVA, F. B. S.; BÕHME, M. T. S. Aptidão física de jovens atletas do sexo masculino em relação à idade cronológica e estágio de maturação sexual. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes. São Paulo, v.22, n.2, p.139-48, abr./jun. 2008.
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