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Perfil dos transplantados renais do Brasil: uma revisão integrativa

Perfil de los transplantados renales en Brasil: una revisión integradora

 

*Enfermeira. Graduada pelas Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais.

**Enfermeira. Especialista em Gestão Pública em Serviços de Saúde. Docente em Enfermagem

das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, MG

***Enfermeira. Doutoranda em Ciências pela UNIFESP. Mestre em Ciências pela UNIFESP

Docente em Enfermagem das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, MG

****Enfermeira. Especialista em Controle de Infecção. Docente em Enfermagem

das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, MG

*****Enfermeira. Doutoranda em Ciências da Saúde da Universidade Estadual

de Montes Claros, UNIMONTES. Docente da FUNORTE de Montes Claros, MG

*****Enfermeira. Pós doutora em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Docente em Enfermagem da Escola Paulista de Enfermagem da UNIFESP, SP

(Brasil)

Ingred Gimenes Cassimiro de Freitas*

Carla Cristina Gomes da Rocha*

Adélia Dayane Guimarães Fonseca**

Mariana de Oliveira**

Carla Silvana Oliveira Silva***

Joanilva Ribeiro Lopes****

Leila das Graças Siqueira*****

Dulce Aparecida Barbosa******

adeliadayane@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: O aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, decorrentes da transição demográfica nas últimas décadas no Brasil, contribuiram para mudanças no perfil de morbimortalidade e aumento da prevalência das doenças crônicas, entre elas a insuficiência renal crônica (IRC). O transplante renal é defendido como terapêutica que proporciona um retorno às atividades habituais para a maioria de indivíduos com insuficiência renal crônica terminal (IRCT) e o Brasil possui um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. Objetivou-se neste estudo, descrever o perfil dos pacientes transplantados renais do Brasil. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada através de uma busca on-line nas bases de dados SCIELO e LILACS de publicações do período de 2001 a 2011. A amostra foi constituída por 16 trabalhos que atenderam aos critérios de inclusão e a coleta de dados foi realizada entre fevereiro e março de 2012. Resultados e discussão: os resultados mostraram que a maioria dos transplantados renais era do sexo masculino, com média de 40 anos e 51,7% viviam com companheiro. A renda familiar média era de 4,44 salários mínimos, os enxertos renais em sua maioria foram provenientes de doadores vivos e as principais doenças de base para o transplante foram a hipertensão seguida das glomerulonefrites. Considerações finais: mesmo com a constante documentação acerca dos transplantes renais, ainda são poucos os estudos que os descrevem quanto ao perfil dos transplantados.

          Unitermos: Transplante de rim. Epidemiologia. Brasil.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, decorrentes da transição demográfica nas últimas décadas no Brasil, contribuiram para mudanças no perfil de morbimortalidade e aumento da prevalência das doenças crônicas, entre elas a insuficiência renal crônica (IRC) (1). Faz-se necessário destacar que o perfil mundial da doença está mudando e as doenças crônicas são as responsáveis pela maior parte da morbimortalidade, em vez das doenças infecciosas (2). Aproximadamente 5% dos pacientes em estágio final da doença renal no Brasil são submetidos ao transplante renal, e dos inscritos na fila de espera para o transplante renal, apenas 19%, o que ainda é pouco quando comparado à prevalência de pacientes em diálise no Brasil (468 por milhão da população) (3).

    O rim é um órgão que auxilia na manutenção do organismo, através do auxílio adequado no controle do volume do corpo, da osmolaridade, da concentração eletrolítica, dos íons ácidos, regulação do nitrogênio, uréia e cretinina, que produzem e secretam hormônios e peptídeos, auxiliam na hemodinâmica com o sistema renina-angiotensina e prostaglandinas e catabolizam a insulina (4). Observa-se a importância desse órgão ao ser atingido por uma patologia como a IRC, o que, caracteriza-se pela perda lenta, progressiva e irreversível de sua função, de tal forma que, em suas fases mais avançadas, os rins não conseguem mais manter a homeostasia interna do organismo (5).

    Os rins são geralmente considerados próprios para doação quando apresenta depuração de creatinina superior a 80 ml/min/1,73m e sedimentoscopia normal. De forma semelhante ao aplicado, a avaliação hepática não é exigência da realização de ultra-som abdominal renal pré-operatório. Certas situações exigem avaliação histopatológica do parênquima renal, são elas: idade acima de 65 anos ou, creatinina acima de 133 mmol/L, hipertensão, diabetes ou urinálise anormal (6).

    A insuficiência renal crônica, ou doença renal em estágio terminal, é uma deteriorização progressiva e irreversível da função renal, na qual fracassa a capacidade do corpo de manter os equilíbrios metabólicos e hidroeletrolíticos, resultando em uremia (retenção de ureia e outros resíduos nitrogenados no sangue) (7).

    As modalidades de tratamento disponíveis para os pacientes com insuficiência renal crônica terminal (IRCT) são a hemodiálise, a diálise peritoneal e o transplante renal, sendo o último uma importante opção terapêutica para o paciente, tanto do ponto de vista médico quanto social ou econômico, pois é uma terapia de substituição do rim doente do cliente por um rim saudável a partir de um doador vivo ou cadavérico, que tenha o tipo tecidual e o sangue compatíveis em que o novo órgão é implantado cirurgicamente no abdome (8). Deveria ser a primeira opção de terapia substitutiva renal, sem o indivíduo ter passagem pela diálise, pois este possivelmente seria mais jovem e teria condições de “saúde” melhores e conseqüente aumento nas chances de sucesso (9).

    Os clientes transplantados passam a apresentar uma qualidade de vida melhor e a sua expectativa de vida acaba sendo prolongada através de enxerto de rim compatível, quando comparado àquele mantido cronicamente em diálise (10). Já outros estudos descrevem que os indivíduos submetidos a um transplante renal fazem face a múltiplos e complexos estresses fisiológicos e psicossociais, incluindo a constante ameaça de rejeição do enxerto, mudanças na imagem corporal devido à terapêutica imunossupressora e mudanças significativas nos seus relacionamentos (11).

    A política nacional de transplantes de órgãos e tecidos está fundamentada na Legislação (Lei nº 9.434/1997 e Lei nº 10.211/2001), tendo como diretrizes a gratuidade da doação, a beneficência em relação aos receptores e não maleficência em relação aos doadores vivos (12).

    Ademais, toda a política de transplante está em sintonia com as Leis nº 8.080/1990 e nº 8.142/1990, que regem o funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS, sendo que os transplantes no Brasil tiveram início no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, na década de 60, sendo, hoje, um centro de referência e de desenvolvimento de tecnologia em determinadas áreas de transplante em nível nacional e internacional (13).

    O estudo justifica-se, uma vez que nos últimos anos, o número de transplantes realizados no Brasil apresenta crescimento sustentado, sendo realizados 12.722 procedimentos em 2003. Já seis anos após, em 2009, o país contabilizou 20.253 cirurgias desse tipo, ou seja, aumento de (59,2%); e só no primeiro semestre de 2010, o número de transplantes de órgãos como coração, fígado, rim, pâncreas e pulmão chegou a 2.367. A quantidade é (16,4%) maior que o número de procedimentos realizados no mesmo período de 2009 (2.033 transplantes) e os estados brasileiros de maior realização de transplantes renais, em ordem decrescente, foram: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná e Ceará.

    Diante disso, este artigo tem como propósito verificar junto às bases de dados LILACS e SCIELO as publicações disponíveis no período de 2001 a 2011, relacionadas ao perfil dos pacientes transplantados renais do Brasil, revelando as características da população submetida à complexidade desse tipo de técnica terapêutica, como os aspectos epidemiológicos e sócio-culturais dos receptores. Para tanto, é necessário conhecer as características epidemiológicas da população estudada e a partir disso construir, futuramente, a prática de enfermagem com evidência em busca do melhor resultado assistencial aos transplantados de rins.

Metodologia

    Trata-se de um estudo de revisão integrativa, que reúne pesquisas realizadas sobre o tema transplante de rim. Para a realização deste trabalho, seguiu-se a metodologia proposta por Mendes et al. (13) descrevem a necessidade de acréscimo de outras leituras complementares, ainda de acordo com os autores, um trabalho como este tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado.

    Neste estudo, o levantamento bibliográfico ocorreu apenas via internet, sendo a pesquisa realizada na base de dados da Biblioteca Virtual da Saúde – BVS nas fontes: Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e os descritores utilizados foram: transplante de rim, epidemiologia e Brasil. Faz-se necessário descrever critérios de exclusão e de inclusão das publicações encontradas, sendo estas em um período de dez anos, ou seja, de 2001 a 2011, apenas trabalhos disponíveis na forma de texto completo que estejam disponíveis online e com produção científica na língua portuguesa. Os critérios de exclusão adotados foram: resumos que não possuíam o trabalho científico na íntegra, de acesso restrito a assinantes ou que estivessem disponíveis em outro idioma.

    Quanto à coleta de dados, esta se deu a partir do uso do descritor transplante de rim, onde foram encontradas 1423 publicações, sendo 556 em português, e destas 210 foram disponibilizadas no formato de texto completo, mas apenas 13 foram utilizadas na revisão por não atenderem os critérios de inclusão anteriormente citados ou estarem repetidas. Com os descritores associados, transplante de rim e epidemiologia, foram encontradas 115 publicações, sendo 32 em formato completo e português, mas apenas 3 foram utilizadas, totalizando 16 publicações que foram a composição da amostra do estudo.

Resultados e discussão

    Nesta revisão integrativa sobre o perfil dos pacientes transplantados renais do Brasil, foram analisadas 16 referências publicadas e disponíveis online, nas bases de dados da LILACS e SCIELO no período de 2001 a 2011. A distribuição quanto ao tipo de base de dados está apresentada na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição do total das referencias sobre o Perfil dos Pacientes Transplantados 

Renais do Brasil, segundo o tipo de base de dados LILACS e SCIELO, de 2001 a 2011

    Com relação aos resultados, é importante destacar que o maior número de referências publicadas sobre o tema proposto são artigos no formato completo, disponíveis na base LILACS, totalizando (81,2%) das publicações presentes no estudo, conforme apresenta a Tabela 1.

Tabela 2. Distribuição dos tipos de periódicos sobre o Perfil dos Transplantados Renais do Brasil, 

segundo o período de publicação, na base de dados LILACS e SCIELO, de 2001 a 2011

    Diante deste estudo, conforme mostram na Tabela 2, as publicações tiveram grande aumento nos últimos anos, principalmente após o ano 2007, o que demonstra que antes dessa data não havia muito interesse ou poucas publicações em relação ao perfil do transplantado renal do Brasil. Sobre a distribuição dos transplantes de rim re­alizados em 2009 por cada região geográfica brasileira, observou-se que a maioria foi realizada nas regiões Sul e Sudeste. Essas regiões concentram 57% da população brasileira, 73% do produto interno bruto (PIB). Essas características demográficas e socioeconômicas influen­ciam diretamente o número de publicações científicas indexadas na área de transplante de órgãos que, nos últimos 10 anos, foi 80% proveniente da região Sudeste, 16% da região Sul e 4% das demais regiões.

Tabela 3. Distribuição de tipos de publicações o Perfil dos Transplantados

 Renais do Brasil, na base de dados LILACS e SCIELO, de 2001 a 2011

    Considerando-se apenas os artigos publicados no formato completo segundo o tipo de periódico, pode-se constatar que os 16 artigos encontrados neste levantamento foram publicados em 10 periódicos diferentes.

    Conforme demonstra a Tabela 3, os periódicos que tiveram maior número de publicações sobre o tema foram o Jornal Brasileiro de Nefrologia, com 5 (31,2%) e o Caderno de Saúde Pública, com 4 (25%). Ambos são responsáveis por (56,2%) das publicações devido ao fato de o primeiro ter como missão publicar artigos científicos clínicos e experimentais relativos a temas nefrológicos, que é o caso do transplante renal. Em relação ao segundo, isso se deve ao fato de a doença renal crônica ser um problema de saúde pública mundial.

Tabela 4. Distribuição das referências sobre Perfil dos Transplantados Renais do Brasil, 

segundo o objetivo da pesquisa, na base de dados LILACS e SCIELO de 2001 a 2011.

    Observa-se, pela Tabela 4, que os objetivos mais frequentemente definidos na abordagem das publicações relacionadas ao perfil dos transplantados renais do Brasil incluíam o gênero (15 publicações), a raça (03 publicações), a idade média (15 publicações), a escolaridade (01 publicação), a renda (01 publicação), as doenças de base (12 publicações), o tipo de doador (10 publicações), o estado civil (01 publicação) e a região de realização do transplante (03 publicações). Observou-se, nessa amostra, uma associação entre a idade média o sexo e as doenças de base para o perfil dos transplantados renais.

    As doenças crônicas são encontradas em todos os grupos socioeconômicos, étnicos, culturais e raciais, porém são mais comuns nos indivíduos dos grupos socioeconônicos baixos, provavelmente devido ao fato dessa população ter nutrição subótima e menos acessos aos cuidados de saúde (15). Deve-se ressaltar que a IRC apresenta elevada morbidade e mortalidade, pois a incidência e a prevalência da IRCT têm aumentado progressivamente, a cada ano, no Brasil e em todo o mundo. O custo elevado para manter pacientes em Terapia Renal Substitutiva (TRS) tem sido motivo de grande preocupação por parte de órgãos governamentais. Em janeiro de 2006, estimava-se terem sido gastos R$ 1,9 bilhões no tratamento de pacientes em diálise crônica e com transplante renal (16).

    Segundo os achados de alguns estudos acerca do perfil dos transplantados renais no Brasil, os pacientes que receberam transplante renal eram, em sua maioria, do sexo masculino, na faixa de idade 34 a 49 anos e com média de idade de 40 anos. Verificou-se a predominância de pacientes casados (51,7%), com uma renda familiar média de 4,44 salários. Com relação à escolaridade, 43,1% tinha apenas o ensino fundamental incompleto e 17,2% o ensino médio completo (17, 18, 19, 10, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 3, 10)

    Nesse sentido, estudos realizados por Sampaio e Pagliuca (31) descrevem que o perfil dos pacientes adultos transplantados renais no Brasil foi predominante o sexo masculino (58,33%), o nível de escolaridade de maior frequência foi o fundamental (61,11%) e a maioria (80,56%) era aposentada. Cherchiglia et al. (2010) também observaram maior proporção de pacientes do sexo masculino no grupo de pacientes transplantados (60%), idade média de 37 anos e 2% tinham mais de 65 anos; sendo que as principais causas determinadas de doença renal crônica foram as glomerulonefrites, seguidas da hipertensão e outras doenças cardiovasculares e diabetes.

    Além disso, pode-se verificar que os enxertos renais, em sua maioria (em 7 publicações), foram proveniente de doadores vivos e em 3 publicações de cadáveres. Os dados do Registro de Dados de Transplante – RBT (32) informam que no primeiro semestre de 2011, em relação ao ano passado, pode-se observar crescimento na taxa de doadores efetivos com órgãos transplantados (6,7%) e de transplante renal com doador falecido (5,9%). Embora tenha havido uma leve diminuição na taxa de potenciais doadores notificados (2,2%), a taxa de doadores efetivos com órgãos transplantados cresceu 6,7%, tendo passado de 9,6 pmp-por milhão de população, para 10,3 pmp, em decorrência da melhor taxa de efetivação da doação (29,2%). No transplante renal, destacaram-se São Paulo (49,1 pmp), Rio Grande do Sul (42,6 pmp) e Santa Catarina (40,3 pmp), com mais de 40 transplantes pmp e mais do que 30 transplantes com doador falecido pmp. Já no transplante renal com doador vivo, como nos últimos anos, apenas Paraná (20,1 pmp) e São Paulo (15,6 pmp) mantêm-se com mais do que 15 transplantes pmp. É interessante observar, ainda, que o transplante renal com doador vivo não parente e não cônjuge mantém-se estável em número absoluto, em torno de 110 por ano. Todavia, esse índice vem crescendo em relação ao número de transplante com doador vivo: 6,3% em 2009, 6,7% em 2010 e 7,0% em 2011.

    Nessa perspectiva, o RBT (32) destaca que houve um crescimento de 5,1% na taxa de transplantes renais (27,4 pmp), com uma projeção de 5.220 transplantes para o ano, e um aumento de 19% no número de transplantes com doador falecido, atingindo 75% dos transplantes e uma queda preocupante, de 21,7% com doador vivo, responsável por apenas 25% dos transplantes renais. O dado positivo no transplante com doador vivo foi a diminuição da taxa com doador não parente que passou de 6,9% para 5,9%.

    A hipertensão tem sido ligada à doença renal desde 1835, quando Richard Bright descreveu uma doença na qual a necropsia mostrava pacientes com rins contraídos e coração hipertrofiado (33).

    Segundo Bortolotto (34), a HA e a função renal estão relacionadas, podendo a hipertensão ser tanto a causa quanto a conseqüência de uma doença renal. A HA está presente na maioria das doenças renais, principalmente nas glomerulopatias e na nefropatia diabética.

    O aumento da esperança de vida e consequente envelhecimento da população, aliando-se às mudanças nos hábitos de vida e, particularmente, ao progressivo aumento da industrialização, urbanização e globalização desses hábitos têm feito com que as doenças crônico-degenerativas destaquem-se na saúde da população, a exemplo do acometimento da doença renal crônica, em mais de um grupo populacional (35).

    Nos tempos modernos, a pressa do homem principalmente daquele que vive nos grandes centros urbanos em atender suas necessidades de modo ágil e prático, implica modificações nos padrões de alimentação (mais energia, açúcar, gorduras em geral e gorduras saturadas, menos frutas, hortaliças e grãos) e à redução da atividade física levaram ao crescimento da participação das doenças crônicas não transmissíveis no perfil de morbimortalidade da população (36).

Considerações finais

    Por meio da presente revisão integrativa, foi possível visualizar as produções brasileiras acerca do perfil dos transplantados renais no Brasil publicadas nas bases de dados da LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e SCIELO- Scientific Electronic Library Online no período de 2001 a 2011. Evidenciou-se que a partir de 2007 ocorreu um aumento no número de publicações sobre o tema e que o periódico em destaque foi o Jornal Brasileiro de Nefrologia, o qual tem como missão publicar artigos científicos clínicos e experimentais relativos a temas nefrológicos.

    Pela caracterização das publicações analisadas, considera-se que os artigos científicos sobre o perfil dos transplantados renais no Brasil, embora tenham crescido significativamente no cenário brasileiro nos últimos anos, demonstram que a pesquisa ainda não está consolidada, devido a lacunas identificadas na produção do conhecimento. Acredita-se que o desenvolvimento científico na área contribuirá para o planejamento dos cuidados a pacientes transplantados renais, resultando em implementações de ações eficazes de enfermagem e contribuindo para nortear a assistência de enfermagem. Isso lhes proporciona uma melhor qualidade de vida, pois cresce exponencialmente a cada ano, o número de indivíduos acometidos por doenças renais.

    Diante do exposto, dependendo da gravidade da DRCT, muitos portadores podem evoluir para severos estados de morbidade e, em muitos casos, para óbito sendo o transplante renal o recurso final para estes. O cuidado sistematizado na área da enfermagem é um instrumento que pode trazer grandes benefícios aos pacientes que necessitam de cuidados intensivos nessa nova etapa de vida, lutando para sobreviver.

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