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Entendimento de licenciandos em Educação Física sobre a 

recomendação da prática de atividade física para pessoas obesas

La comprensión de los estudiantes de Educación Física sobre la recomendación
de la práctica de actividad física para las personas obesas

 

Licenciado em Educação Física, URCAMP, Alegrete

Profa. Mestre do Curso de Educação Física, URCAMP, Alegrete

(Brasil)

Rhenan Ferraz de Jesus

rhenanferraz@yahoo.com.br

Jaqueline Copetti

jaquecopetti@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Avaliar concepções ligadas à saúde durante a formação acadêmica é importante, pois nela são adquiridos conhecimentos indispensáveis à atuação em determinada área, especialmente na Educação Física. O presente estudo buscou investigar o entendimento de Licenciandos em Educação Física, de uma universidade privada do estado do Rio Grande do Sul, sobre a recomendação da prática de atividade física para pessoas obesas. Estudo descritivo de cunho transversal, onde 60 acadêmicos foram questionados sobre a seguinte questão “Qual das alternativas abaixo representa melhor a sua orientação em relação à prática de atividade física para pessoas obesas?”. Para a análise dos resultados utilizou-se o programa estatístico SPSS. Foi possível evidenciar uma idade média de 22 anos (± 26,9) entre os acadêmicos. Quanto à recomendação de prática de atividade física para indivíduos obesos, 96,6% dos investigados afirmaram recomendar a prática de atividade física regularmente, pois entendem conhecer seus benefícios à saúde. Assim, pode-se afirmar que um expoente maximizado de licenciandos de Educação Física, desta instituição de ensino superior pesquisada, recomenda a prática de atividade física para pessoas obesas.

          Unitermos: Educação Física. Conhecimentos acadêmicos. Atividade física regular. Pessoas obesas.

 

Abstract

          Evaluate conceptions of health during the academic background is important, because obtain knowledge indispensable to act in the specific area in particular it of the professional of Physical Education. It is intended this study to investigate the orientation about the practice of physical activity for overweight people in undergraduates of Physical Education at a private university in the state of Rio Grande do Sul. This research is a quantitative study and design cross-sectional that 60 academics were asked about yours orientation toward physical activity for obese individuals. Analysis of the results in the statistical software SPSS. It was evidenced a mean age of 22 years (± 26.9) amongst academics. Regarding recommendation of the practice of physical activity for obese people, 96.6% of them recommends regular physical activity because claim to know its health benefits. Thus, it can be stated that a maximized exponent of undergraduates of Physical Education recommends the physical activity for obese people.

          Keywords: Physical Education. Academics knowledge. Regular practice of physical activity. Obese people.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Educação Física é a profissão que tem uma responsabilidade maior do que as outras profissões em relação à prestação de serviços relacionados com atividade física e o desenvolvimento humano (NAHAS, 1997), pois tanto nas escolas quanto nas universidades, há necessidade de discussões, objetivando a conscientização das crianças, adolescentes, e adultos de como, onde e por que devem praticar atividades físicas regulares e diariamente, salientando que é oportuno desenvolver um trabalho de esclarecimento e com a orientação de um profissional qualificado, como é o caso do professor de educação física, quanto aos fatores de risco e as doenças crônico-degenerativas não transmissíveis (PAIM e MANFIO, 2008, p. 08).

    Em meio a isso, deparamo-nos com alguns desses desafios em relação à saúde, especialmente com “[...] um aumento drástico da prevalência de obesidade neste século, já que todas as indicações levam a crer que o problema se tornará pior nas próximas décadas” (BOUCHARD, 2003, p.05). Para tanto, entendemos que a atividade física pode desempenhar um papel importante no tratamento desta patologia (GORGATTI e COSTA, 2008), além do mais quando, indubitavelmente, a sua prática encerraria a possibilidade de reduzir diretamente o risco para o desenvolvimento da maior parte das doenças crônicas, além de servir como elemento promotor de mudanças com relação a fatores de risco para inúmeras outras doenças como a obesidade.

    Sobre a prática de atividade física, Ferreira (2006, p. 24) entende que:

    [...] quando desenvolvida por profissionais capacitados e comprometidos com uma proposta educacional organizada, com metodologias adequadas e com visão global do aluno, irradiará o gosto pela atividade física não só dentro da escola, mas também para a comunidade onde o aluno estiver inserido, assim, diminuindo o sedentarismo e, em consequência, a obesidade, hipertensão, estresse, colesterol alto, tabagismo e outros, além de auxiliar no processo de aprendizagem e na inclusão social e escolar.

    Para Nahas (2006, p. 97), a abordagem preventiva e terapêutica da obesidade passa por múltiplas intervenções até chegar ao profissional de Educação Física. Nas faixas etárias em idade escolar, a conscientização sobre os malefícios da obesidade e o combate ao sedentarismo podem e devem ser realizados pelo profissional da área de Educação Física, que pode exercer um papel auxiliar importante no combate a obesidade infantil, através da identificação precoce de escolares obesos, durante o exercício de sua atividade laboral cotidiana.

    Em vista disso, é notável a necessidade da intervenção dos profissionais de Educação Física em programas multiprofissionais, para que a Educação Física se torne adequada e consolidada tanto em suas atividades acadêmicas e profissionais quanto em suas funções multidisciplinares. Por isso, existe uma preocupação em formar o acadêmico de Educação Física como futuro educador de maneira integral, para que a sua formação lhe permita desenvolver os trabalhos e conteúdos com competência, incluindo as atividades com grupos especiais como os obesos.

    Assim sendo, o objetivo deste estudo foi investigar o entendimento de acadêmicos de um Curso de Licenciatura em Educação Física, pertencente a uma universidade privada do estado do Rio Grande do Sul, sobre a recomendação da prática de atividade física para pessoas obesas.

    Nos próximos parágrafos que seguem, são apresentados de ma­neira sucinta a metodologia que configurara esta pesquisa. A seguir, apresentamos os resultados e a discussão fundamentados do referencial teórico utilizado, para, finalmente, tecer­ as devidas considerações dos achados desta investigação que permeiam, principalmente, o ambiente acadêmico.

Metodologia

    Prevaleceu-se um estudo descritivo transversal para estudar 67 discentes elegíveis no Curso de Educação Física em Licenciatura de uma universidade privada da cidade de Alegrete, RS, Brasil. Fora compreendido o período de setembro a outubro de 2012 à coleta de dados, sendo realizada por meio de um questionário com perguntas fechadas, elaborado e adaptado pelos pesquisadores conforme os objetivos do estudo, onde a sua aplicação fora realizada individualmente pelos pesquisadores em uma sala de aula restrita, cedida pela universidade.

    Ressalta-se que os acadêmicos foram convidados a participar de maneira voluntária, os quais assinaram juntamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados foram mantidos em sigilo, bem como as identidades dos respondentes foram preservadas.

    A investigação teve como base a seguinte questão: “Qual das alternativas abaixo representa melhor a sua orientação em relação à prática de atividade física para pessoas obesas?”.

  1. não recomendo atividade física, pois desconheço seus benefícios à saúde;

  2. recomendava atividade física no passado, mas agora não recomendo;

  3. recomendo atividade física, mas não regularmente;

  4. recomendo atividade física regularmente, pois conheço seus benefícios à saúde.

    Em vista disso, os dados foram revistos e digitados em planilhas EXCEL (97-2003) e analisados, posteriormente, no programa estatístico SPSS versão 19 para checagem automática e consistente por suas variáveis, percentuais e quantitativos apresentados.

Resultados e discussão

    Neste estudo, constituiu-se uma amostra totalizada de 60 acadêmicos, perfazendo uma perda de 10,45% (07 acadêmicos), sendo representativo da população acadêmica investigada. Desta maneira, destaca-se neste estudo a representatividade da amostra constituída (89,55%), tendo em vista a exatidão metodológica utilizada e, também, do baixo índice de perdas. A aceitação dos acadêmicos em participar de maneira voluntária do presente estudo foi outro aspecto positivo, pois não houve recusas.

    Além disso, algumas limitações precisam ser elencadas. O delineamento transversal utilizado neste estudo não permite interferir no entendimento sobre a recomendação dos universitários entrevistados, pois não houve qualquer consulta ou discussão da temática estudada durante a coleta de dados.

    A Figura 1 apresenta a classificação dos acadêmicos estudados em relação à sua faixa etária em valores médio, mínimo, máximo e desvio padrão, por semestre em que se encontraram no ano de 2012.

Figura 1. Faixa etária dos acadêmicos de Educação Física por semestre

    Em vista do exposto pela Figura 1, percebe-se que a média geral de idade encontrada entre os acadêmicos foi de 22 anos (±26,9), bem como no 2º semestre (20±5,4), ao 4º semestre (23,5±23,6) e ao 6º semestre (23,5±34,6). Foi utilizado como referência a data 20 de dezembro de 2012, destacando-se a idade mínima de 17 anos e máxima de 41 anos.

    A Figura 2 apresenta o entendimento dos licenciados de Educação Física, por semestre, em relação à recomendação da prática de atividade física para pessoas obesas.

Figura 2. Recomendação em relação à prática de atividade física para indivíduos obesos

    Em vista do exposto na Figura 2, destacou-se a prevalência de 96,6% dos acadêmicos recomendam atividade física regularmente a indivíduos obesos, pois afirmaram conhecer seus benefícios à saúde; assim como uma pequena parcela, 1,7% recomendam atividade física, mas não regularmente, bem como 1,7%, também, afirmaram que recomendavam atividade física no passado, mas agora não recomendam.

    Em estudo desenvolvido por Canabarro (2010), entre junho e dezembro de 2009 em professores de Educação Física, foi aplicado um questionários a 188 professores que trabalhavam tanto na rede privada como púbica de ensino. Dos respondentes 55,9% atingiram as atuais recomendações semanais de atividade física prescritas pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1994). Segundo esta instituição todos os adultos deveriam praticar pelo menos 150 minutos, equivalente a 2 horas e 30 minutos, por semana de atividades físicas para prevenir doenças como a obesidade.

    Ainda, conforme Bouchard (2003), é provável que atividades físicas ajam de forma sinérgica com as dietas baixas em gorduras, para prevenir a obesidade e tratá-la efetivamente. Seguramente, tal efeito levaria à redução nos índices de sobrepeso e obesidade das populações, bem como de outros fatores de risco associados ao excesso de gordura (GORGATTI e COSTA, 2008).

    Corroborando também com isso, em pesquisa realizada por Ribeiro et al. (2001), avaliando 653 alunos de curso de Educação Física do município de São Paulo sobre o nível de conhecimento quanto à recomendação de atividade física para a promoção da saúde, apontaram que a maioria dos estudantes apresentou nível de conhecimento inadequado. Quando estes autores compararam o nível de conhecimento entre os períodos (1º ao 4º ano), diferenças relevantes foram encontradas quanto ao modo da atividade física, pois, paradoxalmente, os alunos do primeiro ano apresentaram um conhecimento mais acurado em relação aos alunos do 4º ano.

    Já em estudo realizado por Ávila et al. (2011) em estudantes de Educação Física no Estado do Pará, apontaram que apenas dois acadêmicos (10%) prescreveram exercícios físicos para obesos, acreditando que os resultados encontrados sejam decorrentes do reconhecimento, por parte dos investigados, das limitações das profissões.

    Frente ao exposto, destaca-se um achado importante, que o professor de educação física deve ser alguém que estimule a prática regular de atividades físicas dos alunos e os influencie a serem ativos ao longo da vida, e provavelmente, o exemplo exerça um papel importante neste contexto (CANABARRO, 2010, p.60).

Considerações finais

    Mediante os resultados obtidos, foi possível considerarmos que os acadêmicos do Curso de Educação Física em Licenciatura, participantes deste estudo, quanto à recomendação de atividades físicas a pessoas obesas, apresentaram um conhecimento plenamente satisfatório, pois afirmaram recomendar atividade física regular, além de entenderem conhecer seus benefícios à saúde.

    Além de entendermos que se sejam necessários os conhecimentos teóricos para formação docente, especialmente no meio acadêmico de Educação Física, concluímos, por meio desta pesquisa, a possibilidade de um breve resgate da importância da prática de atividade física à saúde, o que nos acresce no aspecto que este conhecimento, considerado prático, possa nos auxiliar a fundamentar o nosso desenvolvimento das ações docentes no decorrer de todas as etapas do processo educativo.

Referências

  • ÁVILA, R. C.; VIEIRA, L. C. R.; SOUSA, D. S.; OLIVEIRA, J. L. Q. de. Conhecimento sobre atividade física como promotora da saúde em acadêmicos de Educação Física da UEPA, Campus Santarém. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, ano 16, n. 155, abril, 2011. http://www.efdeportes.com/efd155/atividade-fisica-como-promotora-da-saude.htm

  • BOUCHARD, C. Atividade Física e Obesidade. Barueri, SP: Manole, 2003.

  • CANABARRO, L.K. Nível de atividade física entre professores de Educação Física das escolas de educação básica de Pelotas – RS. 2010. 77f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2010.

  • DÂMASO, A. Obesidade. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.

  • FERREIRA, V. Educação Física: interdisciplinaridade, aprendizagem e inclusão. Rio de Janeiro, Sprint, 2006.

  • GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. (Org.) Atividade Física Adaptada. Qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. Barueri: Manole, 2008.

  • NAHAS, M. Educação para a aptidão física e saúde: justificativa e sugestões para implementação nos programas de Educação Física. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 8, n. 03, 1997.

  • NAHAS, M. V. Atividade Física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2006.

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL Da SAÚDE - (OMS). Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relativos à Saúde. São Paulo: EDUSP; 1994; (2).

  • PAIM, M. C. C.; MANFIO, J. B. O que pensam os professores de Educação Física sobre a importância da atividade física no contexto escolar. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, ano 13, n. 122, julio, 2008. http://www.efdeportes.com/efd122/o-que-pensam-os-professores-de-educacao-fisica.htm

  • RIBEIRO, M. A.; ANDRADE, D. R.; OLIVEIRA, L. C.; BRITO, C. F. D. A.; MATSUDO, S. M. M.; ARAÚJO, T. L.; ANDRADE, E.; FIGUEIRA JR, A.; BRAGGION, G.; MATSUDO, V. Nível de conhecimento sobre atividade física para a promoção da saúde de estudantes de educação física. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 9, n. 3, p. 31-37, 2001.

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